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sexta-feira, 22 de julho de 2011

DOUTOR Lula, de novo!...

Lula recebe três títulos de Doutor Honoris Causa em Pernambuco

Três universidades pernambucanas outorgaram títulos de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (22). As deferências foram feitas pela Universidade de Pernambuco (UPE), pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).


Durante a cerimônia, que ocorreu no teatro Santa Isabel, em Recife, Lula se revelou emocionado. “Vocês não podem imaginar o que ele significa para um pernambucano retirante como eu, que não teve as oportunidades escolares que todo jovem deveria ter, mas que sempre acreditou no potencial libertador da educação”, disse.

                                Lula recebe título de Doutor "Honoris Causa" em Pernambuco. 
Foto: Roberto Pereira/SEI-PE


   Diploma de Doutor "Honoris Causa" da UFRPE. 
                                                               Foto: Instituto Cidadania



O título de Doutor Honoris Causa é concedido por universidades a pessoas eminentes, que não necessariamente sejam portadoras de diploma universitário, mas que tenham se destacado em determinada área por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições.

Com os três títulos recebidos nesta sexta-feira, Lula completa cinco Honoris Causa. O primeiro foi outorgado em janeiro pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Em março, mais um diploma foi concedido pela Universidade de Coimbra, em Portugal.

Reconhecimento

No documento que justifica a concessão do título, a UFPE destaca: “Com sua travessia política persistente e com o olhar voltado para o coletivo, Lula protagoniza uma ação instituinte na construção de alternativas para o nosso País, na reformulação de projetos, na comunicação dos saberes, dialogando com as experiências da vida, ressignificando a própria história nacional.”

Em nota divulgada pela UFRPE, o reitor Valmar Corrêa de Andrade diz que o título outorgado reconhece “o valor deste mérito ao cidadão pernambucano que, com hombridade e competência soube reconstruir com honradez um novo Brasil.”

Na UPE, a decisão de homenagear Lula foi aprovada por unanimidade no Conselho de Gestão Acadêmico e Administrativo do campus da instituição em Garanhuns.

Instituto Cidadania

A seguir, o ABC! reproduz o discurso integral do Doutor Lula.


Discurso de Luiz Inácio Lula da Silva

Outorga de títulos de Doutor Honoris Causa

Recife, Pernambuco

22 de julho de 2011




É com imensa honra que recebo os títulos de Doutor Honoris Causa das três universidades públicas de Pernambuco.

E a minha honra é maior ainda por recebê-los conjuntamente, em uma única solenidade, neste esplêndido teatro Santa Isabel, de tanta importância na vida cultural pernambucana e brasileira.

Quero, antes de mais nada, agradecer por essa deferência aos magníficos reitores da Universidade Federal, da Universidade Rural e da Universidade de Pernambuco.

Queridos amigos e amigas,

Estejam certos: o dia de hoje, para mim, será inesquecível.

Vocês não podem imaginar o que ele significa para um pernambucano retirante como eu, que não teve as oportunidades escolares que todo jovem deveria ter, mas que sempre acreditou no potencial libertador da educação. Não podem imaginar o que representa voltar ao meu estado natal para receber das universidades pernambucanas o reconhecimento por tudo que o nosso governo fez em prol da educação e da igualdade social no Brasil.

Vou guardar esses três diplomas em um lugar muito especial do meu coração. Vão ficar ao lado daquele que recebi quando me formei torneiro mecânico e dos que me foram conferidos ao ser eleito e reeleito Presidente da República.

Depois de deixar a Presidência, tenho recebido, com muita alegria, diversas homenagens, inclusive de outras universidades brasileiras e estrangeiras. Mas não tenham dúvida: nada se compara, para um filho de Pernambuco, a receber tamanha honraria em sua própria terra.

Digo isso porque Pernambuco, na minha vida, nunca foi só um lugar de origem. Sempre foi mais, muito mais. Foi berço e bússola. Seja pela forte experiência da primeira infância em Caetés, cuja lembrança me acompanha até hoje, seja pela sabedoria humilde e austera de minha mãe, que aqui formou o seu caráter e transmitiu aos seus filhos e filhas o sentido da dignidade da vida e a coragem na luta pela sobrevivência, que são a marca de nossa brava gente pernambucana.

