Tradutor

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Mensalão: Carta Aberta ao Povo Brasileiro



É preocupante o efeito que holofotes, câmeras e outros dispositivos da tecnologia de comunicação podem exercer sobre os Senhores de Toga do Supremo Tribunal Federal, que mobilizam parte considerável de olhos e ouvidos da população, sobretudo os que têm acesso às imagens da TV Justiça, reproduzidas por grandes portais informativos, no chamado Julgamento do Século.

Os que babam ódio contra a esquerda, Lula e os petistas estão assanhados com a contundência do voto do relator da AP 470, ministro Joaquim Barbosa, que algumas vezes parece, mesmo, extrapolar os limites da compostura e do equilíbrio que se espera de um integrante da mais alta corte, atuando como implacável inquisidor.

Oscar Niemeyer, João Carlos Martins, Fernando Morais, Olgária Matos, Antonio Abujamra, Eric Nepomuceno, Gabriel Cohn, Laurindo Leal Filho, Luiz Pinguelli Rosa, Maria Victoria Benevides, Luiz Gonzaga Belluzzo e outros tantos artistas e intelectuais, gente que pensa o País, divulgaram ontem Carta Aberta ao Povo Brasileiro, onde pedem ao STF que defenda a legalidade e a presunção de inocência no julgamento do chamado Mensalão.






INTELECTUAIS PEDEM AO STF A DEFESA DA LEGALIDADE





Leia a Carta Aberta ao Povo Brasileiro, assinada por personalidades como Oscar Niemeyer, Fernando Morais, José de Abreu, Hildegard Angel, Antonio Grassi, Antonio Pitanga, Eugenio Staub, Hugo Carvana, Emir Sader, Emiliano José, Antonio Abujamra, Bresser Pereira, João Carlos Martins, Alceu Valença, Tisuka Yamasaki e Luís Carlos Barreto, entre outros, que defende a presunção de inocência e condena a transformação em espetáculo do julgamento da Ação Penal 470


247 – Em primeira mão, o 247 publica a Carta Aberta ao Povo Brasileiro, assinada por artistas, acadêmicos e intelectuais, que defende a legalidade, a presunção de inocência e condena a transformação em espetáculo midiático de um julgamento – no caso, a Ação Penal 470. Leia o texto assinado por artistas, empresários, acadêmicos, advogados, estudantes e intelectuais: 


CARTA ABERTA AO POVO BRASILEIRO

Desde o dia 02 de agosto o Supremo Tribunal Federal julga a ação penal 470, também conhecida como processo do mensalão. Parte da cobertura na mídia e até mesmo reações públicas que atribuem aos ministros o papel de heróis nos causam preocupação. 


Somos contra a transformação do julgamento em espetáculo, sob o risco de se exigir – e alcançar - condenações por uma falsa e forçada exemplaridade. Repudiamos o linchamento público e defendemos a presunção da inocência.


A defesa da legalidade é primordial. Nós, abaixo assinados, confiamos que os Senhores Ministros, membros do Supremo Tribunal Federal, saberão conduzir esse julgamento até o fim sob o crivo do contraditório e à luz suprema da Constituição.



