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sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Golpe de Estado no Paraguai




O GOLPE PARAGUAIO


Laerte Braga


O golpe sumário dado pelo Parlamento do Paraguai contra o presidente Fernando Lugo tem a marca registrada da classe dominante naquele país. Latifundiários associados a multinacionais, uma força armada corrompida e cooptada por interesses de grandes corporações, bancos e os donos da terra.

O Paraguai jamais se recuperou da guerra contra o Brasil, a Argentina e o Uruguai (1864/1870). O conflito foi estimulado pela Inglaterra, então maior potência do mundo, em defesa de seus interesses econômicos. O Paraguai não dependia de países da Europa, tinha uma indústria têxtil competitiva e era um dos grandes exportadores de mate, concorrendo com o império britânico.

O capital para a guerra foi dos ingleses e em meio ao conflito é que, praticamente, se construiu as forças armadas brasileiras, inteiramente despreparadas para um confronto de tal envergadura. Nos primeiros anos da guerra os soldados brasileiros passavam fome e os armamentos eram mínimos, insuficientes para o genocídio que viria mais à frente. Foi a consequência inicial da avidez do governo imperial de aceitar as libras inglesas.

Os países que formaram a chamada Tríplice Aliança, numa selvageria sem tamanho, mataram 70% da população paraguaia e até hoje a maioria acentuada entre os que nascem naquele país é de homens.

De lá para cá o Paraguai tem sido governado por ditadores, numa sucessão de golpes de estado e o breve período “democrático” que se seguiu à deposição do último general, Alfredo Stroessner (morreu exilado no Brasil, era capacho da ditadura militar brasileira), encerra-se agora com a deposição branca de Fernando Lugo. Um ex-bispo católico, conhecido como o “bispo dos pobres”. O mandato de Lugo terminaria no próximo ano. O vice-presidente é do Partido Liberal, aquele jogo político de amigos e inimigos cordiais, onde os donos se revezam no poder.

O pretexto para a deposição de Lugo foi um massacre de trabalhadores rurais sem terra, numa região próxima à fronteira com o Brasil. Morreram manifestantes e integrantes das forças de repressão. De lá para cá Lugo enfrenta um inferno.

Latifundiários brasileiros, a classe dominante paraguaia – subordinada a interesses do Brasil e de corporações internacionais – se uniram contra Lugo e o apoio de empresas como a MONSANTO, a DOW CHEMICAL. O silêncio formal e proposital dos EUA, todos esses ingredientes foram misturados e transformados em golpe de estado.

Tal e qual aconteceu em Honduras contra Manoel Zelaya. A nova “fórmula” para golpes de estado na América Latina. A farsa democrática, o rito constitucional transformado em instrumento golpista na falta de pudor da classe dominante. No caso do Paraguai, como no de Honduras, miquinhos amestrados do capitalismo internacional.

A elite paraguaia jamais permitiu ao longo desses anos todos, desde 1870, que o país se colocasse de pé novamente. Tem sido um apêndice de interesses políticos e econômicos de corporações estrangeiras e do sub-imperialismo brasileiro. Carregam as malas dos donos enquanto submetem os trabalhadores a um regime desumano e cruel que não mudou e nem vai mudar enquanto não houver resistência efetiva e nas ruas contra esse tipo de procedimento, contra essa subserviência corrupta e golpista. E cumplicidade de governos vizinhos. Mesmo que por omissão, ou fingir que faz alguma coisa.

É necessária a consciência dos governos de países como o Brasil que situações de golpe são inaceitáveis. Que a integração latino americana é fundamental e se faz com democracia e participação popular. Não com alianças com Paulo Maluf.

Fernando Lugo cometeu erros. O maior deles o de acreditar que era possível governar o país com grupos da direita. As políticas de conciliação onde a elite é implacável e medieval, as forças armadas são agentes – em sua maioria esmagadora – de interesses estranhos aos nacionais e as forças populares sistematicamente encurraladas pela violência e barbárie.

Ou se percebe que o golpe contra Lugo é um golpe contra toda a América Latina, ou breve situações semelhantes em outros países. Por trás de tudo isso, em maior ou menor escala, mas de forma direta os EUA e o que significam no mundo de hoje.