O Pernambuco que fui forçado a abandonar quando criança, graças a Deus pude recuperar na idade adulta – e hoje me sinto, mais do que nunca, conterrâneo de todos vocês. Daí a minha enorme emoção neste momento.

Mais do que um reconhecimento pessoal, no entanto, acredito que vocês estejam homenageando a coragem e determinação do povo brasileiro, que nos últimos oito anos realizou, de modo pacífico e democrático, uma verdadeira revolução econômica e social, dando um salto histórico no rumo da prosperidade e da justiça.

Após a prolongada estagnação das chamadas “décadas perdidas”, o Brasil voltou a crescer de modo consistente, gerando empregos, distribuindo renda, promovendo inclusão social e redução das desigualdades regionais.

Deixamos para trás um passado de frustração e ceticismo. Os brasileiros e brasileiras voltaram a acreditar em si mesmos e na sua capacidade de resolver problemas e superar obstáculos.

Graças a um novo projeto de desenvolvimento nacional, com forte envolvimento da sociedade e intensa participação popular, fomos capazes de tirar 28 milhões de pessoas da miséria e de levar outras 39 milhões para a classe média, no maior processo de mobilidade social que este país já conheceu.

Resgatamos grande parte da nossa dívida com os pobres e excluídos e, ao mesmo tempo, modernizamos o país, preparando-o para os novos desafios do século XXI.

A descoberta de vastas jazidas de petróleo no pré-sal é a face mais visível – mas está longe de ser a única – dessa mudança de patamar científico e tecnológico do Brasil.

Os investimentos do PAC em infraestrutura produtiva e social foram fundamentais para o sucesso do nosso governo.

O PAC uniu o econômico e o social, transformando o Brasil num enorme canteiro de obras e empregos. Por toda parte se viam – e se veem – obras de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, estaleiros, refinarias, usinas hidrelétricas etc. Ao mesmo tempo, não há município brasileiro onde o Governo Federal não tenha realizado – e continue realizando – significativos investimentos em saneamento básico e moradia popular, mudando para valer as condições de vida da população carente.

E nunca é demais lembrar que o PAC foi coordenado com extrema competência e sensibilidade pela querida companheira Dilma Rousseff, hoje presidenta da República.

Caros amigos e amigas,

A educação foi um dos carros-chefe desse novo projeto nacional de desenvolvimento. Orgulho-me de ter criado 14 novas universidades federais e 126 extensões universitárias, nas mais diversas regiões do país, democratizando o acesso ao ensino superior. Sem falar nas 214 novas escolas técnicas federais, que abriram possibilidades inéditas de formação profissional para a juventude.

Dobramos o número de vagas nas universidades públicas.

Garantimos, com o Prouni, que 860 mil jovens de baixa renda pudessem cursar o ensino superior. A oportunidade não foi desperdiçada: os jovens do Prouni têm se destacado em quase todas as áreas, liderando em muitos casos os exames do MEC. Ou seja: bastou uma chance, e a juventude brasileira deu firme resposta ao mito elitista segundo o qual a qualidade é incompatível com a ampliação das oportunidades.

Creio que a homenagem de vocês é, sobretudo, a esse gigantesco esforço que o Brasil realizou no período recente – e que prossegue no atual governo – para resgatar a escola pública, e principalmente a universidade pública.

O que fizemos foi dotar o país de um projeto sistêmico de educação, que faltava ao Estado brasileiro. Esse é o sentido profundo do Plano de Desenvolvimento da Educação, o PDE.

O Brasil está conseguindo, com o PDE, superar a falsa contradição que vigorava nos anos 90, quando as políticas públicas tratavam como antagônicas a educação básica e a universidade.

Buscava-se, com aquele discurso, justificar o abandono a que foi relegada a rede federal de ensino superior. Mas a verdade é que nenhum outro nível de ensino foi realmente fortalecido.