Fernando Morais, jornalista e escritor
Hildegard Angel, jornalista
Luiz Carlos Barreto, produtor cinematográfico
Olgária Matos, filósofa, professora universitária Unifesp
Abelardo Blanco, cientista politico, publicitário
Adilson Monteiro Alves, sociólogo
Adriano Pilatti, professor de direito PUC/RJ
Afonso Celso Lana Leite, professor universitário UFU
Alceu Valença, músico
Alcides Nogueira, escritor
Aldimar Assis, advogado
Altamiro Borges, jornalista
Amélia Cohn, socióloga, professora Faculdade de Medicina USP
Ana Carolina Lopes, fotógrafa
Ana Corbisier, pesquisadora
Ana Fonseca, economista, professora universitária
Ana Helena Tavares, jornalista
Ana Maria dos Santos, advogada
Ana Maria Freire, escritora
André Borges, escritor e poeta
André Klotzel, cineasta
André Medalha e Almada, designer
André Tokarski, presidente da UJS - União da Juventude Socialista
Antonio Abujamra, ator
Antonio Carlos Fon, jornalista
Antonio Celso Ferreira, historiador, professor Unesp/Assis
Antonio Gilson Brigagão, jornalista e diretor teatral
Antonio Grassi, ator
Antonio Ibañez Ruiz, educador, professor universitário UNB
Antonio Pitanga, ator
Armando Freitas Filho, poeta
Arnaldo Carrilho, servidor público aposentado
Artur Henrique, sindicalista, secretário relações internacionais da CUT para as Américas
Artur Scavone, jornalista
Aton Fon Filho, advogado
Beatriz Cintra Labaki, socióloga
Beilton Freire da Rocha, médico
Benedito Prezia , antropólogo e escritor
Bernadette Figueiredo, professora
Betinho Duarte, administrador de empresa
Bruno Barreto, cineasta
Carlos Azevedo, jornalista
Carlos Duarte, advogado
Carlos Eduardo Niemeyer - Fotógrafo
Carlos Enrique Ruiz Ferreira, professor, coordenador assuntos institucionais e internacionais da UEPB
Carlos Roberto Pittoli, advogado
Carlos Walter Porto-Gonçalves, geografo, professor universitario UFF
Carlota Boto, pedagoga e professora da FEUSP
Carolina Abreu
Ceci Juruá, economista
Cecilia Boal, psicanalista
Célio Turino, historiador, gestor cultural
Celso Frateschi, ator
Celso Horta, jornalista
Cenise Monte Vicente, psicóloga, ex-diretora do UNICEF/SP
Christina Iuppen, professora
Clara Charf, militante feminista
Claudio Adão, jogador de futebol
Claudio Kahns, cineasta
Cloves dos Santos Araújo, advogado, professor universitário UNEB
Consuelo de Castro, dramaturga
Cristiane Souza de Oliveira
Daniel Tendler, cineasta
David Farias, artista plástico, escultor e pintor
Dayse Souza, psicóloga
Débora Duboc, atriz
Derlei Catarina de Lucca, professora
Domingos Fernandes, jornalista
Drauzio Gonzaga, professor universitário UFRJ
Dulce Maia de Souza, ambientalista
Dulce Pandolfi, historiadora, pesquisadora CPDOC/FGV
Edmilson José Valentim dos Santos, engenheiro
Eduardo Ebendinger, ator
Edvaldo Antonio de Almeida, jornalista
Eide Barbosa, gestora de pessoas
Eleonora Rosset, psicanalista
Emiliano José, jornalista e escritor
Emir Sader, sociólogo, professor universitário UERJ
Eneida Cintra Labaki, historiadora
Ercílio Tranjan, publicitário
Eric Nepomuceno, jornalista e escritor
Ernesto Tzirulnik, advogado
Erotildes Medeiros, jornalista
Eugenio Staub, empresário
Fabio Dutra, estudante de direito USP
Fabio Roberto Gaspar, advogado
Felipe Lindoso, produtor cultural
Fernando Nogueira da Costa, economista, professor universitário Unicamp
Fernando Sá, cientista político
Fernando Soares Campos, servidor público
Fidel Samora B.P. Diniz, músico
Flora Gil, produtora cultural
Francis Bogossian, engenheiro, Academia Nacional de Educação e Academia Nacional de Engenharia
Gabriel Cohn, sociólogo, professor USP
Gabriel Landi Fazzio, estudante de direito USP
Gabriel Pereira Mendes Azevedo Borges, estudante de direito USP
Gabriel Priolli, jornalista
Gabriela Shizue S. de Araujo, advogada
Galeano Bertoncini, cirugião dentista
Gaudêncio Frigoto, educador, professor universitário UERJ
Gegê, vice-presidente nacional da CMP - Central de Movimentos Populares
Giane Alvares Ambrósio Alvares, advogada
Gilson Caroni, sociólogo, professor universitário Faculdades Integradas Hélio Alonso/RJ
Gisela Gorovitz, empresária e advogada
Glaucia Camargos, produtora de cinema
Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista, professor da
FSP/USP
Guilherme Silva Rossi, estudante de direito USP
Heloísa Fernandes, socióloga, professora USP e ENFF
Hugo Carvana, ator e cineasta
Humberto de Carvalho Motta, estudante universitário
Ícaro C. Martins, cineasta
Idacil Amarilho, administrador
Iná Camargo, professora universitária USP
Iolanda Toshie Ide, professora universitária aposentada Unesp/Marília
Isa Grispun Ferraz, cineasta
Ivan Seixas, presidente do Condepe - Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
Ivo Rosset, empresário
Ivone Macedo Arantes, arquiteta
Ivy Farias, jornalista
Izabel de Sena, professora universitária, Sarah Lawrence College, NY
Izaias Almada, escritor
Jacy Afonso de Melo, secretário de organização da CUT Nacional
Jane Argollo, coordenadora de Ponto de Cultura
Jessie Jane Vieira, historiadora, professora da UFRJ
Jesus Chediak, jornalista
João Antonio de Moraes, sindicalista, coordenador geral da FUP - Federação Única dos
Petroleiros
João Antonio Felício, sindicalista, secretário de relações internacinais da CUT
João Carlos Martins, pianista e maestro
João Feres, cientista político
João Jorge Rodrigues dos Santos, advogado e presidente do Grupo Olodum
João Lopes de Melo
João Paulo Possa Terra, estudante de direito USP
João Pedro Stédile, presidente nacional do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
João Quartim de Morais, cientista político, professor universitário Unicamp
Jorge Ferreira, empresário
Jorge Mautner, cantor e escritor
José Antonio Fernando Ferrari, antiquário
José Arrabal, professor, jornalista e escritor
José Carlos Asbeg, cineasta
José Carlos Henrique, arquiteto
