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sábado, 9 de junho de 2012

Pensando em Denise...








Quem tem medo de Denise Stoklos?

Sergio Dantas


Eu tenho medo e assumo. Temo seus cabelos semi-pintados e seu olhar inquieto. Temo seus músculos sempre retesados e seus gestos conflitantes.

Assusta-me aquilo que ela anda fazendo sutilmente em minhas convicções frágeis.

Receio a subversão e dúvida que são plantadas em minha alma. Sorrateira que é, aparece de vez em vez mas sempre causa estragos e pequenas demolições.

A cada encontro disfarçado de evento teatral vejo degenerar a identidade que construí como forma de proteção e sobrevivência. Lançadas ao fogo são minhas esperanças de manter-me equilibrado e certo do porvir.

Quando ela surge como Mary Stuart, apela o senso de liberdade e de persistência que sempre evitei para ter paz. Quando, de uma mediunidade não-autorizada, ela ressuscita no palco as terríveis vozes dissonantes que anti-construíram o Brasil tal qual é hoje, arde em meu peito o insano desejo de molestar a ordem vigente. Meu espírito transborda de revoltas e impropérios contra a injustiça e minha monotonia paralisante.

Mas é do seu calendário que mais tenho medo. Abrem-se as cortinas e finalmente enxergamos como são feitos os dias comuns, paradoxalmente marcados na pedra que é eterna. Meu ser medíocre é esbofeteado e desperta-me a fome da transcendência, de sentido e de poesia. Ela dança no palco como se fosse qualquer um, qualquer personagem que somos todos nós e escancara a verdade de que ninguém precisa mais do que não precisa mesmo!

Encena essa tragédia cotidiana com gestos cômicos e revela que os dias e anos passam escondidos de olhos distraídos para significados e afetos. Dita que transformar-se é a única coisa que realmente carecemos.

Pois como a pedra só pode transmutar-se em ouro após um processo alquímico, um homem só será eterno se encontrar sua jornada rumo aos lugares que mais lhe causam temor.

Assim, essa artista medonha e essencial, superlativa e incerta vai comendo meus dias comuns e injetando em meu corpo o câncer que só terá cura com esperança e resistência contra as forças que nos lançam no solo.

Eis meus temores e angústias, sempre ressaltadas e reveladas após o terceiro sinal. Eis-me condenado eternamente a temer e admirar a Denise e o impacto de sua revelia santa em meu próprio calendário da pedra.





Entrevista Vídeo 1



Vídeo 2



Conheça mais sobre esta artista genial clicando aqui.

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Gilmar Mendes: até quando?




Até quando esse senhor continuará tripudiando das instituições e atentando contra a democracia do país? 

Em defesa do STF

Agora, quando a lama da trinca Cachoeira-Demóstenes-Veja se aproxima de sua cadeira, Gilmar Mendes busca a sua defesa dizendo que há um ataque à instituição do STF

Reza uma história, provavelmente fictícia, sobre Tomás de Aquino, um dos maiores filósofos da Idade Média, que, com muita facilidade e ingenuidade, tornava-se a vítima preferida das brincadeiras dos outros frades. Contam que Tomás estava estudando quando um jovem frade veio chamá-lo para ver uma vaca que estava voando. O filósofo apressou-se para chegar até a janela e vasculhar os céus em busca da vaca. Quando se voltou, desapontado com a inexistência do fenômeno, enfrentou a gargalhada coletiva dos frades, com a ferina frase: “Achei que seria mais fácil ver uma vaca voar do que um frade mentir”.

O ensinamento do santo da Igreja Católica deveria estar fixado em local de muita visibilidade no STF, nossa mais alta Corte Judicial. Se é inconcebível imaginar um frade mentir, o que pensar de um membro do Supremo?

A história contada pelo ministro Gilmar Mendes, sobre a conversa que manteve com o ex-presidente Lula no escritório do jurista Nelson Jobim, é tão inconsistente, contraditória e inverossímil que não necessita nem mesmo que a única testemunha do encontro ateste sua falsidade.

A blogosfera progressista já se encarregou de desmascarar a farsa montada (sempre!) com a ajuda da revista Veja.

