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sábado, 31 de maio de 2014

Joaquim, o Sem Toga


De bobo ele não tem nada. O Joaquim Sem Toga. Ele sabe que teria que dar muitas explicações no mínimo incômodas para as iniquidades que perpetrou contra os réus da AP 470 e, sobretudo, contra a Constituição da República.

Um déspota, um ditador, um carrasco.

Que só tivemos que engolir por conta da pusilanimidade de seus pares e de senadores da República.

Já foi tarde. (Se é que foi, mesmo...)

E como disse um leitor do blog do PHA, melhor que isso só o Brasil ganhando da Argentina na final da Copa...





O novo papel de Joaquim

Ao deixar STF, ministro ficará longe de cenas constrangedoras que aguardam futuro da AP 470

Paulo Moreira Leite*


A saída de Joaquim Barbosa do STF representa um alívio para a Justiça do país e é uma boa notícia para os fundamentos da democracia brasileira. Abre a oportunidade para a recuperação de noções básicas do sistema republicano, como a separação entre poderes, e o respeito pelos direitos humanos – arranhados de forma sistemática no tratamento dispensado aos réus da Ação Penal 470, inclusive quando eles cumpriam pena de prisão.

Ao aposentar-se, Joaquim Barbosa ficará longe dos grandes constrangimentos que aguardam “o maior julgamento do século”, o que pode ser útil na preservação do próprio mito.

Para começar, prevê-se, para breve, a absolvição dos principais réus do mensalão PSDB-MG, que sequer foram julgados – em primeira instância – num tribunal de Minas Gerais. Um deles, que embolsou R$ 300 000 do esquema de Marcos Valério – soma jamais registrada na conta de um dirigente do PT - pode até sair candidato ao governo de Estado.

Joaquim deixa o Supremo depois de uma decisão que se transformou em escândalo jurídico. Num gesto que teve como consequência real manter um regime de perseguição permanente aos condenados da AP 470, revogou uma jurisprudência de quinze anos, que permitia a milhares de réus condenados ao regime semi-aberto a trabalhar fora da prisão - situação que cedo ou tarde iria incluir José Dirceu, hoje um entre tantos outros condenados. Mesmo Carlos Ayres Britto, o principal aliado que Joaquim já fez no STF, fez questão de criticar a decisão. Levada para plenário, essa medida é vista como uma provável derrota de Joaquim para seus pares que, longe de expressar qualquer maquinação política de adversários, apenas reflete o desmonte de sua liderança no STF.

Em outro movimento na mesma direção, o Supremo acaba de modificar as regras para os próximos julgamentos de políticos. Ao contrário do que se fez na AP 470 – e só ali - eles não serão julgados pelo plenário, mas por turmas em separado do STF. Não haverá câmeras de TV. E, claro: sempre que não se tratar de um réu com direito a foro privilegiado, a lei será cumprida e a ninguém será negado o direito de um julgamento em primeira instância, seguido de pelo menos um novo recurso em caso de condenação. É o desmembramento, aquele recurso negado apenas aos réus da AP 470 e que teria impedido, por exemplo, malabarismos jurídicos como a Teoria do Domínio do Fato, com a qual o Procurador Geral da Republica tentou sustentar uma denúncia sem provas consistentes contra os principais réus.

Hoje retratado como uma autoridade inflexível, incapaz de qualquer gesto inadequado para defender interesses próprios – imagino quantas vezes sua capa negra será exibida nos próximos dias, num previsível efeito dramático – Joaquim chegou ao STF pelo caminho comum da maioria dos mortais. Fez campanha.

Quando duas aguerridas parlamentares da esquerda do PT – Luciana Genro e Heloísa Helena – ameaçaram subir à tribuna do Congresso para denunciar um caso de agressão de Joaquim a sua ex-mulher, ocorrido muitos anos antes da indicação, quando o casal discutia a separação, o presidente do partido José Genoíno (condenado a seis anos na AP 470) correu em defesa do candidato ao Supremo. Argumentou que a indicação representava um avanço importante na vitória contra o preconceito racial e convenceu as duas parlamentares. (Dez anos depois desse gesto, favorável a um cidadão que sequer conhecia, Joaquim formou sucessivas juntas médicas para examinar o cardiopata Genoíno. Uma delas autorizou a suspensão da prisão domiciliar obtida na Justiça).

O diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato (condenado a 12 anos na AP 470) foi procurado para dar apoio, pedindo a Gilberto Carvalho que falasse de seu nome junto a Lula. José Dirceu (condenado a 10 anos e dez meses, reduzidos para sete contra a vontade de Joaquim), também recebeu pedido de apoio. Dezenas – um deputado petista diz que eram centenas – de cartas de movimentos contra o racismo foram enviadas ao gabinete de Lula, em defesa de Joaquim. Assim seu nome atropelou outros juristas negros – inclusive um membro do Tribunal Superior do Trabalho, Carlos Alberto Reis de Paula – que tinha apoio de Nelson Jobim para ficar com a vaga.

Quando a nomeação enfim saiu, Lula resolveu convidar Joaquim para acompanhá-lo numa viagem presidencial a África. O novo ministro recusou. Não queria ser uma peça de marketing, explicou, numa entrevista a Roberto d'Ávila. Era uma referência desrespeitosa, já que a África foi, efetivamente, um elemento importante da diplomacia brasileira a partir do governo Lula, que ali abriu embaixadas e estabeleceu novas relações comerciais e diplomáticas.

