Encerro o Mês da Mulher homenageando a Dra. Zilda Arns Neumann, extraordinária cidadã brasileira, fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral do Idoso. Médica pediatra e sanitarista, morreu em janeiro de 2010, no terremoto do Haiti, quando visitava o país em missão humanitária.
Sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do
maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na
solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas. "Amar a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão
social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores
talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais
necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade
e misericórdia, sem perder a própria identidade.
Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de
esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento
começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As
crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não
existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos
que as crianças.
Como os pássaros, que cuidam dos seus filhos ao fazer um ninho no alto das
árvores e das montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais
perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado,
promover o respeito a seus direitos e protegê-los.
Muito obrigada. Que Deus esteja com todos!
(fragmentos do último discurso, pronunciado minutos antes do falecimento)
Cidadania, Comunicação e Direitos Humanos * Judiciário e Justiça * Liberdade de Expressão * Mídia Digital Editoria/Sônia Amorim: ativista, blogueira, escritora, professora universitária, palestrante e "canalhóloga" Desafinando o Coro dos Contentes...
Tradutor
quinta-feira, 31 de março de 2011
Política: substantivo feminino
O Poder é masculino. Está vinculado à ideia de força, de truculência. Isso fica mais patente nas ditaduras, militares ou não.
Já a Política, essa é feminina. Pelo menos a palavra. Uma atividade que requer habilidade, jogo de cintura, astúcia e quem sabe até uma certa leveza, para que haja abertura aos contrários, negociações etc.
O ex-presidente Lula foi muito bem-sucedido na política, sobretudo na Presidência, por toda a sua bagagem construída na vida sindical e também, no meu entendimento, por lidar bem com seu lado feminino: é um homem emotivo, carinhoso, afetivo. Não esconde e não reprime suas emoções. A dureza nas portas das fábricas e nos palanques deu lugar a uma doçura em muitos momentos no exercício do Poder.
Apesar de uma mulher na Presidência da República, algumas à frente de administrações nos estados e capitais e várias no Parlamento, a participação da mulher na vida política brasileira ainda é ínfima. Na prática, a Política continua sendo o mundo dos homens.
Dos mais doces e meigos, como um Eduardo Suplicy, cantando Bob Dylan na tribuna do Senado, aos mais prepotentes e grosseirões, como o ridículo troglodita e deputado Bolsonaro, no momento sob os holofotes da mídia depois de produzir pérolas e mais pérolas de preconceito e tacanhice contra gays, negros e outras minorias.
Neste Mês de Março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, falamos de mulheres guerrilheiras, mulheres ativistas, mulheres camponesas, mulheres educadoras, mulheres jornalistas, mulheres cientistas...
E hoje encerro essa série lembrando de uma mulher, que beirando os 80 anos, ainda continua guerreira política, enfrentando bravamente preconceitos por ser mulher, nordestina, solteira, de esquerda, de origem humilde: Luiza Erundina.
As más línguas, inclusive na blogosfera dita progressista, difundem que São Paulo é uma cidade preconceituosa e hostil a nordestinos.
Nada mais falacioso. Há bolsões de preconceito, claro. Como os há no Rio de Janeiro, no Nordeste, em Paris, em toda a parte onde houver seres humanos ignorantes.
São Paulo é cosmopolita, multicultural. Aqui vive pacificamente gente do mundo inteiro: italianos, japoneses, alemães, portugueses, espanhois, árabes, judeus, africanos de várias origens, coreanos, bolivianos, chineses, indianos... E brasileiros de toda a parte. Principalmente nordestinos.
Assim como o pernambucano e retirante Lula da Silva, a paraibana Luiza Erundina brilhou para o mundo da política a partir da cidade de São Paulo, que abriu as portas e o coração para ambos.
Abaixo publico trechos selecionados de matéria sobre a bela história de vida da deputada federal por São Paulo, Luiza Erundina.
Uma mulher em movimento
Luiza Erundina é destacada como uma das 100 mulheres do século XX
Mulher, nordestina, migrante, solteira, socialista, ex-prefeita da cidade de São Paulo. Não é à toa que Luiza Erundina figura entre as mulheres que revolucionaram o século 20. A revista IstoÉ Gente a coloca em destaque como uma das 100 mulheres do século, na área de Política, ao lado de Margareth Tatcher, Hillary Clinton, Evita Perón, Indira Gandhi, Bertha Lutz. Erundina sabe como poucas a força do preconceito e da pobreza. Mas não fez deles um sentimento de lamúria. Pelo contrário. O preconceito em relação aos diferentes a mobiliza, a põe em movimento. Sua trajetória é de luta. Ela saiu do sertão da Paraíba e veio para São Paulo, no auge da ditadura militar, em 1971. Dá aulas, presta concurso público e é nomeada assistente social da Prefeitura. Vai trabalhar nas favelas da periferia da cidade, onde reencontra, em situação de pobreza, o povo nordestino. Trabalha para conscientizar a população e ajudá-la a se organizar. “Eu me sinto uma educadora. Isso imprime uma marca própria naquilo que eu faço”, afirma Luiza Erundina.
Em 1979, é eleita presidente da Associação Profissional das Assistentes Sociais de São Paulo e recebe convite do metalúrgico Lula para fundar o Partido dos Trabalhadores. Em 1982, elege-se vereadora pelo PT em São Paulo, com 26 mil votos. Em 1986, é eleita deputada estadual, com 35 mil votos. No dia 16 de novembro de 1988, o país fica sabendo que São Paulo, uma das quatro maiores cidade do mundo, tem pela primeira vez na história uma prefeita eleita, com 1.534.547 votos, vencendo todos os prognósticos. Nesse bate-papo com os editores da Ao Mestre com Carinho, colhemos as palavras definidoras de Luiza Erundina pela própria Luiza Erundina.
Herança materna
Nasci em 30 de novembro de 1934, numa casa pobre do sertão semi-árido da Paraíba, no Nordeste brasileiro, na periferia do povoado de Belém do Rio do Peixe, mais tarde cidade de Uiraúna, que significa pássaro negro em tupi-guarani. Meu pai, Antônio Evangelista de Souza, o mestre Tonheiro, era artesão além de trabalhador no campo. Fabricava selas e arreios de couro, para cavalo. Menina ainda, eu ajudava meu pai no manejo do couro. Minha mãe, dona Enedina, era a fortaleza, que dava estrutura à família tão numerosa e pobre. Ela vendia café e bolo na feira local. Tive 9 irmãos.
Aos 10 anos mudei-me para Patos, para a casa de minha tia, para terminar o primário e fazer o ginásio. Para que meus irmãos também pudessem estudar, aos 14 anos fui trabalhar como balconista em um armazém e como professora no Colégio das Irmãs de Caridade. Lecionei em Campina Grande, em escola de religiosas, onde liderava um coral. Em 1958, aos 24 anos, fui secretária municipal de educação em Campina Grande, interinamente. Tinha pretensões de fazer medicina, mas suspendi os estudos por 9 anos. Quando fui fazer faculdade já tinha outro apelo que me sugeria fazer Serviço Social. Fiz mestrado em Ciências Sociais na Fundação Escola de Sociologia e Política, de São Paulo. Retornei a João Pessoa para lecionar na universidade. Em 1971, voltei para São Paulo.
Política
Toda minha prática na política tem uma tônica pedagógica, devido à minha formação e porque entendo que a política é um instrumento de educação e organização política do povo. A política veio em decorrência da minha militância sindical e profissional. Portanto, o modo de ser vereadora, deputada, prefeita, tem sempre uma marca decorrente da minha formação educacional, da minha vocação de educadora. Eu me sinto uma educadora. Isso imprime uma marca própria naquilo que eu faço.
Determinação
Foi muito por causa da minha origem pobre, em que a gente é submetida a situações de injustiça, tendo de migrar por causa da seca. A gente, ainda muito pequena, percebia que havia diferença entre pessoas que tinham uma melhor condição, que não precisavam fugir da seca, e outras, como nós, que precisavam migrar para algum lugar desse país. O que é lamentável é que a situação não mudou. Tomei consciência e me determinei, me senti chamada a lutar para mudar aquilo lá.
Igreja
Fui uma das pessoas que se beneficiou da formação da Igreja Católica numa perspectiva de encarnar o evangelho e ver a fé muito ligada à participação social e de mudar aquilo que precisava ser mudado. Eu vi que o estudo era o instrumento que eu precisava para dar a minha contribuição para mudar a realidade na qual eu nasci. Aí eu me dediquei.
Palavra
Luta. Busca de uma perspectiva de esperança, acreditando no futuro, na possibilidade de construir uma sociedade justa, fraterna, igualitária, que é o que me dá força até hoje. É acreditar na possibilidade de se construir uma sociedade melhor, onde todos têm direito ao básico, ao fundamental. Isso é que me mantém na militância política, de novo considerando a política como um instrumento de mudança.
Pobreza
Na década de 70 eu participei das ligas camponesas na Paraíba e quando vim para São Paulo fui trabalhar nas favelas da periferia. A situação dessa população hoje não é melhor. A dimensão dos problemas atinge mais gente e a deterioração é muito maior e mais grave. Naquela época havia pobreza, problema de habitação e desemprego, não na escala atual. Hoje a situação é mais aguda.
Em campanha, em 1996
Preconceito
Sofri e ainda sofro. Até pelo fato de eu somar vários traços que levam as pessoas a ter preconceito — mulher, nordestina, de esquerda, solteira, só falta eu ser negra para completar o quadro. Para mim, a questão do preconceito se supera de várias formas. A primeira é não sendo vítima do preconceito. Ao invés de me abater, fiz disso uma bandeira de luta e uma das minhas principais tarefas, como mulher, trabalhadora, nordestina, socialista. O preconceito em relação aos diferentes me mobiliza, me põe em movimento. Não o preconceito em relação a mim, mas principalmente à mulher, que ousa fazer política neste país. E mais agora, o preconceito contra a minha idade. É um desafio que eu tenho que superar.
Casamento
Eu não me casei exatamente por causa dessa opção de vida que eu fiz. Desde muito criança eu acordei para o coletivo. Na minha família, as minhas primas se casavam muito cedo e viravam donas de casa, servindo ao marido, numa cultura muito machista, com uma filharada enorme. A vida não ia além daquilo. Eu tinha outras exigências. Eu me realizei a vida toda no coletivo e sempre que me colocava a hipótese de casamento me sentia limitada, era incompatível com a opção de vida que havia feito. Optei por aquilo que considerava melhor.
Mulher
Ainda não ocupamos o espaço ao qual temos direito. Nosso preparo ainda deixa a desejar. A disputa coloca para nós uma exigência muito maior do que para os homens. A sociedade é muito mais tolerante com os homens do que com as mulheres. A nossa formação sempre nos coloca no plano secundário em relação aos homens nos espaços do poder. Educamos meninos e meninas de modo a privilegiar o desenvolvimento da liderança no menino. A menina, não, é sempre levada ao trabalho doméstico, a ajudar a mãe, sua formação é toda orientada a ser mãe e esposa. Isso é tão forte que as mulheres reproduzem isso na sua vida como esposa, como mãe e como educadora. À medida que algumas de nós ousa, luta, paga o preço, mais e mais mulheres se animam, se interessam a entrar nessa luta. Por isso, nossa responsabilidade é muito grande.