No que o presidente do Irã, Mahamoud Ahmadinejad chama de colonizadores. No ano 2000 o economista César Benjamin, numa palestra na cidade mineira de Juiz de Fora, espantou os ouvintes ao dizer que “o século XIX foi o dos grandes impérios colonizadores, o século XX o do fim do colonialismo, o século XXI vai assistir a um novo ciclo de colonização de países periféricos às grandes potências”.

A previsão está se confirmando.

O secretário geral da UNASUL, Ali Rodriguez, disse em entrevista a vários jornalistas que “o Paraguai pode estar em meio a golpe de Estado devido à rapidez do julgamento político do presidente do país, Fernando Lugo” e mostrou-se preocupado com um possível “processo de violência. Tudo indica que uma decisão já foi tomada e que pela rapidez com a qual os eventos estão acontecendo, poderíamos estar perante um golpe de Estado”.

Basta que países como o Brasil e a Argentina, por exemplo, asfixiem econômica e politicamente o novo governo para que ele não se sustente. Depende da vontade política de um e outro de manter a democracia no Paraguai, mesmo frágil, de pé.

A classe dominante paraguaia nunca deu muita importância a isso, pois sempre consegue espaço para se acomodar e continuar a transformação do país em uma espécie de vagão a reboque principalmente do Brasil. Desde o fim da guerra, em 1870, tem sido assim.      

Fernando Lugo foi acusado, entre as farsas várias, de humilhar as forças armadas (existem, ou são esbirros do capitalismo?) e colocar-se ao lado dos trabalhadores sem terra.

É velho e boçal latifúndio que no Paraguai é a força econômica mais poderosa.

Os protestos populares acontecem próximo ao Parlamento, mas já com forças policiais prontas para massacrar e impedir qualquer reação.

É preciso ir às ruas em toda a América Latina e é fundamental asfixiar essa elite que cheira a esgoto.

Se o governo brasileiro quiser não tem golpe que sobreviva. O problema é querer. A preocupação hoje, no entanto, é de “consenso possível” (um fracasso na RIO+20) e as eleições de outubro.

A mídia de mercado – fétida também – no Brasil já desestimula qualquer atitude mais forte do governo. Afirma que Lugo declarou que aceitará o “julgamento político”. É mais uma das muitas e constantes mentiras padrão GLOBAL.    

O golpe no Paraguai fere o arremedo de democracia que subsiste no Brasil e outros países com o consentimento dos “poderes moderadores”. As elites políticas e econômicas são as mesmas, arcaicas, podres e totalitárias. Quando querem colocam as garras de fora.

Foi o que fizeram com Lugo. O que querem fazer com Chávez. Com Evo Morales e outros tantos.

E no fim de tudo atribuir a culpa ao Irã.

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Rio+20: Dilma reconhece "timidez" do documento final



Está se encerrando agora à noite no Rio de Janeiro a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Muitas críticas e protestos por parte de ongs, ativistas e sociedade civil, insatisfeitos com a falta de comprometimento com mudanças reais por parte dos países ricos.


Segundo a presidenta Dilma, o documento oficial elaborado pelos representantes dos países participantes significa o "consenso possível" dada a diversidade e o multilateralismo do mundo hoje.



Dilma minimiza críticas à Rio+20: documento 
é ponto de partida


Dilma tentou minimizar as críticas de 
entidades da sociedade civil e de alguns 
países sobre o texto final da Rio+20
Foto: AFP

ANGELA CHAGAS



Em uma coletiva à imprensa na tarde desta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff tentou minimizar as críticas de entidades da sociedade civil e até de alguns países sobre o documento final da Rio+20, negociado pelo Brasil. Segundo a presidente, o País construiu o "consenso possível" dada a diversidade de nações que integram a ONU. "O país que recebe missão de liderar esse processo é responsável por construir esse consenso possível, que é apenas o ponto de partida, e não de chegada. Se é possível ter consenso é porque todas as nações evoluíram até aqui", afirmou a jornalistas.

"Esse ponto de partida representa até onde as nações conseguem chegar conjuntas. A partir daí elas devem avançar mais. O que não podemos conceber é que alguém fique aquém disso. Além todos devem ir", disse Dilma antes de discursar na cerimônia de encerramento da Rio+20. Ela ainda exaltou o multilateralismo que domina o mundo hoje, ao citar que até a Guerra Fria eram apenas duas visões que se sobrepunham. "Hoje temos outra visão, a do multilateralismo, onde você constrói consensos históricos, que são aqueles possíveis num determinado momento".

