Cidadãs paulistanas e de outras origens saem às ruas de São Paulo, precisamente na mais paulistana das avenidas, em manifestação pacífica e irreverente, protestando contra a violência que atinge as mulheres e pelo direito da mulher se vestir como quiser, sem ser molestada pelos trogloditas de plantão.
A SlutWalks, marcha mundial contra o machismo, surgiu em Toronto, no Canadá, como protesto ao palpite infeliz de um policial canadense, que aconselhou numa palestra que as mulheres deveriam evitar se vestir como putas (slut), para não serem vítimas de estupros e outras violências sexuais.
"Mas não é culpa dos nossos vestidos, salto alto, regatas, saias e afins que todos os dias mulheres são desrespeitadas e agredidas sexualmente, isso é culpa do machismo ainda muito presente na nossa sociedade", explica o convite do evento no Facebook.
A Marcha das Vagabundas ganhou o mundo. E acontece também em Chicago, Amsterdam, Copenhague, Londres, Sidney e Dublin.
Veja imagens da SlutWalks de Toronto e artigo de Wálter Maierovitch.
Link do video: http://www.youtube.com/watch?v=bjSr06_D8Tk
Marcha das Vadias
Tudo começou no Canadá, ou melhor, na Universidade de Toronto. Por lá, no campus, ocorreu uma escalada de estupros a vitimar universitárias.
Então, um seminário foi organizado para o dia 24 de janeiro. Tudo para discussões sobre medidas de segurança nos campi das faculdades. Uma das palestras ficou por conta do policial canadense Michael Sanguinetti, que seria, no Brasil, ídolo do deputado Paulo Maluf.
Michael Sanguinetti, a mostrar que estultos existem em todas as polícias do mundo, soltou, preconceituosamente, uma pérola ao tachar as universitárias como corresponsáveis pelas violências sexuais. “Evitem vestir-se como putas se não desejarem se tornar vítimas de estupros. Vocês são estupradas porque se vestem assim.”
Depois dessa manifestação preconceituosa e machista de Sanguinetti, mais de 3 mil mulheres realizaram passeata em Toronto: a Marcha das Vagabundas (SlutWalks). Todas as universitárias saíram vestidas com muito humor. Algumas com roupas íntimas. Muitas com cartazes contendo escritos sugestivos: “Jesus ama as putas”, “Os verdadeiros homens não estupram”, “Também as putas sonham” etc. etc.
A SlutWalks virou um movimento mundial de protesto contra a violência, pelo respeito à liberdade sexual e contra o preconceito. Em fevereiro já estava no ar o site “SlutWalks”. Pelo mundo ocidental foram realizadas manifestações contra o preconceito nos Estados Unidos, Austrália, Europa e América do Sul (Argentina).
No dia 4 serão realizadas marchas em Amsterdam e Londres.
A marcha de Boston, no dia 7 de maio passado, foi um grande sucesso na luta por civilidade e respeito. Uma das organizadoras observou: “Historicamente, a palavra puta foi sempre usada para ferir as mulheres que reivindicam igualdade de tratamento”.
Frise-se que o estupro é um hediondo crime contra a liberdade sexual da mulher. E a liberdade de trajar não pode ser vista como justificativa para predadores sexuais.
O movimento SlutWalks é chamado no Brasil de “marcha das vagabundas”. Neste sábado, espera-se milhares de manifestantes na praça dos Ciclistas, a partir das 14 h. A marcha é organizada por três amigos e divulgada no FaceBook. Mais de 4 mil internautas já confirmaram presença.
PANO RÁPIDO. Vida longa à organização não-governamental SlutWalks e ao seu sítio de internet (http://www.slutwalktoronto.com/). Abaixo os Sanguinettes, Malufs e Bolsonaros.
Wálter Fanganiello Maierovitch
Portal Terra
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