Partido
A saída do PT foi a decisão mais difícil da minha vida. Fiquei 17 anos no PT, sou uma das fundadoras do PT, nunca fui de outro partido. Eu me formei no PT e sou devedora do PT. Mas em dado momento percebi, até por conta da minha experiência na Prefeitura de São Paulo, que algumas coisas tinham que mudar. Nós não podíamos nos manter fechados, intransigentes. Quando decidimos ir ao governo Itamar Franco, desrespeitando uma decisão do partido — porque eu dizia que se havíamos ajudado a derrubar o Collor, nós tínhamos a obrigação de ajudar o país —, minha vida no PT foi ficando insuportável. Eu fiquei um ano numa crise quase existencial. Até cheguei a pensar em sair da política e continuar no PT. Por outro lado, entendia que ainda tinha uma vida útil, muita energia, uma experiência acumulada. Também entendi que o partido não é o fim, mas o meio. Sem nenhuma crítica ao partido, mudei de casa mas não mudei de rua. Eu continuo no campo do socialismo e de esquerda. Não fiz nenhuma concessão.
Autocrítica
Na prefeitura de São Paulo, eu não governaria mais com um partido só. Governaria com o máximo de partidos no mesmo campo ou próximo ao nosso, para ter melhor condição de governar. Basicamente teria uma relação mais aberta e habilidosa com a Câmara Municipal, sem transigir nas práticas fisiológicas. E com muito mais participação da sociedade.
100 dias de governo na prefeitura de São Paulo
Hobby
Eu gosto de ler e ouvir música. Literatura em geral e textos políticos. Sou uma pessoa muito sequiosa por aprender mais, vivo numa busca permanente de aprender, me atualizar. Em geral tenho vários livros na cabeceira, ao mesmo tempo, e não consigo dormir antes de ler alguma coisa. Música clássica, fico com Mozart, Bethoven, Chopin e os clássicos da música popular brasileira. E quando estou mais livre adoro andar no Parque Ibirapuera.
Imagem
A imprensa busca o erro, o escândalo, o espetacular, aquilo que vende jornal. Temos que ter habilidade para tratar com ela. Eu falhei muito, não reservava tempo para a mídia. Isso gerou muita resistência. Eu mudaria a minha relação com a imprensa. A imprensa continua exigente. Mas hoje não sou mais a pessoa que metia medo, despreparada. A minha imagem foi se reconstruindo, foram sendo derrubados os muros que me separavam de alguns setores da sociedade.
Ao Mestre com Carinho
Já a Política, essa é feminina. Pelo menos a palavra. Uma atividade que requer habilidade, jogo de cintura, astúcia e quem sabe até uma certa leveza, para que haja abertura aos contrários, negociações etc.
O ex-presidente Lula foi muito bem-sucedido na política, sobretudo na Presidência, por toda a sua bagagem construída na vida sindical e também, no meu entendimento, por lidar bem com seu lado feminino: é um homem emotivo, carinhoso, afetivo. Não esconde e não reprime suas emoções. A dureza nas portas das fábricas e nos palanques deu lugar a uma doçura em muitos momentos no exercício do Poder.
Apesar de uma mulher na Presidência da República, algumas à frente de administrações nos estados e capitais e várias no Parlamento, a participação da mulher na vida política brasileira ainda é ínfima. Na prática, a Política continua sendo o mundo dos homens.
Dos mais doces e meigos, como um Eduardo Suplicy, cantando Bob Dylan na tribuna do Senado, aos mais prepotentes e grosseirões, como o ridículo troglodita e deputado Bolsonaro, no momento sob os holofotes da mídia depois de produzir pérolas e mais pérolas de preconceito e tacanhice contra gays, negros e outras minorias.
Neste Mês de Março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, falamos de mulheres guerrilheiras, mulheres ativistas, mulheres camponesas, mulheres educadoras, mulheres jornalistas, mulheres cientistas...
E hoje encerro essa série lembrando de uma mulher, que beirando os 80 anos, ainda continua guerreira política, enfrentando bravamente preconceitos por ser mulher, nordestina, solteira, de esquerda, de origem humilde: Luiza Erundina.
As más línguas, inclusive na blogosfera dita progressista, difundem que São Paulo é uma cidade preconceituosa e hostil a nordestinos.
Nada mais falacioso. Há bolsões de preconceito, claro. Como os há no Rio de Janeiro, no Nordeste, em Paris, em toda a parte onde houver seres humanos ignorantes.
São Paulo é cosmopolita, multicultural. Aqui vive pacificamente gente do mundo inteiro: italianos, japoneses, alemães, portugueses, espanhois, árabes, judeus, africanos de várias origens, coreanos, bolivianos, chineses, indianos... E brasileiros de toda a parte. Principalmente nordestinos.
Assim como o pernambucano e retirante Lula da Silva, a paraibana Luiza Erundina brilhou para o mundo da política a partir da cidade de São Paulo, que abriu as portas e o coração para ambos.
Abaixo publico trechos selecionados de matéria sobre a bela história de vida da deputada federal por São Paulo, Luiza Erundina.
Uma mulher em movimento
Luiza Erundina é destacada como uma das 100 mulheres do século XX
Mulher, nordestina, migrante, solteira, socialista, ex-prefeita da cidade de São Paulo. Não é à toa que Luiza Erundina figura entre as mulheres que revolucionaram o século 20. A revista IstoÉ Gente a coloca em destaque como uma das 100 mulheres do século, na área de Política, ao lado de Margareth Tatcher, Hillary Clinton, Evita Perón, Indira Gandhi, Bertha Lutz. Erundina sabe como poucas a força do preconceito e da pobreza. Mas não fez deles um sentimento de lamúria. Pelo contrário. O preconceito em relação aos diferentes a mobiliza, a põe em movimento. Sua trajetória é de luta. Ela saiu do sertão da Paraíba e veio para São Paulo, no auge da ditadura militar, em 1971. Dá aulas, presta concurso público e é nomeada assistente social da Prefeitura. Vai trabalhar nas favelas da periferia da cidade, onde reencontra, em situação de pobreza, o povo nordestino. Trabalha para conscientizar a população e ajudá-la a se organizar. “Eu me sinto uma educadora. Isso imprime uma marca própria naquilo que eu faço”, afirma Luiza Erundina.
Em 1979, é eleita presidente da Associação Profissional das Assistentes Sociais de São Paulo e recebe convite do metalúrgico Lula para fundar o Partido dos Trabalhadores. Em 1982, elege-se vereadora pelo PT em São Paulo, com 26 mil votos. Em 1986, é eleita deputada estadual, com 35 mil votos. No dia 16 de novembro de 1988, o país fica sabendo que São Paulo, uma das quatro maiores cidade do mundo, tem pela primeira vez na história uma prefeita eleita, com 1.534.547 votos, vencendo todos os prognósticos. Nesse bate-papo com os editores da Ao Mestre com Carinho, colhemos as palavras definidoras de Luiza Erundina pela própria Luiza Erundina.
Herança materna
Nasci em 30 de novembro de 1934, numa casa pobre do sertão semi-árido da Paraíba, no Nordeste brasileiro, na periferia do povoado de Belém do Rio do Peixe, mais tarde cidade de Uiraúna, que significa pássaro negro em tupi-guarani. Meu pai, Antônio Evangelista de Souza, o mestre Tonheiro, era artesão além de trabalhador no campo. Fabricava selas e arreios de couro, para cavalo. Menina ainda, eu ajudava meu pai no manejo do couro. Minha mãe, dona Enedina, era a fortaleza, que dava estrutura à família tão numerosa e pobre. Ela vendia café e bolo na feira local. Tive 9 irmãos.
Aos 10 anos mudei-me para Patos, para a casa de minha tia, para terminar o primário e fazer o ginásio. Para que meus irmãos também pudessem estudar, aos 14 anos fui trabalhar como balconista em um armazém e como professora no Colégio das Irmãs de Caridade. Lecionei em Campina Grande, em escola de religiosas, onde liderava um coral. Em 1958, aos 24 anos, fui secretária municipal de educação em Campina Grande, interinamente. Tinha pretensões de fazer medicina, mas suspendi os estudos por 9 anos. Quando fui fazer faculdade já tinha outro apelo que me sugeria fazer Serviço Social. Fiz mestrado em Ciências Sociais na Fundação Escola de Sociologia e Política, de São Paulo. Retornei a João Pessoa para lecionar na universidade. Em 1971, voltei para São Paulo.
Política
Toda minha prática na política tem uma tônica pedagógica, devido à minha formação e porque entendo que a política é um instrumento de educação e organização política do povo. A política veio em decorrência da minha militância sindical e profissional. Portanto, o modo de ser vereadora, deputada, prefeita, tem sempre uma marca decorrente da minha formação educacional, da minha vocação de educadora. Eu me sinto uma educadora. Isso imprime uma marca própria naquilo que eu faço.
Determinação
Foi muito por causa da minha origem pobre, em que a gente é submetida a situações de injustiça, tendo de migrar por causa da seca. A gente, ainda muito pequena, percebia que havia diferença entre pessoas que tinham uma melhor condição, que não precisavam fugir da seca, e outras, como nós, que precisavam migrar para algum lugar desse país. O que é lamentável é que a situação não mudou. Tomei consciência e me determinei, me senti chamada a lutar para mudar aquilo lá.
Igreja
Fui uma das pessoas que se beneficiou da formação da Igreja Católica numa perspectiva de encarnar o evangelho e ver a fé muito ligada à participação social e de mudar aquilo que precisava ser mudado. Eu vi que o estudo era o instrumento que eu precisava para dar a minha contribuição para mudar a realidade na qual eu nasci. Aí eu me dediquei.
Palavra
Luta. Busca de uma perspectiva de esperança, acreditando no futuro, na possibilidade de construir uma sociedade justa, fraterna, igualitária, que é o que me dá força até hoje. É acreditar na possibilidade de se construir uma sociedade melhor, onde todos têm direito ao básico, ao fundamental. Isso é que me mantém na militância política, de novo considerando a política como um instrumento de mudança.
Pobreza
Na década de 70 eu participei das ligas camponesas na Paraíba e quando vim para São Paulo fui trabalhar nas favelas da periferia. A situação dessa população hoje não é melhor. A dimensão dos problemas atinge mais gente e a deterioração é muito maior e mais grave. Naquela época havia pobreza, problema de habitação e desemprego, não na escala atual. Hoje a situação é mais aguda.
Em campanha, em 1996
Preconceito
Sofri e ainda sofro. Até pelo fato de eu somar vários traços que levam as pessoas a ter preconceito — mulher, nordestina, de esquerda, solteira, só falta eu ser negra para completar o quadro. Para mim, a questão do preconceito se supera de várias formas. A primeira é não sendo vítima do preconceito. Ao invés de me abater, fiz disso uma bandeira de luta e uma das minhas principais tarefas, como mulher, trabalhadora, nordestina, socialista. O preconceito em relação aos diferentes me mobiliza, me põe em movimento. Não o preconceito em relação a mim, mas principalmente à mulher, que ousa fazer política neste país. E mais agora, o preconceito contra a minha idade. É um desafio que eu tenho que superar.
Casamento
Eu não me casei exatamente por causa dessa opção de vida que eu fiz. Desde muito criança eu acordei para o coletivo. Na minha família, as minhas primas se casavam muito cedo e viravam donas de casa, servindo ao marido, numa cultura muito machista, com uma filharada enorme. A vida não ia além daquilo. Eu tinha outras exigências. Eu me realizei a vida toda no coletivo e sempre que me colocava a hipótese de casamento me sentia limitada, era incompatível com a opção de vida que havia feito. Optei por aquilo que considerava melhor.
