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sábado, 15 de novembro de 2014

FHC: de "Príncipe da Sociologia" a reles golpista


QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ...




"FHC é um ator consumado. Ao atacar os petistas na televisão ontem, ele se portou como se fosse um homem de reputação ilibada, alguém cujo passado é absolutamente isento de manchas. Quem não o conhece chega até a acreditar que FHC está realmente preocupado com o combate à corrupção. Há algumas décadas a imprensa transformou-o no príncipe da sociologia. Ontem o Jornal da Gazeta o utilizou como uma arma para destruir o governo Dilma Rousseff e FHC se ajustou perfeitamente ao novo papel que a imprensa lhe atribuiu. Ele é o novo rei da hipocrisia."


domingo, 9 de novembro de 2014

O Bolsa Família e as "divindades togadas"


O JUDICIÁRIO NOSSO DE CADA DIA



Desembargadora que criticou Dilma defendia Bolsa-Família. Família dela, no Tribunal

Fernando Brito


O Judiciário brasileiro é um espanto.

Depois do juiz da carteirada, agora surge a desembargadora da árvore genealógica.

Justamente a Excelentíssima Doutora Elizabeth Carvalho, presidenta do TRE de Alagoas, aquela que despiu a toga e foi às redes sociais se dizer decepcionada com “as pessoas esclarecidas” que “esqueceram de si mesmas e dos seus filhos e dos seus irmãos” e votaram em Dilma Rousseff.

A ínclita magistrada, fico sabendo pelo Twitter, não esquece de si mesma, dos seus filhos, dos seus irmãos e nem dos cunhados e primos.

Em 2006, quando finalmente o Judiciário proibiu o nepotismo, a Doutora Elizabeth lamentou pelos DEZ parentes que empregava no Tribunal de Justiça das Alagoas.

“Eu tenho dez pessoas nessa situação. Então vou tirar pessoas da minha família, que são pessoas da minha confiança e colocarei pessoas amigas, mas que sejam dignas e honestas porque, evidentemente, que inimigo é que eu não vou colocar”, disse ela a Globo.com, àquela altura.

Eu, francamente, não estou decepcionado, não sei porque…

A “divindade” judicial, como foi evidente na condenação da agente que foi condenada por dizer que um deles “não era Deus” ao ser parado numa blitz, parece ser um fenômeno se não generalizado, ao menos bem frequente.

O exemplo, infelizmente, veio de cima.

Em lugar do magistrado austero, silencioso e recatado, desde a atuação de figuras como Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa no Supremo, grosseria, espalhafato e prepotência passaram a ser glorificados como sinais de poder para os juízes pela mídia.

Em lugar de reputações sólidas, construídas com trajetórias de coerência, discrição e saber jurídico, há muitos procurando seus quinze minutos de fama.

Talvez porque não tenham aprendido, apesar dos latinismos que usam, o que é “sic transit gloria mundi”.




Destaque do ABC!

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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Dilma, vai pra cima! Eles perderam. Nós ganhamos. Ponto.


BRASIL: BOLA PRA FRENTE !!!

VAI PRA CIMA, PRESIDENTA !!!





Aos 19 anos, venceu a tortura perpetrada covardemente por um bando de trogloditas de alta patente, que a seviciaram barbaramente. Venceu a ditadura e junto com milhões de brasileiros ajudou a botá-la no chão, em escombros. Venceu o câncer, que sorrateiramente surgiu como feroz inimigo. Venceu o preconceito e se tornou Presidenta da República. Acabou de vencer uma batalha duríssima, uma verdadeira guerra, cujas hostes inimigas eram constituídas por nada mais nada menos que mídia golpista (veja, folha, estadão, globo e afins) + elites historicamente daninhas ao País, pseudo elites, que almoçam e jantam, podem andar de avião e comprar tranqueiras eletrônicas e carros de luxo, se "acham"... mas continuam mais analfabetas políticas do que nunca (leiam Brecht!) + empresariado apátrida, movido pelo lucro a qualquer preço, que quer que o País e o zé povinho se danem + praticantes da política mais rasteira, insaciáveis, igualmente interessados em encher cada vez mais seus bolsos sempre sem fundos... e por aí vai. Teve até apoio do "Fainencial Taimes"...