De qualquer modo, se era marketing convidar um ministro negro para ir a África, por que não recusar a mesma assinatura da mesma autoridade que o indicou para o Supremo?

À frente da AP 470, Joaquim Barbosa jamais se colocou na posição equilibrada que se espera de um juiz. Não pesou os dois lados, não comparou argumentos.


Através do inquérito 2474, manteve em sigilo fatos novos que poderiam embaralhar o trabalho da acusação e que sequer chegaram ao conhecimento do plenário do STF – como se fosse correto selecionar elementos de realidade que interessam a denúncia, e desprezar aqueles que poderiam, legitimamente, beneficiar os réus. Assumiu o papel de inquisidor, capaz de tentar destruir, pela via do judiciário, aquilo que os adversários do governo se mostravam incapazes de obter pelas urnas.

Ao verificar que o ministro era capaz de se voltar em fúria absoluta contra as forças políticas que lhe deram sustentação para que chegasse a mais alta corte do país, os adversários da véspera esqueceram por um minuto as desconfianças iniciais, as críticas ao sistema de cotas e todas as políticas compensatórias baseadas em raça.

Passaram a dizer, como repete Eliane Cantanhede na Folha hoje, que Joaquim rebelou-se contra o papel de “negro dócil e agradecido”. Rebelião contra quem mesmo? Contra o quê? A favor de quem?

Já vimos e logo veremos.

Basta prestar atenção nos sorrisos e fotografias da campanha presidencial.



* Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".


Destaques do ABC!

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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Nassif denuncia manobras de Joaquim Barbosa


"O anúncio da aposentadoria do Ministro Joaquim Barbosa livra o sistema judicial de uma das duas piores manchas da sua história moderna.

O pedido de aposentadoria surge no momento em que Barbosa se queima com os principais atores jurídicos do país, devido à sua posição no caso do regime semi-aberto dos condenados da AP 470. E quando expõe o próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a manobras pouco republicanas. E também no dia em que é anunciada uma mega manifestação contra seu estilo ditatorial na frente do STF."


Nem o CNJ escapou do falso moralismo de JB


Barbosa protagonizou falso moralismo que comprometeu o CNJ

Luis Nassif


O anúncio da aposentadoria do Ministro Joaquim Barbosa livra o sistema judicial de uma das duas piores manchas da sua história moderna.

O pedido de aposentadoria surge no momento em que Barbosa se queima com os principais atores jurídicos do país, devido à sua posição no caso do regime semi-aberto dos condenados da AP 470. E quando expõe o próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a manobras pouco republicanas. E também no dia em que é anunciada uma mega manifestação contra seu estilo ditatorial na frente do STF.

A gota d’água parece ter sido a PEC 63 – que dispõe sobre o aumento do teto salarial da magistratura.

Já havia entendimento no STF que corregedor não poderia substituir presidente do CNJ na sua ausência. Não caso da PEC 63 – que aumenta o teto dos magistrados – Barbosa retirou-se estrategicamente da sessão e colocou o corregedor Francisco Falcão na presidência. Não apenas isso: assumiu publicamente a defesa da PEC e enviou nota ao Senado argumentando que a medida seria “uma forma de garantir a permanência e estimular o crescimento profissional na carreira” (http://tinyurl.com/mf2t6jl).

O Estadão foi o primeiro a dar a notícia, no dia 21. À noite, Barbosa procurou outros veículos desmentindo a autoria da nota enviada ao Senado ou o aval à proposta do CNJ (http://tinyurl.com/m5ueezb).

Ontem, o site do CNJ publicou uma nota de Barbosa, eximindo-se da responsabilidade sobre a PEC.

O ministro ressalta que não participou da redação do documento, não estava presente na 187ª Sessão Ordinária do CNJ no momento da aprovação da nota técnica, tampouco assinou ofício de encaminhamento do material ao Congresso Nacional.


A manipulação política do CNJ

Não colou a tentativa de Barbosa de tirar o corpo do episódio. É conhecido no CNJ – e no meio jurídico de Brasília – a parceria estreita entre ele e o corregedor Francisco Falcão.

É apenas o último capítulo de um jogo político que vem comprometendo a imagem e os ventos de esperança trazidos pelo CNJ.


Para evitar surpresas como ocorreu no STF - no curto período em que Ricardo Lewandowski assumiu interinamente a presidência -, Barbosa montou aliança com Falcão. Em sua ausência, era Falcão quem assumia a presidência do órgão, embora a Constituição fosse clara que, na ausência do presidente do CNJ (e do STF) o cargo deveria ser ocupado pelo vice-presidente – no caso Ricardo Lewandowski.

Muitas das sessões presididas por Falcão, aliás, poderão ser anuladas.

Com o tempo, um terceiro elemento veio se somar ao grupo, o conselheiro Gilberto Valente, promotor do Pará indicado para o cargo pelo ex-Procurador Geral da República Roberto Gurgel.