Mulher
Ainda não ocupamos o espaço ao qual temos direito. Nosso preparo ainda deixa a desejar. A disputa coloca para nós uma exigência muito maior do que para os homens. A sociedade é muito mais tolerante com os homens do que com as mulheres. A nossa formação sempre nos coloca no plano secundário em relação aos homens nos espaços do poder. Educamos meninos e meninas de modo a privilegiar o desenvolvimento da liderança no menino. A menina, não, é sempre levada ao trabalho doméstico, a ajudar a mãe, sua formação é toda orientada a ser mãe e esposa. Isso é tão forte que as mulheres reproduzem isso na sua vida como esposa, como mãe e como educadora. À medida que algumas de nós ousa, luta, paga o preço, mais e mais mulheres se animam, se interessam a entrar nessa luta. Por isso, nossa responsabilidade é muito grande.
Partido
A saída do PT foi a decisão mais difícil da minha vida. Fiquei 17 anos no PT, sou uma das fundadoras do PT, nunca fui de outro partido. Eu me formei no PT e sou devedora do PT. Mas em dado momento percebi, até por conta da minha experiência na Prefeitura de São Paulo, que algumas coisas tinham que mudar. Nós não podíamos nos manter fechados, intransigentes. Quando decidimos ir ao governo Itamar Franco, desrespeitando uma decisão do partido — porque eu dizia que se havíamos ajudado a derrubar o Collor, nós tínhamos a obrigação de ajudar o país —, minha vida no PT foi ficando insuportável. Eu fiquei um ano numa crise quase existencial. Até cheguei a pensar em sair da política e continuar no PT. Por outro lado, entendia que ainda tinha uma vida útil, muita energia, uma experiência acumulada. Também entendi que o partido não é o fim, mas o meio. Sem nenhuma crítica ao partido, mudei de casa mas não mudei de rua. Eu continuo no campo do socialismo e de esquerda. Não fiz nenhuma concessão.
Autocrítica
Na prefeitura de São Paulo, eu não governaria mais com um partido só. Governaria com o máximo de partidos no mesmo campo ou próximo ao nosso, para ter melhor condição de governar. Basicamente teria uma relação mais aberta e habilidosa com a Câmara Municipal, sem transigir nas práticas fisiológicas. E com muito mais participação da sociedade.
100 dias de governo na prefeitura de São Paulo
Com o educador Paulo Freire,
seu Secretário de Educação
1986
1986
Hobby
Eu gosto de ler e ouvir música. Literatura em geral e textos políticos. Sou uma pessoa muito sequiosa por aprender mais, vivo numa busca permanente de aprender, me atualizar. Em geral tenho vários livros na cabeceira, ao mesmo tempo, e não consigo dormir antes de ler alguma coisa. Música clássica, fico com Mozart, Bethoven, Chopin e os clássicos da música popular brasileira. E quando estou mais livre adoro andar no Parque Ibirapuera.
Imagem
A imprensa busca o erro, o escândalo, o espetacular, aquilo que vende jornal. Temos que ter habilidade para tratar com ela. Eu falhei muito, não reservava tempo para a mídia. Isso gerou muita resistência. Eu mudaria a minha relação com a imprensa. A imprensa continua exigente. Mas hoje não sou mais a pessoa que metia medo, despreparada. A minha imagem foi se reconstruindo, foram sendo derrubados os muros que me separavam de alguns setores da sociedade.
Ao Mestre com Carinho
terça-feira, 29 de março de 2011
O empresário e o operário
Nesta singela homenagem que o ABC! faz ao cidadão brasileiro José Alencar, que descansou hoje, queremos que ele seja sempre lembrado ao lado do seu grande companheiro. Ambos, empresário e operário, numa parceria inédita, comandaram o Brasil por oito inesquecíveis anos e o elevaram a um novo patamar entre as nações.
Descansa em Paz, guerreiro.
Descansa em Paz, guerreiro.
Fotos: Ricardo Stuckert/PR
Brasileiras na ciência
O Mês da Mulher já está terminando, mas ainda dá tempo de falar sobre as Mulheres Cientistas Brasileiras e suas realizações no mundo tradicionalmente masculino da ciência.
Publico abaixo um artigo sobre a dificuldade que as cientistas brasileiras encontram para chegar a cargos de chefia em suas instituições ou mesmo conquistar igualdade salarial. Embora o brilho e a visibilidade continuem monopólio dos homens, há verdadeiras "estrelas" na ciência brasileira, como mostra a matéria seguinte.
Muitas cientistas brasileiras, poucas na chefia
Fabiana Frayssinet, da IPS
A quantidade de mulheres cientistas quase se equipara à dos homens no Brasil. Porém, na prática do laboratório ou na vida acadêmica enfrentam sutis barreiras que as impedem de ter as mesmas oportunidades de carreira ou igualdade salarial. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1993 as mulheres representavam 39% do total de pesquisadores científicos, e agora são 49%. Contudo, quando se trata de chefias de laboratórios, essa porcentagem cai para 45%, e mais ainda em cargos superiores.
“De forma geral, o número de mulheres cresce de maneira contínua na ciência brasileira”, disse à IPS Jacqueline Leta, especialista na situação de gênero na ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com dados do censo de 2008, o estudo diz que havia nos laboratórios 60.291 homens e 57.662 mulheres. Entretanto, a situação varia quando se analisa cada área, esclarece Jacqueline, que integra o Programa de Educação, Gestão e Difusão em Ciências do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.
A presença é maior nas áreas de saúde e biologia. Há casos emblemáticos como o da renomada geneticista Maiana Zats, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP). A genética é um setor onde as mulheres são maioria, segundo o CNPq, com 1.049 pesquisadoras contra 976 homens. E a presença feminina cai em áreas como pesquisa em engenharia, onde a proporção de mulheres é 4.151 para 15.203 homens.
“Ninguém escolhe uma carreira dez dias antes de prestar o vestibular”, disse Jacqueline ao atribuir essa decisão a “anos de influência cultural, do pai e da mãe, do clube, do que é divulgado na Internet e nos noticiários”, onde o avental branco e o microscópio são majoritariamente para os homens. São “complexas e diversas influências que começam por cenas remotas na infância, de meninas brincando com bonecas ou brincadeiras de costura, e homens, com videogames ou jogos de ciências”, afirmou.
A física Belita Koiller diz que a mudança deve ser cultural, com os meios de comunicação mostrando mais mulheres cientistas e estimulando a aproximação das meninas e das adolescentes aos laboratórios. “Muitas meninas que vêm em visita com suas escolas ficam fascinadas e assustadas ao mesmo tempo ao verem mulheres em um laboratório”, contou à IPS. São mitos sexistas que se desfazem em casa, mas também na escola.
Jorge Werthein, vice-presidente da Sangari Brasil, disse à IPS que mitos como o de que “as mulheres não têm cabeça para ciência” são rebatidos pelos números. A Sangari é uma empresa com sede na cidade de São Paulo que promove a ciência desde a educação primária, mediante métodos e materiais didáticos inovadores. Jorge também é diretor do Instituto Sangari, dedicado a democratizar o acesso à ciência, e destacou que o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes “mostra pouquíssima diferença no desempenho entre meninos e meninas na área de ciências”.
Jorge considera que a melhor política de inclusão “é a universalização da qualidade do ensino fundamental, para qualquer profissional de qualquer área, especialmente na de ciências”. Se dermos “condições iguais para mulheres e homens, terão oportunidades iguais. Se as meninas tiverem acesso a uma educação científica de qualidade desde a infância, poderão disputar o mercado de trabalho em melhores condições”, ressaltou.
É no mercado de trabalho e na concessão de bolsas que começam a se manifestar as diferenças de gênero mais visíveis. Jacqueline disse que, no Brasil, de cada cem pessoas com doutorado, 54 são mulheres. Porém, apenas 25% das bolsas de pós-graduação são concedidas a mulheres. Uma proporção que, por exemplo, se mantém nos cargos de direção da UFRJ, onde trabalha, embora metade dos docentes sejam mulheres.
Beatriz Silveira Barbuy, renomada astrofísica brasileira, disse à IPS que a situação melhora gradualmente, mas que as jovens cientistas ainda têm problemas de gênero para pesquisar. “As mulheres, nas ciências, são tão capazes, ou mais, quanto os homens. E todas as que conheço são excepcionais”, afirmou. No entanto, “precisam ser melhores do que os homens para serem reconhecidas”, acrescentou Beatriz, especialista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Ela reconhece que houve avanços no tema, como a licença maternidade para bolsistas de mestrado e doutorado. Entretanto, destacou a dificuldade de compatibilizar os longuíssimos horários nos laboratórios com a maternidade.
Outra renomada cientista, a física Belita Koiller, ironizou dizendo que, para superar este problema, a mulher acaba por continuar dependente da família e do marido também no laboratório. “É necessária a sensibilidade do marido para que possa assumir e compartilhar tarefas como cuidar dos filhos”, disse Belita, do Instituto de Física da UFRJ. “Precisam de uma família de alta qualidade” para aceitar seus horários, funções e viagens, acrescentou Beatriz. Como as demais entrevistadas, Jacqueline destacou que “o momento de ascensão na carreira” ainda representa uma barreira, às vezes sutil, mas real, para as cientistas. É neste momento que procedimentos de “senso comum” são substituídos por um sistema de “meritocracia” que beneficia os homens. “Existem diferenças enormes. Cargos de maior hierarquia e poder ainda estão nas mãos de pesquisadores”, afirmou Jacqueline. A maioria dos cargos de direção, coordenação de pesquisas ou concessão de bolsas está nas mãos dos homens, e “os homens acabam escolhendo homens”, completou.
As diferenças também são salariais. No Brasil, de 80% a 90% dos pesquisadores estão nas universidades, onde também são docentes, e nestas instituições a igualdade salarial é regulamentada. Porém, na prática a remuneração acaba sendo menor para as mulheres. Jacqueline atribuiu isso a dois fatores, como existência de pontuações adicionais, que aumentam os salários básicos se, por exemplo, têm cargos de comissão ou direção de unidade, majoritariamente controlados pelos homens.
São barreiras que, como os mitos sexistas, a pesquisadora considera que precisam ser derrubados também em carreiras consideradas “femininas” e com carência de homens, como as ciências da educação, nutrição e enfermagem. “Quando há homens e mulheres atuando juntos são potencializadas a criatividade, a diversidade do pensamento e da ação. Ali teremos um ganho real. Só a soma produz o progresso, e isso também na ciência”, concluiu Jacqueline.
*Este artigo integra a cobertura da IPS pelo Dia Internacional da Mulher, 8 de março, que este ano a ONU dedica ao tema “Igualdade de acesso à educação, à capacitação, à ciência e à tecnologia. Caminho para o trabalho decente para as mulheres”.
IPS/Envolverde
Ana Carolina Prado
Publico abaixo um artigo sobre a dificuldade que as cientistas brasileiras encontram para chegar a cargos de chefia em suas instituições ou mesmo conquistar igualdade salarial. Embora o brilho e a visibilidade continuem monopólio dos homens, há verdadeiras "estrelas" na ciência brasileira, como mostra a matéria seguinte.
Muitas cientistas brasileiras, poucas na chefia
Fabiana Frayssinet, da IPS
A quantidade de mulheres cientistas quase se equipara à dos homens no Brasil. Porém, na prática do laboratório ou na vida acadêmica enfrentam sutis barreiras que as impedem de ter as mesmas oportunidades de carreira ou igualdade salarial. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1993 as mulheres representavam 39% do total de pesquisadores científicos, e agora são 49%. Contudo, quando se trata de chefias de laboratórios, essa porcentagem cai para 45%, e mais ainda em cargos superiores.
“De forma geral, o número de mulheres cresce de maneira contínua na ciência brasileira”, disse à IPS Jacqueline Leta, especialista na situação de gênero na ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com dados do censo de 2008, o estudo diz que havia nos laboratórios 60.291 homens e 57.662 mulheres. Entretanto, a situação varia quando se analisa cada área, esclarece Jacqueline, que integra o Programa de Educação, Gestão e Difusão em Ciências do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.