José Carlos Tórtima, advogado
José Fernando Pinto da Costa, presidente do grupo educacional Uniesp
José Ibrahim, líder sindical
José Luiz Del Roio, escritor
José Marcelo, pastor batista
Josefhina Bacariça, educadora popular em Direitos Humanos
Julia Barreto, produtora cinematográfica
Julio Cesar Senra Barros, interlocutor social
Jun Nakabayashi, cientista político
Juvandia Moreira, sindicalista, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região
Ladislau Dowbor, economista, professor universitário PUC/SP
Laio Correia Morais, estudante de direito USP
Laurindo Leal Filho, jornalista e sociólogo, professor universitário USP
Lauro Cesar Muniz, dramaturgo
Levi Bucalem Ferrari, escritor e professor de ciências políticas
Lia Ribeiro, jornalista
Lincoln Secco, historiador, professor universitário USP
Lorena Moroni Girão Barroso, servidora pública federal
Lucas Yanagizawa Paes de Almeida Nogueira Pinto, estudante de psicologia
Lucy Barreto, produtora cinematográfica
Luiz Carlos Bresser Pereira, economista, professor FGV
Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior, memorialista
Luiz Fenelon P. Barbosa, economista
Luiz Fernando Lobo, artista
Luiz Gonzaga Belluzzo, economista, professor universitário Unicamp
Luiz Pinguelli Rosa, professor da UFRJ
Maia Aguilera Franklin de Matos, estudante de direito USP
Maira Machado Frota Pinheiro, estudante de direito/USP
Malu Alves Ferreira, jornalista
Manoel Cyrillo de Oliveira Netto, publicitário
Marcelo Carvalho Ferraz, arquiteto
Marcelo Santiago, cineasta
Marcílio de Freitas, professor da UFAM
Márcio Souza, escritor
Marcionila Fernandes, professora, pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da UEPB
Marco Albertim, jornalista
Marco Antonio Marques da Silva, desembargador
Marco Aurélio Belém Purini, estudante de direito USP
Marco Aurélio de Carvalho, advogado
Marco Piva, jornalista e empresário da área de comunicações
Marcos José de Oliveira Lima Filho, doutorando em Direito da UFPB
Marcus Robson Nascimento Costa
Maria Carmelita A. C. de Gusmão, professora
Maria das Dores Nascimento, advogada
Maria do Socorro Diogenes, professora
Maria Guadalupe Garcia, socióloga
Maria Izabel Calil Stamato, psicóloga, Universidade Católica de Santos
Maria José Silveira, escritora
Maria Luiza de Carvalho, aposentada
Maria Luiza Quaresma Tonelli, professora e advogada
Maria Victoria Benevides, socióloga, professora universitária USP
Mariano de Siqueira Neto, desembargador aposentado
Marilene Correa da Silva Freitas, professora da UFAM
Marília Cintra Labaki, secretária
Marília Guimarães, escritora, Comitê Internacional de intelectuais e artistas em defesa da humanidade
Mário Cordeiro de Carvalho Junior, professor da FAF/UERJ
Marlene Alves, professora, reitora da UEPB
Marly Zavar, coreógrafa
Marta Nehring, cineasta
Marta Rubia de Rezende, economista
Martha Alencar, cineasta
Maryse Farhi, economista, professora universitária
Matheus Toledo Ribas, estudante de direito USP
Michel Chebel Labaki Jr.
Michel Haradom, empresário, presidente da FERSOL
Mirian Duailibe, empresária e educadora
Ney de Mello Almada, desembargador aposentado
Nilson Rodrigues, produtor cultural
Noeli Tejera Lisbôa, jornalista
Oscar Niemeyer, arquiteto
Otavio Augusto Oliveira de Moraes, estudante de economia PUC/SP
Otávio Facuri Sanches de Paiva, estudante de direito USP
Pablo Gentili, educador, professor universitário UERJ, FLACSO
Paula Barreto, produtora cinematográfica
Paulo Baccarin, procurador da Câmara Municipal de São Paulo
Paulo Betti, ator
Paulo Roberto Feldmann, professor universitário, USP, presidente da Sabra Consultores
Paulo Thiago, cineasta
Pedro Gabriel Lopes, estudante de direito USP
Pedro Igor Mantoan, estudante de direito USP
Pedro Rogério Moreira, jornalista
Pedro Viana Martinez, estudante de direito USP
Raul de Carvalho, pesquisador
Regina Novaes, socióloga/RJ
Regina Orsi, historiadora
Renato Afonso Gonçalves, advogado
Renato Tapajós, cineasta
René Louis de Carvalho, professor universitário UFRJ
Ricardo Gebrim, advogado
Ricardo Kotscho, jornalista
Ricardo Miranda, cineasta
Ricardo Musse, filósofo, professor USP
Ricardo Vilas, músico
Ricardo Zarattini Filho, engenheiro
Risomar Fassanaro, poetisa e jornalista
Roberto Gervitz, cineasta
Rodrigo Frateschi, advogado
Ronaldo Cramer, professor de direito PUC/RJ
Rose Nogueira, jornalista
Rubens Leão Rego, professor Unicamp
Sandra Magalhães, produtora cultural
Sebastião Velasco e Cruz, cientista político, professor universitário Unicamp
Sérgio Ferreira, médico
Sergio Amadeu da Silveira, sociólogo e professor da UFABC
Sergio Caldieri, jornalista
Sérgio Mamberti, ator
Sergio Mileto, empresário, presidente da Alampyme - Associação Latino Americana de Pequenos
Empresários
Sérgio Muniz, cineasta
Sérgio Nobre, sindicalista, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Sérgio Ricardo, cantor
Sérgio Vampre, advogado
Silvio Da Rin, cineasta
Tatiana Tiemi Akashi, estudante de direito USP
Teresinha Reis Pinto, biomédica e pedagoga Consultora UNESCO
Tereza Trautman, cineasta
Theotônio dos Santos, economista
Tizuka Yamasaki, cineasta
Tullo Vigevani, professor Unesp/Marília
Urariano Mota, escritor e jornalista
Vagner Freitas de Moraes, sindicalista, presidente nacional da CUT - Central Única dos
Trabalhadores
Valter Uzzo, advogado
Venicio Artur de Lima, jornalista e sociólogo
Vera Lúca Niemeyer
Vera Maria Chalmers, professora universitária Unicamp
Verônica Toste, professora universitária IESP/UERJ
Vitor Fernando Campos Leite, estudante de direito USP
Vitor Quarenta, estudante de direito Unesp/Franca
Vladimir Sacchetta, jornalista e produtor cultural
Wadih Damous, advogado/RJ
Walnice Nogueira Galvão, professora de literatura comparada USP
Walquikia Leão Rego, professora Unicamp
Zé de Abreu, ator