Com o controle da máquina do CNJ, da presidência e da corregedoria, ocorreram vários abusos contra desafetos. Os presos da AP 470 não foram os únicos a experimentar o espírito de vingança de Barbosa.


Por exemplo, o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Félix Fischer é desafeto de Falcão e se candidatará ao cargo de Corregedor Geral quando este assumir a presidência do STJ. De repente, Fischer é alvejado por uma denúncia anônima feita diretamente a Joaquim Barbosa, de suposto uso de passagens aéreas para levar a esposa em viagens internacionais. O caso torna-se um escândalo público e o conselheiro Gilberto Martins é incumbido de investigar, na condição de corregedor interino (http://tinyurl.com/qg6cjx3) .

Passa a exigir, então, o detalhamento de todas as viagens oferecidas pelo STJ a ministros, mulheres de ministros e assessores (http://tinyurl.com/l6ezw3k). A investigação é arquivada por falta de fundamentos mas, àquela altura, o nome de Fischer já estava lançado na lista de escândalos.

A contrapartida de Falcão foi abrir uma série de sindicâncias contra desembargadores do Pará, provavelmente adversários de Gilberto Martins.

Nesse jogo de sombras e manobras, Barbosa foi se enredando em alianças e abandonando uma a uma suas bandeiras moralizadoras.

Sua principal agenda era combater o “filhotismo”, os escritórios de advocacia formados por filhos de ministros.

Deixou de lado porque Falcão, ao mesmo tempo em que fazia nome investindo-se na função de justiceiro contra as mazelas do judiciário, tem um filho – o advogado Djaci Falcão Neto – que atua ostensivamente junto ao STJ (mesmo quando seu pai era Ministro) e junto ao CNJ (http://tinyurl.com/ku5kdl5), inclusive representando tribunais estaduais. Além de ser advogado da TelexFree, organização criminosa que conseguiu excepcional blindagem no país, a partir da falta de ação do Ministro da Justiça.

Por aí se entende a razão de Falcão ter engavetado parte do inquérito sobre o Tribunal de Justiça da Bahia que envolvia os contratos com o IDEP (Instituto Brasiliense de Direito Público), de Gilmar Mendes.

E, por essas estratégias do baixo mundo da política do Judiciário, compreende-se porque Barbosa e Falcão crucificaram o adversário Fischer, mas mantiveram engavetado processo disciplinar aberto contra o todo-poderoso comandante da magistratura fluminense, Luiz Sveiter, protegido da Rede Globo.


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Joaquim Barbosa: deus do ódio e da intolerância


OPINIÃO



"Joaquim Barbosa virou, sim, herói.

Herói dos homens pequenos, cuja ideia de Justiça é a da imposição de sua vontade e de humilhação do diferente, do divergente, em lugar de, ainda assim, respeitar a sua honra, o seu direito, a sua condição de humano e, por isso, igual. (...)

E o furor de construir-se assim, o deus dos intolerantes, afinal, acabou por levá-lo ao melancólico isolamento com que se encerra sua carreira na Suprema Corte."


A saída de Joaquim Barbosa preenche uma lacuna no Judiciário brasileiro

Fernando Brito


A anunciada saída do Ministro Joaquim Barbosa pode ser um alívio, mas não é uma alegria para quem deseja que o Judiciário brasileiro evolua para a plenitude institucional de uma Corte a quem cabe, sobretudo, guardar o respeito à Constituição.

Não é uma alegria porque a sua presença no cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal poderia ser, enfim, a afirmação da diversidade étnica deste país tão marcado pelo preconceito e pelas injustiças com nossos irmãos negros.

Não é uma alegria porque Joaquim Barbosa, por todas as dificuldades que lhe deu sua origem humilde, poderia também mostrar que as oportunidades da educação podem transformar em iguais aqueles que vêm de famílias pobres, trabalhadoras e sacrificadas em nome do desejo de educar seus filhos.

Não é uma alegria, sobretudo, porque sua cátedra no STF, em lugar de ser o júbilo geral por alguém que carregava em si o látego que se abateu – e que se abate, figurativamente – sobre negros e pobres deste país demonstrasse a grandeza de ser firme com suavidade, diferente sem teatralidades, humano e generoso sem fraqueza, tornou-se, essencialmente, um retrato do ódio e da intolerância.

A magistratura exige – e a mais alta magistratura, sempre e muito mais – exige discrição, exige tolerância, exige ponderação e quantas vezes isso faltou ao Dr. Joaquim.

Não se quer dele ou de qualquer outro a infalibilidade, a perfeição, uma condição sobre-humana.

Ao contrário, foi ele quem sempre procurou mostrar-se assim, agradado de comparações com a figura de um “Batman”, vingador, justiceiro.
Joaquim Barbosa virou, sim, herói.

Herói dos homens pequenos, cuja ideia de Justiça é a da imposição de sua vontade e de humilhação do diferente, do divergente, em lugar de, ainda assim, respeitar a sua honra, o seu direito, a sua condição de humano e, por isso, igual.


O Dr. Barbosa não hesitava, inclusive, em tentar desmoralizar publicamente todo aquele com quem discordava.

E o furor de construir-se assim, o deus dos intolerantes, afinal, acabou por levá-lo ao melancólico isolamento com que se encerra sua carreira na Suprema Corte.