A presença é maior nas áreas de saúde e biologia. Há casos emblemáticos como o da renomada geneticista Maiana Zats, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP). A genética é um setor onde as mulheres são maioria, segundo o CNPq, com 1.049 pesquisadoras contra 976 homens. E a presença feminina cai em áreas como pesquisa em engenharia, onde a proporção de mulheres é 4.151 para 15.203 homens.
“Ninguém escolhe uma carreira dez dias antes de prestar o vestibular”, disse Jacqueline ao atribuir essa decisão a “anos de influência cultural, do pai e da mãe, do clube, do que é divulgado na Internet e nos noticiários”, onde o avental branco e o microscópio são majoritariamente para os homens. São “complexas e diversas influências que começam por cenas remotas na infância, de meninas brincando com bonecas ou brincadeiras de costura, e homens, com videogames ou jogos de ciências”, afirmou.
A física Belita Koiller diz que a mudança deve ser cultural, com os meios de comunicação mostrando mais mulheres cientistas e estimulando a aproximação das meninas e das adolescentes aos laboratórios. “Muitas meninas que vêm em visita com suas escolas ficam fascinadas e assustadas ao mesmo tempo ao verem mulheres em um laboratório”, contou à IPS. São mitos sexistas que se desfazem em casa, mas também na escola.
Jorge Werthein, vice-presidente da Sangari Brasil, disse à IPS que mitos como o de que “as mulheres não têm cabeça para ciência” são rebatidos pelos números. A Sangari é uma empresa com sede na cidade de São Paulo que promove a ciência desde a educação primária, mediante métodos e materiais didáticos inovadores. Jorge também é diretor do Instituto Sangari, dedicado a democratizar o acesso à ciência, e destacou que o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes “mostra pouquíssima diferença no desempenho entre meninos e meninas na área de ciências”.
Jorge considera que a melhor política de inclusão “é a universalização da qualidade do ensino fundamental, para qualquer profissional de qualquer área, especialmente na de ciências”. Se dermos “condições iguais para mulheres e homens, terão oportunidades iguais. Se as meninas tiverem acesso a uma educação científica de qualidade desde a infância, poderão disputar o mercado de trabalho em melhores condições”, ressaltou.
É no mercado de trabalho e na concessão de bolsas que começam a se manifestar as diferenças de gênero mais visíveis. Jacqueline disse que, no Brasil, de cada cem pessoas com doutorado, 54 são mulheres. Porém, apenas 25% das bolsas de pós-graduação são concedidas a mulheres. Uma proporção que, por exemplo, se mantém nos cargos de direção da UFRJ, onde trabalha, embora metade dos docentes sejam mulheres.
Beatriz Silveira Barbuy, renomada astrofísica brasileira, disse à IPS que a situação melhora gradualmente, mas que as jovens cientistas ainda têm problemas de gênero para pesquisar. “As mulheres, nas ciências, são tão capazes, ou mais, quanto os homens. E todas as que conheço são excepcionais”, afirmou. No entanto, “precisam ser melhores do que os homens para serem reconhecidas”, acrescentou Beatriz, especialista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Ela reconhece que houve avanços no tema, como a licença maternidade para bolsistas de mestrado e doutorado. Entretanto, destacou a dificuldade de compatibilizar os longuíssimos horários nos laboratórios com a maternidade.
Outra renomada cientista, a física Belita Koiller, ironizou dizendo que, para superar este problema, a mulher acaba por continuar dependente da família e do marido também no laboratório. “É necessária a sensibilidade do marido para que possa assumir e compartilhar tarefas como cuidar dos filhos”, disse Belita, do Instituto de Física da UFRJ. “Precisam de uma família de alta qualidade” para aceitar seus horários, funções e viagens, acrescentou Beatriz. Como as demais entrevistadas, Jacqueline destacou que “o momento de ascensão na carreira” ainda representa uma barreira, às vezes sutil, mas real, para as cientistas. É neste momento que procedimentos de “senso comum” são substituídos por um sistema de “meritocracia” que beneficia os homens. “Existem diferenças enormes. Cargos de maior hierarquia e poder ainda estão nas mãos de pesquisadores”, afirmou Jacqueline. A maioria dos cargos de direção, coordenação de pesquisas ou concessão de bolsas está nas mãos dos homens, e “os homens acabam escolhendo homens”, completou.
As diferenças também são salariais. No Brasil, de 80% a 90% dos pesquisadores estão nas universidades, onde também são docentes, e nestas instituições a igualdade salarial é regulamentada. Porém, na prática a remuneração acaba sendo menor para as mulheres. Jacqueline atribuiu isso a dois fatores, como existência de pontuações adicionais, que aumentam os salários básicos se, por exemplo, têm cargos de comissão ou direção de unidade, majoritariamente controlados pelos homens.
São barreiras que, como os mitos sexistas, a pesquisadora considera que precisam ser derrubados também em carreiras consideradas “femininas” e com carência de homens, como as ciências da educação, nutrição e enfermagem. “Quando há homens e mulheres atuando juntos são potencializadas a criatividade, a diversidade do pensamento e da ação. Ali teremos um ganho real. Só a soma produz o progresso, e isso também na ciência”, concluiu Jacqueline.
*Este artigo integra a cobertura da IPS pelo Dia Internacional da Mulher, 8 de março, que este ano a ONU dedica ao tema “Igualdade de acesso à educação, à capacitação, à ciência e à tecnologia. Caminho para o trabalho decente para as mulheres”.
IPS/Envolverde
6 pesquisadoras brasileiras de destaque nos últimos anos
Ana Carolina Prado
Você que lê a SUPER já deve ter percebido que a maioria dos cientistas de destaque é do sexo masculino. Mas talvez a situação esteja melhorando – pelo menos no Brasil. O Ministério da Ciência e Tecnologia informou que, desde 2004, as brasileiras são maioria na conclusão de doutorados a cada ano e o Brasil é atualmente o terceiro colocado mundial na formação de doutoras (ficando atrás apenas de Portugal e Itália).
Listamos aqui 6 nomes que se destacaram nos últimos anos em várias áreas, da astronomia à genética. Elas receberam prêmios importantes e ajudaram a colocar o Brasil em um lugar de destaque na ciência mundial.
1 - Aldina Maria Prado Barral, uma médica que se diz “fiel à leishmaniose” (Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal da Bahia – UFBA)
A relação de Aldina Barral com a leishmaniose já dura mais do que muitos casamentos por aí. Ela estuda a doença, comum em países tropicais, há quase 40 anos e ganhou o Prêmio Claudia na categoria “Ciências” em 2008. Um dos maiores avanços obtidos em suas pesquisas tem a ver com o diagnóstico precoce: ela descobriu que geralmente aparece uma íngua na pessoa antes que ela desenvolva a ferida característica da doença. Descobrindo mais cedo fica mais fácil de tratar.
2 - Beatriz Leonor Silveira Barbuy, a astrônoma que desde pequena gosta de observar as estrelas (Universidade de São Paulo – USP)
A linha de pesquisa de Beatriz não é para qualquer um: ela estuda populações estelares, evolução química da galáxia, nucleossíntese e atmosferas estelares. Depois de receber um prêmio internacional dado pela UNESCO a mulheres notáveis da ciência em 2009, ela foi convidada para participar do programa do Jô Soares e falou sobre a vida na astronomia. Lá, disse que os astrônomos geralmente decidem bem cedo seguir a profissão e contou que adorava subir em árvores para observar as estrelas quando era criança.
3 – Cristina Wayne Nogueira: um elemento perigoso para o meio ambiente pode fazer bem contra radicais livres (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM)
A bioquímica gaúcha descobriu que, embora seja perigoso para o meio ambiente, o selênio (elemento obtido como subproduto da refinação do cobre) possui um papel importante no combate aos radicais livres (moléculas formadas no nosso organismo que provocam alterações patológicas, envelhecimento precoce e manchas na pele). Suas pesquisas renderam um artigo na Chemical Reviews, uma das mais importantes publicações acadêmicas de Química do mundo.
4 – Thaisa Storchi-Bergmann: atlas de galáxias e buracos negros supermassivos (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS)
A astrônoma Thaisa foi considerada a pesquisadora brasileira mais citada internacionalmente na área de Ciências Espaciais, em 2004, pela Veja. Suas descobertas ajudaram a fundamentar a teoria vigente de que há buracos negros supermassivos no núcleo da maioria das galáxias. Ela ainda criou um atlas de galáxias muito usado pela comunidade astronômica internacional.
5 – Maria Fátima Grossi de Sá: como combater insetos em plantações por meio manipulação genética (EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - e Universidade Católica de Brasília – UCB)
A biomédica Maria Fátima pesquisa meios de proteger plantações contra fungos, insetos e vírus por meio da manipulação genética. A vantagem desse método está no fato de que ele combateria apenas os animais que prejudicam a espécie, o que não acontece com inseticidas comuns. Suas descobertas renderam patentes nacionais e internacionais na área de Biotecnologia Vegetal. Ela, junto com as outras quatro primeiras cientistas da lista, recebeu o Prêmio Scopus Brasil 2010, dado pela Editora Elsevier e pela CAPES/MEC (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação) para pesquisadores de relevância no Brasil e no mundo.
6 - Rosaly Lopes (Nasa)
A astrônoma carioca, cientista planetária e especialista em Vulcanologia do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia, foi a primeira brasileira a ganhar o prêmio internacional Wings Worldquest Women of Discovery. Rosaly já esteve em quase 50 vulcões espalhados pelo mundo – e estuda outros fora dele também. Ela já descobriu mais de 71 vulcões ativos na lua Io de Júpiter, os primeiros vulcões ativos fora da Terra de que se tem confirmação.
Superinteressante
Listamos aqui 6 nomes que se destacaram nos últimos anos em várias áreas, da astronomia à genética. Elas receberam prêmios importantes e ajudaram a colocar o Brasil em um lugar de destaque na ciência mundial.
1 - Aldina Maria Prado Barral, uma médica que se diz “fiel à leishmaniose” (Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal da Bahia – UFBA)
A relação de Aldina Barral com a leishmaniose já dura mais do que muitos casamentos por aí. Ela estuda a doença, comum em países tropicais, há quase 40 anos e ganhou o Prêmio Claudia na categoria “Ciências” em 2008. Um dos maiores avanços obtidos em suas pesquisas tem a ver com o diagnóstico precoce: ela descobriu que geralmente aparece uma íngua na pessoa antes que ela desenvolva a ferida característica da doença. Descobrindo mais cedo fica mais fácil de tratar.
2 - Beatriz Leonor Silveira Barbuy, a astrônoma que desde pequena gosta de observar as estrelas (Universidade de São Paulo – USP)
A linha de pesquisa de Beatriz não é para qualquer um: ela estuda populações estelares, evolução química da galáxia, nucleossíntese e atmosferas estelares. Depois de receber um prêmio internacional dado pela UNESCO a mulheres notáveis da ciência em 2009, ela foi convidada para participar do programa do Jô Soares e falou sobre a vida na astronomia. Lá, disse que os astrônomos geralmente decidem bem cedo seguir a profissão e contou que adorava subir em árvores para observar as estrelas quando era criança.
3 – Cristina Wayne Nogueira: um elemento perigoso para o meio ambiente pode fazer bem contra radicais livres (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM)
A bioquímica gaúcha descobriu que, embora seja perigoso para o meio ambiente, o selênio (elemento obtido como subproduto da refinação do cobre) possui um papel importante no combate aos radicais livres (moléculas formadas no nosso organismo que provocam alterações patológicas, envelhecimento precoce e manchas na pele). Suas pesquisas renderam um artigo na Chemical Reviews, uma das mais importantes publicações acadêmicas de Química do mundo.