Uma guerra violenta e sangrenta. Sem uma morte, sem se derramar uma gota de sangue sequer. Porque afinal Deus é brasileiro. Alguém duvida?

Dilma foi em tudo o que é "bola dividida". Até "tomar no c..." fez parte da artilharia pesada do inimigo. Que foi vencido. Com a diferença de TRÊS E MEIO MILHÕES DE VOTOS. 

Não existe "país dividido" coisa nenhuma, como querem os inimigos. Não conseguem ganhar nas urnas (isso aqui é democracia ou não? a vontade soberana do povo vale ou não? e se a oposição tivesse ganho?), e vão pra "puxação de tapete", com impeachment e outras baixarias.

Dilma já começou a encarar a nova batalha que lhe foi posta à frente.

Alguém tem dúvida de quem vencerá?





“Dilma vírgula muda mais”



Diário do Centro do Mundo


Publicado no site do Instituto Moreira Salles. A autora, Carla Rodrigues, é professora de Filosofia da UFRJ.


A diferença que uma vírgula faz


Enquanto o noticiário vai passar as próximas semanas, talvez meses, batendo insistentemente na tecla do país dividido – só três milhões de votos de diferença –, quem tem outras perspectivas sobre as origens dessa divisão pode começar a pensar numa vírgula. A ideia não é originalmente minha, mas achei das mais inteligentes sacadas da reta final da eleição. Quem apoiou a reeleição da presidenta Dilma Rousseff ostentava um de seus melhores slogans – “Dilma muda mais” – espalhado em adesivos, faixas e fotos nas redes sociais. Coube ao meu amigo Rafael Haddock-Lobo perceber que, a partir da vitória, se tratava de incluir aí uma vírgula, produzindo um equívoco, um lapso, uma nova significação para a frase: “Dilma, muda mais”.

Com a vírgula, o que era afirmativo ganha tom de reivindicação, de apelo, de clamor. Para que a vírgula vigore, no entanto, a partir da vitória passamos nós, eleitores de Dilma, a olhar menos para o confronto com o PSDB e mais para as forças de esquerda que compuseram a chance de vitória do PT.

Em grande medida, pode-se dizer que o segundo turno sofrido foi consequência do desencantamento de parte da esquerda com o descaso do projeto petista por novos avanços. Se fatores como o enfrentamento da desigualdade social, econômica e racial foi decisivo para o apoio à reeleição, há também um grande número de críticas que fez com que PSOL e Rede ganhassem espaço político, seja na questão ambiental, cara ao grupo de apoio a Marina Silva, seja na exigência de ampliação da participação popular, ponto cego no governo Dilma e uma das pautas mais interessantes do PSOL.

O lado ruim do alarido tucano contra o PT e o barulho do argumento da alternância de poder é que esses ruídos acabem sendo mais altos do que a oposição de esquerda, em silêncio estratégico desde o início do segundo turno. Entendo a vírgula como o mecanismo que pretende virar a frase para a esquerda, argumentar a favor de pautas políticas até agora ignoradas, como o elemento de linguagem que pretende levar Dilma para lugares onde ela ainda não esteve. A armadilha da polarização, no entanto, é que o novo governo pretenda se pautar pelo enfrentamento a um suposto PSDB fortalecido como oposição. “Dilma vírgula muda mais” quer dizer que está na hora de olhar para os aliados, o que significa olhar para as ruas, onde os protestos iniciados no ano passado pediam esse “muda mais”.

Para isso, no entanto, me parece que existe uma frase depois da vírgula, em vigor durante todo o primeiro mandato, a ser extinta: Dilma, a gerentona. Em nome desse perfil gerencial, seu governo foi marcado por uma pauta principalmente desenvolvimentista, construída sobre os pilares do crescimento econômico e do combate à pobreza e à desigualdade. Se a redução da desigualdade é, de fato, seu maior trunfo, é também o que a enfraquece. Não, eu não vou escrever contra o combate à desigualdade brasileira.

