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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WikiLeaks, o Fenômeno


O mundo da política e da mídia anda em polvorosa com os vazamentos de documentos diplomáticos secretos pelo site WikiLeaks, do ciberativista Julian Assange, que se encontra detido em Londres. Até o Presidente Lula se manifestou há pouco, cobrando protestos a favor da liberdade de expressão violada pela prisão de Assange.

A mídia tem se ocupado em divulgar falas e informações comprometedoras dos vários governos que estão sendo divulgadas nos documentos vazados, ou tem se concentrado em desvendar a biografia de Assange, uma mente privilegiada, um ativista cibernético, um terrorista disfarçado de ativista, um criminoso sexual...

O que quer o WikiLeaks? O que realmente pretende Julian Assange e seu grupo? O que os vazamentos podem provocar na política global e nas relações de poder mundial? 

No artigo abaixo, o jornalista, professor e pesquisador Carlos Castilho estimula o debate sobre este fenômeno do jornalismo mundial e adverte sobre aspectos importantes que estão sendo desconsiderados pela mídia, como a autenticidade e as consequências do vazamento de documentos secretos.


Wikileaks coloca jornalistas diante de dilema complicado
Carlos Castilho 

A mais recente leva de documentos secretos divulgados pelo site Wikileaks acabou respingando também no Brasil, com as revelações que colocaram o ministro da Defesa, Nelson Jobim, numa tremenda saia justa.  Mas nosso envolvimento não passa de fofocas envolvendo egos e ciúmes entre ministros do governo Lula.
Muito mais importante é o debate que está ganhando força e que já colocou a imprensa mundial diante de um dilema bem complicado. Ou ela pega a deixa do Wikileaks e passa a investigar a autenticidade e os detalhes dos documentos publicados, ou vai se acomodar tornando-se cúmplice de uma eventual ação de governos impondo a censura ao site criado pelo australiano Julian Assange.
Enquanto os governos buscam formulas legais para acabar com a sequência de documentos secretos trazidos à luz do dia pelo Wikileaks, entre os jornalistas surge um debate que, embora ainda encabulado, já começa a provocar uma aguda divisão em campos opostos.
A maioria dos jornais e dos jornalistas não está discutindo a autenticidade ou as conseqüências dos documentos revelados, mas sim as motivações de Assange. Se é um ególatra em busca de fama, se é um terrorista disfarçado de ativista social, se é um estuprador, e por aí vai.
Os norte-americanos Robert Niles, do Instituto Poynter, e Jay Rosen, na Universidade de Nova York (NYU) *, ambos professores de jornalismo,  defendem a tese de que o Wikileaks pode ter lá seus motivos ocultos, mas uma coisa é real:  o site fez aquilo que a imprensa mundial deveria ter feito para expor à luz pública o que corre pelos bastidores da política mundial e que o cidadão comum nunca toma conhecimento.
O fenômeno Wikileaks está dividindo os jornalistas em duas correntes, segundo Niles. De  um lado estão os que defendem a tese de que a informação deve chegar até o público, não importa os meios e formas, para que o cidadão possa exercer o seu direito de decidir sobre os rumos do país; e do outro, os profissionais que desejam controlar o fluxo da informação para manter os seus empregos.
Há também os que acreditam como Jay Rosen, que “se a imprensa realmente patrulhasse os governos, políticos e empresários, a existência do site Wikileaks se tornaria desnecessária”. Talvez esteja aí a chave para recolocar o debate sobre o vazamento de documento secretos no seu verdadeiro contexto. 
Outro elemento importante para entender a polêmica é a leitura de um texto de Julian Assange, publicado pelo blog Zunguzungu, no qual o criador do Wikileaks diz que se inspira nas idéias do presidente norte-americano Theodor Roosevelt sobre a necessidade da transparência universal  e prega uma “conspiração computacional para acabar com o governo invisível“ globalizado.
Na sexta-feira (3/12), começou uma guerrilha cibernética em torno da hospedagem do Wikileaks. O site perdeu seu endereço nos Estados Unidos, porque foi retirado do ar pela empresa que o hospedava, e a partir daí teve que migrar sucessivamente para  a Suíça, Alemanha, Finlândia e Dinamarca. Tanto o site como Assange estão a um passo de se transformarem em párias mundiais no meio da polêmica sobre liberdade dos fluxos informativos.