4 – Thaisa Storchi-Bergmann: atlas de galáxias e buracos negros supermassivos (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS)
A astrônoma Thaisa foi considerada a pesquisadora brasileira mais citada internacionalmente na área de Ciências Espaciais, em 2004, pela Veja. Suas descobertas ajudaram a fundamentar a teoria vigente de que há buracos negros supermassivos no núcleo da maioria das galáxias. Ela ainda criou um atlas de galáxias muito usado pela comunidade astronômica internacional.
5 – Maria Fátima Grossi de Sá: como combater insetos em plantações por meio manipulação genética (EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - e Universidade Católica de Brasília – UCB)
A biomédica Maria Fátima pesquisa meios de proteger plantações contra fungos, insetos e vírus por meio da manipulação genética. A vantagem desse método está no fato de que ele combateria apenas os animais que prejudicam a espécie, o que não acontece com inseticidas comuns. Suas descobertas renderam patentes nacionais e internacionais na área de Biotecnologia Vegetal. Ela, junto com as outras quatro primeiras cientistas da lista, recebeu o Prêmio Scopus Brasil 2010, dado pela Editora Elsevier e pela CAPES/MEC (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação) para pesquisadores de relevância no Brasil e no mundo.
6 - Rosaly Lopes (Nasa)
A astrônoma carioca, cientista planetária e especialista em Vulcanologia do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia, foi a primeira brasileira a ganhar o prêmio internacional Wings Worldquest Women of Discovery. Rosaly já esteve em quase 50 vulcões espalhados pelo mundo – e estuda outros fora dele também. Ela já descobriu mais de 71 vulcões ativos na lua Io de Júpiter, os primeiros vulcões ativos fora da Terra de que se tem confirmação.
Superinteressante
segunda-feira, 28 de março de 2011
O que move a alma ativista
Tudo vale a pena, se a alma não é pequena, disse o poeta.
Até onde pude perceber a blogosfera brasileira independente (progressista, para alguns) não deu muita importância à celebração mundial Hora do Planeta/Earth Hour, promovida no sábado pela ong WWF International, que mobilizou mais de um bilhão de pessoas em milhares de cidades pelo mundo.
Durante 60 minutos a iluminação de casas, prédios públicos, estabelecimentos comerciais, empresas e monumentos foi apagada total ou parcialmente, para chamar a atenção da humanidade sobre a gravidade das mudanças climáticas vividas no planeta já há muitos anos, provocando inclusive milhares de vítimas em terremotos, tsunamis, furacões, chuvas torrenciais e outras catástrofes.
Criticada por um colega blogueiro por dar força ao "engodo" do aquecimento global, justifiquei minha adesão ao movimento pela solidariedade ao planeta e aos milhões que sofrem ou sofreram perdas irreparáveis.
Interesses escusos, manipulações de informação e outras mazelas do gênero continuarão existindo, enquanto o ser humano não crescer por dentro, não subir alguns degraus na evolução e não substituir o TER pelo SER. Mas entendo que a existência de mazelas não devem impedir a adesão de qualquer pessoa a um movimento que celebra a defesa da vida, da natureza em toda a sua diversidade e do planeta.
Eu que aqui falo tanto em cidadania ativa. Eu que me apresento aqui no perfil ao lado como adepta do ativismo amplo. Não consigo ver algo positivo na neutralidade, na negação, na não-participação, no não-fazer, no silêncio. No caso desta mobilização mundial pelo bem-estar da Terra.
Ações afirmativas, ainda que ingênuas ou românticas, ainda que eventualmente equivocadas, são o alimento para a alma do verdadeiro ativista. E podem ter pelo menos o poder de chamar a atenção para uma causa justa. E esta, além de justa, é urgente.
Milhões de páginas, bilhões de palavras são diariamente escritas a favor da vida, do amor, da natureza, da democracia... Mas atitudes concretas, ainda que simbólicas, ainda que restritas a um intervalo mínimo de sessenta minutos, mas que poderão ser multiplicadas, reproduzidas exponencialmente nos próximos anos (depende de nós), nos nossos anônimos cotidianos, nas nossas pequenas vidas diárias, não poderão acarretar mudanças significativas no nível global?
Eu que já declarei aqui meu amor aos animais, sei que não "resolve" nada parar o carro, descer, por um pouco de ração na calçada para um cão abandonado. E também não "resolve" nada adotar o cãozinho da rua em vez de comprar um de raça. E continua não "resolvendo" nada se tornar vegetariano. Há muitos interesses inconfessáveis por trás desta questão também. Os animais não deixarão de sofrer no mundo. Não deixarão de ser maltratados, cruelmente assassinados, ferozmente barbarizados de todas as formas. Inclusive nas grandes fazendas de criação e matadouros. Mas a omissão, o virar o rosto, o dar de ombros, o ignorar representariam uma contribuição maior à causa animal?
Solidariedade, compaixão. É disto que se trata. É isto o que move, o que alimenta, muitas vezes, uma alma ativista.
A seguir reproduzo um artigo do teólogo e ambientalista Leonardo Boff que fala destas qualidades humanas.
Compaixão: a mais humana das virtudes
Leonardo Boff*
Três cenas aterradoras: o terremoto no Japão, seguido de um devastador tsunami, o vazamento deletério de gases radioativos de usinas nucleares afetadas e os deslizamentos destruidores, ocorridos nas cidades serranas do Rio de Janeiro, provocaram em nós, com certeza, duas atitudes: compaixão e solidariedade.
Primeiro, irrompe a compaixão. A compaixão talvez seja, entre as virtudes humanas, a mais humana de todas, porque não só nos abre ao outro, como expressão de amor dolorido, mas ao outro mais vitimado e mortificado. Pouco importam a ideologia, a religião, o status social e cultural das pessoas. A compaixão anula estas diferenças e faz estender as mãos às vítimas. Ficarmos cinicamente indiferentes mostra suprema desumanidade, que nos transforma em inimigos de nossa própria humanidade. Diante da desgraça do outro não há como não sermos os samaritanos compassivos da parábola bíblica.
A compaixão implica assumir a paixão do outro. É transladar-se ao lugar do outro para estar junto dele, para sofrer com ele, para chorar com ele, para sentir com ele o coração despedaçado. Talvez não tenhamos nada a lhe dar e até as palavras nos morram na garganta. Mas o importante é estar aí junto dele e jamais permitir que sofra sozinho.
Mesmo que estejamos a milhares de quilômetros de distância de nossos irmãos e irmãs japoneses ou perto de nossos vizinhos das cidades serranas cariocas, o padecimento deles é o nosso padecimento, o seu desespero é o nosso desespero, os gritos lancinantes que lançam ao céu, perguntando, “por que, meu Deus, por que?” são nossos gritos lancinantes. E partilhamos da mesma dor de não recebermos nenhuma explicação razoável. E mesmo que existisse, ela não desfaria a devastação, não reergueria as casas destruídas nem ressuscitaria os entes queridos mortos, especialmente as crianças inocentes.
A compaixão tem algo de singular: ela não exige nenhuma reflexão prévia, nem argumento que a fundamente. Ela simplesmente se nos impõe porque somos essencialmente seres compassivos. A compaixão refuta por si mesma a noção do biólogo Richard Dawkins do “gene egoísta”. Ou o pressuposto de Charles Darwin de que a competição e o triunfo do mais forte regeriam a dinâmica da evolução. Ao contrário, não existem genes solitários, mas todos são inter-retro-conectados e nós humanos somos enredados em teias incontáveis de relações que nos fazem seres de cooperação e de solidariedade.
Mais e mais cientistas vindos da mecânica quântica, da astrofísica e da bioantropologia sustentam a tese de que a lei suprema do processo cosmogênico é o entrelaçamento de todos com todos e não a competição que exclui. O sutil equilíbrio da Terra, tido como um superorganismo que se autoregula, requer a cooperação de um sem número de fatores que interagem entre si, com as energias do universo, com a atmosfera, com a biosfera e com o próprio sistema-Terra. Esta cooperação é responsável por seu equilíbrio, agora perturbado pela excessiva pressão que a nossa sociedade consumista e esbanjadora faz sobre todos os ecossistemas e que se manifesta pela crise ecológica generalizada.
Na compaixão se dá o encontro de todas as religiões, do Oriente e do Ocidente, de todas as éticas, de todas as filosofias e de todas as culturas. No centro está a dignidade e a autoridade dos que sofrem, provocando em nós a compaixão ativa.
A segunda atitude, afim à compaixão, é a solidariedade. Ela obedece à mesma lógica da compaixão. Vamos ao encontro do outro para salvar-lhe a vida, trazer-lhe água, alimentos, agasalho e especialmente o calor humano. Sabemos pela antropogênese que nos fizemos humanos quando superamos a fase da busca individual dos meios de subsistência e começamos a buscá-los coletivamente e a distribuí-los cooperativamente entre todos. O que nos humanizou ontem, nos humanizará ainda hoje. Por isso é tão comovedor assistir como tantos e tantas se mobilizam, de todas as partes, para ajudar as vítimas e pela solidariedade dar-lhes o que precisam e sobretudo a esperança de que, apesar da desgraça, ainda vale a pena viver.
*Leonardo Boff é autor do livro O princípio compaixão e cuidado, Vozes, 2009.
Envolverde
Até onde pude perceber a blogosfera brasileira independente (progressista, para alguns) não deu muita importância à celebração mundial Hora do Planeta/Earth Hour, promovida no sábado pela ong WWF International, que mobilizou mais de um bilhão de pessoas em milhares de cidades pelo mundo.
Durante 60 minutos a iluminação de casas, prédios públicos, estabelecimentos comerciais, empresas e monumentos foi apagada total ou parcialmente, para chamar a atenção da humanidade sobre a gravidade das mudanças climáticas vividas no planeta já há muitos anos, provocando inclusive milhares de vítimas em terremotos, tsunamis, furacões, chuvas torrenciais e outras catástrofes.
Criticada por um colega blogueiro por dar força ao "engodo" do aquecimento global, justifiquei minha adesão ao movimento pela solidariedade ao planeta e aos milhões que sofrem ou sofreram perdas irreparáveis.
Interesses escusos, manipulações de informação e outras mazelas do gênero continuarão existindo, enquanto o ser humano não crescer por dentro, não subir alguns degraus na evolução e não substituir o TER pelo SER. Mas entendo que a existência de mazelas não devem impedir a adesão de qualquer pessoa a um movimento que celebra a defesa da vida, da natureza em toda a sua diversidade e do planeta.
Eu que aqui falo tanto em cidadania ativa. Eu que me apresento aqui no perfil ao lado como adepta do ativismo amplo. Não consigo ver algo positivo na neutralidade, na negação, na não-participação, no não-fazer, no silêncio. No caso desta mobilização mundial pelo bem-estar da Terra.
Ações afirmativas, ainda que ingênuas ou românticas, ainda que eventualmente equivocadas, são o alimento para a alma do verdadeiro ativista. E podem ter pelo menos o poder de chamar a atenção para uma causa justa. E esta, além de justa, é urgente.
Milhões de páginas, bilhões de palavras são diariamente escritas a favor da vida, do amor, da natureza, da democracia... Mas atitudes concretas, ainda que simbólicas, ainda que restritas a um intervalo mínimo de sessenta minutos, mas que poderão ser multiplicadas, reproduzidas exponencialmente nos próximos anos (depende de nós), nos nossos anônimos cotidianos, nas nossas pequenas vidas diárias, não poderão acarretar mudanças significativas no nível global?