Vou escrever contra a percepção de que, em nome do combate à desigualdade, qualquer coisa possa ser negociada. Não, não pode. É prioridade inequívoca, mas de alguma forma tem funcionado como a fundamentação de um modelo gerencial que trava o próprio combate à desigualdade, já que continua sendo gestado e gerido de cima para baixo, do gabinete para o povo, do Planalto Central para o resto do país. Abrir-se mais à participação popular do que ao PMDB, mais aos movimentos sociais do que à bancada evangélica, mais aos representantes indígenas do que às empreiteiras, mais aos grupos LGBTs do que aos homofóbicos de plantão é o que vem depois da vírgula e da vitória.

Uma das marcas mais interessantes dos protestos de rua foi a pauta descentralizada, aberta a todo tipo de reivindicação, não necessariamente organizada por partidos políticos. Cada um de nós tinha seu próprio cartaz, slogan, palavra de ordem. A minha, aquela que eu gostaria de acrescentar depois da vírgula do “Dilma, muda mais”, é contra a misoginia. Dilma Rousseff foi a primeira mulher eleita e agora reeleita presidenta de um país em que os números de participação feminina na política são pífios. A mim parece que isso dá a ela uma responsabilidade peculiar: combater a misoginia.

Essa é a minha pauta para os próximos quatro anos, como foi nos últimos quatro. Tenho insistido em dizer que muitas das críticas ao governo Dilma passam por uma misoginia por vezes velada, por vezes escancarada. Quando ouço na rua alguém dizendo “foi só colocarem uma mulher lá e virou bagunça” ou escuto um economista consagrado se referir a ela como “aquela mulher”, ou ainda quando leio perfis da presidente dedicados a desqualificá-la pela maneira como se veste, pelo corte de cabelo etc., é que penso na pauta que me moverá. Denunciar todas as formas de protesto que se valem da sua condição de mulher para agredi-la. Porque entre as inúmeras divisões das urnas, não posso esquecer que a eleição foi entre um homem e uma mulher. Ela venceu. Nós ganhamos, ponto.


Destaques do ABC!

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domingo, 2 de novembro de 2014

Os babacas da Paulista e a Nova Dilma


GOVERNO NOVO, IDEIAS NOVAS




No Tijolaço:    


Babacas pedem golpe, espertos exigem lucro e o Brasil quer governo



Fernando Brito



Logo após as eleições escrevi um post com o título “Nós perdemos, mas exigimos ganhar, entende?”, onde procurava demonstrar que os grupos dominantes brasileiros, embora tenham sofrido uma derrota eleitoral, querem impor ao novo governo sua própria pauta.

Não se enganem com os mil ou dois mil babacas que fizeram, ontem, a patética manifestação do “perdi e não brinco mais de democracia”.
Eles são o que são, apenas uns babacas com quem a vida foi e é gentil e que respondem a isso com intolerância e brutalidade.

O importante é entender em que caldo de cultura brotam estes cogumelos e que forças os adubam, e com que fins.

Para que insuflar dúzia e meia de ressentidos, agressivos e autoritários?

Simples, como simples foi o que fizeram com as senhoras carolas das “Marchas com Deus pela Família e pela Liberdade”, com que acusavam um tolerante e pacífico fazendeiro, João Goulart, de pretender implantar o comunismo e o confisco generalizado de bens.

Porque ganham dinheiro com isso.

Muito, e afinal é isso o que querem.

Querem, por acaso, uma governante mais austera e “pão-dura” com os gastos públicos desnecessários?

Procurem por aí e terão imensa dificuldade, impossibilidade até, de encontrar alguém que tenha mais este perfil que Dilma.

Ou um Presidente mais avesso às composições de interesses dos políticos?

Novamente não acharão.

Não, o que querem é apenas uma governante fraca, débil, incapaz de implementar um programa econômico que não seja integralmente o seu.

Nem mesmo um golpe militar, como aquele em que nossas Forças Armadas amarraram a vaca do Estado para que os grupos econômicos a ordenhassem.

Sabem que isso não sobrevive no mundo moderno, onde não há – exceto dos babacas da Avenida Paulista – o medo ao “comunismo ateu e apátrida” com que justificaram o autoritarismo de há 50 anos.