Nosso governo inverteu completamente a equação. Provamos na prática que é possível expandir e qualificar o sistema educacional como um todo, da pré-escola à pós-graduação.

O fato óbvio, naquela época menosprezado, é que cabe à universidade colaborar com a escola pública, provendo-a de educadores de qualidade, que, por sua vez, formarão melhores alunos para o ingresso no ensino superior.

O sistema educacional que não for capaz de criar esse círculo virtuoso estará condenado ao fracasso.

Com a implantação do Reuni, em 2007 – e, antes dele, do Fundeb, em 2005 –, rompemos a lógica excludente e desastrada do passado.

Entre outros avanços, mais do que triplicamos, em oito anos, o investimento em educação, que saltou de 17 bilhões de reais, em 2003, para 65 bilhões de reais, em 2010.

Além disso, tomamos uma decisão ousada e absolutamente necessária: universalizamos os sistemas de avaliação, para que o Brasil conheça de fato a sua realidade educacional e seja capaz de apoiar as regiões e os municípios com maiores dificuldades.

Com a colaboração de vocês, avançamos muito. Mas o Brasil pode fazer mais e melhor. Tenho certeza de que a equipe liderada pela presidenta Dilma vai consolidar essas conquistas e promover transformações ainda maiores.

Companheiras e companheiros,

Na Presidência da República, tive sempre presente, como referência moral e política, a extraordinária história de lutas do povo pernambucano.

Procurei honrar essa trajetória libertária e a inigualável contribuição que Pernambuco deu à Independência e ao progresso social do Brasil.

A população brasileira precisa conhecer melhor o papel de vanguarda que, ao longo dos séculos, Pernambuco desempenhou na construção da nacionalidade e na conquista dos direitos das classes populares.

Sem a audácia de Pernambuco, o Brasil não seria hoje a nação livre e soberana que é, nem teria a liberdade e a justiça social como as suas maiores bandeiras.

Refiro-me, por exemplo, à Batalha dos Guararapes, no século XVII, que resultou na expulsão dos holandeses do Brasil. Aquela vitória foi crucial para garantir a unidade territorial do nosso país. E ali, não podemos esquecer, estavam juntos os três grupos raciais que constituíram a nação brasileira, representados por seus chefes militares: Vidal de Negreiros, branco; Felipe Camarão, índio; e Henrique Dias, negro.

Logo viria a Revolta dos Mascates, contra os privilégios abusivos dos senhores de engenho e dos comerciantes ricos.

Em 1817, a gloriosa Revolução Pernambucana exigiu o fim do poder autocrático e a instauração de um regime constitucional no país.

Os ideais democráticos de 1817 ressurgiram em 1824, na chamada Confederação do Equador. Inspirado pelo admirável Frei Caneca, o movimento protestava contra a dissolução da Assembleia Nacional Constituinte e exigia um caminho autônomo para o país. Não por acaso, os elitistas e conservadores do Império taxavam Pernambuco de “a província rebelde”. Bendita rebeldia, diríamos hoje!

A Revolução Praieira de 1848 foi, segundo Joaquim Nabuco, a primeira do país a incorporar programaticamente a questão social. Além da Abolição da Escravatura, ela já reivindicava, antecipando-se aos tempos vindouros, direitos sociais e trabalhistas para o povo pobre. E, por isso mesmo, sofreu repressão duríssima, de uma crueldade quase inacreditável.

Na luta contra a escravidão, Pernambuco mais uma vez esteve na linha de frente, elegendo deputado o próprio Nabuco, um dos maiores próceres abolicionistas.

Já no século XX, Pernambuco foi precursora das Frentes Populares.

Em 1946, o saudoso Barbosa Lima Sobrinho elegeu-se governador do estado, e seu secretário da Fazenda era um jovem chamado Miguel Arraes.

E vieram a seguir as eleições de Pelópidas da Silveira e do próprio Arraes, que se tornaria um dos grandes líderes progressistas do país, e que deixou muitos herdeiros políticos, entre eles meu querido companheiro governador Eduardo Campos.