Eu que já declarei aqui meu amor aos animais, sei que não "resolve" nada parar o carro, descer, por um pouco de ração na calçada para um cão abandonado. E também não "resolve" nada adotar o cãozinho da rua em vez de comprar um de raça. E continua não "resolvendo" nada se tornar vegetariano. Há muitos interesses inconfessáveis por trás desta questão também. Os animais não deixarão de sofrer no mundo. Não deixarão de ser maltratados, cruelmente assassinados, ferozmente barbarizados de todas as formas. Inclusive nas grandes fazendas de criação e matadouros. Mas a omissão, o virar o rosto, o dar de ombros, o ignorar representariam uma contribuição maior à causa animal?
Solidariedade, compaixão. É disto que se trata. É isto o que move, o que alimenta, muitas vezes, uma alma ativista.
A seguir reproduzo um artigo do teólogo e ambientalista Leonardo Boff que fala destas qualidades humanas.
Compaixão: a mais humana das virtudes
Leonardo Boff*
Três cenas aterradoras: o terremoto no Japão, seguido de um devastador tsunami, o vazamento deletério de gases radioativos de usinas nucleares afetadas e os deslizamentos destruidores, ocorridos nas cidades serranas do Rio de Janeiro, provocaram em nós, com certeza, duas atitudes: compaixão e solidariedade.
Primeiro, irrompe a compaixão. A compaixão talvez seja, entre as virtudes humanas, a mais humana de todas, porque não só nos abre ao outro, como expressão de amor dolorido, mas ao outro mais vitimado e mortificado. Pouco importam a ideologia, a religião, o status social e cultural das pessoas. A compaixão anula estas diferenças e faz estender as mãos às vítimas. Ficarmos cinicamente indiferentes mostra suprema desumanidade, que nos transforma em inimigos de nossa própria humanidade. Diante da desgraça do outro não há como não sermos os samaritanos compassivos da parábola bíblica.
A compaixão implica assumir a paixão do outro. É transladar-se ao lugar do outro para estar junto dele, para sofrer com ele, para chorar com ele, para sentir com ele o coração despedaçado. Talvez não tenhamos nada a lhe dar e até as palavras nos morram na garganta. Mas o importante é estar aí junto dele e jamais permitir que sofra sozinho.
Mesmo que estejamos a milhares de quilômetros de distância de nossos irmãos e irmãs japoneses ou perto de nossos vizinhos das cidades serranas cariocas, o padecimento deles é o nosso padecimento, o seu desespero é o nosso desespero, os gritos lancinantes que lançam ao céu, perguntando, “por que, meu Deus, por que?” são nossos gritos lancinantes. E partilhamos da mesma dor de não recebermos nenhuma explicação razoável. E mesmo que existisse, ela não desfaria a devastação, não reergueria as casas destruídas nem ressuscitaria os entes queridos mortos, especialmente as crianças inocentes.
A compaixão tem algo de singular: ela não exige nenhuma reflexão prévia, nem argumento que a fundamente. Ela simplesmente se nos impõe porque somos essencialmente seres compassivos. A compaixão refuta por si mesma a noção do biólogo Richard Dawkins do “gene egoísta”. Ou o pressuposto de Charles Darwin de que a competição e o triunfo do mais forte regeriam a dinâmica da evolução. Ao contrário, não existem genes solitários, mas todos são inter-retro-conectados e nós humanos somos enredados em teias incontáveis de relações que nos fazem seres de cooperação e de solidariedade.
Mais e mais cientistas vindos da mecânica quântica, da astrofísica e da bioantropologia sustentam a tese de que a lei suprema do processo cosmogênico é o entrelaçamento de todos com todos e não a competição que exclui. O sutil equilíbrio da Terra, tido como um superorganismo que se autoregula, requer a cooperação de um sem número de fatores que interagem entre si, com as energias do universo, com a atmosfera, com a biosfera e com o próprio sistema-Terra. Esta cooperação é responsável por seu equilíbrio, agora perturbado pela excessiva pressão que a nossa sociedade consumista e esbanjadora faz sobre todos os ecossistemas e que se manifesta pela crise ecológica generalizada.
Na compaixão se dá o encontro de todas as religiões, do Oriente e do Ocidente, de todas as éticas, de todas as filosofias e de todas as culturas. No centro está a dignidade e a autoridade dos que sofrem, provocando em nós a compaixão ativa.
A segunda atitude, afim à compaixão, é a solidariedade. Ela obedece à mesma lógica da compaixão. Vamos ao encontro do outro para salvar-lhe a vida, trazer-lhe água, alimentos, agasalho e especialmente o calor humano. Sabemos pela antropogênese que nos fizemos humanos quando superamos a fase da busca individual dos meios de subsistência e começamos a buscá-los coletivamente e a distribuí-los cooperativamente entre todos. O que nos humanizou ontem, nos humanizará ainda hoje. Por isso é tão comovedor assistir como tantos e tantas se mobilizam, de todas as partes, para ajudar as vítimas e pela solidariedade dar-lhes o que precisam e sobretudo a esperança de que, apesar da desgraça, ainda vale a pena viver.
*Leonardo Boff é autor do livro O princípio compaixão e cuidado, Vozes, 2009.
Envolverde
domingo, 27 de março de 2011
Hora do Planeta e Carta da Terra
Ao acompanhar ontem toda a mobilização mundial em defesa do planeta, na celebração global chamada Earth Hour/Hora do Planeta, promovida pela organização não-governamental WWF, algumas reflexões me foram despertadas, e me lembrei do documento chamado Carta da Terra, uma espécie de Declaração Universal dos "Deveres" do Homem e do Cidadão Planetário. Deveres com os demais seres e com o planeta.
Esse tema renderia vários artigos. O assunto é apaixonante. E premente. É preciso reverter a situação calamitosa, a enrascada em que nos metemos enquanto humanidade. Sempre que possível, vou tentar fomentar aqui algumas discussões sobre solidariedade, ética e cidadania planetárias.
Após ficarmos por sessenta minutos numa escuridão voluntária e planetária, é hora de acendermos as luzes da percepção e do entendimento, a partir, quem sabe, da leitura e da prática dos valores luminosos da Carta da Terra.
Esse tema renderia vários artigos. O assunto é apaixonante. E premente. É preciso reverter a situação calamitosa, a enrascada em que nos metemos enquanto humanidade. Sempre que possível, vou tentar fomentar aqui algumas discussões sobre solidariedade, ética e cidadania planetárias.
Após ficarmos por sessenta minutos numa escuridão voluntária e planetária, é hora de acendermos as luzes da percepção e do entendimento, a partir, quem sabe, da leitura e da prática dos valores luminosos da Carta da Terra.
Carta da Terra
PREÂMBULO
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.
TERRA, NOSSO LAR
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
A SITUAÇÃO GLOBAL
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
DESAFIOS FUTUROS
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.
RESPONSABILIDADE UNIVERSAL
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.
PRINCÍPIOS
Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra como um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.
TERRA, NOSSO LAR
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
A SITUAÇÃO GLOBAL
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
DESAFIOS FUTUROS
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.
RESPONSABILIDADE UNIVERSAL
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.
PRINCÍPIOS
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.- Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
- Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
- Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
- Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a
maior responsabilidade de promover o bem comum.
- Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
- Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
- Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
- Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.- Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
- Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
- Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
- Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que
causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses
organismos prejudiciais. - Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
- Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.
- Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
- Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
- Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
- Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
- Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.
- Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
- Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
- Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias
ambientais seguras. - Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
- Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
- Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.
- Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
- Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
- Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.- Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
- Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
- Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.
- Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
- Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
- Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
- Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais
atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas
conseqüências de suas atividades.
- Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
- Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
- Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da
família.
- Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
- Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
- Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu
papel essencial na criação de sociedades sustentáveis. - Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.- Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
- Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
- Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
- Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
- Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
- Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
- Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
- Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
- Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
- Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.
- Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
- Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
- Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
- Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
- Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
- Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
- Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em
massa. - Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
- Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra como um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.
Hora do Planeta no Brasil e no Mundo - Paris, Cidade Luz
Depois do 1 minuto inicial de silêncio em respeito às milhares de vítimas dos recentes desastres naturais no planeta, como o terremoto e o tsunami no Japão e as catástrofes provocadas pelas chuvas na região serrana do estado do Rio de Janeiro, mais de um bilhão de cidadãos planetários ativistas apagaram as luzes de suas casas por 60 minutos, entre 20:30 e 21:30 h, hora local. Governos e empresas também participaram do ato simbólico em defesa do planeta, deixando edifícios e monumentos no escuro por uma hora.
Entre outros monumentos e cartões postais mundiais, a Torre Eiffel teve suas luzes apagadas na Hora do Planeta 2011.
Entre outros monumentos e cartões postais mundiais, a Torre Eiffel teve suas luzes apagadas na Hora do Planeta 2011.
Hora do Planeta no Brasil e no Mundo - Nordeste e Ásia
Depois do 1 minuto inicial de silêncio em respeito às milhares de vítimas dos recentes desastres naturais no planeta, como o terremoto e o tsunami no Japão e as catástrofes provocadas pelas chuvas na região serrana do estado do Rio de Janeiro, mais de um bilhão de cidadãos planetários ativistas apagaram as luzes de suas casas por 60 minutos, entre 20:30 e 21:30 h, hora local. Governos e empresas também participaram do ato simbólico em defesa do planeta, deixando edifícios e monumentos no escuro por uma hora
Milhões de cidadãos planetários celebram a Hora do Planeta pelo mundo
A Hora do Planeta é uma iniciativa mundial da Rede WWF e seus parceiros. Indivíduos, empresas, governos e comunidades estiveram todos mobilizados para desligar suas luzes durante uma hora neste sábado, 26 de março, a partir das 20h30min, para demonstrar seu apoio a ações ambientalmente sustentáveis.
O evento se originou em Sydney, por uma parceria entre o WWF-Austrália e as empresas australianas Leo Burnett e Fairfax Media, quando 2 milhões de pessoas desligaram as luzes em uma cidade. Em 2010, a Hora do Planeta fez história como a maior ação voluntária já vista, com a participação em 128 países e territórios de todos os continentes, com destaque para algumas das maravilhas naturais e construídas pelo homem. Essa ação ambiental tornou-se uma referência mundial.
A cidade de Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, participa da Hora do Planeta apagando as luzes de seu monumento mais importante: a estátua do Padre Cícero, fundador do município. Em Juazeiro do Norte, as manifestações da Hora do Planeta foram coordenadas pela Estação Astronômica PieGise. Este ano, a Hora do Planeta coincide com as comemorações pelos cem anos de emancipação política do município.
A estátua, construída em 1969 com 27 metros de altura, atrai milhões de religiosos e turistas todos os anos para a cidade, considerada um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina.
Enquanto o monumento estava com as luzes apagadas, a Estação PieGise aproveitou a escuridão para convidar os presentes a observarem o céu, oferecendo três telescópios. “O planeta Saturno e seus anéis, estrelas e nebulosas estarão ao alcance de todos”, escreveu o responsável pela estação, Valmir Martins de Morais.
A estação também organizou uma exposição de 20 painéis com imagens captadas por telescópios e sondas espaciais. Trata-se da exposição “Paisagens Cósmicas, da Terra ao Big Bang” cedida pelo Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (USP). Os painéis mostram paisagens cósmicas, com galáxias, o sol, a lua e planetas.
Juazeiro do Norte, com cerca de 250 mil habitantes, fica no sul do estado do Ceará, na região Nordeste do Brasil, a 514 km da capital do Estado, Fortaleza, e foi uma das cidades participantes da Hora do Planeta no Brasil.
Na Índia, a Hora do Planeta quase dobrou de tamanho em relação ao esforço inédito do ano passado, com 47 cidades de 12 estados confirmadas para este evento, em comparação com 27 cidades que participaram em 2010.
