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domingo, 18 de setembro de 2011

Se a juíza assassinada falasse...



Ao contrário de muitos blogs que preferiram ignorar o brutal assassinato da juíza Patrícia Acioli há pouco mais de um mês em Niterói, Rio de Janeiro, o ABC!, que considera tal execução um atentado violento e gravíssimo ao Estado Democrático de Direito, continua acompanhando o desenrolar das investigações e abrindo espaço para os fatos e opiniões que considera importantes. Nossas indagações permanecem: Por que a juíza mais ameaçada do Brasil transitava sem proteção, sem escolta? A quem interessava silenciar Patrícia? Quem são os mandantes desta barbárie? 


Abaixo, um artigo do advogado da família da juíza, Técio Lins e Silva. 



Se a juíza assassinada falasse...


O artigo que o presidente da Amaerj — associação dos juízes vivos — publicou no dia 7 de setembro, no GLOBO, sobre a responsabilidade pela segurança da juíza Patrícia Lourival Acioli, parece ter sido escrito para ofender a Pátria, justamente no dia de sua Independência. A mesma independência que matou a magistrada, que não teria morrido se vivesse a acolitar os poderosos.


O presidente da Associação dos Magistrados deve-se ocupar não apenas com a saúde dos vivos, mas respeitar a memória dos juízes assassinados. Sua fala desrespeita as filhas menores de Patrícia, ofende o leitor e bajula o poder. A afirmação de que não houve nenhuma irregularidade nos procedimentos que negaram segurança à juíza mais ameaçada do Brasil padece da falta de lógica e coerência.




Reconhece que Patrícia era ameaçada, mas acha normal que não fosse protegida. Diz que teve acesso aos procedimentos e que não encontrou qualquer irregularidade. Das duas, uma: ou não diligenciou direito e não viu tudo ou julgou mal, o que às vezes acontece na Justiça. Agora quer impedir que se apure a omissão e investe sua autoridade associativa contra o Conselho Nacional de Justiça, que quer apenas conhecer a verdade. Esquece-se de que Patrícia não morreu de enfarte nem de morte súbita. Ela foi imolada! Agora se sabe que ela foi executada por PMs fardados que ela mandou prender naquela mesma tarde. Se tivesse a segurança que lhe foi retirada, não teria morrido! Simples assim.

Patrícia ingressou no mundo da Justiça pela Defensoria Pública e desde sempre vivia no meio de gente pobre, gente que sofre com o terror imposto pelas milícias, pela máfia dos transportes alternativos, do jogo clandestino, do tráfico de drogas e, sobretudo, pelos praticantes da execução implacável, sem direito de defesa, típica dos grupos de extermínio. Muita gente boa ignora essa realidade em que Patrícia vivia e cumpria o seu dever, acreditando na justiça e fazendo-a de acordo com a lei, sob o impulso e a fiscalização do Ministério Público, lutando contra a pena de morte aplicada pelo Estado — não o paralelo, mas o fardado. Entreguei ao presidente do Tribunal de Justiça do Estado, na presença do presidente da Amaerj, os documentos que me fazem representante das filhas menores de Patrícia, de suas irmãs e de sua mãe. Embora afirme que está atento às investigações, o representante dos magistrados nunca nos deu uma palavra, não quer conversa nem quer saber o que as filhas de sua ex-colega pensam ou precisam. Nem mesmo para a cerimônia pomposa da revelação do nome dos supostos autores da morte, nenhum membro da família nem seus representantes, conhecidos das autoridades, foram chamados. Infelizmente, Patrícia não necessita de nenhum dos serviços que a associação presta aos seus filiados vivos. Segundo a própria versão apresentada pelo TJ, ela foi executada por PMs da ativa com 21 tiros de munição comprada com o dinheiro do povo que ela defendia. Projéteis adquiridos para a nossa defesa. E a de Patrícia.

Técio Lins e Silva é advogado da família de Patrícia Acioli.



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"Não mexa com a Dilma!"



Nesta semana, a presidenta Dilma Rousseff está em Nova York para abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas. Dilma chegou hoje cedo à cidade e será a primeira mulher a abrir uma Assembleia da ONU. Uma grande honra para ela, para todas as mulheres, para todos nós, cidadãs e cidadãos brasileiros. O ABC! vai acompanhar a viagem da presidenta Dilma aos EUA. Leia abaixo matéria sobre "Dilma Dinamite" na Newsweek desta semana.


Visita da Presidenta da República a Nova York - EUA
                                    Dilma chegando ao Hotel Waldorf Astoria/NY hoje de manhã. 
                                                                                Foto: Roberto Stuckert Filho/PR


Dilma Rousseff é capa da revista 'Newsweek'


Reportagem aborda o governo, a história política e também a vida pessoal da presidente brasileira




A presidente Dilma Rousseff é capa da próxima edição da revista 'Newsweek' internacional e da edição nacional americana. É a primeira vez que há destaque em mais edições da publicação para uma capa sobre o Brasil. A revista deve chegar às bancas nesta semana.
Chamada de 'Dilma dinamite', presidente estampa capa da prestigiada revista norte-americana - Reprodução/Newsweek
Reprodução/Newsweek
Chamada de 'Dilma dinamite', presidente estampa capa da prestigiada revista norte-americana
Com o título 'Don't mess with Dilma' (em tradução literal 'Não mexa com a Dilma'), a reportagem principal aborda o governo, a história política e também a vida pessoal da presidente.
A revista cita detalhadamente o crescimento econômico do Brasil e a participação de Dilma nesse processo de mudanças, iniciado com a gestão Lula. O assunto é endossado pela frase do presidente dos EUA, Barack Obama, quando esteve no Rio de Janeiro em março deste ano, dizendo que o Brasil era o país do futuro. Dilma será a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU, fato descrito como positivo e influente.
Na matéria, a presidente afirma saber do potencial brasileiro e pergunta ao repórter da 'Newsweek' se ele sabe qual é a diferença entre o Brasil e o resto do mundo. A própria Dilma responde dizendo que, em nosso País, os instrumentos de controle políticos existentes são fortes o bastante para combater um crescimento mais lento ou até a estagnação da economia mundial - diferente de outros países. Segundo Dilma, o Brasil pode cortar as taxas de juros porque fez um empréstimo cauteloso e tem um Banco Central rígido.
Na entrevista, Dilma confessa que, quando criança, queria ser bailarina ou bombeira. Para ela, uma menina querer ser presidente é um sinal de progresso. Dilma também fala sobre sua passagem pela prisão, época em que fazia parte de um grupo revolucionário político, e que, por conta disso, aprendeu a ter esperança e paciência.
A presidente Dilma Rousseff vai receber o prêmio Woodrow Wilson Public Service Award, na próxima terça-feira, 20, em jantar no Hotel Pierre, em Nova York. A premiação também já foi concedida a Lula, em 2009. 

Estadão Online