Brasil 247

*

terça-feira, 25 de setembro de 2012

"O mundo quer alimentos, não armas", diz Dilma na ONU


O discurso da presidenta Dilma Rousseff na abertura da 67a. Assembleia Geral das Nações Unidas, hoje de manhã, em Nova York, tocou em pontos dramáticos do momento atual do mundo. Do conflito no Oriente Médio e a barbárie na Síria ao aquecimento global, passando pela crise econômica internacional e as medidas de defesa dos países em desenvolvimento, a presidenta fez um pronunciamento afirmativo, algumas vezes pontuado por duros golpes nos países ricos, em especial nos Estados Unidos e no presidente Barack Obama, como quando propôs alimentos em lugar de armas e defendeu a extinção do "anacrônico" embargo econômico norte-americano a Cuba.


                               Presidenta Dilma com Ban Ki-moon, Secretário Geral da 
                               ONU, hoje, em Nova York  Foto: Roberto Stuckert Filho/PR



DILMA: "O MUNDO, EM LUGAR DE ARMAS, QUER ALIMENTOS"



Em discurso que abriu a 67ª Assembleia Geral, na sede das Nações Unidas, em Nova York, a presidente criticou as "políticas fiscais ortodoxas e expansionistas"; "Meu país tem feito a sua parte", sublinhou; Dilma também deixou claro que a posição brasileira é de repúdio ao "crescimento do preconceito islamofóbico", atacou o governo da Síria como "maior responsável" pelo caos no país, mas disse que a solução não será militar

247 - Com voz firme e ênfase nas frases, a presidente Dilma Rousseff abriu a 67ª Assembleia Geral da ONU atacando duramente as "políticas econômicas ortodoxas", de "expansionismo" das moedas estrangeiras, que promovem uma "guerra cambial" e são calcadas apenas em políticas fiscais e recessivas. Ela disse que tais procedimentos não resolverão a crise e prejudicam a situação dos países emergentes. "Meu país tem feito a sua parte", cravou, acentuando que o Brasil, com sua política econômica, retirou 40 milhões de pessoas da linha da miséria nos últimos dez anos, controlou a inflação e mantém bons níveis de emprego.

Dilma arrancou aplausos da assembleia por duas vezes. Ao criticar o que vai chamando de "crescimento do preconceito islamofóbico" no mundo e, em seguida, ao dizer que "só uma Palestina soberana atende aos interesses de Israel", sublinhando que o Brasil defende tanto o Estado israelense como o Estado palestino.

"O multilateralismo está mais forte depois da Rio+ 20", disse Dilma. Pouco antes, ela defendeu uma "reforma urgente" no Conselho de Segurança da ONU, sem, no entanto, reivindicar nominalmente a entrada do Brasil no organismo. Ao tratar de sustentabilidade, a presidente lembrou que o País tem um compromisso firmado contra o desmatamento da Amazônia.

"O Brasil continua empenhado em trabalhar com seus vizinhos por um ambiente de paz e integração social", discorreu a presidente, a respeito da América Latina. "Nossa região é um bom exemplo para o mundo", disse. "Para nós, a democracia não é um patrimônio imune a assaltos", disse ela, referindo-se veladamente ao golpe no Paraguai. "Reafirmamos nosso compromisso de manter a região longe de armas de destruição em massa", disse. Nesse ponto, a presidente não se furtou de citar Cuba como vítima de um "anacronismo", o embargo econômico do qual é alvo há muitos anos.

A presidente elogiou a organização dos Jogos Olímpicos de Londres, disse que a contagem regressiva já começou para o Rio de Janeiro e pediu para que "a chama olímpica ilumine a assembleia geral". Ela sustentou que a ONU deve ser fortalecida. Acrescentou, finalizando, que as soluções negociadas têm de ser antecipar e sobrepor às ações violentas.

Abaixo, texto do 247 sobre o discurso do presidente dos EUA, Barack Obama:

247 - O presidente dos EUA, Barack Obama, ocupou a tribuna da Assembleia Geral da ONU fazendo, na prática, um apelo pelo fim das hostilidades contra instalações do país ao redor do mundo. Ele iniciou com uma breve biografia do embaixador Cris Stevens, morto durante um ataque à embaixada americana em Bengazhi, na Líbia, duas semanas atrás. "O futuro não pode pertencer àqueles que caluniam o profeta do Islã", disse. Ele lembrou que a liberdade religiosa é garantida nos EUA, assim como a liberdade de expressão. Afirmou que o governo do país não se sente responsável pelo vídeo que foi considerado agressivo pelos muçulmanos, e provou a atual onda de ataques contra instalações americanas. "A queima de uma bandeira americana não promove a educação de uma criança. A queima de uma embaixada não cria um emprego", afirmou. Obama anunciou que os EUA manterão sanções contra a Síria, até o fim do regime do presidente Bashar Al Assad.

O presidente dos EUA, após defender o Estado de Israel, afirmou que o governo do Irã "vez após vez" falhou em provar que disse que o regime de Teerã financia grupos terroristas ao longo do mundo. "Uma corrida nuclear no Irã pode provocar a desestabilização de toda a região e tornar nulos os acordos de não proliferação de armas nucleares", pontuou, deixando claro que os Estados Unidos não temerão em agir militarmente. Ressalvou, porém, que "ainda há tempo e espaço" para uma negociação pacífica.