“Para a Hora do Planeta 2011, eu prometo não apenas desligar as luzes mas ir além da hora”, disse a conhecida atriz de Bollywood, Vidya Balan. “Cada um de nós tem o poder de fazer a diferença. Nós só precisamos nos conscientizar disso e ser sábios em nossas escolhas. Quando cada um de nós dá passos simples, nossas ações somam no conjunto. Eu apóio a luta contra as mudanças climáticas ao adotar algumas dessas ações. É hora de vocês fazerem o mesmo.”
Balan juntou-se à ministra chefe da Índia, Smt Sheila Dikshit, e junto com elas estavam Jim Leape, diretor geral do WWF-Internacional (secretariado geral da Rede WWF) e Ravi Singh, secretário geral do WWF-Índia, para a cerimônia para desligar as luzes no Portal da Índia em Nova Delhi – embora o monumento continuasse a brilhar à luz de velas, como se os holofotes tivessem amainado. Palash Sen, vocalista da popular banda indiana Euphoria, foi a estrela de uma espetacular noite musical junto ao monumento.
Em Mumbai, as luzes foram apagadas em pontos conhecidos da cidade como a estação Chatrapati Shivaji Terminus, a ponte Bandra Worli Sea Link, o hotel ITC Maratha e o bairro Taj Lands End. O mesmo aconteceu em bairros de setores públicos e privados, onde se encontram organizações como a empresa aérea Air India e os bancos ICICI e HSBC, para mencionar apenas alguns. A cidade de Bangalore também demonstrou seu apoio à Hora do Planeta ao apagar as luzes na rua Brigade Road, no banco ING Vysya, na empresa Infosys e no hotel Crowne Plaza.
“Ao ver o enorme impacto dessa campanha extraordinária, pode-se avaliar o poder da ação individual em prol de um melhor amanhã”, disse Ravi Singh, secretário-geral do WWF-Índia.
Em Colombo, no Sri Lanka, 4 mil pessoas se reuniram fora do campo de cricket para ver a Hora do Planeta, enquanto assistiam à partida semi-final da Copa Mundial – e se alegraram com a vitória do Sri Lanka. Os fãs foram estimulados pelos magnatas da música Bathiya e Santhus.
“Fazemos um apelo aos nossos fãs para que eles juntem a sua voz a esse apelo mundial por ações de combate às mudanças climáticas e juntem-se a nós indo além da hora, para mudar nosso estilo de vida e reduzir nossa pegada ambiental, ajudando a abrir o caminho para um amanhã mais verde”.
Proibir os plásticos, adotar lâmpadas eficientes e plantar árvores no berço de Buda.
O governo do Nepal assumiu um dos maiores compromissos na Hora do Planeta para ir “além da hora” com um empreendimento para dar um basta ao corte de árvores na área de 23 mil metros quadrados de Churiya Range. Essas incríveis colinas são chave como divisor de águas para a rica paisagem de Terai Arc no sul do Nepal – uma área onde o WWF trabalha há muito tempo para melhorar as condições das pessoas e da rica vida silvestre.
As comemorações da Hora do Planeta também acontecerão no local próximo de onde nasceu o nobre Buda, em Lumbini, perto da divisa com a Índia. Os destaques desse evento incluem promessas de instalar lâmpadas fluorescentes compactas em todos os monastérios de Lumbini Gardens e plantar 108 mil árvores lá este ano (um compromisso da Hora do Planeta e do Ano Mundial das Florestas), tendo como meta final 1 milhão de árvores no espaço de 10 anos. O sítio do Patrimônio Mundial também será declarado uma zona sem plástico.
Nas comemorações de Boudhanath Stupa na capital Katmandu, o céu foi iluminado por uma logomarca da Hora do Planeta desenhada com mil velas tradicionais, feitas com manteiga, enquanto em Salil Subedi e EarthBeat a população assistiu a uma apresentação musical de percussão e de um instrumento de sopro conhecido como “didgeridoo”.
Anil Manandhar, representante do WWF-Nepal, afirmou que a “Hora do Planeta não é apenas 60 minutos de solidariedade com o meio ambiente. Este ano, a Hora do Planeta vai além da hora e marca o momento em que cada indivíduo, governo e empresa pode se comprometer com ações ambientalmente sustentáveis para o ano vindouro”.
No Paquistão, Sindh foi declarada uma Província da Hora do Planeta e o prédio da assembléia legislativa ficou às escuras, tendo Karachi liderado a lista de 15 cidades que participaram do evento.
A principal comemoração da Hora do Planeta no Paquistão foi no Túmulo de Qiad-e-Azam, onde foi sepultado Muhammad al-Jinnah e outros heróis fundadores do Paquistão. “Nosso mundo é uma aldeia global, com recursos finitos que precisam ser usados de forma a garantir o bem máximo para o maior número de pessoas” disse o presidente do Paquistão Asif Ali Zardari. O primeiro-ministro Syed Yusuf raza Gilani afirmou que o evento foi feito para mostrar ao mundo o respeito que temos pelo planeta Terra, que permite a vida da humanidade e todos os outros seres vivos.”
A figura lendária do criket paquistanês, Wasim Akram, fez a promessa de parar de usar sacolas de plástico e de aderir à reciclagem e ao reuso, bem como de utilizar sua persona pública para promover e incentivar esse mesmo comportamento em todo o Paquistão e no resto do mundo.
O Irã ficou às escuras pela primeira vez ao apagar as luzes de sua torre mais alta, a Torre Milad, em Teerã, que tem 435 metros de altura. Essa é a primeira participação oficial do país na Hora do Planeta e acontece logo depois das comemorações do 40º aniversário da adesão do país ao primeiro acordo ambiental mundial – a convenção internacional Ramsar, para a proteção de áreas úmidas que são essenciais para as aves migratórias.
A rivalidade foi deixada de lado no Casaquistão, quando a capital Astana e a maior cidade do país, Almaty, foram as primeiras de uma lista de 86 cidades em 10 províncias que participaram da Hora do Planeta nesta república da Ásia Central. O presidente Nursultan Nazarbayez e o primeiro-ministro Karim Massimov, juntamente com os ministros da Proteção Ambiental, Energia e Recursos Minerais, e ainda o da Comunicação e Informação, deram seu apoio a essa iniciativa mundial.
A recém concluída Torre do Califa — Burj Kalifa – em Dubai, com 828 metros de altura, é o edifício mais alto do mundo. Ao desligar cerca de meio milhão de lâmpadas, a Burj Kalifa ficou no topo da lista em que aparecem vários dos prédios mais altos do mundo que ficaram às escuras durante a Hora do Planeta. Seis dos 10 edifícios mais altos do mundo se cadastraram para participar do evento: o Taipei 101 em Taiwan, com 508 metros, é o segundo edifício mais alto do mundo; o centro financeiro World Financial Center de Xangai vem em terceiro lugar, com 492 metros; as torres Petronas em Kuala Lumpur, na Malásia, ficam em 5º e 6º lugar e medem 492 metros; e a torre Willis em Chicago, nos Estados Unidos, com 442 metros, fica em 8º lugar.
O arranha-céu mais famoso do mundo, o Empire State Building em Nova Iorque, com 381 metros de altura, ocupou o primeiro lugar entre os mais altos durante 40 anos (1931-1971), mas agora está no 17º lugar. No entanto, pela terceira vez este ano esse edifício faz uma declaração em prol do meio ambiente.
Burj Kalifa lidera ainda uma impressionante lista de pontos turísticos dos Emirados Árabes Unidos que ficaram no escuro. Entre eles estão a Grande Mesquita do Sheik Zayed, o Palácio dos Emirados, pontes e praias de Abu Dhabi e vários pontos conhecidos de Dubai, o símbolo da cidade, que é a Torre Árabe, Burj al Arab.
A Hora do Planeta nos Emirados Árabes Unidos também vai bem além da hora. Em Dubai, com o patrocínio do príncipe herdeiro Sua Alteza Sheikh Hamdan bin Mohammed bin Rashid al Maktoum. Uma iniciativa incomum são as lixeiras movidas a energia solar colocadas nas vias públicas para a Hora do Planeta.
O número recorde de participantes dos Emirados Árabes Unidos na Hora do Planeta também é inovador ao ir além da hora, compartilhando suas fotografias com os compromissos assumidos para dar continuidade a essa ação ambiental.
Em outro lugar do Golfo, o Kuwait comemorou sua data nacional e a Hora do Planeta desligando as luzes das Torres Gêmeas, que são o ponto turístico mais conhecido do país. No hotel Jeddah Hilton, na Arábia Saudita, o Forum Ambiental do Golfo, conhecido pela sigla em inglês GEF (de Gulf Environmental Forum), fez uma parceria com a organização Trees for the Future (árvores para o futuro) para garantir o plantio de 50 árvores no Haiti para cada palestrante no evento.
A participação entusiasmada da Jordânia ficou marcada pelo apagar das luzes na Jabal al-Qal’a, a cidadela que ocupa um sítio utilizado desde a Idade Neolítica, bem como em muitos outros edifícios e empresas dos quais se avista a capital Amã. O deserto também ficou no escuro quando foram desligados os holofotes que iluminam a enorme fortaleza de Saladino, construída no século 12, em Aljoun.
O Hotel Intercontinental de Amã também estará na liderança de um programa de software ambiental mundial chamado de Pacote Verde, que orienta a redução de desperdício e de uso energético, baseado na comparação do desempenho e no destaque às melhores práticas em hotéis similares. As primeiras experiências mostraram que a economia potencial chega a 25% e que o sistema permite que os hóspedes contribuam com sugestões de tecnologias e práticas mais verdes.
Na cidade antiga de Baku, às margens do Mar Cáspio, o símbolo mais conhecido do Azerbaijão, país que está nesse evento pela primeira vez, a Torre da Donzela – que faz parte do Patrimônio Mundial - participou da Hora do Planeta.
Israel marcou sua presença pela quarta vez na Hora do Planeta ainda na quinta-feira, 24 de março, para evitar conflitos com a comemoração do Shabbat (sábado é o dia sagrado na religião judaica). Centenas de estudantes de Tel Aviv se familiarizaram com a natureza no ambiente urbano, sendo que os escoteiros iniciaram um programa de educação ambiental e promoções para os jardins comunitários. O maior evento no país foi um concerto a energia verde, onde as principais bandas israelenses funcionaram a baterias movidas por bicletas fixas e um gerador a biodiesel.
Milhões de cidadãos planetários celebram a Hora do Planeta pelo mundo
A Hora do Planeta é uma iniciativa mundial da Rede WWF e seus parceiros. Indivíduos, empresas, governos e comunidades estiveram todos mobilizados para desligar suas luzes durante uma hora neste sábado, 26 de março, a partir das 20h30min, para demonstrar seu apoio a ações ambientalmente sustentáveis.
O evento se originou em Sydney, por uma parceria entre o WWF-Austrália e as empresas australianas Leo Burnett e Fairfax Media, quando 2 milhões de pessoas desligaram as luzes em uma cidade. Em 2010, a Hora do Planeta fez história como a maior ação voluntária já vista, com a participação em 128 países e territórios de todos os continentes, com destaque para algumas das maravilhas naturais e construídas pelo homem. Essa ação ambiental tornou-se uma referência mundial.
Juazeiro do Norte apaga as luzes para ver um mundo melhor e cheio de estrelas
A cidade de Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, participa da Hora do Planeta apagando as luzes de seu monumento mais importante: a estátua do Padre Cícero, fundador do município. Em Juazeiro do Norte, as manifestações da Hora do Planeta foram coordenadas pela Estação Astronômica PieGise. Este ano, a Hora do Planeta coincide com as comemorações pelos cem anos de emancipação política do município.
A estátua, construída em 1969 com 27 metros de altura, atrai milhões de religiosos e turistas todos os anos para a cidade, considerada um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina.