Foi da Arquidiocese de Olinda e Recife que o cearense e carioca Dom Hélder Câmara pregou o evangelho da justiça ao Brasil e ao mundo.

É importante lembrar também quer este é o estado de Gregório Bezerra, Josué de Castro, Davi Capistrano e Paulo Freire, com seu respeito pela inteligência dos oprimidos. Mais do que isso: com sua profética defesa da capacidade de governo das classes populares. E o paraibano e pernambucano Celso Furtado, criador da Sudene e coordenador do primeiro autêntico plano de metas que este país já teve, cuja obra inspirou, 50 anos depois, o novo projeto nacional de desenvolvimento implementado por nosso governo.

E olhem que eu nem falei dos grandes poetas e ficcionistas pernambucanos, que deram ao Brasil uma profunda compreensão de sua identidade, de sua mescla de culturas e de seu vasto horizonte civilizatório: Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna, para citar apenas três dos inúmeros talentos eruditos e populares desta terra.

Meus amigos e minhas amigas,

Peço licença, ao receber este triplo título de Doutor Honoris Causa, para fazê-lo em nome da tradição libertária de Pernambuco e de todos os brasileiros e brasileiras que contribuíram para o sucesso do nosso governo, tornando o Brasil um país muito mais próspero e justo, e incomparavelmente mais respeitado no mundo.

Muito obrigado.







Brasil: latifúndio de injustiças

No Brasil, muitos que têm um pouco mais de dinheiro (sabe-se lá como adquirido...) acham que podem tudo: tirar proprietários de suas casas, sob que alegação for, dar golpes, cometer falcatruas, lesar, expoliar, sequestrar, roubar, matar...

O capital é desaforado e canalha. E conta com a cumplicidade de parcela considerável das instituições que deveriam proteger a cidadã e o cidadão desvalidos. E dispõe ainda do silêncio da grande, velha e apodrecida mídia.

O Abra a Boca Cidadão! apoia incondicionalmente as cidadãs e os cidadãos guerreiros do Açu/RJ e oferece este espaço para difundir a luta destes camponeses contra a iniquidade capitalista.

Leiam abaixo e sobretudo vejam o vídeo, indicados pela combatente cidadã e defensora Vera Vassouras.




Raul Longo aprecia o Sambaqui

Raul Longo

Enquanto éramos seguidos por duplas intimidadoras ao sairmos de nossas casas, mesmo para ir até a esquina fazer compras ou conversar com os amigos. Em nossas manifestações tínhamos de nos conter perante as provocações e ofensas de especuladores interessados em empreendimentos paralelos à instalação do megaestaleiro que se anunciava como o maior da América Latina. Pela internet recebíamos diversas acusações a nos prejulgar como defensores de propósitos individuais. Pela imprensa local, acusados de contrários ao desenvolvimento do estado e de melhorias para aqueles mesmos a quem defendíamos.

Companheiros políticos tiveram suas candidaturas alijadas do esforço promocional da campanha partidária ao pleito de 2010. Embarcações de pescadores foram apreendidas sob alegações inéditas da Marinha local e tivemos de nos cotizar em pagamento de pesadas multas para a liberação de seus instrumentos de trabalho e sustento.

Éramos submetidos a constantes inverdades sobre os motivos e caráter de nossa luta, nossa própria realidade individual e a realidade de nossa região.

Já tivemos oportunidade de agradecer àqueles que nos apoiaram, mas aproveitamos para novamente indicar alguns dos que nos foram mais prestativos e se destacaram pela pronta resposta e sensibilidade às evidências do que expúnhamos quanto a inviabilização do histórico direcionamento cultural, econômico e social da região compreendida no entorno à Ilha de Santa Catarina.

Se fomos vitoriosos naquela luta, devemos também a participação do sítio “Dilma na Rede, o blog “Quem Tem Medo do Lula?” e atual “Quem Tem Medo da Democracia?”, administrado pela jornalista Ana Helena Tavares do Rio de Janeiro. A “redecastorphoto” do Castor Filho, o Grupo Beatrice do Adauto Melo.