Na medida em que a farsa foi sendo desmontada, restava o desafio de desvendar o objetivo que moveu a revista direitista do grupo Abril, o ex-presidente do STF e o ex-governador José Serra, a protagonizar mais uma cena patética no cenário político do país. Estes, sim, verdadeiros aloprados da política brasileira.

Além de tentar atingir a imagem do ex-presidente da República, não restam dúvidas de que foi mais uma das tentativas de desviar o foco das investigações da CPMI do Cachoeira que, a cada nova investigação e informação divulgada, causa tremores no prédio do grupo Abril e nas pernas de uma das cadeiras do Supremo.

Ou serão apenas suspeitas infundadas as informações que apontam que as relações do ministro Gilmar Mendes com o senador Demóstenes Torres (ex-Dem) vão além de uma saudável amizade, e os aproximam na penumbrosa trama montada pelo crime organizado de Goiás?

O ministro Gilmar Mendes, pródigo em ocupar espaços na mídia patronal, a quem não esconde sua condição de partido de oposição ao governo Dilma, tem repetido inúmeras vezes que não possui um histórico de mentiras. A partir de quando ele poderá incorporar esse legado em seu curriculum vitae?

Na eleição de 2010 ele atendeu um telefonema do candidato tucano José Serra (sempre!) pedindo para interromper o julgamento de um recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentação de dois documentos na hora de votar. O ministro atendeu o amigo. O senador Álvaro Dias (PSDB/PR) não viu nenhuma interferência de poderes, muito menos pediu uma CPI para investigar a pressão exercida sobre o STF. A Veja silenciou. A única exceção foi um jornalista da Folha de S. Paulo que registrou o momento do telefonema. Depois, tudo voltou à normalidade da dupla: tanto Serra quanto Mendes negaram a existência do telefonema. Esse fato não poderia contar para o curriculum mencionado?

Ao dar uma entrevista para o Jornal Nacional da Rede Globo para explicar seu encontro com Lula, Gilmar Mendes estava tão inseguro e nervoso que, num trecho de 3 minutos da entrevista, foram detectados pela empresa Truter Brasil, que faz análises de arquivos de voz, 11 ocorrências de alto risco – alto risco é a maneira de dizer que a pessoa está mentindo. Não deixa de ser um feito surpreendente para quem não tem um histórico de mentira.

O Ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes denunciaram, ainda no governo Lula, que seus telefones foram grampeados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), presidida pelo delegado Paulo Lacerda. Mendes usou o fato para dizer que iria “chamar às falas” o presidente da República. O delegado Lacerda perdeu o cargo na Abin. A Veja usou seus informantes privilegiados para fazer mais uma das suas matérias sensacionalistas, sem nenhum compromisso com a verdade e a ética jornalística. Mais tarde, a investigação da Polícia Federal comprovou que não houve nenhum grampo. Esse fato também não deve entrar para o curriculum, uma vez que a mentira pode ter sido dita pelo Demóstenes e o Gilmar apenas a ouviu.

O ministro aproveitou a invencionice do grampo telefônico para contratar um especialista em serviços de inteligência, um personal araponga. Contratou o ex-agente da Abin, Jairo Martins, o que prestava o mesmo tipo de serviços para Carlinhos Cachoeira e foi quem gravou o vídeo da propina que originou a denúncia do mensalão. Hoje, esse araponga está preso, juntamente com o Carlinhos Cachoeira e o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá – prisões que desfalcaram a equipe de fontes e pauteiros das principais “reportagens” bombásticas da revista Veja.

Agora, quando a lama da trinca Cachoeira-Demóstenes-Veja se aproxima de sua cadeira, Gilmar Mendes busca a sua defesa dizendo que há um ataque à instituição do STF. Seria o mesmo que Demóstenes dizer que quem está sentando no banco dos réus na sua pessoa é o Senado Federal.

Quem atenta contra o STF é o próprio Gilmar Mendes quando faz denúncias vazias e irresponsáveis, como o ataque que fez ao presidente da Venezuela, dizendo que Hugo Chávez “prende juiz”.

Já antes de assumir uma cadeira do STF, quando era Advogado da União no governo de FHC – que nos legou esse ministro – Gilmar Mendes recomendava aos agentes do Poder Executivo a não cumprir determinadas ordens judiciais.