Obama lembrou que "Osama Bin Laden não existe mais", que os EUA e a Rússia reduziram seus arsenais nucleares e que novas parcerias foram formadas para combater a corrupção. "Tudo isso me dá esperança", disse, para ressaltar que é o povo do mundo que está atuando para melhorar a vida, "como os jovens nas favelas do Rio", citou. "Para cada pessoa zangada que aparece na tevê, há bilhões que estão unidas em um só sentimento".

Brasil 247

*

SP: As eleições e o acirramento da fascistização da cidade


O QUE ESTARÁ EM JOGO NO 1º TURNO



Quando decidi disputar minha primeira eleição aos 62 anos - idade que já terei completado no 1º turno -, levei em conta fatores: 

políticos, principalmente o imperativo de lutarmos contra o processo de fascistização em São Paulo, que tende a servir como modelo para todo o País;

pessoais, por tratar-se de uma oportunidade para furar o bloqueio macartista que a grande imprensa me impõe, como profissional e como personagem histórico; e

o caráter didático que minha campanha poderia ter, ao resgatar valores essenciais da esquerda da minha geração, hoje quase esquecidos.

Dei, p. ex., máximo destaque a algo que no passado era o óbvio ululante para revolucionários formados na tradição marxista ou anarquista: que nossa participação no Legislativo e Executivo, sob o capitalismo, tem caráter eminentemente tático, servindo para acumularmos forças e prepararmos a transição revolucionária, mas não se constituindo, jamais, num objetivo em si!

Só por ter chamado a atenção para esta postura fundamental, minha campanha terá valido a pena.

Igualmente importante está sendo a ênfase que dou à união da esquerda anticapitalista, pois hoje só conseguiremos exercer uma influência marcante no processo político se atuarmos como bloco. Seria exagero dizer que unidos venceremos, mas, com certeza, somando forças obteremos algumas vitórias, ponto de partida para sairmos da atual condição de coadjuvantes.

Desunidos, pelo contrário, perderemos todas as paradas. Rivalidades clubísticas pertencem ao universo das torcidas de futebol, não ao nosso. O que conta, para nós, é o objetivo maior de transformação da sociedade.

Neste sentido, proponho uma reflexão sobre as três candidaturas que encabeçam as pesquisas eleitorais.

Vencedor, José Serra manteria a parceria fascistizante com o governador Geraldo Opus Dei Alckmin. Seria mais do mesmo. Mais tropas de choque na USP, mais Pinheirinhos, mais pobres e doentes sendo escorraçados para favorecer os grandes empreendedores imobiliários (aqueles que financiam generosamente a campanha de quase todos os candidatos promissores do sistema).



Celso Russomanno agregaria um componente ainda mais nefasto ao processo, além dos balões de ensaio totalitários que têm marcado os sucessivos governos dos tucanos e seus aliados: a emergência de um perigosíssimo populismo de direita. É um pesadelo pensarmos no que acontecerá se as más bandeiras estiverem sendo carregadas, na periferia e nos bairros pobres, pelo exército de zumbis cegamente submissos aos pastores eletrônicos.

Os vendilhões do templo, ao menos, limitavam-se a tocar seus negócios. A versão atual vai além, vandalizando templos umbandistas, perseguindo gays, querendo impor à sociedade uma tutela moral medievalista... e hostilizando a esquerda, como fez ao chantagear a presidente Dilma Rousseff. A bancada evangélica condicionou seu apoio ao projeto de criação da Comissão da Verdade à não participação de veteranos da resistência no colegiado. Jesus Cristo e sua vara estão fazendo muita falta...

Quanto a Fernando Haddad, que os companheiros da esquerda petista reflitam friamente: pode-se dele esperar uma firme oposição à escalada autoritária ou ficará no habitual meio termo dos governos do PT no século 21? Ele é homem, p. ex., para desmontar o dispositivo de estado policial que Kassab sorrateiramente implantou, começando pela imediata exoneração dos 30 subprefeitos (num total de 31) que são oficiais da reserva da PM?

Então, repito minha exortação do 1º turno de 2010: quem vê no capitalismo o principal entrave à felicidade dos homens e a maior ameaça à sobrevivência da humanidade, tem de ser coerente, prestigiando os candidatos que assumem explicitamente posição contrária à desigualdade capitalista e favorável à transformação revolucionária: Carlos Giannazi (PSOL), Ana Luíza (PSTU) e Anaí Caproni (PCO).

Voto útil pode fazer sentido no 2º turno, para barrar uma candidatura nefasta como o foi a de José Serra e seu vice troglodita na última eleição presidencial, apoiada até pelas viúvas da ditadura.

Mas, é importante priorizarmos, no 1º turno, o crescimento da esquerda autêntica em São Paulo, até para servir como estímulo à adoção de uma postura mais combativa por parte do próprio PT - o qual, vale lembrar, ficou devendo reações bem mais contundentes às blitzkriegs da dupla Alckmin/Kassab.

Celso Lungaretti, blog Náufrago da Utopia

ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

Nova York Ao Vivo: Dilma discursa na ONU



O ABC! transmite ao vivo a abertura da 67a. Assembleia-Geral das Nações Unidas, que terá pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff.

O primeiro a falar foi Ban Ki-moon, Secretário Geral da ONU. Depois discursou Vuc Jeremic, presidente da 67a. Assembleia-Geral. 