Mesmo os que lhe aplaudem, por conveniência política, em voz baixa o tem na conta de um homem sem equilíbrio.


Ou do homem mau, como disse dele o jurista Celso Bandeira de Mello.


Sai, assim, sem deixar alegrias, mas provocando alívio.

Porque restaura um mínimo de equilíbrio na Corte Suprema brasileira, a quem ele publicamente desonrou ao, derrotado, atribuir-lhe uma intenção subalterna de uma “sanha reformadora” de uma “maioria de ocasião”.

Barbosa não percebeu que a toga deve ter o condão de reduzir o homem e ampliar a alma de quem a enverga.



Tijolaço


Destaques do ABC!






quinta-feira, 29 de maio de 2014

Não há Mal que sempre dure: Joaquim Barbosa está fora do STF


CERIMÔNIA DO ADEUS OU GOLPE EM ANDAMENTO?



No início da sessão de hoje à tarde no Supremo Tribunal Federal, o ministro Joaquim Barbosa, presidente da corte, confirmou sua saída do STF em junho próximo.

Como cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, melhor esperar a poeira baixar para podermos vislumbrar se há ou não alguma jogada por trás dessa decisão do ministro.

Vindo de JB, tudo é possível, até um engajamento em alguma das candidaturas oposicionistas numa tentativa de influir no resultado da eleição presidencial de outubro.

Portanto, antes de comemorarmos, oremos e vigiemos!






O legado de Joaquim Barbosa, um antibrasileiro

Paulo Nogueira*, de Londres



Uma saída que eleva o Brasil

Se for confirmada a aposentadoria de Joaquim Barbosa para junho, chegará ao fim uma das mais trágicas biografias do sistema jurídico brasileiro.

O legado de Barbosa resume-se em duas palavras absolutamente incompatíveis com a posição de juiz e, mais ainda, de presidente da mais alta corte nacional: ódio e vingança. Foi a negação do brasileiro, um tipo cordial, compassivo e tolerante por natureza.

A posteridade dará a ele o merecido espaço, ao lado de personalidades nocivas ao país como Carlos Lacerda e Jânio Quadros.

Barbosa acabou virando herói da classe média mais reacionária do Brasil e do chamado 1%. Ao mesmo tempo, se tornou uma abominação para as parcelas mais progressistas da sociedade.

É uma excelente notícia para a Justiça. Que os jovens juízes olhem para JB e reflitam: eis o que nós não devemos fazer.

O que será dele?

Dificuldades materiais Joaquim Barbosa não haverá de ter. O 1% não falha aos seus.

Você pode imaginá-lo facilmente como um palestrante altamente requisitado, com cachês na casa de 30 000 reais por uma hora, talvez até mais. Com isso poderá passar longas temporadas em Miami.

Na política, seus passos serão necessariamente limitados. Ambições presidenciais só mediante uma descomunal dose de delírio. [Mas poderá tentar interferir no resultado das eleições de outubro, Paulo, apoiando "Aócio"...]

Joaquim Barbosa é adorado por aquele tipo de eleitor ultraconservador que não elege presidente nenhum.

Ele foi, na vida pública brasileira, mais um caso de falso novo, de esperanças de renovação destruída, de expectativas miseravelmente frustradas.

Que o STF se refaça depois do trabalho de profunda desagregação de Joaquim Barbosa em sua curta presidência.

Nunca, desde Lacerda, alguém trouxe tamanha carga de raiva insana à sociedade a serviço do reacionarismo mais petrificado.


Que se vá – e não volte a assombrar os brasileiros. 

[Será, Paulo? Só acredito vendo...]


* O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.




Destaques e intervenções [] do ABC!

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Joaquim Barbosa anuncia saída do STF


CERIMÔNIA DO ADEUS



O que é que deu no ministro Joaquim Barbosa para anunciar hoje aos demais poderes da República sua saída do STF? 

Melindrou-se ao ler nosso post de hoje de manhã?!... (leia abaixo)

Terá alguma carta na manga da toga, da qual ainda não suspeitamos?

Que é um fascinado por câmeras, holofotes e poder, não é novidade. 

Portanto, fiquemos todos bem alertas, Povo Brasileiro, para o pronunciamento que o ministro promete para hoje à tarde.

JB não dá ponto sem nó.

Todo cuidado é pouco quando se trata de Joaquim Barbosa.

Aguardemos, vigiemos e, sobretudo, oremos!





BARBOSA A DILMA, RENAN E ALVES: VAI EMBORA EM JUNHO


:
Presidente do Senado confirma: Joaquim Barbosa informou a ele que está deixando a presidência do Supremo Tribunal Federal; vai se aposentar em junho, mas não disse a data exata; antes, Barbosa foi à presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, para informá-la pessoalmente de sua decisão; cerimônia do adeus prosseguiu com audiência com Renan e Henrique Alves, presidente da Câmara (foto acima); ilhado nos meios jurídicos e a cinco meses do final de seu mandato na presidência do Supremo, ministro formalizou despedida e anunciou que falará a respeito na tarde desta quinta-feira 29; com roteiro de show, era Barbosa chega ao fim 

Leia mais no Brasil 247.

