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terça-feira, 29 de março de 2011

O empresário e o operário

Nesta singela homenagem que o ABC! faz ao cidadão brasileiro José Alencar, que descansou hoje, queremos que ele seja sempre lembrado ao lado do seu grande companheiro. Ambos, empresário e operário, numa parceria inédita, comandaram o Brasil por oito inesquecíveis anos e o elevaram a um novo patamar entre as nações.

Descansa em Paz, guerreiro.


Presidente Lula, já com a faixa presidencial, sobe a rampa do Palácio do Planalto ao lado do vice-presidente José Alencar, durante a cerimônia de posse para o segundo mandato _ (Brasília, DF, Palácio do Planalto, 01/01/2007) _ Foto: Ricardo Stuckert/PR



Presidente Lula e o vice-presidente, José Alencar, durante cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Biodiversidade _ (Brasília, DF, Palácio do Planalto, 20/05/2005) _ Foto: Ricardo Stuckert/PR



 
   
                                                                              Fotos: Ricardo Stuckert/PR
 
 
 
 
 

Brasileiras na ciência

O Mês da Mulher já está terminando, mas ainda dá tempo de falar sobre as Mulheres Cientistas Brasileiras e suas realizações no mundo tradicionalmente masculino da ciência.

Publico abaixo um artigo sobre a dificuldade que as cientistas brasileiras encontram para chegar a cargos de chefia em suas instituições ou mesmo conquistar igualdade salarial. Embora o brilho e a visibilidade continuem monopólio dos homens, há verdadeiras "estrelas" na ciência brasileira, como mostra a matéria seguinte.



Muitas cientistas brasileiras, poucas na chefia


Fabiana Frayssinet, da IPS


A quantidade de mulheres cientistas quase se equipara à dos homens no Brasil. Porém, na prática do laboratório ou na vida acadêmica enfrentam sutis barreiras que as impedem de ter as mesmas oportunidades de carreira ou igualdade salarial. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1993 as mulheres representavam 39% do total de pesquisadores científicos, e agora são 49%. Contudo, quando se trata de chefias de laboratórios, essa porcentagem cai para 45%, e mais ainda em cargos superiores.

“De forma geral, o número de mulheres cresce de maneira contínua na ciência brasileira”, disse à IPS Jacqueline Leta, especialista na situação de gênero na ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com dados do censo de 2008, o estudo diz que havia nos laboratórios 60.291 homens e 57.662 mulheres. Entretanto, a situação varia quando se analisa cada área, esclarece Jacqueline, que integra o Programa de Educação, Gestão e Difusão em Ciências do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.

A presença é maior nas áreas de saúde e biologia. Há casos emblemáticos como o da renomada geneticista Maiana Zats, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP). A genética é um setor onde as mulheres são maioria, segundo o CNPq, com 1.049 pesquisadoras contra 976 homens. E a presença feminina cai em áreas como pesquisa em engenharia, onde a proporção de mulheres é 4.151 para 15.203 homens.

“Ninguém escolhe uma carreira dez dias antes de prestar o vestibular”, disse Jacqueline ao atribuir essa decisão a “anos de influência cultural, do pai e da mãe, do clube, do que é divulgado na Internet e nos noticiários”, onde o avental branco e o microscópio são majoritariamente para os homens. São “complexas e diversas influências que começam por cenas remotas na infância, de meninas brincando com bonecas ou brincadeiras de costura, e homens, com videogames ou jogos de ciências”, afirmou.

A física Belita Koiller diz que a mudança deve ser cultural, com os meios de comunicação mostrando mais mulheres cientistas e estimulando a aproximação das meninas e das adolescentes aos laboratórios. “Muitas meninas que vêm em visita com suas escolas ficam fascinadas e assustadas ao mesmo tempo ao verem mulheres em um laboratório”, contou à IPS. São mitos sexistas que se desfazem em casa, mas também na escola.

Jorge Werthein, vice-presidente da Sangari Brasil, disse à IPS que mitos como o de que “as mulheres não têm cabeça para ciência” são rebatidos pelos números. A Sangari é uma empresa com sede na cidade de São Paulo que promove a ciência desde a educação primária, mediante métodos e materiais didáticos inovadores. Jorge também é diretor do Instituto Sangari, dedicado a democratizar o acesso à ciência, e destacou que o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes “mostra pouquíssima diferença no desempenho entre meninos e meninas na área de ciências”.