(postado no Observatório da Imprensa - www.observatoriodaimprensa.com.br 03.12.2010)

Dilma anuncia mais três mulheres


A presidenta eleita Dilma Rousseff, que já manifestou seu desejo de ter pelo menos um terço de mulheres no seu ministério, anunciou ontem por meio de sua assessoria mais três nomes femininos: a senadora Ideli Salvatti, Ministério da Pesca e Aquicultura; a jornalista Helena Chagas, Secretaria de Comunicação Social; e a deputada Maria do Rosário, Secretaria de Direitos Humanos.

O Abra a Boca, Cidadão! não é blogue feminista, mas pretende acompanhar com muita atenção o desempenho de todas as mulheres no governo Dilma, sobretudo dos ministérios ligados às suas áreas de interesse: Comunicação e Cidadania.  Por isso, reproduz abaixo uma pequena biografia das escolhidas para as secretarias da Comunicação Social e Direitos Humanos.


Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República - Helena Chagas

A jornalista Helena Chagas foi a coordenadora de imprensa da presidenta eleita Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral e a transição. Colunista do jornal O Globo e também do Jornal de Brasília, ela se destacou como analista política. Na internet, em 2007, experimentou o colunismo online, ao dirigir o Blog dos Blogs, do portal de internet iG. 

Em novembro de 2007, assumiu como diretora de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a rede pública de TV, cargo que deixou para entrar na campanha eleitoral. Ela era responsável pela cobertura noticiosa dos veículos televisão, rádio e agência da EBC – que inclui a TV Brasil, a Rádio Nacional, a Rádio MEC e a Agência Brasil.

Antes, a partir de maio de 2006, dirigiu a sucursal de Brasília do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) e foi comentarista de política no jornal matutino da emissora. 

Filha do jornalista Carlos Chagas, freqüentou redações desde criança e foi educada numa casa onde a leitura dos jornais era rotineira. Formada pela Universidade de Brasília (UNB) em 1982, Helena iniciou a carreira como repórter do Jornal de Brasília, trabalhou no Diário da Manhã e depois em O Globo, onde foi repórter por dez anos. Em seguida, trabalhou por dois anos na TV Senado, no Estado de S. Paulo e voltou ao Globo para mais um período de 11 anos, quando exerceu as funções de coordenadora de Política, chefe de redação e diretora da Sucursal Brasília.



Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - Maria do Rosário

Maria do Rosário Nunes iniciou sua militância no movimento estudantil secundarista e no Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS/Sindicato. Professora da rede pública, a pedagoga formada e com mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é especialista em estudos sobre violência doméstica pelo Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo (Lacri/USP). 

Maria do Rosário foi vereadora de Porto Alegre por dois mandatos (1993-1999), tendo presidido as comissões de Educação e de Direitos Humanos. Como deputada estadual (1999-2003), ela foi presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos e vice-presidente da Assembleia Legislativa gaúcha por dois anos. 

Em 2002, foi eleita deputada federal, sendo reeleita em 2006, sempre com expressivas votações. No Congresso Nacional, foi relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigou as redes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Representou a Câmara na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos durante a Ditadura Militar e foi presidente da Comissão Especial da Lei Nacional da Adoção. Desde 2003, coordena a Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Foi vice-presidente das Comissões de Direitos Humanos e Minorias, e Educação e Cultura. Em 2009, presidiu a Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, tendo se destacado, entre tantos temas, por coordenar uma série de debates em todo o Brasil sobre o novo Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020). 

Em 2008, Maria do Rosário foi candidata à Prefeitura de Porto Alegre, tendo conquistado 328 mil votos no segundo turno das eleições na Capital gaúcha. 


(Portal Brasil - 08/12/2010)