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Joaquim Barbosa caminha para a "porta dos fundos" da história da justiça brasileira


CONTAGEM REGRESSIVA



Infelizmente, muita água ainda pode rolar por debaixo da ponte, muita baixaria "jurídica" ainda pode ser perpetrada por este senhor. O repertório de iniquidades que ele esconde sob a toga parece inesgotável. Quando menos se espera, lá vem ele de novo, sacando da cartucheira seu "38" sempre carregado e sempre apontado para... adivinhem!... os réus da AP 470 (mensalão), claro!

Sobre os majestosos banheiros de R$ 90 mil reais no apartamento funcional nem uma palavra. Sobre o imóvel em Miami comprado de modo suspeito e obscuro nem um piu sequer. 

Quinquilharias.

Mas, como ensinou Lao-Tsé, "tudo o que tem um começo tem um fim", e o ministro Joaquim Barbosa não está acima das leis divinas, "só" acima da Constituição da República e demais ordenamento jurídico, ridículo déspota autoproclamado.

Há gosto pra tudo. Aqui na Penha, uma certa bandidagem chama JB de "reserva moral" do País. 

(Pausa para risos e gargalhadas.)

Em terra de cegos...




quarta-feira, 28 de maio de 2014

Baderneiros anti-Copa tentam estragar a festa da maioria


LIBERDADE DE EXPRESSÃO, SIM. BADERNA, ARRUAÇA... NÃO!!!

POLÍCIA NELES!!!





"O padrão de manifestações na reta final para a Copa do Mundo está dado: mistura pleitos sindicais com temas difusos, dá carona ao 'não vai ter Copa', é violento contra as grandes cidades e o patrimônio público e, sobretudo, feito por minorias. A chamada massa não está neles, com todas as diferenças registradas entre as manifestações de junho do ano passado, que somaram dezenas de milhares, e os atos patrocinados agora por punhados de ativistas de origem duvidosa."

247 – O padrão de manifestações na reta final para a Copa do Mundo está dado: mistura pleitos sindicais com temas difusos, dá carona ao 'não vai ter Copa', é violento contra as grandes cidades e o patrimônio público e, sobretudo, feito por minorias. A chamada massa não está neles, com todas as diferenças registradas entre as manifestações de junho do ano passado, que somaram dezenas de milhares, e os atos patrocinados agora por punhados de ativistas de origem duvidosa.

Nesta terça-feira 27, exemplos prontos e acabados de como essa minoria pode estragar a festa da maioria, caso não seja enfrentada, aconteceram em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Na capital federal, ditos sem teto e índios de arco e flecha tentaram atacar a taça da Copa do Mundo, exposta numa tenda diante do estádio Mané Garrincha.

Em seu périplo pelas 27 capitais do Brasil, onde virou até mesmo programa de visitação escolar, a taça vai sendo vista com alegria, orgulho e satisfação. O Brasil, afinal, já conquistou-a duas vezes, além das três vezes em que ergueu a Jules Rimet. Mas uma minoria de Brasília, de não mais que 300 manifestantes, procurou tirar todo o brilho dessa passagem com um arremedo irresponsável de passeata. Na hora do rush, engarrafou todo o tráfego do plano piloto da capital.

Dezenas de bombas de gás lacrimogêneo tiveram de ser usadas pela PM, que estava posicionada com tropa de choque e cavalaria para defender o espaço da Fifa. A visitação à taça teve de ser suspensa e os manifestantes ganharam com toda a exposição ao vivo nas redes de tevê. Mais imagens enviadas para o mundo, cada uma delas criada, reforçando, uma minoria.

Em São Paulo, não mais que 2 mil professores se deram o direito de, pela quarta vez nos últimos dias, invadir pistas das grandes avenidas e marchar com ameaças sobre a Prefeitura da cidade. Deixando um rastro de caos no trânsito, estão sempre abertos a receber grupelhos do chamado 'não vai ter Copa' à reboque. Registre-se que, se um dia esse slogan foi chamado de 'movimento', isso não se confirmou, dado seu absoluto esvaziamento de público nas poucas vezes em que tentou se auto-convocar. Há um burburinho pela internet, com imagens de baixo nível e grau máximo de despolitização, que igualmente não alcançou seu sonho – ou pesadelo – de ser um viral.

No Rio de Janeiro, com os rodoviários sendo envolvidos em uma nova greve por dissidentes do sindicato da categoria, o mesmo quadro se repete. Violentos no início do mês, quando atacaram garagens para depredar mais de 360 coletivos, eles prometem voltar à carga a partir da meia-noite desta quarta-feira 28.

Manifestações pouco numerosas também ocorrem em outras capitais, enquanto que um iniciante clima de festa começa pelas cidades menores do país, refletindo ainda discretamente nas maiores. É claro que, à medida em que a competição começar, e a Seleção Brasileira, que cumpriu hoje seu primeiro dia de concentração, avançar, mais e mais brasileiros irão aderir. Não é novidade. Desde os tempos do Pra Frente, Brasil, em 1970, cada Copa teve seu reflexo no público. Mas nunca, nem mesmo durante a ditadura militar, essa adesão foi violenta.