E, como não há fundamentalistas islâmicos disponíveis no Brasil para usarem como sucedâneos dos “russos de Moscou”, não há na praça quem possam usar, senão a genérica categoria dos “corruptos”, à qual se agarram. Como fazia-se os papagaios repetirem a única palavra que seus cérebros minúsculos poderiam reter.

A história só se repete como farsa.

Estão enganados os que, amanhã, quando começa de fato seu segundo governo, esperam encontrar uma Dilma dócil por assustada.

Tão enganados quanto os que esperam uma Dilma agressiva por desespero.

Dilma fará gestos de boa-vontade inequívocos em relação aos agentes econômicos e à deplorável realidade do nosso sistema parlamentar.

Mas a “nova Dilma” que começa a se mostrar amanhã será bem diferente da primeira.

Vai apelar à serenidade, à normalidade, mas não vai oferecer tibieza em troca.

Dilma viveu décadas neste ano de campanha.

Entendeu, com profundidade, a diferença em ser a administradora dura, exigente e austera – o que sempre foi e seguirá a ser – e ser uma líder política que simboliza desejos, sentimentos e aspirações sociais.

É isso o que alguns, ao exigirem que ela tenha uma agressividade que não pode ter – porque a marca da agressividade e da intolerância, afinal, é a marca e o estigma de seus adversários – não compreendem.

Podem crer que ninguém será mais dura com os erros que, no primeiro mandato, cometeu - ao achar que intenções, esforços e resultados bastariam para suprir a polêmica política – do que ela própria.

Mas sabe que, de imediato, o povo brasileiro quer o final da campanha eleitoral, que a direita e a mídia tentam prolongar, com suas patéticas manifestações, e o início do Governo que elegeu.

É pensando nisso – e no que é necessário para que isso aconteça – que Dilma chega hoje a Brasília, para a “posse informal” de seu segundo governo.

Que começa amanhã mesmo.

Um governo novo, com ideias novas.


Destaques do ABC!

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terça-feira, 28 de outubro de 2014

"A Dilma Rousseff que eu conheci pessoalmente" (El País)


PRESIDENTA REELEITA






A Dilma Rousseff que eu conheci pessoalmente

A fama de durona desaparece em dez minutos de prosa

Eleitores vestem azul e amarelo por Aécio, e vermelho por Dilma


CARLA JIMÉNEZ São Paulo 26 OCT 2014


Dilma Rousseff depois de votar em Porto Alegre neste domingo.
JEFFERSON BERNARDES (AFP)


A primeira coisa que fiz ao ser apresentada a Dilma Rousseff, em junho deste ano, foi reparar nos seus sapatos. Baixinhos, um tipo de sapatilha de couro, arredondada na ponta, me deixaram claro que ela precisa de calçados muito confortáveis para lidar com a rotina maçante de uma presidência da República. O encontro com ela aconteceu de forma inesperada. A presidenta queria reunir os correspondentes internacionais para falar sobre os preparativos para a Copa do Mundo. Ao confirmar a participação no jantar no Palácio da Alvorada, tremi. Por mais anos de estrada que se tenha na profissão, ver um chefe de Estado ao vivo sempre dá um certo nervosismo. Pois assim cheguei no dia 03 de junho a Brasília, para seguir ao Palácio da Alvorada, véspera da Copa do Mundo.

O time de jornalistas estrangeiros esperava do lado de fora da casa, observando o belo jardim do Palácio, enquanto conversávamos com alguns ministros, até que ela chegou cumprimentando com beijinhos quem não se intimidou. Ela então puxou o assunto: "E a Copa?", e logo em seguida pipocaram as perguntas sobre os fantasmas que cercavam o evento – atraso de obras, surto de dengue, entre outras. Enquanto anotava discretamente o que ela dizia – a regra estabelecida pela presidência era não gravar o encontro – passei a reparar em alguns detalhes. Ficava olhando de perto o rosto da presidenta que tem fama de brava, séria, grossa, trator, e toda sorte de apelidos que a tiram do campo da feminilidade. Queria reparar nas rugas – muito menos do que eu imaginava – enquanto ela sorria. E sim, a presidenta sorri. E muito. Deu muitas risadas, e estava entusiasmada, pois tudo estava pronto para o início da Copa do Mundo, a contento.

