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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O "incesto" entre Mídia Golpista e STF


Camaradagem, parceria, conúbio, conluio... eu indaguei aqui, em post de ontem (veja abaixo). E o jornalista Paulo Nogueira, radicado em Londres, respondeu.

Incesto despudorado entre mídia golpista e judiciário.

Ausência total de decoro. E outras cosítas más...




A relação incestuosa entre a mídia e o judiciário


PAULO NOGUEIRA 

O livro Mensalão, de Merval Pereira, traz um prefácio de Ayres Britto, por incrível que pareça.



                                                                                        Merval, o livro e o juiz


O pior livro de 2013 está prestes a ser lançado: Mensalão, de Merval Pereira.

Cuidado, pois.

Tratando-se de Merval, não poderia ser outra coisa que não a reunião de seus artigos maçantes e previsíveis ao longo do julgamento. Conteúdo novo? Talvez na próxima.

O livro é revelador, não obstante.

Ele mostra a relação incestuosa entre a Globo (e a grande mídia) e o STF. O prefácio é de Ayres Britto, que presidia o Supremo durante o Mensalão.

Pode? Pode.

É legal? É.

É eticamente aceitável? Não. Exclamação.

O pudor deveria impedir o conúbio literário entre Merval e Britto.

Mas o pudor se perdeu há muito tempo. Em outra passagem amoral desse caso de amor entre mídia e justiça, o ministro Gilmar Mendes compareceu sorridente, em pleno julgamento do Mensalão, ao lançamento de um livro do príncipe dos escaravelhos Reinaldo Azevedo em que os réus eram massacrados.

Ali estava já a sentença de Gilmar.

Pilhados por uma câmara indiscreta, Azevedo se gabou da presença ilustre, aspas, do companheiro Gilmar, e este seguiu em seu caminho de defensor da justiça e da causa do 1%.

A decência e o interesse público mandam distância entre os dois poderes, a mídia e a justiça. Na Inglaterra, se o juiz Brian Leveson, que comandou as discussões sobre a mídia e seus limites, confraternizar com um jornalista, a carreira de ambos estará encerrada.

No Brasil, é pena, isso não é bem assim.

Conheço Merval há anos. Quando eu começava carreira na Veja, ele foi, durante algum tempo, editor da seção de Brasil. Não virou manchete, porque não tinha elegância ao escrever, o que naquela época era um requisito na Veja.

De lá voltou a seu habitat, o Rio. Seu tento mais espetacular, nestes anos todos de regresso ao Rio, foi ter matado Hugo Chávez numa coluna que, não gozasse ele da imunidade de porta-voz do patrão, podia ter lhe custado a mensalidade que recebe. Seu mensalão, enfim.

Reencontrei-o quando fui integrante do Conedit, Conselho Editorial das Organizações Globo.

Rapidamente, nas reuniões semanais de terça-feira no Jardim Botânico, conduzidas por João Roberto Marinho, me impressionei com Merval e Ali Kamel.

Não pelo talento, não pelo brilho. Mas pela capacidade de reproduzir, alguns tons acima, tudo que a família Marinho pensava. Pareciam competir entre si, como se dissessem: “Eu concordo com o João mais do que você!” (Acho graça quando atribuem poder ideológico a Kamel: se seu patrão fosse progressista, ele seria progressista e meio. Ele não articula intelectualmente, e sim executa jornalisticamente o que os Marinhos desejam. Embora seus amigos da Veja dediquem espaço monumental à resenha de seus livros, nenhum deles tem qualquer valor literário.)

Aquilo tudo no conselho evidentemente me incomodou. Uma vez, depois de uma reunião, fui almoçar com Luiz Eduardo Vasconcellos, sobrinho de Roberto Marinho, acionista minoritário do Globo e integrante do Conselho Editorial.

O cardápio, olhando para trás, foi suicida, para mim. Não conversei, desabafei. Disse a Luiz Eduardo, um bom sujeito, aliás, que me chamava a atenção na reunião o fato de todos os participantes repetirem, basicamente, as ideias da família Marinho.

Onde alguma diversidade, onde algum esboço de pluralismo?

Alguns macaqueavam mais discretamente, outros com exuberância e estridência retórica. Era este o caso de Merval e de Kamel. Minha solidão naquele grupo era imensa, era universal, e não apenas por eu ser de São Paulo.

Merval, em seus artigos, se coloca como um Catão. Talvez um dia nosso Catão possa vir à luz do sol para explicar por que, trabalhando há tantos anos para todas as mídias da Globo, é um PJ – um artifício pelo qual ele e seu empregador pagam menos impostos do que deveriam, e ainda se concedem o direito de fazer sermões sobre moral.


Destaques do ABC!

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Blogueira Yoani Sánchez já pode sair de Cuba


Celebridade internacional, mas quase desconhecida em Cuba, a blogueira Yoani Sánchez recebeu finalmente o tão esperado passaporte e poderá sair da ilha a qualquer momento. Yoani tem convites para palestras em vários países, quer visitar uma irmã nos Estados Unidos e pretende também vir ao Brasil.



Blogueira cubana Yoani Sánchez recebe passaporte e já pode viajar

HAVANA (AFP) - A blogueira opositora cubana Yoani Sánchez, que foi impedida de deixar a ilha várias vezes pelo governo, recebeu nesta quarta-feira 30 seu passaporte, o que a habilita para viajar ao exterior com a reforma migratória colocada em vigor no dia 14 de janeiro, informou a própria dissidente.

Sánchez mostra foto do passaporte em seu twitter. Foto: Arquivo Pessoal
Sánchez mostra foto do passaporte em seu twitter. Foto: Arquivo Pessoal
“Incrível!! Ligaram para a minha casa (do escritório da migração) para dizer que meu passaporte já estava pronto! Acabam de me entregá-lo!”, escreveu na rede social Twitter a blogueira, de 37 anos, premiada internacionalmente em diversas oportunidades.
“Estou feliz e triste: por um lado já tenho meu documento para viajar, mas vários amigos não receberam permissão”, acrescentou Sánchez, que solicitou no mesmo dia 14 de janeiro seu passaporte no escritório de migração do bairro de El Vedado, de Havana.
Em Moya, um ex-preso político e marido da líder das Damas de Branco, Berta Soler, teve seu passaporte negado por estar em liberdade provisória desde 2011 (por uma condenação a 20 anos de prisão), como resultado de um inédito diálogo entre a Igreja Católica e o governo de Raúl Castro.
Sánchez, filóloga e autora do elogiado blog “Generación Y”, não conseguiu visitar o Brasil no início do ano passado, apesar de ter obtido o visto, devido ao fato de o governo ter se negado a conceder a permissão de saída do país, que estava vigente há meio século e que foi eliminado com a reforma migratória.
O governo comunista já havia negado a Sánchez a permissão de saída cerca de vinte vezes.
Sánchez recebeu em 2008 o Prêmio Ortega y Gasset do jornal espanhol El País na área de jornalismo digital. Nesse mesmo ano a revista Time a situou entre as 100 pessoas mais influentes do mundo e a rede americana CNN classificou o seu blog entre os 25 melhores do planeta.
Apesar de ser uma celebridade internacional, a blogueira é quase desconhecida dentro de Cuba (principalmente fora de Havana), onde a oposição é ilegal, os meios de comunicação estão sob controle do Estado e o acesso à internet é limitado e não existe banda larga.

CartaCapital

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