Foi assim que o Presidente Lula respondeu a jornalistas que cobrem o governo em rápida entrevista no Palácio do Planalto, ao lado de Dilma, nos primeiros dias de novembro, logo após a vitória eleitoral de 31 de outubro. Lula deixou muito claro que não interferirá no governo Dilma, e que sempre estará ajudando, não criticando e desestabilizando, como apostam alguns.
Por outro lado, vemos na montagem do ministério que a presidenta eleita
tem mantido muitos ministros que serviram ao governo Lula, inclusive o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, unanimemente execrado na blogosfera. Isso tem provocado críticas de boa parcela da velha mídia, insinuando intervenção do presidente já na organização da nova equipe de governo.
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Ora, esses mesmos críticos sempre condenaram a inexperiência política da então candidata Dilma, e colocaram este fato como impeditivo para que fosse eleita para o posto mais importante do País.
Se falta experiência política à presidenta eleita, em Lula esse requisito sobra... Por que então, pensando no melhor para o Brasil, não aceitar algum aconselhamento do Presidente, não manter no comando ministros que tiveram um bom desempenho ou que garantem, talvez, alguma estabilidade, fazendo uma espécie de transição, sem mudanças drásticas num primeiro momento?
Como diria o Mino Carta, até o reino mineral sabia que Dilma foi escolhida para dar continuidade ao bem-sucedido e aprovadíssimo governo Lula. Qual o problema de nos primeiros tempos, enquanto a presidenta se aclimata, manter uma parcela considerável do ministério do seu antecessor?
Em seu pronunciamento ao povo brasileiro logo após confirmada a vitória no dia 31, Dilma, num agradecimento emocionado ao presidente, declarou de forma inequívoca que numa eventualidade não teria pejo de recorrer a Lula:
"Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Baterei muito à sua porta, e tenho certeza e confiança que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade."
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Por que então, tendo uma dupla tão afinada, constituída por uma "gerentona" competentíssima e um "gênio" político, ambos dispostos a colocar todo o seu conhecimento, toda a sua aplicação, toda a sua capacidade de trabalho, a serviço do País, por que então o Brasil, que já revolucionou duas vezes, colocando um operário e uma mulher no comando do País, deveria abrir mão da possibilidade de contar ao mesmo tempo com ambos?