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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

SP: Blogueira e Blog sob risco constante


DIREITOS HUMANOS



Cidadãos comuns, que "ousam" defender seus direitos, inclusive o direito de denunciar, ativistas e defensores de direitos humanos e outras causas, cuja ação corajosa acaba por ferir interesses mesquinhos e inconfessáveis, vivem sob constantes ameaças, intimidações, constrangimentos e outras tantas violências.

Há quase quatro anos esta cidadã blogueira vem enfrentando forte esquema que viola seus direitos, e há pouco mais de dois anos passou a relatar, vez por outra, neste brioso blog, as violências de que vem sendo vítima.

Esta blogueira, que tem sua vida pessoal, material e profissional totalmente desorganizada por estas violências, vem procurando se proteger de várias formas. Primeiramente, claro, buscando apoio nas instituições que combatem o crime: Judiciário, Ministério Público, Polícia. 

No início das perseguições que começou a sofrer, em fevereiro de 2010, esta cidadã, pasmem!, precisou deixar sua casa por seis meses (!!!), diante do acirrado assédio que passou a colocar sua vida e integridade física em risco.

Quando voltou à sua casa, a cidadã criou o blog e foi desenvolvendo "técnicas para driblar" seus perseguidores no dia a dia. Por exemplo: sair para um lado e mais adiante mudar de direção. De carro ou a pé, essa tática livrou a cidadã blogueira de interceptações e atentados. Há outras, mas a blogueira não pode contar aqui, pois seus perseguidores "viraram" assíduos leitores do blog. Amanhece o dia e eles já estão aqui, escarafunchando cada vírgula que a blogueira escreve...

Além dos relatos que publica no blog, a blogueira encaminha informações a amigos, conhecidos, simpatizantes, ex-professores, intelectuais, juristas, autoridades dos três poderes, jornalistas e blogueiros, ativistas e defensores de direitos humanos, ongs nacionais e internacionais, veículos de comunicação daqui e de fora e outros.

A própria Anistia Internacional recomenda isso: que o cidadão que sofre violação de direitos não se amedronte, não se cale, e procure tornar pública sua condição de vítima de violência.

Abaixo, mais dicas de autoproteção.






PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Secretaria Especial de Direitos Humanos


Cartilha de Autoproteção para Defensores de Direitos Humanos


A presente Cartilha procura abordar, de forma simples e prática, algumas técnicas de 
autoproteção, para Defensores de Direitos Humanos, que estejam em situação de risco iminente ou atual.

A proposta é fornecer subsídios relativos a condutas e procedimentos, que possibilitem 
reduzir ao máximo a potencialidade das agressões e sua concretização.

A defesa dos Direitos Humanos, muitas vezes, gera o descontentamento em alguns 
segmentos, o que torna os Defensores alvos de agressões, nas mais diversas modalidades.

Proteger a vida destes Defensores é sobremaneira importante, para a continuidade 
de sua missão, sempre visando a melhoria de nossa sociedade, através de efetivas práticas de cidadania.

As medidas presentes nesta Cartilha são genéricas, podendo e carecendo de adaptações 
pessoais, visando atender, muitas vezes, as necessidades específicas de cada Defensor. Em especial nas diversas localidades onde possa se encontrar.

Contudo, é uma ferramenta poderosa contra ações que possam vir em detrimento da 
integridade física e psicológica dos Defensores de Direitos Humanos.

A sistemática expositiva consiste em recomendações, acerca das mais variadas formas 
e métodos de autoproteção, tendo sido elaborada através de pesquisas realizadas com especialistas e pessoas que já tenham passado por situações de risco, desta natureza.

1. Muito cuidado com seus deslocamentos. Procure estabelecer rotas seguras para 
se deslocar de um ponto a outro. Sempre que possível, promova a alteração dos caminhos percorridos.

A manutenção de um mesmo caminho adotado possibilita que os agressores tracem 
um plano de ataque nos pontos mais vulneráveis da rota adotada. Ademais, permite que tenham tempo para planejar o ataque com maior precisão e efetividade.

Mude seus trajetos com frequência, procurando não realizar alterações que também 
guardem uma sistemática rotineira entre si. Dentro das possibilidades trace, mesmo mentalmente, rotas de fuga. Caso disponha de tempo, explore as vizinhanças dos trajetos percorridos, procurando conhecer bem o local por onde você realiza seus deslocamentos.

Procure andar em locais bem iluminados e que não sejam ermos ou isolados. Dentro 
do possível, não se desloque sozinho. A presença de mais pessoas geralmente intimida os agressores, que não desejam testemunhas para suas ações.

Cuidado ao parar o veículo em cruzamentos e semáforos. Quando o veículo está 
parado, sua vulnerabilidade aumenta. Tranque sempre as portas e procure andar com a abertura do vidro reduzida, em especial quando da parada do veículo.

Quando chegar aos destinos, observar bem o local de parada antes de efetivamente 
estacionar. Muitas vezes, os agressores ficam próximos dos portões de entrada, aproveitando o momento da chegada para atacar. Caso perceba alguma pessoa parada próximo dos portões de entrada, atrás de postes, não pare.

Outro ponto importante é o fechamento de portões automáticos. O tempo diferencial 
entre a total entrada do veículo e o término do fechamento do portão constitui elevado risco.

Procure parar o veículo em cruzamentos e sinais, sempre na faixa central e nunca 
muito próximo a outro veículo. Cuidado com esquinas que possuam muros ou objetos que impeçam a visão ampla.

