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domingo, 30 de janeiro de 2011

WikiLeaks: e o mundo não acabou...

Por enquanto.

Estamos esperando que "comece a acabar" para noticiarmos e comentarmos aqui... Se der tempo, claro.

Mr. Assange, incensado por setores da blogosfera brasileira, onde virou ídolo, semideus, anda meio sumido do noticiário dos jornalões, mas avisou que pretende agora chacoalhar as estruturas do sistema bancário internacional, depois de "detonar" a diplomacia e o exército americanos.

Aqui no ABC! o "fenômeno" WikiLeaks foi sempre tratado com reserva. Nunca endeusamos Julian Assange. Em nenhum momento colocamos no pedestal o "papa dos vazamentos". Ao contrário. Levantamos questionamentos sobre as motivações por trás das inconfidências, os efeitos que tais documentos "secretíssimos" escancarados sem mais nem menos à opinião pública mundial poderiam provocar entre as nações...

Até o presente momento, nada. Absolutamente nada de muito grandioso ou consistente.

Nos perguntamos quem era/é Julian Assange. E continuamos perguntando. Um ciberativista? Ou um ciberoportunista? Um subversivo-terrorista ou um hacker megalomaníaco? Um Illuminati? Um membro do "governo oculto do mundo"? Ou um agente da CIA? Um vaidoso doentio, um "adulto-problema", precisando de corretivo?  Um engodo? Um embuste? Apenas mais uma "onda"? Um reles molestador sexual precisando de sanção criminal? Um cidadão do mundo imbuído dos mais nobres valores e querendo salvar a humanidade? Ou mais um cínico, presunçoso e psicopata falastrão? Mais um "rei" em "terra de cegos"? Um "rato que ruge", uma "pedra no sapato", uma "mosca na sopa"?!... 

Queremos saber...

O ABC! tem interesse jornalístico no sr. Assange e no WikiLeaks. Não para "aparecer" ou "pegar carona" na sua súbita popularidade mundial. Continuamos perguntando o que perguntávamos há quase dois meses atrás: O que quer o WikiLeaks? O que realmente pretende Julian Assange e seu grupo? O que os vazamentos podem provocar na política global e nas relações de poder mundial? 

Queremos de fato entender esse "fenômeno" ou esse "mistério". E publicar aqui.

Queremos acompanhar a trajetória de Julian Assange e a do seu site. Desde que haja realmente algo de importante e consistente. Não apenas para "surfar nessa onda"...

Qual o futuro do WikiLeaks? Que fim terá Julian Assange? Prisão na Suécia ou EUA? Assassinato? Suicídio? Cumprimento de pena em manicômio judiciário? Asilo no Brasil? Dono de pousada em alguma praia deserta e paradisíaca brasileira?!...

O mundo não acabou com o WikiLeaks.

E continuamos aqui, de plantão, esperando que acabe... ou que pelo menos se constatem mudanças profundas na política global e nas relações de poder.

Havendo alguma revelação bombástica que promova a "conflagração mundial" ou ponha em risco a paz entre as nações, voltaremos com a seção "WikiNews"...

Por enquanto, deixo com vocês um artigo do veteraníssimo jornalista Alberto Dines, que fala entre outras coisas da iminente ida de Assange para a futilidade das "colunas sociais", da falta de senso crítico das pessoas, das "fofocas com data de validade vencida" do WikiLeaks...




WIKILEAKS & TRAGÉDIAS

A imprensa adora esquecer

Por Alberto Dines em 28/1/2011
Articulistas embasbacados e desprovidos de qualquer senso crítico afirmaram nos quatro cantos do mundo que o Wikileaks mudava tudo. A diplomacia, a política internacional e o próprio jornalismo jamais seriam os mesmos.

O sucesso do site de vazamentos criado pelo hacker Julian Assange foi tamanho que dois dos três jornalões nacionais (a Folha de S. Paulo e O Globo) não se vexaram em pegar carona no grupo dos cinco veículos globais que a ele se associaram.

Exatos dois meses depois, nesta pátria dos modismos ninguém quer mais ouvir as fofocas com data de validade vencida. Prova disso são os documentos vazados na terça-feira (25/1) contendo a opinião da ex-presidente chilena Michelle Bachelet a respeito de governos e líderes latino-americanos.

Sobre a ex-colega argentina Cristina Kirchner, a chilena disse que ela "tende a acreditar nos rumores e textos caluniosos publicados na imprensa e faz comentários desastrosos em público". Para ela, a democracia argentina "não é robusta e suas instituições são frágeis".

Pouco destaque

A respeito do nosso país, Michelle Bachelet foi ainda mais incisiva: "O Brasil goza de uma fama desproporcionada como mediador em conflitos regionais". Para ela, Lula é um zorro (raposa), inteligente e encantador, mas sua então candidata, Dilma Rousseff, distante e formal.

Publicadas com destaque pelo diário espanhol El País na quarta-feira (26), as candentes opiniões de Bachelet vazadas pelo Wikileaks ficaram de fora do noticiário de quinta-feira, no Brasil. A torneira giratória de Julian Assange já não tem charme, breve estará apenas nas colunas sociais.

A imprensa brasileira adora badalar e adora esquecer. Sobretudo as tragédias: duas semanas depois do maior desastre já acontecido no país, a tromba d’água na região serrana do Rio, há pelo menos dois dias só consegue produzir uma chamadinha na capa do Globo. Nos jornais da Paulicéia, nem isso.

do Observatório da Imprensa