Agora, no entanto, o poder real e midiático de quem provoca um congestionamento, faz uma depredação ou tenta cometer um atentado contra a Copa – como, a rigor, ocorreu durante a tarde na capital federal – é desproporcional ao grito de alegria e respeito pela Copa do Mundo que vai sendo dado pela maioria do País. Se fosse para não querer Copa, os sinais seriam outros, com muito, mas muito mais gente nas ruas, e de todas as classes sociais ou, ao menos, da classe média e estudantes. Foi assim em junho, não está sendo assim agora.

Reclamos do colunista conservador global Carlos Lacerda, quer dizer, Arnaldo Jabor, caem no vazio. Ele age como um anarquista bufão a pastorear seu público na concessionária Rede Globo ao abismo do quanto pior, melhor. É um dos chefes da minoria isolada, motivo sem retoques do declínio de audiência da emissora dos três bilionários irmãos Marinho. A esse e outros chamados, a grande, imensa maioria da população está enviando uma resposta de aceitação à Copa do Mundo no Brasil.

Os poucos manifestantes de agora não fazem mais que testar os limites da condescendência do Estado. Em outros países do mundo, já teriam sido convidados, sem cerimônia, a se retirar. Em Washington, capital dos Estados Unidos, por exemplo, passeatas que invadem ruas são realinhadas a borrachadas para cima das calçadas. Em Berlim, na Alemanha, jatos d'água poderosos ainda são usados para dispersar protestos. Na França, as tropas de choque mais parecem unidades de combate americanas no auge da guerra do Afeganistão. Até mesmo na vizinha Argentina o Estado parece saber se defender de maneira bastante eficaz frente a ações minoritárias.

A medida do enfrentamento com a minoria que prejudica a maioria tem de ser encontrada a cada situação. Nas ruas, cada caso é um caso de grande repercussão e complexidade. O que não significa que o Estado não deva, por seus meios tradicionais, usados em todo o mundo democrático, a efetivamente agir. Provocação de congestionamentos em horários de rush, realização de ataques a alvos esportivos e quebra-quebras de oportunidade não merecem complacência.

O Mundial já alcança 500 mil ingressos vendidos no País e dezenas de milhares de credenciamentos de mídia. É um sucesso comercial, de adesão esportiva e na projeção de audiência. Os estrangeiros virão em lotes ao Brasil. Nunca foi um costume recebê-los mal, de cara cerrada e punhos fechados. Nem na literatura, muito menos na vida real, jamais o brasileiro agiu assim. Ao contrário. As capitais vivem sendo reconhecidas internacionalmente como entre as mais cordiais do mundo, a começar pelo Rio de Janeiro, de Lacerda e Jabor, e São Paulo. É essa verdade que tem de prevalecer.



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segunda-feira, 26 de maio de 2014

A Copa do Mundo e a estupidez humana


VAI TER COPA



"Por que será que no Brasil, terra da jabuticaba, um movimento por melhores salários do magistério se expõe a aventuras como essa de hostilizar os jogadores da Seleção em sua apresentação na Granja Comary? (...)

É claro, por exemplo, que o ex-jogador Ronaldo combinou com Aécio Neves a divulgação de seu apoio eleitoral, logo depois de chamar a atenção da mídia dizendo que tinha vergonha do Brasil.

Até fevereiro, dizia que a “Copa é um grande negócio para o país”. (...)


Está ficando evidente para todo o povão que a Copa, primeiro, e a Seleção, agora, estão sendo exploradas com finalidades eleitorais.



Como se tornar um estúpido


Fernando Brito


Em qualquer parte do mundo, qualquer movimento político ou sindical quer o apoio da sociedade.

Por que será que no Brasil, terra da jabuticaba, um movimento por melhores salários do magistério se expõe a aventuras como essa de hostilizar os jogadores da Seleção em sua apresentação na Granja Comary?

Diz a Folha que “no local havia aproximadamente 200 pessoas entre manifestantes do Sindicato Estadual dos Professores do Rio e militantes do PSTU, e do PSDB e torcedores, segundo a polícia. Eles entoam cânticos e exibem faixas contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. “Brasil vamos acordar, professor ganha menos do que o Neymar”, era um dos cânticos.”

Por isso tomei emprestado o título do ótimo livro de Martin Page (recomendo a quem quiser ótima literatura moderna) para definir o que essa turma está fazendo.

Tirante os coxinhas inveterados e os tucanos empedernidos, não há um cidadão que olhe com gosto um time de futebol nacional ser engolfado pela política.

E, curiosamente, não é o Governo quem está fazendo isso.

É claro, por exemplo, que o ex-jogador Ronaldo combinou com Aécio Neves a divulgação de seu apoio eleitoral, logo depois de chamar a atenção da mídia dizendo que tinha vergonha do Brasil.

Até fevereiro, dizia que a “Copa é um grande negócio para o país”.


Fez muito bem a polícia de controlar, sem violência, o grupo levado pela estranha aliança PSTU-PSDB e anarquistas tipo “black-bloc” ao local. Então podem ir para a porta do ônibus da seleção gritar e se recusar a ir à audiência de negociação convocada pelo STF, que mediou o acordo no ano passado?

Está ficando evidente para todo o povão que a Copa, primeiro, e a Seleção, agora, estão sendo exploradas com finalidades eleitorais.

E também não é preciso ser gênio para saber que este tipo de atitude tem consequências terríveis para quem o faz.


