Governistas denunciam na internet prisão
de blogueira cubana
FRANCE PRESSE
Yoani Sánchez, blogueira crítica do regime de Cuba, e seu marido, Reinaldo Escobar, foram detidos na última quinta-feira, quando se dirigiam a Bayamo, a 750 quilômetros ao leste de Havana. Eles iriam assistir ao julgamento do espanhol Ángel Carromero. As informações são do blogueiro Yohandry Fontana e do jornalista García Ginarte, ambos governistas.
Ainda na quinta-feira, outros 22 dissidentes do regime foram presos. Entre eles estava Guillermo Fariñas, conhecido por realizar greves de fome em 2006 e 2010, para protestar contra o governo de Cuba.
Segundo as fontes, Sánchez e Escobar foram detidos quando tentavam fazer "uma provocação e um show midiático" para "prejudicar" o desenrolar do julgamento de Carromero.
Desmond Boylan/Reuters
Yoani Sánchez, escritora cubana que mantém o blog "Generación Y", escreve
em um notebook, em Havana
Sánchez é colaboradora do jornal espanhol "El País". De acordo com o jornal, além de Sánchez e de seu marido, foi preso outro blogueiro que viajava com eles, Agustín Díaz.
A publicação diz que não conseguiu entrar em contato com a blogueira pela manhã desta sexta-feira. Uma mensagem eletrônica avisa que seu número de celular não existe, mesmo sendo o número que o "El País" usava habitualmente para contatá-la.
O fotógrafo do jornal, Orlando Luis Prado, diz ter conversado por telefone com o filho do casal, Teo, que confirmou que seus pais foram detidos.
Ginarte, que é jornalista da televisão local de Bayamo, disse em seu Twitter que Escobar "foi instruído na SINA (Seção de Interesses dos Estados Unidos) para provocação de sua esposa #yoanifraude e para afetar o julgamento de Carromero".
O jornalista afirma que Yoani Sánchez viajou na qualidade de "correspondente ilegal" do jornal espanhol "El País" e, "alheia às partes envolvidas", tenta "prejudicar" o julgamento de Carromero, que acontece nesta sexta-feira em Bayamo.
Carromero, 27, dirigente de Novas Gerações do Partido Popular, conduzia o veículo alugado que, em julho, bateu em uma árvore perto de Bayamo. No carro estavam Oswaldo Payá, líder do movimento opositor cristão Libertação, e o também opositor Harold Cepero, 31, ambos mortos no acidente, além do político sueco Jens Aron Modig, 27, que retornou a seu país após investigação policial.
As autoridades cubanas afirmam que o acidente foi provocado por excesso de velocidade em uma área da estrada que passava por reparos. Carromero pode ser condenado a até 10 anos de prisão por homicídio culposo.
A morte de Payá, 60, teve grande repercussão internacional, incluindo uma mensagem de condolências do Papa Bento 16.
COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS
Yoani Sánchez apresentou reclamação contra Cuba na Comissão Interamericana de Direitos Humanos na última sexta-feira (28).
Ela relatou que o regime impedia que ela tirasse um visto para sair do país, após sucessivas tentativas de obter o documento desde 2007. Sem o visto, ninguém pode deixar a ilha.
FARIÑAS
Na quinta (4), outro dissidente, Guillermo Fariñas, foi preso novamente em Cuba. Ele é conhecido por ter ficado 135 dias em greve de fome em protesto contra a prisão de opositores em 2010.
De acordo com a mãe de Fariñas, Alicia Hernández, o dissidente ia até a sede do grupo Damas de Branco, onde seria realizada uma reunião para discutir o conteúdo de um documento contrário ao regime, quando foi preso.
O relatório, chamado de Demanda cidadã por outra Cuba, pede ao governo que adote as medidas previstas pela ONU (Organização das Nações Unidas) para garantir o respeito aos direitos humanos no país.
Fariñas já foi preso várias vezes por lutar pelos direitos dos cidadãos cubanos. A mais recente foi em 23 de agosto, depois de uma discussão com agentes policiais. Ele foi solto dois dias depois.
Folha Online
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