Ela ainda citou a conferência de 2009, em Copenhagen, para destacar que naquela ocasião não houve acordo nenhum, ficando apenas em boas intenções. "Naquela conferência, mesmo sem acordo, algumas questões foram levadas. Um exemplo foi a necessidade de financiamento de diferentes países, notadamente aos países da África e às pequenas ilhas. Isso implicaria criar um fundo dos países desenvolvidos para financiar a recuperação desses territórios. Os emergentes também poderiam contribuir de forma voluntária, mas três anos depois isso não aconteceu. O importante quando temos algo escrito, como na Rio+20, é que ninguém pode negar depois", afirmou.

Dilma ainda afirmou que os países desenvolvidos precisam se comprometer a ajudar as nações mais pobres a atingir o desenvolvimento sustentável. E isso, segundo Dilma, passa pela criação de um fundo. "Achamos que um gesto fundamental é introduzir a questão dos fundos daqui para frente. Temos de caminhar nessa direção", disse. O G77, grupo de países em desenvolvimento como o Brasil, chegou a apresentar a proposta de criação de um grande fundo, mas a sugestão foi vetada pelas nações ricas.

A presidente também reconheceu que, de acordo com o modelo de desenvolvimento do Brasil, a proposta do documento final é tímida. "É óbvio que não atende à nossa prática. Temos uma política mais avançada, mas não podemos medir todos pelo método do Brasil. (...) Aqui a matriz energética é 45% renovável, temos 60% das florestas preservadas, isso não se aplica a outras nações", disse ao destacar que não é possível aplicar o mesmo "metro" quando vai se compor políticas coletivas.

Ela ainda destacou que o Brasil conseguiu mostrar ao mundo que uma nação emergente tem condições de organizar uma reunião de padrão internacional e que tem responsabilidade política para construir um documento de consenso. "Num momento tão difícil de haver consenso, onde até países com zona econômica comum não conseguem, é importante que a Rio+20 tenha chegado a esse objetivo comum", afirmou.

Sobre a Rio+20 

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro voltou a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que termina hoje, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Nesta sexta, o Segmento de Alto Nível faz sua última plenária e encerra a Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas. Em um dos discursos mais esperados, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, defendeu os direitos reprodutivos das mulheres e uma economia de inclusão como garantia de prosperidade.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.



Terra
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Rio+20: ONU lança Fome Zero mundial



O vitorioso Fome Zero, criado no governo do presidente Lula, vem sendo reconhecido internacionalmente por sua importância e por incluir uma série de programas,  como o de transferência de renda (Bolsa Família), agricultura familiar, qualificação profissional e outros tantos.



ONU lança Fome Zero mundial

O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, lançou ontem (21) , no Rio de Janeiro, o programa "Desafio Fome Zero", e convidou todas as nações a serem corajosamente ambiciosas para trabalharem para um futuro em que todos tenham direito à alimentação.




Ban Ki-Moon convocou governos, empresas, agricultores, cientistas, sociedade civil e consumidores a participarem do desafio, honrando promessas do passado e trabalhando juntos para pôr fim à fome. “Em um mundo de abundância ninguém, nem uma única pessoa, deve passar fome”, disse ele.

Durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), o secretário-geral elogiou os esforços combinados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, dirigida pelo brasileiro José Graziano da Silva), do FIDA (Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola), do PMA (Programa Mundial de Alimentos), do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), do Banco Mundial e da Bioversity International. “A fome zero impulsiona crescimento econômico, reduz a pobreza e protege o meio ambiente. Promove paz e estabilidade”.

De acordo com Ban Ki-Moon, o objetivo do Desafio Fome Zero é garantir 100% de acesso à alimentação adequada durante todo o ano; nenhuma criança menor de dois anos desnutrida, eliminação da desnutrição na gravidez e na primeira infância; todos os sistemas alimentares sustentáveis; 100% de crescimento em produtividade e renda de pequenos agricultores, especialmente para mulheres, e perda ou desperdício de alimentos zero, incluindo consumo responsável.

A inspiração para o Desafio veio do grande trabalho feito por muitos países e organizações para acabar com a fome, particularmente o Brasil, cujo programa "Fome Zero" auxilia na erradicação da fome usando alimentos locais de agricultores familiares e cozinhas comunitárias.



Vermelho
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