Tijolaço

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domingo, 25 de maio de 2014

"O Brasil é um lixo": o discurso vira-lata de Veja e Época


MÍDIA GOLPISTA



No "detrito sólido de maré baixa" (PHA):


A MAIS BIZARRA PEÇA JORNALÍSTICA DA HISTÓRIA


:
Veja chegou, neste fim de semana, ao ápice do seu complexo de vira-latismo; sua reportagem de capa é o relato de um personagem fictício, nascido nos Estados Unidos e chamado John Doe, que desembarca em São Paulo e descobre que nada presta, que o Brasil é um lixo, que somos um país de quinta; ok, os Civita sempre sonharam em ser americanos e pegaram o navio errado quando deixaram a Itália; no entanto, a reportagem deste fim de semana é bisonha e não faz jus nem aos simpáticos vira-latas; ela pretende apenas que os brasileiros, como sugeriu Ronaldo, sintam vergonha do próprio País

Leia a matéria toda no Brasil 247.


Na Época:


ÉPOCA TAMBÉM ADERE AO DISCURSO VIRA-LATA


:
Somos fracassados, nada do que é bom se vê por aqui, queremos um Brasil padrão Fifa, mas onde encontrá-lo? Segundo a revista Época, as soluções estão na Finlândia, na Inglaterra, no Japão; assim como Ronaldo e Veja, as Organizações Globo também querem que você se sinta derrotado; será que tudo isso é coincidência, ou faz parte de um esforço organizado para provocar baixo-astral às vésperas da Copa do Mundo de 2014?

Leia a matéria completa no Brasil 247.

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sábado, 24 de maio de 2014

Ayres Britto critica o "carcereiro de Dirceu"


“Não se pode ser exemplar no julgamento e errar na execução. O preso não pode ir para um regime mais severo do que o que foi condenado. Se foi para o semiaberto, tem que desfrutar do semiaberto. Não se pode praticar nem o Direito Penal do compadrio nem o do inimigo, que estigmatiza o preso, o réu, e o vê como uma besta-fera, um cão dos infernos. É preciso muito equilíbrio nesta hora.”
                                                   (Carlos Ayres Britto, jurista, ex-ministro do STF)



Joaquim Barbosa, o justiceiro de toga


Cynara Menezes, CartaCapital


Houve certa vez um juiz na Grécia antiga que passou à história por seu poder e extremo rigor. Tanto fazia se o crime fosse furto ou assassinato, ambos eram punidos com a morte. Esse legislador se chamava Drácon (650-600 a.C.) e sobre ele diria um orador ateniense que escrevera leis com sangue, e não com tinta. Sua celebridade não é, portanto, exatamente digna de orgulho.

Nos últimos dias, o epíteto “draconiano” foi repetido muitas vezes em conversas no meio jurídico da capital para se referir ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Houve também quem o comparasse a Tomás de Torquemada, o inquisidor-geral dos reinos de Castela e Aragão, responsável por levar milhares à fogueira no século XV. Nada lisonjeiro para o ministro. A causa das comparações é o excesso de rigor com que Barbosa age em relação e tão somente em relação aos condenados do chamado “mensalão”, principalmente o ex-ministro José Dirceu.

Na sexta-feira 9, o presidente do Supremo negou novamente a Dirceu, preso em regime semiaberto na Penitenciária da Papuda, o direito de trabalhar fora durante o dia. Segundo Barbosa, seria preciso cumprir um sexto da pena para obter o direito. Com a ordem, desfez de forma monocrática um entendimento do Superior Tribunal de Justiça de 1999 que permite o trabalho de detentos no regime semiaberto até hoje. Ou seja: sua decisão não atinge apenas Dirceu, seu alvo preferencial, mas milhares de encarcerados nas mesmas condições em todo o País.

As críticas a Barbosa partiram de todas as direções: juristas de diferentes espectros ideológicos, além da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal, condenaram a decisão. A mais contundente divergência em relação ao entendimento do presidente do Supremo partiu, porém, de seu antecessor no cargo, Carlos Ayres Britto. Em entrevista exclusiva a CartaCapital, Ayres Britto considerou que negar ao preso em semiaberto o direito de trabalhar fora não é praticar uma visão humanista do Direito e se assemelha a uma decisão “taliônica”: olho por olho, dente por dente. “Isso remonta aos tempos da barbárie.”

O ex-presidente do Supremo fez questão de destacar que falava “em tese” e que é “um grande admirador da independência” de Joaquim Barbosa em relação aos outros poderes da República. Também ressaltou que a posição defendida pelo sucessor no comando do STF não é isolada: outros juristas interpretam a lei da mesma maneira, exigindo cumprimento de um sexto da pena antes de liberar para o trabalho externo. Sua visão, porém, é distinta da defendida pelo ex-colega.

“Peço data venia ao ministro Joaquim, mas não concordo com seu entendimento. Meu modo de interpretar é mais humanista”, afirmou Ayres Britto. “O regime semiaberto não passa pela necessidade de cumprimento de um sexto da pena. Como requisito de progressão, para saltar de uma pena mais dura para uma mais branda, sim. A pena tem dois significados: o castigo, que é o caráter retributivo, o indivíduo paga pelo erro cometido, e o caráter ressocializador. É um signo de humanismo e de civilização de um povo incorporar à pena sua dimensão ressocializadora. E o trabalho é um mecanismo de ressocialização.”