Em seguida fala a presidenta Dilma, que repudia veementemente a violência na Síria e a "islamofobia" em países ocidentais.

Acompanhem conosco!



                                                                 






Transmissão encerrada às 11:20 h.


Pontos mais importantes abordados pela presidenta em seu discurso


* Dilma criticou a política dos países ricos no enfrentamento da crise financeira internacional. Segundo a presidenta, a ação dos países ricos provoca prejuízos aos países em desenvolvimento, com a perda de mercados.
* Dilma defendeu medidas de proteção adotadas por países como o Brasil, erroneamente classificadas como "protecionismo" pelos EUA, lembrando que a "legítima defesa comercial" é amparada pela Organização Mundial do Comércio.
* A presidenta Dilma propôs a construção de um "amplo pacto" para a retomada do crescimento global.
* Dilma condenou com veemência a violência na Síria e a "islamofobia" em países ocidentais.
* Dilma pediu a substituição das armas por alimentos, lembrando o dramático problema da fome no mundo.
* A presidenta aproveitou para mais uma vez criticar o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba, chamando-o de anacronismo, pedindo o apoio dos demais países para o fim de tal medida.
* A presidenta encerrou seu discurso lembrando da multipolaridade que o mundo vive e pedindo que todos os países trabalhem pelo fortalecimento das Nações Unidas.
oooooooooooo

SP: Russomanno é o "Collor do Século XXI"


A maior, mais rica e mais importante cidade do País não deveria se encontrar nesse estado de "indigência moral", refém de máfias de todo o tipo. A quarta metrópole do planeta não deveria estar atolada nesse pântano político-administrativo.

Mas está e somos nós, cidadãs e cidadãos, que vivemos nesta Pauliceia Desvairada, que deveremos tirá-la desse esgoto, no próximo dia 7. E sem entregá-la a "Salvador da Pátria", "Caçador de Marajás", "Cacarecos Messiânicos" ou tranqueiras afins.

Acorda, Povo de São Paulo! Está mais do que na hora de aprender a votar!

Chega de mediocridade!

Às ruas e urnas, brioso Povo de Piratininga!



Russomanno é alvo principal de ataques em debate eleitoral

Na liderança da disputa municipal, candidato do PRB é chamado de "Collor do Século XXI"

LEONARDO GUANDELINE

GUSTAVO URIBE




SÃO PAULO – Na liderança da disputa municipal, o candidato do PRB, Celso Russomanno, foi o principal alvo dos ataques em debate promovido pela TV Gazeta e pelo Portal Terra, na noite da segunda-feira. O candidato do PRB foi chamado de “Fernando Collor do século XXI” e de “subproduto da atual política” e teve as suas propostas de governo criticadas pelos seus adversários políticos. Os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PSDB, José Serra, evitaram confrontos diretos.

O candidato do PSOL, Carlos Giannazi, por exemplo, questionou o fato de Celso Russomanno ter sido do PP, partido do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, e da direção do PRB ser ligada à Igreja Universal. O candidato do PT , Fernando Haddad, também fez críticas ao adversário do PRB, sobretudo ao fato de Celso Russomanno não ter apresentado ainda proposta de governo. O ex-ministro do PT disse que “algumas questões ligadas a Celso Russomanno mereciam a atenção”.

Levy Fidélix, do PRTB, também alfinetou o candidato do PRB, dizendo que não sabia nem se ele tinha programa de governo. O candidato do PRB, que lembrou ter travado briga judicial com Paulo Maluf quando estava no PP, rebateu os ataques:

- Você deveria conhecer um pouco melhor a minha vida. Eu não era aliado de Paulo Maluf, briguei com ele judicialmente. Por falta de conhecimento, você fala da minha vida. A intenção de voto que recebo significa dezesseis anos de trabalho no Congresso Nacional - disse Celso Russomanno, em resposta a Carlos Giannazi.

O ex-ministro petista também criticou a proposta do adversário do PRB de instituir a tarifa proporcional de ônibus, na qual o usuário pagaria um valor proporcional ao trajeto percorrido. Ele achou também inviável a proposta em relação ao aumento do efetivo da Guarda Civil Metropolitana, de 6 mil para 20 mil homens. O candidato do PRB rebateu a crítica de que não tem plano de governo:

- Estou aqui com meu plano de governo impresso para quem quiser ver – disse Celso Russomanno, que mostrou um calhamaço.

Ao fim do primeiro bloco, a jornalista Maria Lydia, mediadora do debate, em referência a Celso Russomanno, chamou a atenção dos candidatos dizendo que não era permitido apresentar qualquer tipo de material no debate.

No debate eleitoral, o candidato do PT acusou ainda a oposição ao governo federal de ter sido “irresponsável” ao ter cobrado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicação sobre o seu suposto envolvimento no escândalo do mensalão. O ex-ministro petista acusou os partidos de oposição de agirem de maneira irresponsável desde 2003.

Na semana passada, PT, PMDB e PSB divulgaram nota que acusam PSDB, DEM e PPS de recorrer “a práticas golpistas”, ao defenderem reportagem publicada pela revista “Veja” que reproduz conversas do publicitário Marcos Valério com parentes e amigos nas quais afirma que o ex-presidente petista era o "chefe" e "fiador" do escândalo político.