Como Advogado da União, quando sofria derrotas judiciais, esse ex-presidente do STF não hesitava em afirmar que o sistema judiciário brasileiro era um “manicômio judiciário”. Quem, sistematicamente, atenta contra as instituições democráticas do país?

Profético foi o artigo do jurista Dalmo Dallari, escrito em 2002 na Folha de S. Paulo: “Se essa indicação [a de Gilmar Mendes] vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional”.

Quinze senadores votaram contra a indicação de Mendes para o STF. Mas prevaleceu o rolo compressor de FHC e ele assumiu uma cadeira na Corte mais alta do sistema que ele considerava ser um manicômio.

Até quando esse senhor continuará tripudiando das instituições e atentando contra a democracia do país?

Brasil de Fato

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Juízo Final: hora de separar joio e trigo



Ser é quase nada. Parecer é quase tudo. 

Quase.

Ao que tudo indica, estamos em pleno Apocalipse, vivendo um "final dos tempos", um fim de ciclo e início de algo novo no planeta. Cada um de nós, e isto inclui particulares, autoridades e instituições, está sendo "convidado" a se posicionar diante do velho e do novo, do estreito e do largo, do egoísmo e do altruísmo, do ter e do ser.

Ganância, Ladroagem, Corrupção... esta falta de compostura, esta "deselegância" toda, tudo isso pertence a um mundo arcaico, apodrecido, que está rachando, ruindo, desmoronando. As entranhas malcheirosas desse mundo estão sendo expostas, escancaradas à luz do dia.

Não basta usar celular de última geração, se a essência é suja e mesquinha.

Voar ou ciscar o dia todo? Águias ou galinhas?

Na Sociedade Planetária, moderno é ser Cidadão.




Não há figura relevante, no Brasil de hoje, que não esteja sendo julgada

Leonardo Attuch

A proximidade do encerramento do processo do mensalão, considerado por muitos o “julgamento do século”, criou uma situação inédita e inusitada no Brasil. Não há figura relevante no País que não esteja sendo julgada pela sociedade. A começar pelos próprios ministros do Supremo Tribunal Federal. Será que o ministro Ricardo Lewandovski, ao não apresentar seu relatório, joga deliberadamente pela prescrição dos crimes? Será que José Antônio Dias Toffoli, que já advogou para o PT, terá isenção para participar do julgamento? Será que Gilmar Mendes, com a sua notória compulsão pelo microfone, não estaria falando demais? E assim por diante.

Esse julgamento do STF tem sido feito pelos próprios meios de comunicação, que nem sempre revelam sua agenda política, mas se julgam no direito de também pressionar a mais alta corte do País. Por isso mesmo, quem julga também vem sendo julgado. O que há por trás desse artigo? Qual é a intenção velada que existe por trás daquele? Por que A fala com B, com C ou com D?

E se não bastasse o mensalão, há ainda a CPI do caso Cachoeira, que já tem dois governadores convocados: o tucano Marconi Perillo, que terá que explicar a venda de sua casa, e o petista Agnelo Queiroz, que falará dos contatos de assessores com pessoas ligadas à construtora Delta. Mas não são apenas eles. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também pode vir a ser alvo de uma ação por crime de responsabilidade. E até mesmo o advogado mais caro do País, Marcio Thomaz Bastos, vem sendo questionado por estar recebendo R$ 15 milhões de um contraventor.

São tantos “réus”, no Executivo, no Judiciário, no Legislativo, na imprensa e na advocacia, que quem deve estar rindo à toa diante de tudo isso é o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Quase ninguém fala dos seus crimes, que ao que tudo indica não são poucos. Há tantos pecadores espalhados por aí, que um dos mais notórios, o senador Demóstenes Torres, desandou a falar de Deus e de sua fé no dia do depoimento no Conselho de Ética. Parecia uma freira no convento.

Ao que dizem, no fim dos tempos, no grande Armagedom, o filho de Deus voltará à Terra para julgar “os vivos e os mortos”. Será que esse dia do juízo final já chegou e ainda não fomos avisados?

Brasil 247
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