Disse ainda Ayres Britto: “Entre o trabalho externo e o interno, é preferível o externo, porque o interno tem um caráter estigmatizante e o externo é extramuros. O apenado passa a ser visto pela sociedade como alguém em franco processo de recuperação e isso é bom para atenuar o estigma. O Direito humanista preza pela desestigmatização do apenado, porque isso é um preconceito. O preso é privado da liberdade, não da dignidade. Melhorar sua imagem faz parte do processo.”

O ex-presidente do STF, condutor do julgamento do “mensalão”, lembrou que a Lei de Execuções Penais fala do trabalho em colônia industrial ou agrícola, inexistente no Brasil. “O preso não pode pagar o pato por uma omissão do Estado. Foi por isso que se chegou ao entendimento permitindo o trabalho externo no semiaberto.” Para Britto o julgamento foi “legítimo” e é importante continuar a ser “exemplar” na execução.

“Não se pode ser exemplar no julgamento e errar na execução. O preso não pode ir para um regime mais severo do que o que foi condenado. Se foi para o semiaberto, tem que desfrutar do semiaberto”, defendeu. “Não se pode praticar nem o Direito Penal do compadrio nem o do inimigo, que estigmatiza o preso, o réu, e o vê como uma besta-fera, um cão dos infernos. É preciso muito equilíbrio nesta hora.”

Ex-presidente do STF entre 1995 e 1997, Sepúlveda Pertence concordou com Ayres Britto na manutenção do entendimento do STJ, ao contrário do que prega Barbosa. “Independentemente da discussão teórica sobre a Lei de Execução Penal, que é confusa, existe um entendimento do STJ e milhares de presos beneficiados por ela. Eu seguiria esse entendimento.”

Um aspecto ilustrativo da escolha de Barbosa para castigar os “mensaleiros” é que, no projeto de reforma da Lei de Execução Penal a ser votado neste ano pelo Congresso, os artigos sobre o trabalho do preso foram modificados e preveem o trabalho externo não só para condenados ao semiaberto como ao regime fechado, independentemente da fração de pena cometida. A diferença é que os presos em regime fechado estariam sujeitos à vigilância constante. O projeto deixa claro o caráter ressocializante do trabalho. “Não se trata de benefício penitenciário, mas de componente da própria execução penal tendente à reintegração social do apenado”, explica o texto.

O próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot, emitiu parecer favorável ao trabalho externo de Dirceu. “No que concerne ao requerimento de trabalho externo ao sentenciado, não há nada a opor, porque, do que se tem conhecimento, os requisitos legais foram preenchidos”, afirmou ao arquivar o processo que investigou o suposto uso de celular por Dirceu na Papuda, uma “regalia” na prisão. Uma comissão de deputados que vistoriou a penitenciária tampouco constatou flagrantes diferenças de condições na cela do ex-ministro e dos demais detentos.

O fato de Joana Saragoça, filha de Dirceu, ter pegado carona com agentes penitenciários e furado a fila de visitas deu novo fôlego a Barbosa para recusar a autorização ao ex-ministro. “É lícito vislumbrar na oferta de trabalho em causa uma mera action de complaisance entre copains (ação entre amigos, em francês), absolutamente incompatível com a execução de uma sentença penal. É que, no Brasil, os escritórios de advocacia gozam, em princípio, da prerrogativa de inviolabilidade (estatuto da OAB), que não se harmoniza com o exercício, pelo Estado, da fiscalização do cumprimento da pena”, argumentou o presidente do Supremo.

Em resposta por escrito, o advogado José Gerardo Grossi, disposto a contratar Dirceu, chamou publicamente Barbosa de Torquemada. “A visão de Justiça Penal, dele, é torquemadesca, ultramontana. Houvesse de escolher entre Tomás de Torquemada e o bom Juiz Magnaud (magistrado francês célebre por suas decisões consideradas humanitárias), certamente ficava com este.”

O advogado Luis Alexandre Rassi, empregador de outro condenado, João Paulo Cunha, negou a inexistência de fiscalização do “Confere” (como é chamado pelos presos o órgão avaliador do trabalho externo). “Eles já estiveram aqui ao menos sete vezes”, afirma Rassi. Ele prevê a interrupção do benefício a Cunha. Por causa da decisão sobre Dirceu, foi revogado o direito a trabalho de Delúbio Soares, Romeu Queiroz e Rogério Tolentino. Não se sabe se Barbosa fará o mesmo com os cerca de 20 mil presos em regime semiaberto liberados a trabalhar fora da prisão.

A defesa de Dirceu anunciou a decisão de recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A ordem de Barbosa pode ainda ser derrubada no plenário do STF, mas, incrivelmente, depende do presidente da Corte colocar o assunto em pauta: a agenda é prerrogativa do comando do tribunal, que há meses não vota nenhum tema importante. Nos bastidores do STF, comenta-se que Barbosa trocou o ofício de ministro da mais alta Corte pela função bem menos nobre de carcereiro de Dirceu. Por que seus pares se calam?



CartaCapital


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