Também nos auxiliou o “Assaz Atroz", do escritor Fernando Soares Campos do Rio de Janeiro e, aqui em Florianópolis, destacaram-se o blog “Faaala Sambaqui” da profissional em comunicação social Angelita Brandão, o blog “Sambaqui na Rede e o “Portal Daqui, ambos do jornalista e historiador Celso Martins; além do “Portal Desacato”, do ativista Raul Fittipaldi.

Mas não foram os únicos. Muitos integrantes de listas de debates e discussões políticas e sociais foram capazes de dimensionar a amplitude social do evento e nos alentaram com informações e avaliações sobre a absurda desproporção entre as condições de sobrevivência de uma população de cerca de 500 mil ou mais pessoas, e o capricho empresarial do maior conglomerado capitalista do país.

A todos os que nos ajudaram na divulgação do que então aqui se pretendia cometer, pedimos que nos ajudem mais uma vez na divulgação do mesmo despropósito pelo mesmo empreendimento no Estado do Rio de Janeiro.

Para implantar seu projeto em Santa Catarina, irresponsavelmente o empresário Eike Batista adquiriu extensa área que abrange dois municípios de nossa região. Sem qualquer prévia consulta sobre a realidade local e através do apoio político dos principais partidos do estado e das agremiações de elite, tentou nos impor suas assumidas e propagadas pretensões de ilimitado enriquecimento.

Sem nenhuma demonstração de sensibilidade humana ou preocupação ambiental, armou audiências públicas através das quais propagou publicitariamente as conquistas de suas empresas. Aqueles que ousaram contestar expondo razões de desacordo ao empreendimento, foram noticiados pela imprensa local como bêbados e baderneiros. Reagimos comparecendo à última assembleia com exibição de nossas manifestações culturais, narizes de palhaços e apitos, sem nos deixar intimidar pelos 9 guarda-costas postados em prontidão de ataque e as teleobjetivas constantemente miradas contra nossas crianças por 2 fotógrafos típica e ridiculamente caracterizados de escolta árabe.

Contamos 9 ônibus de alto luxo que transportaram a população das periferias de Biguaçu, a ser utilizada como claque. Iludidos pelo prefeito daquele município com o anúncio de criação de 4 mil empregos em atividades para as quais nunca tiveram qualquer formação ou experiência, foi graças a ostentação da força e do poder da empresa OSX, que pudemos, então,  informá-la sobre a omitida extinção de no mínimo 20 mil empregos em atividades tradicionais da região: pesca, maricultura, agricultura, gastronomia, artesanato, comércio e turismo.

Para compensar, Eike Batista nos acusou pela programação nacional de TV de sermos meia dúzia de eco-xiitas preocupados em defender um cardume de golfinhos. Até então éramos poucos, sim, e o empresário sabia de nossa impossibilidade de demonstrar que os golfinhos de nossa luta éramos nós mesmos. Mas, talvez por essa declaração, nos angariou o apoio de jornalistas como o Paulo Henrique Amorim.  

Insistindo em ignorar a realidade mesmo quando advertidos por especialistas por eles mesmos contratados para avaliação técnica dos impactos sócios/ambientais, tentaram omitir a existência do laudo indicativo de riscos irreversíveis a serem potencializados pelo empreendimento. E hoje processam o cientista Simões Lopes por termos logrado a divulgação daquele documento ignorado e escamoteado pela inconsequente presunção de que a imediata progressão econômica de poucos, deva prevalecer sobre as condições de sobrevivência de toda uma população.

Lamentaremos profundamente se o oceanógrafo Simões Lopes for penalizado por termos utilizado de sua correção científica para comprovarmos as evidências dos motivos de nossa luta. Correção confirmada por reconhecidos cientistas e doutores de instituições privadas e públicas que apontaram erros elementares e grosseiros na análise final, arranjada em substituição a de Simões Lopes para corresponder aos intentos do projeto.

Talvez por mero lapso e não por provocação a estes cientistas, naquela última audiência pública o diretor da empresa contratada para estudo substitutivo ao de Simões Lopes, mais de uma vez se referiu aos golfinhos como “bicho”. Embora nossa luta não fosse pelos golfinhos ou qualquer outro animal que não o ser humano, em momento algum nos pareceu que fizéssemos mais diferença do que uma barata de praia.