Fração acentuada dos crimes praticados quando do deslocamento de veículos em 
via pública atualmente, são realizados utilizando-se de motocicletas. Geralmente, o passageiro (garupa) pratica a ação delituosa, ocorrendo em seguida a fuga. Esta fica facilitada, pelo fato das motocicletas não ficarem retidas em congestionamentos, devido ao seu porte reduzido.

2. Possua sempre à mão um equipamento de telefonia. Caso não seja possível, um 
equipamento de rádio ou outro sistema de comunicação eficaz. Tenha sempre programado diversos números de emergência. Combine com outras pessoas códigos que, mesmo com palavras comuns, permita expressar que você está em perigo.

Lembre-se sempre de estar com bateria suplementar para situações de risco.

Observe sons de chiados e estalos na linha telefônica. Isto pode significar que a linha 
está sendo monitorada (grampeada). Caso perceba tal situação evite combinar encontros e tratar de temas que permitam a obtenção de informações que possam ser utilizadas em seu desfavor.

Dentro do possível, grave as ligações que tragam caráter de ameaça. Procure, embora 
seja difícil, sustentar a conversa, fazendo com que o ameaçador fale o mais possível. Estas informações podem ser úteis para as investigações policiais.

Mesmo nas ligações em que os agressores nada falam, procure observar se há um 
som de fundo, que caracterize o local de onde está sendo feita a ligação.

O uso de aparelhos que localizam o número de onde se está fazendo a chamada é 
muito importante. Mesmo que estejam sendo realizadas de aparelhos pré-pagos ou telefones públicos, pode a ciência destes números ser muito útil nas investigações.

Ao perceber que está sendo seguido ou observado, procure manter a calma. Embora 
isto pareça quase impossível. Entre em locais movimentados e procure estar perto de muitas pessoas. Não entre em banheiros e locais reservados.

Procure tirar proveito da situação. Passe a observar quem lhe observa, verificando 
suas características, placa do veículo, estatura, cor, idade, traços físicos, etc. Anote tudo e repasse à autoridade policial e a mais uma ou duas pessoas de sua confiança.

Esta atitude intimida o agressor.

3. É recomendável, sempre que possível, o uso de cães, em casa ou nos deslocamentos 
a pé. Eles são excelentes instrumentos de defesa. Além disso, são ótima companhia e dão, com grande eficácia, o alarme, em caso de violação ou presença de estranhos.

Os alarmes eletrônicos também são muito importantes. Sensores de presença, por 
exemplo, têm um custo reduzido e informam com muita precisão a presença de pessoas e movimentação nos ambientes monitorados.

4. Tenha sempre em casa a posse de equipamentos de emergência. Dentre os
quais, recomendamos: lanterna com baterias sobressalentes, conjunto de primeiros socorros, etc. É aconselhável possuir um local da casa com segurança reforçada.

Um cômodo de difícil acesso, com trancas, porta reforçada e, muito importante, telefone 
e água.

5. Procure conhecer as forças policiais que atuam em seu Estado. E nos demais, por 
onde esteja atuando ou visitando. Tal conhecimento visa minimizar tentativas de abordagem nas denominadas falsas blitze.

6. Muita atenção quando for se hospedar em local estranho. Procure hotéis, pousadas 
ou instalações diversas, que chamem o mínimo de atenção. Restrinja, no que for possível, dados acerca de sua identificação e atividades, bem como demais informações.

7. Caso as ameaças estejam em nível muito acentuado, em sendo recomendável a 
alteração de endereço, aja com a maior brevidade possível. Não forneça o novo endereço, ao menos provisoriamente, aos entes próximos. Tal medida, inclusive, estará contribuindo com a segurança destes. Muito cuidado quando for visitar parentes, amigos e locais que sejam de importância notória para você. Fique atento para possíveis armadilhas. A recomendação é marcar encontros em locais diversos, sempre tendo cuidado para que a conversa não esteja sendo monitorada.

8. Tenha muito critério para frequência de locais públicos. Festividades, aglomerações 
de pessoas, locais onde seja realizada queima de fogos, são de risco acentuado.

Caso o comparecimento seja inevitável, fique atento e solicite que mais pessoas 
auxiliem na sua segurança. Não vá aos sanitários, comprar produtos, etc. desacompanhado.

9. Cuidado com o seu lixo. Evite jogar no lixo documentos e outros materiais que possam trazer informações a serem utilizadas em seu desfavor.

10. Muita atenção com envenenamento. Cuidado ao receber pessoas em casa, mesmo identificadas. Uniformes de empresas de prestação de serviço (correios, 
companhia de água, luz, etc.) têm sido utilizados para conseguir adentrar nas residências. Exija sempre uma identificação antes de permitir o acesso.

11. Altere suas rotinas de frequência. Estabelecimentos comerciais, locais públicos, 
etc., necessitam ter rotina de frequência alterada. Intercale dias, horários, visando não estabelecer uma rotina rígida.

12. Muito cuidado com o recebimento de encomendas. Analise bem a caixa, abra em 
local seguro.

13. Repasse para pessoas de sua confiança as informações sobre sua atuação, pessoas que estejam lhe ameaçando, e todos os demais dados que possam auxiliar 
as investigações. Monte dossiês das informações e repasse a pessoas de confiança.

14. Acredite nos seus sentimentos e sensações.


Brasília, 02 de setembro de 2003.
Comissão, Portaria 66/03 SEDH.

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