Jorge considera que a melhor política de inclusão “é a universalização da qualidade do ensino fundamental, para qualquer profissional de qualquer área, especialmente na de ciências”. Se dermos “condições iguais para mulheres e homens, terão oportunidades iguais. Se as meninas tiverem acesso a uma educação científica de qualidade desde a infância, poderão disputar o mercado de trabalho em melhores condições”, ressaltou.

É no mercado de trabalho e na concessão de bolsas que começam a se manifestar as diferenças de gênero mais visíveis. Jacqueline disse que, no Brasil, de cada cem pessoas com doutorado, 54 são mulheres. Porém, apenas 25% das bolsas de pós-graduação são concedidas a mulheres. Uma proporção que, por exemplo, se mantém nos cargos de direção da UFRJ, onde trabalha, embora metade dos docentes sejam mulheres.

Beatriz Silveira Barbuy, renomada astrofísica brasileira, disse à IPS que a situação melhora gradualmente, mas que as jovens cientistas ainda têm problemas de gênero para pesquisar. “As mulheres, nas ciências, são tão capazes, ou mais, quanto os homens. E todas as que conheço são excepcionais”, afirmou. No entanto, “precisam ser melhores do que os homens para serem reconhecidas”, acrescentou Beatriz, especialista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Ela reconhece que houve avanços no tema, como a licença maternidade para bolsistas de mestrado e doutorado. Entretanto, destacou a dificuldade de compatibilizar os longuíssimos horários nos laboratórios com a maternidade.

Outra renomada cientista, a física Belita Koiller, ironizou dizendo que, para superar este problema, a mulher acaba por continuar dependente da família e do marido também no laboratório. “É necessária a sensibilidade do marido para que possa assumir e compartilhar tarefas como cuidar dos filhos”, disse Belita, do Instituto de Física da UFRJ. “Precisam de uma família de alta qualidade” para aceitar seus horários, funções e viagens, acrescentou Beatriz. Como as demais entrevistadas, Jacqueline destacou que “o momento de ascensão na carreira” ainda representa uma barreira, às vezes sutil, mas real, para as cientistas. É neste momento que procedimentos de “senso comum” são substituídos por um sistema de “meritocracia” que beneficia os homens. “Existem diferenças enormes. Cargos de maior hierarquia e poder ainda estão nas mãos de pesquisadores”, afirmou Jacqueline. A maioria dos cargos de direção, coordenação de pesquisas ou concessão de bolsas está nas mãos dos homens, e “os homens acabam escolhendo homens”, completou.

As diferenças também são salariais. No Brasil, de 80% a 90% dos pesquisadores estão nas universidades, onde também são docentes, e nestas instituições a igualdade salarial é regulamentada. Porém, na prática a remuneração acaba sendo menor para as mulheres. Jacqueline atribuiu isso a dois fatores, como existência de pontuações adicionais, que aumentam os salários básicos se, por exemplo, têm cargos de comissão ou direção de unidade, majoritariamente controlados pelos homens.

São barreiras que, como os mitos sexistas, a pesquisadora considera que precisam ser derrubados também em carreiras consideradas “femininas” e com carência de homens, como as ciências da educação, nutrição e enfermagem. “Quando há homens e mulheres atuando juntos são potencializadas a criatividade, a diversidade do pensamento e da ação. Ali teremos um ganho real. Só a soma produz o progresso, e isso também na ciência”, concluiu Jacqueline.

*Este artigo integra a cobertura da IPS pelo Dia Internacional da Mulher, 8 de março, que este ano a ONU dedica ao tema “Igualdade de acesso à educação, à capacitação, à ciência e à tecnologia. Caminho para o trabalho decente para as mulheres”.