Chamei a sua atenção quando fiz perguntas de infraestrutura, e as estradas que estavam sendo construídas no Centro-Oeste do país. Sabia que era um assunto que a presidenta gosta de falar, por ter criado um programa de concessões bilionário para melhorar a logística do país. E, efetivamente, ela disparou a falar com uma naturalidade que me deixou até assustada. Em nada lembrava o dilmês, como foi apelidado seu modo de falar que por vezes repete palavras e dificulta o entendimento imediato. Ela tem um pouco de cabeça de engenheira, que absorve números, e desenhava no ar o que algumas estradas iriam fazer pelo país.

Mas o momento de ver a Dilma humana foi quando o assunto enveredou para as obras de infraestrutura no Nordeste. Nesse momento, os olhos da presidenta brilharam, e eu pude ver bem de perto que não era mais o cérebro da economista-engenheira, mas o coração da mãe de Paula, e avó de Gabriel, que se manifestava. Ela falou sobre o programa de cisternas, que levou perto de um milhão de reservatórios de água para as casas de pessoas carentes, que antes sofriam com a carestia. "Antes se trocava água pelo voto", disse Dilma, que tomou o meu caderno para desenhar como eram as cisternas. Ela lembrou dos caminhões pipas que chegavam nessas regiões em véspera de eleições, para fazer 'escambo' de voto. O reservatório, porém, ficará para sempre, independentemente do governante que assumir a cidade ou Estado em questão.

Depois de algum tempo, a figura formal da presidenta havia desaparecido. Já era uma pessoa normal, uma profissional em seu ofício como os jornalistas que a rodeavam. Seguimos então para a bela mesa de jantar, e estava curiosa para saber quem se sentaria ao lado da presidenta. Ficou o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, do seu lado esquerdo, e um jornalista boa pinta do seu lado direito. Pensei com meus botões: "Ah, mas essa Dilma não tem nada de boba... ministro e jornalista bonitão, um de cada lado!".

Lembrei desse detalhe quando, um mês depois, ela recebeu o ator Cauã Reymond no Palácio do Planalto, e ela o saudou antes que ao vice-presidente, Michel Temer, como manda o protocolo. "Desculpe Temer, mas não é todo dia que a gente tem um Cauã no Planalto", disse ela, para deleite da plateia que caiu na gargalhada.

Dilma mora com a sua mãe na residência oficial, e não se tem notícias de amores ou namorados. "Não dá tempo", respondeu ela certa vez numa entrevista. Por isso, nesse pequeno detalhe de quem estaria ao seu lado no jantar, que possivelmente era apenas uma coincidência, me despertou a curiosidade sobre como deve ser abrir mão de um relacionamento, e ser cercada por homens poderosos o tempo todo. A presidenta tem um quê de sedutora que o dia a dia não capta.

Em alguns momentos, passava pela minha cabeça que Dilma foi torturada brutalmente com choques elétricos durante a ditadura, chegando a ter a arcada dentária descolada de tantos socos. Quem consegue sobreviver sem amargura a isso? Tive vontade de enchê-la de perguntas a respeito, mas não vi brecha. Continuava reparando na Dilma humana, que evitou a sobremesa para não engordar, embora não tenha resistido a um bocadinho de sorvete, se a memória não me falha.

Depois de tanta informalidade, as perguntas duras já haviam sido feitas e houve espaço para matar as pequenas curiosidades. Quantas horas dorme? – Seis horas por noite. – Gosta de seriados? – Adoro as séries da BBC de época, e Downton Abbey. Quais livros está lendo? – O livro de Thomas Pikkety, Capital do Século XXI. E gostei de O homem que amava os cachorros (de Leonardo Padura).

Em seguida, ela mostrou o resto da casa, as pinturas, e os detalhes de obras do arquiteto Oscar Niemeyer na residência oficial. Ao final, antes de se despedir, reuniu os jornalistas para uma foto oficial. Sem me dar conta estava ao lado dela, e ela colocou as duas mãos nos meus ombros, numa proximidade inesperada. Cheguei do jantar pensando: "Por que ela tirou foto ao meu lado? Agradei nas perguntas?". Ao trocar de roupa, me dei conta de um detalhe. Eu vestia um casaquinho vermelho, da cor do PT, o que deve explicar por que ela me escolheu para sair ao lado. Essa presidenta não tem nada de boba...


