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domingo, 13 de outubro de 2013

A Inveja, o Ódio e o Mundo do Crime


Movidos e fortalecidos por um coquetel de Cobiça e Inveja, eles executam contra a cidadã as mais torpes vilanias.

Unidos e irmanados pelo Ódio, que há muito transbordou de suas entranhas, dardos pontiagudos são disparados por suas línguas enfurecidas.

Por que ela auferiu três títulos na U.S.P. (ó letras malditas!) e nós tivemos que amargar a compra de diplomas em escolas de quinta categoria?

Por que ela é articulada, fala bem, escreve melhor ainda, tem ideias originais, e nós tropeçamos no mais comezinho do idioma?

Por que ela cuida da vida dela, é independente, livre e desimpedida, e não tiramos o nariz da casa dela o tempo todo, mantendo-a sob cerrada vigilância?

Por que assassinamos cães amorosos e indefesos e ela tentou protegê-los, e, ousadia das ousadias, desferiu denúncias contra nós na Sociedade Protetora dos Animais e Delegacia de Crimes Ambientais?

Quem essa mulher pensa que é ao ter a petulância de dar opinião sobre Direito, Justiça, Advocacia e Poder Judiciário?

Por que precisamos assassinar a reputação e a imagem dela, enxovalhando seu nome e caráter, difamando-a e caluniando-a, sempre verbalmente, sem deixar provas?

Por que alguns de nós retribuímos com o Mal o Bem que ela nos fez?

Por que essa mulher nos incomoda tanto e precisamos satanizá-la, fabricando e incitando crimes contra ela?

Por que esta cidadã provoca em nós tamanha aflição, a ponto de nos fazermos delinquentes para exterminá-la?

Por que ocultamos o bom currículo que ela construiu de modo íntegro ao longo dos anos e espalhamos mentiras e achincalhes sobre ela, corrompendo pessoas para nos ajudar nessa infâmia?

Por que ela insiste em se manter no Mundo das Letras e da Cultura e nós enveredamos pela Senda do Crime?

Por que tentamos nos apropriar do que é dela e precisamos tachá-la de louca para escaparmos das punições da Lei?

Por que nos tornamos neonazistas e a perseguimos com violências inconfessáveis?

Por que nos sentimos no "direito" de invadir seu quintal e envenenar suas árvores?

Por que nos achamos no "direito" de promover contra ela linchamento moral e julgamento sumário?

Por que acreditamos ter o "direito" de armar emboscadas e ciladas para ela?

Por que ela deve pagar por nossas mazelas e imperfeições morais?

Por que emitimos energia de destruição, enquanto ela vive sua vida simples, não nos incomoda e não faz mal sequer a uma barata?

Por que precisamos exibir posses, carros de luxo, roupas de grife, iphones, ipads, ipods... enquanto ela, mesmo violentada por nossas cotidianas patifarias, continua vivendo tranquilamente sua vida simples e despojada?

Por que precisamos TER para ser, enquanto ela simplesmente É?

Por que ela nos causa tanta dor e aflição, a ponto de nos transformarmos em linchadores?

Que Doença da Alma é essa que nos acometeu, a ponto dela construir um baita muro para se proteger de nossa ação nociva, deletéria?





O culto e espirituoso Leandro Karnal, filósofo, historiador e professor da Unicamp, em palestras leves e divertidas, nos conta o que se passa nas almas tristes, obscuras e degradadas.

Vídeo 1:  Sobre a Inveja



Vídeo 2: Sobre o Ódio










Malala, a futura Primeira-Ministra do Paquistão


ALMA ATIVISTA



Há centenas de ativistas de direitos humanos e sociais que não estão só falando por seus direitos, mas que estão lutando para atingir objetivos de paz, educação e igualdade. 

Nós não podemos esquecer que milhões de pessoas estão sofrendo com pobreza, injustiça e ignorância. 

Nós percebemos a importância de luz quando vemos a escuridão. Nós percebemos a importância de nossa voz quando somos silenciados. 

Na noite de 9 de outubro de 2012, o Talibã atirou do lado esquerdo da minha cabeça. Atiraram nos meus amigos também. Eles pensaram que a bala iria nos silenciar, mas eles falharam. E no lugar do silêncio vieram milhares de vozes. Os terroristas pensaram que iam mudar meus objetivos e parar minha ambição, mas nada mudou na minha vida com exceção disso: fraqueza, medo e falta de esperança morreram; força, poder e coragem nasceram.

Eu sou Malala - A garota que defendeu a educação 
e levou um tiro do Talibã

"Já tive medo de morrer. Agora não tenho mais"

Malala Yousafzai diz querer ganhar o Nobel "no futuro" e afirma que adora o futebol brasileiro

Tania Menai - especial para O Estado de S. Paulo


Como boa paquistanesa, ela ama o futebol brasileiro. E como toda menina de 16 anos, adora escutar Justin Bieber e Selena Gomez. Também não perde um capítulo de Ugly Betty e faz questão de contar que levanta a voz para os irmãos. Esse é o lado menina da ativista Malala Yousafzai.


Ambição. Malala quer ser premiê do Paquistão

Gary Cameron/Reuters

Na quinta-feira, ela concedeu, ao lado de seu pai, Ziauddin Yousafzai, uma entrevista à apresentadora da CNN Christiane Amanpour perante uma plateia de centenas de convidados, na instituição cultural judaica 92Y, em Manhattan. Simpática, Malala divertiu o público, mas também arrancou lágrimas ao declarar que pretende ser a primeira-ministra do Paquistão. O evento foi aberto com o discurso de Samantha Power, a embaixadora americana para as Nações Unidas, que ressaltou o status de celebridade que Malala tem hoje - mas não uma celebridade de reality show. "O reality show dela é bem diferente", disse Power, ao dar um breve panorama da vida de crianças paquistanesas.