- Eu entendo que o procedimento adotado pela oposição é completamente irresponsável, baseado em uma reportagem de revista semanal sem fonte. É de uma irresponsabilidade tamanha. A oposição tem agido assim desde 2003. O José Serra, por exemplo, disse que a presidente Dilma Rousseff não deveria meter o bico em São Paulo - disse o candidato do PT, em resposta à candidata do PPS, Soninha Francine.

Os candidatos Gabriel Chalita (PMDB) e José Serra (PSDB) também trocaram farpas. O tucano acusou o segundo de faltar a várias sessões da comissão de educação da Câmara Municipal, quando questionado sobre o aumento de 200% para subprefeitos e cargos de confiança durante a gestão de José Serra frente à prefeitura.

- Subprefeito merece ser bem remunerado, como todas as funções são importantes. O deputado, que integra a comissão de educação da Câmara, faltou a metade das sessões.

Gabriel Chalita rebateu, dizendo que Serra, quando deputado, faltou mais do que ele.

- Os jornalistas podem pesquisar quem faltou mais na Câmara; eu ou Serra quando foi deputado. Sou um deputado profundamente presente em Brasília.

Serra também criticou Haddad, que havia dito antes que São Paulo não tem o tatuzão escavando novas linhas de Metrô e que as obras estão paradas.

- Seria muito esquisito, de fato, ter tatuzão no ar. Duas linhas de metrô são aéreas. As obras estão acontecendo. O PT detesta metrô. A Marta Suplicy não deu nenhuma prioridade.

Carlos Giannazzi (PSOL) também disparou contra Haddad aproveitando para atacar o PT quando falava de Russomanno.

- Russomanno representa um subproduto do rebaixamento da política brasileira. E esse rebaixamento foi produzido pelo PT. Para vocês, do PT, parece que desenvolvimento é só consumo de geladeira e automóvel.

Fernando Haddad rebateu:

- Acredito tanto na educação na política, que nem a você vou criticar. Tenho muitas objeções à forma como você faz política.



O Globo Online

*

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O "Ovo da Serpente" prestes a eclodir em São Paulo


Momento dramático na cidade de São Paulo: há duas semanas das eleições, o candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto representa mais retrocesso e obscurantismo para a cidade que já vive sob o descalabro de uma administração tacanha, obtusa, incompetente e antidemocrática.

"Uma vasta camada da população que foi integrada à sociedade pela via do consumo, e não da educação cívica, é o campo de disputa eleitoral", como alerta Luciano Martins Costa.

Dois excelentes artigos seus tratam deste risco que paira sobre todos nós, pobres cidadãos da Pauliceia Desvairada.




O ovo da serpente

Luciano Martins Costa

O debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo e transmitido pela TV Cultura na noite de segunda-feira (17/9), é analisado nas edições de terça-feira pelos jornais paulistas. A principal característica do encontro, na avaliação da imprensa, foi o fato de o candidato do PRB, Celso Russomanno, que aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, ter sido poupado pelos adversários, que estariam mais preocupados, cada um, em garantir sua presença no segundo turno.

A rigor, o evento não foi capaz de produzir material jornalístico mais instigante, a não ser num dos momentos em que os participantes tinham que fazer perguntas uns aos outros. Esse momento se configurou quando o candidato do PSOL, Carlos Giannazi, questionou Celso Russomanno por ele haver tido sua carreira política financiada com dinheiro da indústria de armas.

O candidato do PRB não respondeu diretamente a pergunta. Ele estava empenhado em demonstrar que sua proposta de equipar e treinar a Guarda Civil Metropolitana e, simultaneamente, formar contingentes de guardas-noturnos voluntários, seria a solução ideal para reduzir a violência em São Paulo. E acrescentou que sua proposta tem base legal num decreto de 1968, ainda durante o regime militar, que regulamentou a atividade dos vigias de rua.


Aberração perigosa

O debate deveria ter nesse ponto exato sua principal justificativa. Mas os demais candidatos não deram importância à questão levantada por Giannazi. E no dia seguinte, curiosamente, os jornais não parecem ter percebido que há uma relação perigosa entre a obsessão de Celso Russomanno em montar esquadrões de vigilantes e sua ligação com a indústria de armamentos.

Herdeiro político de Paulo Maluf, para quem a solução administrativa contra o crime sempre foi “a Rota na rua”, Russomanno parece ter avançado muito além no perigoso caminho de militarizar a política da segurança pública.

O que a pergunta de Giannazi desvenda é mais do que a visão tosca do candidato que lidera as pesquisas sobre um dos principais problemas da cidade. No entanto, os jornais não parecem ter percebido o alcance do que pode vir a ser a colocação em prática de uma proposta como a que vem sendo defendida pelo candidato Russomanno.

Esse tópico do debate mereceria ainda um pouco mais de atenção por causa da resposta dada por Russomanno à pergunta de Giannazi. A revelação de que Russomanno fez parte da “bancada da bala” no Congresso Nacional, somada ao fato de que ele fundamenta sua ideia de força voluntária de segurança num decreto da ditadura, deveria no mínimo provocar alguma curiosidade nos jornalistas.

Acrescente-se a informação de que, quando deputado, Russomanno tentou impedir a aprovação da Lei da Ficha Limpa, e teremos um retrato mais completo de sua composição ideológica.

Até aqui ele tem sido tratado como uma aberração política do tipo “Tiririca”, cuja popularidade seria, talvez, fruto do cansaço do eleitor com a bipolaridade raivosa que divide petistas e tucanos e coloca os dois núcleos de militantes que lideraram a luta pela redemocratização na contingência de terem que fazer alianças que deveriam repudiar.

