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segunda-feira, 4 de junho de 2012

A estadista Dilma Rousseff



Uma das mulheres mais poderosas do mundo, reconhecida internacionalmente, com altíssimos índices de aprovação de seu governo, mostra às línguas difamadoras que é muito mais que uma ex-guerrilheira guindada ao poder pelo chefe.


Um ano e meio depois da posse, Dilma Rousseff está mostrando a que veio.


Dilma vem para fazer História




Rodolpho Motta Lima

Quem não se lembra da crônica política de dois anos atrás que, diante da iminência da vitória da candidata Dilma Rousseff, rotulava-a como inexperiente, pronta para ser engolida, seja pela previsível subserviência ao que seria o seu inventor (Lula) seja pela matreirice corporativista de um congresso formado basicamente por raposas da política, por aproveitadores e fisiológicos? Quem não se recorda do conceito de “pau mandado” que lhe tentaram impingir em relação ao ex-presidente, eminência parda para quem a presidenta eleita apenas esquentaria o lugar para um hipotético retorno do líder petista?

Um mínimo de honestidade dessa turma de críticos, alicerçada nos atos e fatos que vêm marcando o governo Dilma, já deve estar mexendo com determinadas convicções então levantadas, ao menos por parte dos realmente bem intencionados. E não é por acaso que mesmo alguns setores da mídia que se pautam permanentemente pelas tentativas de desestabilizar o poder constituído pelo povo, mesmo esses estão mais cautelosos nas observações e análises sobre as posturas da Presidenta, que hoje desfruta dos mais altos índices de aceitação conferidos nos últimos anos a um mandatário nacional. E então, claro, voltam suas baterias para o Lula, contando com a cumplicidade de alguns golpistas e de muitos figurões da República... E elegem o “mensalão” petista (que, diga-se, tem mesmo que ser julgado e, se for o caso, punido) como o nosso mais sério delito de corrupção, esquecendo o seu irmão gêmeo mineiro, a compra de votos para a reeleição, as denúncias da Privataria Tucana e tudo mais que, em nosso país, está se transformando numa cachoeira, ou, se quiserem, numa enxurrada. Mas esse é um outro assunto...

A Presidenta não titubeou no caso dos ministros que se viram envolvidos em denúncias de malversação, tráfico de influência ou coisas do gênero. Com sabedoria de estadista, administrou as crises – que muitos pretendiam avassaladoras – e deixou que o bom senso (ou o rabo preso) dos envolvidos encaminhasse as soluções de afastamento. Recusou o rótulo pejorativo de faxineira, e afirmou-se pela sobriedade e seriedade com que foi equacionando os problemas. Nas substituições que fez, deixou clara uma posição de independência em relação a muitos interesses da sua própria base política de apoio, apostando no técnico contra o político, na eficiência contra a demagogia.

É bem nítido que o nosso sistema político de composições para a malfadada “governabilidade” tem impedido muitas vezes a Presidenta de fazer valer seus propósitos. Mesmo assim, até pelas reações corajosas de Dilma, poucas vezes a sociedade brasileira pôde perceber tão claramente esse jogo espúrio de pressões e contrapressões que ainda marcam o cenário nada republicano de nossa política.

De qualquer forma, a Presidenta vem impondo sua marca, cada vez mais particular, na condução de assuntos que, embora de interesse de todo o povo brasileiro, são (ou eram) tidos como intocáveis. Um deles: os juros cobrados no sistema bancário. Dilma não economizou críticas – em horário nobre e rede nacional – às exorbitâncias praticadas e não apenas cobrou medidas da rede particular como usou os bancos oficiais como elementos de concorrência, em uma linguagem que o “mercado” certamente entende ...

A criação da Comissão da Verdade, acompanhada da verdadeira profissão de fé da Presidenta, e a transparente Lei do Acesso à Informação, são ações que, embora tardias, finalmente surgem agora como irreversíveis conquistas da cidadania, marcas adicionais no perfil de estadista da Presidenta.

Se Dilma não pôde – como queriam os ambientalistas – vetar totalmente o escandaloso Código Florestal aprovado no Congresso, nem por isso cedeu aos ruralistas naquilo que considerou mais relevante para a preservação de nossas florestas e para a afirmação de princípios éticos como o da não anistia aos grandes desmatadores.

São apenas alguns exemplos, dentre muitos, que justificam os números que as repetidas pesquisas estão revelando. Agora mesmo leio nos jornais a publicação, pelos Ministérios da Saúde e da Justiça, de lei que criminaliza a exigência, por parte de entidades de saúde particulares, de cheque-caução para atendimento médico de urgência, tipificando a exigência como crime de omissão de socorro. Sabemos todos da “caixa preta” que envolve esse e outros assuntos ligados aos planos de saúde.

Evidentemente, nem tudo são ou serão flores no âmbito federal. Há muitos desafios pela frente. Dilma reafirmou em recente pronunciamento que seu compromisso é com o crescimento econômico do país, com inclusão social e sustentabilidade.

Lamentavelmente, a permanente tentativa dos nossos partidos de fazer valer a política do “toma lá dá cá” não é prática que desaparecerá em um repente, por milagre ou por espasmo. Dilma, nesse âmbito, às vezes tem que empenhar-se em dobrar alguns dos seus próprios companheiros de partido...

Mas o caminho da Presidenta, esperamos todos, deve ser o do enfrentamento do fisiologismo reinante. Aproveitando-se dos exitosos índices que o país vem revelando no cenário mundial – que garante aos brasileiros uma relativa tranquilidade em meio à crise geral - penso que está na hora de fazer valer sua merecida popularidade para trocar, gradativamente, o comprometido apoio de políticos discutíveis pelo indiscutível apoio popular. Nas ruas, se for o caso, quando necessário, na velha tradição das grandes causas públicas.



Direto da Redação via Terra Brasilis
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