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domingo, 26 de outubro de 2014

Dilma Rousseff é reeleita Presidenta da República do Brasil



VIVA O POVO BRASILEIRO !!!









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Banditismo midiático tenta impedir vitória de Dilma


GOLPE EM ANDAMENTO



Logo mais à noite, quando as urnas forem abertas e os votos computados, saberemos se os crimes desferidos contra a Presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores, o Povo Brasileiro e o Estado Democrático de Direito surtiram ou não efeito junto ao eleitor mais ingênuo, aquele que acredita em tudo o que ouve e lê na mídia partidarizada (Folha, Estadão, Veja, Globo e afins).

Qualquer que seja o resultado, está patente que a sociedade brasileira não pode mais conviver com essa mídia golpista, esse banditismo midiático, irrigado por dinheiro público.

Democratização da comunicação!

Lei dos Meios já !!!





Golpe midiático em pleno curso da eleição


Paulo Moreira Leite


Na hora da votação, a última tentativa para impedir vitória de Dilma, à frente em todas as pesquisas


Os 140 milhões de eleitores brasileiros sairão de casa, hoje, para escolher quem irá governar o país pelos próximos quatro anos. Deveria ser um dia de festa. Não será e todos nós sabemos por quê. A vontade da maioria está sob ataque.

O país vota em pleno curso de um golpe midiático, num esforço sem paralelo para interferir no resultado das eleições desde a democratização.

É preciso retornar a 1989, quando vários golpes sujos — inclusive o depoimento comprado de uma ex-namorada — e um rumor absurdo e criminoso, divulgado nos últimos dias — a participação de petistas no sequestro do empresário Abílio Diniz – para se chegar a um exemplo semelhante.

Não custa recordar: empossado sem a legitimidade necessária, num país indignado após tamanha trapaça com seus direitos mais sagrados, o candidato vitorioso naquele pleito, sem base social real, sem apoio político consistente, foi afastado do cargo por impeachment, dois anos depois.

Imagine quantos compromissos obscuros, quantos acertos sob a mesa precisava esconder, quantos favores pode cobrar pelo serviço prestado de impedir uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na primeira eleição direta após o fim da ditadura.

O golpe de 2014 envolve cuidados mais profissionais, porém. Estamos falando hoje de um país onde os trabalhadores e a população pobre, que formam sua maioria, conquistaram o direito de colocar um representante de seus interesses no Planalto, coisa que raramente aconteceu em 500 anos de história, jamais por 12 anos consecutivos.

A revista de maior circulação do país divulga uma denúncia que seus repórteres, os editores, o próprio delator admitem que não são capazes de provar — e que o advogado de quem acusa desmente. Se em 1989 apareceu uma camiseta do PT em interrogatórios conduzidos sob tortura mais bárbara, 25 anos mais tarde o que se emprega é a delação premiada, a promessa de tirar da cadeia um doleiro que já mentiu outras vezes, ameaçado de penas que somam 100 anos. É pegar ou largar, você sabe, todo mundo entende — mas, quando é necessário, os interessados fecham os olhos. Não querem a verdade. Não querem apurar nem conferir. Querem um “ouvir dizer” que possa dar uma manchete, possa ganhar votos pela confusão, pelo medo. Não é preciso revelar fatos. Como nas piores ditaduras — isso vem da Inquisição — basta uma confissão simulada.

Por isso mesmo o caso é divulgado com grande estardalhaço pelos principais veículos de informação, que há anos se empenham, assumidamente, declaradamente, em proteger uma oposição ” fraquinha” como disse uma de suas lideranças mais expressivas, em 2010, falando em nome da Associação dos Jornais.

Institutos de pesquisa de credibilidade duvidosa soltam números sem menor relação com qualquer critério científico, aferível, ajudando a criar o clima de incerteza e dúvida. Sua função é alimentar o discurso "contra as pesquisas” necessário nessas horas.