No entanto, não há no que nos lamentarmos sobre nós mesmos. Afinal, com a colaboração de tantos em todo o Brasil, apesar de sermos realmente poucos no início, terminamos vencendo. Para lamentar só nos restou a lembrança das sanções sofridas por técnicos e cientistas que mantiveram a prerrogativa de defesa dos interesses públicos. E também aos que os sancionaram e ameaçaram publicamente: superiores hierárquicos, autoridades e políticos que ao priorizar os interesses do empresário Eike Batista em detrimento da responsabilidade pública, perderam nosso apoio e credibilidade.

A esses lamentamos muito, pois sabemos quanta falta faz à história do Brasil, e de Santa Catarina em particular, o devotamento aos reais interesses do futuro de sua gente. Devoção da qual os acreditávamos imbuídos.

A eles por certo em nada comoverá os depoimentos registrados pelo vídeo acessado pelo link abaixo, mas não podemos deixar de divulgá-lo, pois ao contrário das ilações dos que nos prejulgaram sem conhecimento de nossas história e realidade, não somos contrários ao implemento e evolução da indústria naval brasileira. Regozijamo-nos pela recuperação de setor tão vital a um país com nossa extensão costeira, mas não nos conformamos com o financiamento do desenvolvimento através de custos humanos.

Temos confiança de que o slogan utilizado pelo governo Dilma Rousseff: “país rico é país sem pobreza”, se exemplificará no impedimento a que os depoentes desse vídeo sejam levados à mesma miséria e degradação humana a que seriam relegados os cidadãos da Grande Florianópolis, se não tivéssemos lutado nem recebido apoio de todo o Brasil e mesmo de brasileiros e estrangeiros que vivem no exterior.

Se incompreendidos por muitos que nos acusaram de defender interesses pessoais, ainda mais foram os que nos escreveram prestando esse apoio hoje igualmente necessário aos moradores  de São João da Barra no Estado do  Rio de Janeiro.

Por mera questão de responsabilidade humana e por termos passado exatamente pelo que agora passa a população aí documentada, tomamos a iniciativa de daqui de Florianópolis novamente recorrer a todos, para que ali não sucumbam aos pesados métodos de “persuasão” financiados pela maior riqueza individual do Brasil.

À nossa vitória, pela qual também devemos reconhecimento ao Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual de Santa Catarina, não pode corresponder a derrota de outros brasileiro em qualquer parte do país. E muito nos preocupa a impressão de que embora em São João da Barra sejam pessoas tão simples quanto nossos pescadores, lá não contam, como aqui pudemos contar, com a participação de proprietários de residências e imóveis de alto padrão e empresários de valorizados setores de turismo e comércio. Por essa razão pedimos a atenção daqueles que se mantêm atentos as condições humanas de todo o povo brasileiro.  

Assim como não admitimos o absoluto desrespeito à nossa cultura, nossa história, nossas vidas e humanidade, também não podemos admitir o que está se passando com a população do litoral do Rio de Janeiro e sabemos bem do que se trata. Pedimos à todos que nos apoiaram que também apoiem a gente de São João da Barra do estado do Rio Janeiro, vitimada pelos mesmos intentos e a mesma prepotência e irresponsabilidade que nos atingiu no ano passado.

Indústria naval, sim. Mas sem o afogamento e inviabilização de condições de sobrevivência das comunidades litorâneas. Somos uma das maiores costas litorâneas do mundo e inadmissível que pelo aproveitamento desse potencial se aceite a eliminação de insuperável potencial maior: o humano.

A seguir vídeo e comentário enviado pela ativista Isabella Vitória

Recebi este video de um companheiro e repasso a vocês! Trata-se de uma pequena mostra das atrocidades cometidas pelo grande capital, no Estado do Rio de Janeiro. Já não conseguimos mais estabelecer as diferenças entre as ações do Estado e do Grande Capital. É revoltante.