Enquanto o monumento estava com as luzes apagadas, a Estação PieGise aproveitou a escuridão para convidar os presentes a observarem o céu, oferecendo três telescópios. “O planeta Saturno e seus anéis, estrelas e nebulosas estarão ao alcance de todos”, escreveu o responsável pela estação, Valmir Martins de Morais.
A estação também organizou uma exposição de 20 painéis com imagens captadas por telescópios e sondas espaciais. Trata-se da exposição “Paisagens Cósmicas, da Terra ao Big Bang” cedida pelo Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (USP). Os painéis mostram paisagens cósmicas, com galáxias, o sol, a lua e planetas.
Juazeiro do Norte, com cerca de 250 mil habitantes, fica no sul do estado do Ceará, na região Nordeste do Brasil, a 514 km da capital do Estado, Fortaleza, e foi uma das cidades participantes da Hora do Planeta no Brasil.
Hora do Planeta no mundo
Na Índia, a Hora do Planeta quase dobrou de tamanho em relação ao esforço inédito do ano passado, com 47 cidades de 12 estados confirmadas para este evento, em comparação com 27 cidades que participaram em 2010.
“Para a Hora do Planeta 2011, eu prometo não apenas desligar as luzes mas ir além da hora”, disse a conhecida atriz de Bollywood, Vidya Balan. “Cada um de nós tem o poder de fazer a diferença. Nós só precisamos nos conscientizar disso e ser sábios em nossas escolhas. Quando cada um de nós dá passos simples, nossas ações somam no conjunto. Eu apóio a luta contra as mudanças climáticas ao adotar algumas dessas ações. É hora de vocês fazerem o mesmo.”
Balan juntou-se à ministra chefe da Índia, Smt Sheila Dikshit, e junto com elas estavam Jim Leape, diretor geral do WWF-Internacional (secretariado geral da Rede WWF) e Ravi Singh, secretário geral do WWF-Índia, para a cerimônia para desligar as luzes no Portal da Índia em Nova Delhi – embora o monumento continuasse a brilhar à luz de velas, como se os holofotes tivessem amainado. Palash Sen, vocalista da popular banda indiana Euphoria, foi a estrela de uma espetacular noite musical junto ao monumento.
Em Mumbai, as luzes foram apagadas em pontos conhecidos da cidade como a estação Chatrapati Shivaji Terminus, a ponte Bandra Worli Sea Link, o hotel ITC Maratha e o bairro Taj Lands End. O mesmo aconteceu em bairros de setores públicos e privados, onde se encontram organizações como a empresa aérea Air India e os bancos ICICI e HSBC, para mencionar apenas alguns. A cidade de Bangalore também demonstrou seu apoio à Hora do Planeta ao apagar as luzes na rua Brigade Road, no banco ING Vysya, na empresa Infosys e no hotel Crowne Plaza.
“Ao ver o enorme impacto dessa campanha extraordinária, pode-se avaliar o poder da ação individual em prol de um melhor amanhã”, disse Ravi Singh, secretário-geral do WWF-Índia.
Em Colombo, no Sri Lanka, 4 mil pessoas se reuniram fora do campo de cricket para ver a Hora do Planeta, enquanto assistiam à partida semi-final da Copa Mundial – e se alegraram com a vitória do Sri Lanka. Os fãs foram estimulados pelos magnatas da música Bathiya e Santhus.
“Fazemos um apelo aos nossos fãs para que eles juntem a sua voz a esse apelo mundial por ações de combate às mudanças climáticas e juntem-se a nós indo além da hora, para mudar nosso estilo de vida e reduzir nossa pegada ambiental, ajudando a abrir o caminho para um amanhã mais verde”.
Proibir os plásticos, adotar lâmpadas eficientes e plantar árvores no berço de Buda.
O governo do Nepal assumiu um dos maiores compromissos na Hora do Planeta para ir “além da hora” com um empreendimento para dar um basta ao corte de árvores na área de 23 mil metros quadrados de Churiya Range. Essas incríveis colinas são chave como divisor de águas para a rica paisagem de Terai Arc no sul do Nepal – uma área onde o WWF trabalha há muito tempo para melhorar as condições das pessoas e da rica vida silvestre.
As comemorações da Hora do Planeta também acontecerão no local próximo de onde nasceu o nobre Buda, em Lumbini, perto da divisa com a Índia. Os destaques desse evento incluem promessas de instalar lâmpadas fluorescentes compactas em todos os monastérios de Lumbini Gardens e plantar 108 mil árvores lá este ano (um compromisso da Hora do Planeta e do Ano Mundial das Florestas), tendo como meta final 1 milhão de árvores no espaço de 10 anos. O sítio do Patrimônio Mundial também será declarado uma zona sem plástico.
Nas comemorações de Boudhanath Stupa na capital Katmandu, o céu foi iluminado por uma logomarca da Hora do Planeta desenhada com mil velas tradicionais, feitas com manteiga, enquanto em Salil Subedi e EarthBeat a população assistiu a uma apresentação musical de percussão e de um instrumento de sopro conhecido como “didgeridoo”.
Anil Manandhar, representante do WWF-Nepal, afirmou que a “Hora do Planeta não é apenas 60 minutos de solidariedade com o meio ambiente. Este ano, a Hora do Planeta vai além da hora e marca o momento em que cada indivíduo, governo e empresa pode se comprometer com ações ambientalmente sustentáveis para o ano vindouro”.
Mantenham a vida, pede o primeiro-ministro do Paquistão
No Paquistão, Sindh foi declarada uma Província da Hora do Planeta e o prédio da assembléia legislativa ficou às escuras, tendo Karachi liderado a lista de 15 cidades que participaram do evento.
A principal comemoração da Hora do Planeta no Paquistão foi no Túmulo de Qiad-e-Azam, onde foi sepultado Muhammad al-Jinnah e outros heróis fundadores do Paquistão. “Nosso mundo é uma aldeia global, com recursos finitos que precisam ser usados de forma a garantir o bem máximo para o maior número de pessoas” disse o presidente do Paquistão Asif Ali Zardari. O primeiro-ministro Syed Yusuf raza Gilani afirmou que o evento foi feito para mostrar ao mundo o respeito que temos pelo planeta Terra, que permite a vida da humanidade e todos os outros seres vivos.”
A figura lendária do criket paquistanês, Wasim Akram, fez a promessa de parar de usar sacolas de plástico e de aderir à reciclagem e ao reuso, bem como de utilizar sua persona pública para promover e incentivar esse mesmo comportamento em todo o Paquistão e no resto do mundo.
O Irã ficou às escuras pela primeira vez ao apagar as luzes de sua torre mais alta, a Torre Milad, em Teerã, que tem 435 metros de altura. Essa é a primeira participação oficial do país na Hora do Planeta e acontece logo depois das comemorações do 40º aniversário da adesão do país ao primeiro acordo ambiental mundial – a convenção internacional Ramsar, para a proteção de áreas úmidas que são essenciais para as aves migratórias.
A rivalidade foi deixada de lado no Casaquistão, quando a capital Astana e a maior cidade do país, Almaty, foram as primeiras de uma lista de 86 cidades em 10 províncias que participaram da Hora do Planeta nesta república da Ásia Central. O presidente Nursultan Nazarbayez e o primeiro-ministro Karim Massimov, juntamente com os ministros da Proteção Ambiental, Energia e Recursos Minerais, e ainda o da Comunicação e Informação, deram seu apoio a essa iniciativa mundial.
O edifício mais alto do mundo ficou às escuras em Dubai, com o apoio do Empire State Building
A recém concluída Torre do Califa — Burj Kalifa – em Dubai, com 828 metros de altura, é o edifício mais alto do mundo. Ao desligar cerca de meio milhão de lâmpadas, a Burj Kalifa ficou no topo da lista em que aparecem vários dos prédios mais altos do mundo que ficaram às escuras durante a Hora do Planeta. Seis dos 10 edifícios mais altos do mundo se cadastraram para participar do evento: o Taipei 101 em Taiwan, com 508 metros, é o segundo edifício mais alto do mundo; o centro financeiro World Financial Center de Xangai vem em terceiro lugar, com 492 metros; as torres Petronas em Kuala Lumpur, na Malásia, ficam em 5º e 6º lugar e medem 492 metros; e a torre Willis em Chicago, nos Estados Unidos, com 442 metros, fica em 8º lugar.
O arranha-céu mais famoso do mundo, o Empire State Building em Nova Iorque, com 381 metros de altura, ocupou o primeiro lugar entre os mais altos durante 40 anos (1931-1971), mas agora está no 17º lugar. No entanto, pela terceira vez este ano esse edifício faz uma declaração em prol do meio ambiente.
Burj Kalifa lidera ainda uma impressionante lista de pontos turísticos dos Emirados Árabes Unidos que ficaram no escuro. Entre eles estão a Grande Mesquita do Sheik Zayed, o Palácio dos Emirados, pontes e praias de Abu Dhabi e vários pontos conhecidos de Dubai, o símbolo da cidade, que é a Torre Árabe, Burj al Arab.
A Hora do Planeta nos Emirados Árabes Unidos também vai bem além da hora. Em Dubai, com o patrocínio do príncipe herdeiro Sua Alteza Sheikh Hamdan bin Mohammed bin Rashid al Maktoum. Uma iniciativa incomum são as lixeiras movidas a energia solar colocadas nas vias públicas para a Hora do Planeta.
O número recorde de participantes dos Emirados Árabes Unidos na Hora do Planeta também é inovador ao ir além da hora, compartilhando suas fotografias com os compromissos assumidos para dar continuidade a essa ação ambiental.
Em outro lugar do Golfo, o Kuwait comemorou sua data nacional e a Hora do Planeta desligando as luzes das Torres Gêmeas, que são o ponto turístico mais conhecido do país. No hotel Jeddah Hilton, na Arábia Saudita, o Forum Ambiental do Golfo, conhecido pela sigla em inglês GEF (de Gulf Environmental Forum), fez uma parceria com a organização Trees for the Future (árvores para o futuro) para garantir o plantio de 50 árvores no Haiti para cada palestrante no evento.
A participação entusiasmada da Jordânia ficou marcada pelo apagar das luzes na Jabal al-Qal’a, a cidadela que ocupa um sítio utilizado desde a Idade Neolítica, bem como em muitos outros edifícios e empresas dos quais se avista a capital Amã. O deserto também ficou no escuro quando foram desligados os holofotes que iluminam a enorme fortaleza de Saladino, construída no século 12, em Aljoun.
O Hotel Intercontinental de Amã também estará na liderança de um programa de software ambiental mundial chamado de Pacote Verde, que orienta a redução de desperdício e de uso energético, baseado na comparação do desempenho e no destaque às melhores práticas em hotéis similares. As primeiras experiências mostraram que a economia potencial chega a 25% e que o sistema permite que os hóspedes contribuam com sugestões de tecnologias e práticas mais verdes.
Na cidade antiga de Baku, às margens do Mar Cáspio, o símbolo mais conhecido do Azerbaijão, país que está nesse evento pela primeira vez, a Torre da Donzela – que faz parte do Patrimônio Mundial - participou da Hora do Planeta.
Israel marcou sua presença pela quarta vez na Hora do Planeta ainda na quinta-feira, 24 de março, para evitar conflitos com a comemoração do Shabbat (sábado é o dia sagrado na religião judaica). Centenas de estudantes de Tel Aviv se familiarizaram com a natureza no ambiente urbano, sendo que os escoteiros iniciaram um programa de educação ambiental e promoções para os jardins comunitários. O maior evento no país foi um concerto a energia verde, onde as principais bandas israelenses funcionaram a baterias movidas por bicletas fixas e um gerador a biodiesel.
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