A entrevista será televisionada hoje, às 20 horas, horário de Brasília, pela CNN International, como parte do documentário The Bravest Girl in the World [A Garota mais Corajosa do Mundo]. Ao mesmo tempo, o evento comemorou o lançamento de sua biografia, I am Malala, cuja página oficial no Facebook tem mais de 25 mil seguidores. Essa foi sua primeira visita a Nova York, cidade que ela definiu como uma "Karachi desenvolvida". "Tem muito tráfego e muita gente buzinando a toda hora. Na Grã-Bretanha não é assim - lá só há silêncio", disse ela, que vive há um ano em Birmingham e foi convidada a visitar, em breve, a rainha Elizabeth no Palácio de Buckingham.

Talvez isso seja um pouco demais para uma menina que nasceu no distrito pashtun de Swat, de 1.250 habitantes, perto da fronteira com o Afeganistão, e há pouco tempo fazia feira com a mãe - analfabeta. "Minha mãe pedia para eu cobrir o rosto, porque os meninos estavam me olhando. E eu falava: ‘Mas eu também estou olhando para eles, mamãe!’".

A semana passada marcou o aniversário de um ano do atentado, ocorrido em 9 de outubro de 2012, que quase lhe tirou a vida. Ao voltar para casa em um ônibus escolar, Malala levou um tiro na cabeça que a deixou em coma por sete dias. "Não lembro de nada daquele dia. Mas me recordo que estávamos preocupadas, comparando as nossas notas de um teste, quando dois meninos entraram no ônibus. Um foi falar com o motorista. O outro estava muito perto de mim e gritou: ‘Quem é Malala?’. Quando descobriu, disparou dois tiros e um deles pegou do lado esquerdo da minha cabeça. A bala desceu pelo ombro e afetou também a minha audição. É um milagre eu estar viva", disse Malala, que usa vocabulário adulto e fala de forma articulada.

"Durante o coma, eu sonhava com aquele ônibus. Queria falar, mas não conseguia", recordou. "Quando acordei, estava com um tubo na minha garganta. Notei que eu não estava no Paquistão, porque lá só se falava inglês. Aí, pedi um papel e escrevi: ‘Onde está o meu pai e a minha mãe?’. Disseram-me que meu pai chegaria em breve. Então logo pensei: ‘Ele deve estar se endividando, pedindo dinheiro emprestado para pagar tudo isso. Será que ele deve estar vendendo aquele terreno que ele tem? Mas é apenas um terreninho, o dinheiro jamais vai pagar a conta deste hospital’."

A declaração arrancou risadas da plateia, mas um ano depois do atentado, Malala não tem mais que se preocupar com contas a pagar. Hoje ela é um fenômeno de mídia, coleciona condecorações, como o Prêmio Humanitário de Harvard e da Anistia Internacional, além de ter uma fundação em prol da educação com seu nome, a Malala Fund. Sua passagem pelos EUA foi documentada pelos mais importantes entrevistadores da televisão e a fila para o evento da CNN dava voltas no quarteirão, seguindo regras rígidas de segurança, como não levar bolsa.

Malala tem sido constantemente ameaçada de morte pelo Taleban, mas, pelo menos em discurso, ela diz que isso não a afeta. "Eles não me ameaçam - eles apenas me dão uma lembradinha. Eu já tive medo de morrer, agora não tenho mais. Um tiro pode até afetar o meu corpo. Mas não os meus sonhos", afirmou. "Ninguém imaginava que eu seria um alvo do Taleban. Pensávamos que eles iriam atrás do meu pai. Eu achava que eles teriam um pouco de ‘bons modos’ e não atacariam crianças diretamente, algo que eles normalmente não fazem", disse Malala, que tem um irmão mais velho e um mais novo.

Seu pai, um poeta, professor e ativista na área de educação, revelou que, mesmo depois do atentado, não se arrependeu de ter incentivado a filha, desde pequena, a ser porta-voz das meninas de seu país, onde apenas uma em cada cinco vai para a escola. Ele mesmo criou um colégio, em 1994, com quatro alunos e, hoje, soma 1,1 mil estudantes.

"Normalmente é uma vergonha em nossa cultura ter filhas. Mas eu nunca pensei assim", disse Ziauddin Yousafzai. "Quando me perguntam o que eu fiz pela minha filha, eu falo o que eu deixei de fazer: deixei de cortar suas asas", declarou ao Estado. "Não só o governo tem de dar escola, mas a sociedade tem de querer."

Ao receber alguns convidados em coquetel após a entrevista, Malala foi saudada por meninas da sua idade, executivos da editora que publicou seu livro e recebeu presentes. Ali, disse efusivamente ao Estado: "Adoro o futebol brasileiro".

Malala cumprimenta, escuta mais do que fala e olha nos olhos, sempre sob a supervisão dos responsáveis por sua biografia. A jovem ativista só perde o bom humor quando fala de mão de obra infantil e, principalmente, casamento infantil - situações que provocam evasão escolar. "Uma das minhas melhores amigas, Sara, sumiu da escola. Dois anos mais tarde, ela me ligou dizendo que foi obrigada a se casar com um homem muito mais velho. Hoje, ela tem a minha idade e dois filhos. Vocês podem imaginar?"

Malala acredita ainda ser muito jovem para ganhar o Prêmio Nobel. Ela diz que pretende colocar muita gente na escola e, aí sim, merecer o prêmio. "Quando eu era pequena, eu queria ser médica, porque era o que todas as meninas da minha classe diziam. Mas se eu for política, posso cuidar de muito mais gente."

Estadão Online

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