Mas a pergunta de Giannazi e a resposta de Russomanno revelam um perfil mais preocupante: estamos lidando com uma incógnita política cujos riscos podem ir muito além da falta de experiência administrativa ou da eventual vinculação com grupos religiosos fundamentalistas.


Receita acabada

A indústria de armas certamente aposta todos seus projéteis na possibilidade de ter na maior cidade brasileira um prefeito cuja grande ambição é colocar homens armados em todos os quarteirões, com a agravante de que tais vigilantes não teriam relação funcional com a administração pública.

A pergunta de Giannazi dá mais sentido à suspeita do atual prefeito, Gilberto Kassab, de que Russomanno pretende formar milícias para conter a violência.

Junte-se a esses dados o fato de que Russomanno tem sua principal base de apoio na chamada nova classe média, aquele imenso contingente de cidadãos que ascendeu em termos de renda mas ainda tem que viver nos bairros mais afetados pela criminalidade – e temos a receita completa para um retrocesso que não interessa a ninguém.

Mas os jornais só enxergam o embate entre José Serra, do PSDB, e Fernando Haddad, do PT, enquanto o ovo da serpente eclode no ninho.


***

O brejal do obscurantismo

Luciano Martins Costa

Os jornais têm trazido, nos últimos dias, reportagens sobre a preocupação de autoridades da igreja católica com alguns aspectos da campanha eleitoral do candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomanno, do PRB. Apoiado oficialmente por organizações evangélicas como a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e confissões pentecostais, o candidato é visto como um risco de manipulação política de parte da população contra os católicos.

O ponto central da discórdia é a presença, na coordenação da campanha de Russomanno, do bispo licenciado da IURD, Marcos Pereira, também presidente do PRB, que no ano passado publicou manifesto acusando a igreja Católica de apoiar políticas liberais sobre direitos civis de homossexuais.

A Folha de S. Paulo informa na edição de segunda-feira (17/9) que a arquidiocese de São Paulo mandou distribuir em suas 300 igrejas um artigo do arcebispo dom Odilo Scherer, a maior autoridade católica da cidade, no qual ele critica Russomanno por usar a religião em sua campanha.


Discurso moralista

Líder nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PRB tem recebido apoio de denominações evangélicas e não faz questão de desautorizar manifestações de correligionários envolvendo questões polêmicas que, na boca de lideranças religiosas, reforçam preconceitos e retardam o avanço de políticas sociais.

No caso específico que envolveu o chefe de sua campanha, o ataque foi contra o projeto de conscientização contra a homofobia planejado no ano passado para ser conduzido nas escolas públicas. Apelidado pelos críticos de “kit gay”, o material não chegou a ser distribuído.

O episódio chama atenção para o fato de que certas declarações, como a do chefe de campanha de Russomanno, ganham mais ou menos destaque na imprensa conforme o momento político e de acordo com os protagonistas envolvidos.

Em 2010, quando representantes da própria igreja católica e de confissões evangélicas tentaram interferir na campanha à Presidência da República, contra a então candidata Dilma Rousseff, por causa da proposta de descriminalização do aborto, faltaram disposição e senso crítico aos jornais ao abordar tais manifestações de obscurantismo.

Em ambos os casos, as declarações buscavam sensibilizar a ampla camada da sociedade brasileira que vem sendo chamada de “nova classe média”. Desde logo, é preciso notar que esses brasileiros, que hoje constituem quase metade da população, eram até há bem pouco tempo marginalizados do processo político, não servindo para outra coisa a não ser como massa de manobra de candidatos populistas.

O discurso moralista e a pregação preconceituosa têm como pressuposto a ideia de que eles se tornaram consumidores, mas seguem incapazes do discernimento necessário para fazer escolhas adequadas nas eleições. É a esses eleitores, em cujo conjunto se concentram as confissões religiosas que apoiam Russomanno, que se dirige o discurso mais conservador.


Problemas reais

Observe-se, por outro lado, que essa disputa se dá num contexto em que a política se divide em dois blocos antagônicos, que se configuraram justamente durante os debates da Constituinte de 1988 e se tornaram cada vez mais inconciliáveis desde então.

Esse processo de ruptura entre dois campos ideológicos nascidos do mesmo esforço pela redemocratização do país persiste e se agrava por um período ainda mais longo do que aquele em que o Brasil foi dominado pelo regime autoritário e contamina outros campos além do político-partidário, como a própria imprensa.

Russomanno, com seu discurso populista, rompe essa dicotomia e se apresenta como um candidato viável fora desse contexto. No entanto, seu principal recurso de campanha não é a hipótese da superação da dicotomia política, mas o apelo a preconceitos, propostas simplistas e soluções mágicas. Por trás de sua plataforma rosnam os arautos da intolerância e da manipulação dos espíritos.

Uma vasta camada da população que foi integrada à sociedade pela via do consumo, e não da educação cívica, é o campo de disputa eleitoral.

A manifestação do arcebispo contra a mistura de religião com política retrata uma situação real: corremos o risco de ver a presente eleição acontecer sem que tenham entrado em discussão os problemas reais da cidade, com os candidatos atolados no brejal do obscurantismo.


Observatório da Imprensa

Destaques do ABC!

oooooooooooooo

*

Dia Mundial sem Serra e Kassab


Cidadã Blogueira tem orgulho de informar que NUNCA votou nessas nulidades e evidentemente conclama seus leitores a aderir a essa campanha "planetária".



Dia Mundial sem Serra/Kassab




oooooooooo