IPS/Envolverde

6 pesquisadoras brasileiras de destaque nos últimos anos


Ana Carolina Prado


Você que lê a SUPER já deve ter percebido que a maioria dos cientistas de destaque é do sexo masculino. Mas talvez a situação esteja melhorando – pelo menos no Brasil. O Ministério da Ciência e Tecnologia informou que, desde 2004, as brasileiras são maioria na conclusão de doutorados a cada ano e o Brasil é atualmente o terceiro colocado mundial na formação de doutoras (ficando atrás apenas de Portugal e Itália).

Listamos aqui 6 nomes que se destacaram nos últimos anos em várias áreas, da astronomia à genética. Elas receberam prêmios importantes e ajudaram a colocar o Brasil em um lugar de destaque na ciência mundial.

1 - Aldina Maria Prado Barral, uma médica que se diz “fiel à leishmaniose” (Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal da Bahia – UFBA)




A relação de Aldina Barral com a leishmaniose já dura mais do que muitos casamentos por aí. Ela estuda a doença, comum em países tropicais, há quase 40 anos e ganhou o Prêmio Claudia na categoria “Ciências” em 2008. Um dos maiores avanços obtidos em suas pesquisas tem a ver com o diagnóstico precoce: ela descobriu que geralmente aparece uma íngua na pessoa antes que ela desenvolva a ferida característica da doença. Descobrindo mais cedo fica mais fácil de tratar.

2 - Beatriz Leonor Silveira Barbuy, a astrônoma que desde pequena gosta de observar as estrelas (Universidade de São Paulo – USP)





A linha de pesquisa de Beatriz não é para qualquer um: ela estuda populações estelares, evolução química da galáxia, nucleossíntese e atmosferas estelares. Depois de receber um prêmio internacional dado pela UNESCO a mulheres notáveis da ciência em 2009, ela foi convidada para participar do programa do Jô Soares e falou sobre a vida na astronomia. Lá, disse que os astrônomos geralmente decidem bem cedo seguir a profissão e contou que adorava subir em árvores para observar as estrelas quando era criança.

3 – Cristina Wayne Nogueira: um elemento perigoso para o meio ambiente pode fazer bem contra radicais livres (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM)





A bioquímica gaúcha descobriu que, embora seja perigoso para o meio ambiente, o selênio (elemento obtido como subproduto da refinação do cobre) possui um papel importante no combate aos radicais livres (moléculas formadas no nosso organismo que provocam alterações patológicas, envelhecimento precoce e manchas na pele). Suas pesquisas renderam um artigo na Chemical Reviews, uma das mais importantes publicações acadêmicas de Química do mundo.

4 – Thaisa Storchi-Bergmann: atlas de galáxias e buracos negros supermassivos (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS)





A astrônoma Thaisa foi considerada a pesquisadora brasileira mais citada internacionalmente na área de Ciências Espaciais, em 2004, pela Veja. Suas descobertas ajudaram a fundamentar a teoria vigente de que há buracos negros supermassivos no núcleo da maioria das galáxias. Ela ainda criou um atlas de galáxias muito usado pela comunidade astronômica internacional.

5 – Maria Fátima Grossi de Sá: como combater insetos em plantações por meio manipulação genética (EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -  e Universidade Católica de Brasília – UCB)





A biomédica Maria Fátima pesquisa meios de proteger plantações contra fungos, insetos e vírus por meio da manipulação genética. A vantagem desse método está no fato de que ele combateria apenas os animais que prejudicam a espécie, o que não acontece com inseticidas comuns. Suas descobertas renderam patentes nacionais e internacionais na área de Biotecnologia Vegetal. Ela, junto com as outras quatro primeiras cientistas da lista, recebeu o Prêmio Scopus Brasil 2010, dado pela Editora Elsevier e pela CAPES/MEC (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação) para pesquisadores de relevância no Brasil e no mundo.

6 - Rosaly Lopes (Nasa)





A astrônoma carioca, cientista planetária e especialista em Vulcanologia do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia, foi a primeira brasileira a ganhar o prêmio internacional Wings Worldquest Women of Discovery. Rosaly já esteve em quase 50 vulcões espalhados pelo mundo – e estuda outros fora dele também. Ela já descobriu mais de 71 vulcões ativos na lua Io de Júpiter, os primeiros vulcões ativos fora da Terra de que se tem confirmação.

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