É grande o número de mulheres atuando no jornalismo brasileiro, tanto na imprensa escrita quanto no rádio, tv e internet. Mas ainda é visível a predominância masculina, sobretudo nos postos de maior importância e visibilidade.
Na "blogosfera independente", então, a dominação masculina chega a ser escandalosa. Não que não haja blogueiras competentes. Mas elas não conseguem "furar o cerco", "derrubar os muros" levantados por "blogueiros pioneiros", "blogueiros tubarões", "blogueiros medalhões"... As razões são várias. Desde o preconceito contra a mulher, entre blogueiros e "seguidores", até o uso de vários expedientes para a perpetuação no "poder". Os "Faraós da Blogosfera". Os "Mubaraks Blogosféricos".
A truculência desse "Clube do Bolinha", quando alguma blogueira independente ousa "desafinar o coro dos contentes", chega a ser assustadora! Pela tacanhice. Pelo ridículo.
Bom, melhor voltar ao jornalismo tradicional...
Abaixo, reproduzo o artigo do OI e em seguida duas matérias sobre o escabroso atentado à jornalista Lara Logan, da CBS News, violentada no Cairo, em fevereiro último, quando fazia a cobertura das comemorações pela defenestração do Mubarak original...
Jornalismo, uma profissão ainda perigosa Repórteres sem Fronteiras | |
Por ocasião do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a organização Repórteres sem Fronteiras faz o balanço das condições de trabalho das mulheres jornalistas. Este balanço reafirma vários princípios importantes. Tem a vantagem de lembrar os fatos e reunir testemunhos de mulheres pelo mundo, desde a discriminação diária até as mais trágicas violências. [RSF/link em inglês] "O espaço das mulheres nas redações e sua proteção é uma aposta, um investimento essencial para reforçar a liberdade de imprensa e o pluralismo de opiniões. Se em alguns países se dificulta o acesso das mulheres ao setor jornalístico, em outros, os progressos são visíveis. Mas ainda se têm de fazer muitos esforços para que se garanta verdadeiramente a igualdade na profissão, que no entanto segue sendo na maior parte masculina. "A posição das mulheres nos meios de comunicação sempre é o reflexo da posição que ocupam na sociedade onde vivem", declara Jean-François Julliar, secretário geral do Repórteres sem Fronteiras. "[As mulheres] correm às vezes mais perigos que os homens e devem enfrentar muitos preconceitos. Algumas regiões no mundo devem ser objeto de uma atenção particular quanto à proteção das mulheres no exercício do jornalismo." Uma agressão espantosa Nos últimos 20 anos, o número de mulheres na profissão de jornalista aumentou. Ainda assim, elas seguem ocupando os postos mais precários, pois os cargos de direção e edição seguem sendo domínio reservado aos homens. Isto tem efeitos sobre a visão de mundo produzida pela imprensa. Trata-se de um mundo muito masculino, do qual são excluídas as mulheres: um mundo de homens feito para os homens. Em muitos países, mulheres jornalistas e defensoras dos direitos humanos são vítimas de violências, prisões, intimidações e censura como os homens. Em alguns, chegam a ser um alvo privilegiado. A vulnerabilidade das mulheres jornalistas varia muito segundo as regiões geográficas. |
Fica difícil não comentar a espantosa agressão sofrida por Lara Logan (CBS News) no Egito em fevereiro de 2011, quando foi derrubado o presidente Hosni Mubarak. Repórteres sem Fronteiras deseja expressar-lhe seu apoio. Ainda que um incidente deste tipo seja excepcional, é sintomático dos riscos que correm as mulheres na profissão.
O caso Lara Logan
Depois de tantas imagens alegres do Egito, chegou a hora de uma cara feia. A sul-africana Lara Logan é a principal correspondente internacional da CBS. Ela é sim uma bela mulher, e isso não impediu que fosse cobrir a barra pesada do Iraque e do Afeganistão. Durante a recente crise do Egito foi ameaçada pelos jagunços de Hosni Mubarak, mas nunca deixou de denunciar as violências sofridas por profissionais da imprensa, que sofreram barbaridades durante a queda do “Faraó”. Lara foi presa com sua equipe e voltou para os EUA. Uma semana depois retornou ao Cairo para a festa.
Logan estava na hoje célebre praça Tahrir cobrindo a grande comemoração pela renúncia de Mubarak. Logo depois desta imagem ao lado, foi puxada, separada da sua equipe, cercada por cerca de 200 homens e sofreu “uma brutal surra e ataque sexual”, segundo declaração oficial da emissora. Conseguiu ser salva por soldados e um grupo de bravas mulheres egípcias. Este é um blog de homens. E como homem – e jornalista – eu não admito esse tipo de comportamento com quem quer que seja. Então li uma declaração da professora Judith Matloff (da Columbia School of Journalism) e descobri que mulheres correspondentes de guerra estão sendo atacadas sexualmente por aí. E não dão queixa com medo de perder a oportunidade profissional.
Eu repito: nada justifica que uma mulher (qualquer uma, de qualquer raça, nacionalidade ou opção política) seja atacada sexualmente e espancada por uma turba de homens onde quer que isso aconteça. (E nem que tenha o nariz decepado, por falar nisso). Nada. Nenhuma ideologia, nenhuma religião, nenhum governo, nenhuma cultura, nada. Eu como homem considero que isso é inaceitável.
Logan estava na hoje célebre praça Tahrir cobrindo a grande comemoração pela renúncia de Mubarak. Logo depois desta imagem ao lado, foi puxada, separada da sua equipe, cercada por cerca de 200 homens e sofreu “uma brutal surra e ataque sexual”, segundo declaração oficial da emissora. Conseguiu ser salva por soldados e um grupo de bravas mulheres egípcias. Este é um blog de homens. E como homem – e jornalista – eu não admito esse tipo de comportamento com quem quer que seja. Então li uma declaração da professora Judith Matloff (da Columbia School of Journalism) e descobri que mulheres correspondentes de guerra estão sendo atacadas sexualmente por aí. E não dão queixa com medo de perder a oportunidade profissional.
Eu repito: nada justifica que uma mulher (qualquer uma, de qualquer raça, nacionalidade ou opção política) seja atacada sexualmente e espancada por uma turba de homens onde quer que isso aconteça. (E nem que tenha o nariz decepado, por falar nisso). Nada. Nenhuma ideologia, nenhuma religião, nenhum governo, nenhuma cultura, nada. Eu como homem considero que isso é inaceitável.