Oscilações naturais em levantamentos desse tipo são superdimensionadas. Decisões da Justiça são afrontadas. Ao acusado não se garantiu nem se garante qualquer coisa que seja comparável ao direito de se defender. O direito de resposta demora a ser reconhecido e é publicado sem os devidos cuidados.

Os anais da democratização registram uma campanha na qual um pequeno jornal de periferia divulgou a tese de que Fernando Henrique Cardoso era “maconheiro”.  O titular do jornal era conhecido pelo apelido de Marronzinho. FHC foi acusado de maconheiro porque havia admitido, em entrevista a revista Playboy, que havia experimentado fumar maconha, uma vez. O material foi apreendido — em clima de grande indignação por causa da acusação sem prova contra um político considerado tão digno, tão educado, tão culto, que não podia ser tratado como um drogado. Não podia perder votos por causa de uma baforada, mesmo com uma mercadoria ilegal. Você entendeu, né?

Em 26 de outubro de 2014 o Brasil assiste à “guerra”,  à “batalha final” pelo controle da sétima maior economia do mundo, por um “mercado de 200 milhões de almas”, para reproduzir as palavras em tom imperial do Financial Times. Vale-tudo mesmo para o pensamento imperial, que abriu caminho pela História com fuzis, balas de canhão e planos de colonização econômica, não é mesmo?

O radicalismo conservador, seu ódio, cumprem este papel, alimentam o medo.

Querem convencer espíritos frágeis de que a derrota de Dilma só serviria para acalmar o monstro. Por isso batem e ameaçam bater. Divulgam mentiras que todos sabem que são mentiras — claro que não tem escrúpulo algum, não se constrangem diante de nada.

É exatamente isso que o monstro quer. Não consegue vencer pelo debate democrático. Quer ganhar pelo terror.

Já emplacou um congresso com a maior fatia conservadora em décadas. Imagine o que vai sobrar do país, se a mesma orientação chegar à presidência. Não teremos nem destroços.

O que está em jogo não é minha opção política, nem a sua. É saber se a vontade da maioria será respeitada. A comparação com o golpe midiático que ajudou a eleger Collor tem limites, porém.

Há 25 anos, Lula não havia chegado a liderar nenhuma pesquisa de opinião. Ficara próximo de um empate, no máximo.

Em 2014, o condomínio de poder que chegou ao Planalto com Lula, em 2002, caminha democraticamente para sua quarta vitória consecutiva. Lula é o presidente mais popular da história e a aprovação à gestão Dilma subiu nos últimos dias da campanha. Ela foi melhor em todos os debates do segundo turno. Lidera a campanha além da margem de erro ou, após o golpe midiático, em seu limite máximo– estatisticamente irrelevante.

Desmobilizado e de guarda baixa nos últimos anos, ao contrário do que ocorria há um quarto de século, o Partido dos Trabalhadores colocou-se de pé nas últimas semanas. Recuperou o voto de grandes parcelas da juventude.

Essa situação cobra uma desfaçatez maior de quem pretende dobrar a vontade da maioria por meios ilegítimos e ilícitos, como sustentam vários advogados, inclusive em artigo publicado aqui neste espaço. Exige mais truculência. Um grau maior de cinismo. Apoio cúmplice e muitos olhos fechados.

Dilma liderou a campanha presidencial por todo o tempo, salvo breves intervalos onde ocorriam eventos típicos de arrumação de toda disputa eleitoral — como a aparição de Marina Silva após a morte de Eduardo Campos, a subida de Aécio Neves no início do segundo turno, depois de ter amargado um humilhante terceiro lugar por meses.

No dia 26 de outubro 2014, a eleição será disputada voto a voto, urna a urna, como já perceberam milhares de cidadãos que, convencidos da trama que se constrói nos últimos dias e resolveram reagir, como se viu nas dezenas de atos em apoio a Dilma nos últimos dias.

A lei do silêncio pré-eleitoral devolveu o país ao seu assombroso sistema de pensamento único da mídia, essa forma de ditadura civil que permite operações à sombra e tramas invisíveis contra a soberania popular.

Essa é a “guerra”, “a batalha final”, de hoje.


Blog do Paulo Moreira Leite



Destaques do ABC!

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