GOLPE EM ANDAMENTO - O BRASIL À BEIRA DO ABISMO
O analfabeto político, conceito criado pelo poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht (leiam!), se orgulha de não gostar de política e, não gostando, se vangloria de não participar da vida política de seu país, ignorando que o emprego, o salário, o aluguel, os juros do cartão, os preços na feira e no supermercado, a criminalidade, a prostituição, as drogas e demais questões da vida em sociedade são determinados pela política e políticos, por aqueles que estão no poder.
Mas o analfabeto político brasileiro de nossos tempos vai além. Não só desconhece que Tudo é Política e que não se chega ao "Fim da Política" por decreto de aventureiros e obscurantistas, como ignora também a história recente do País: Fernando Collor de Mello, o "Caçador de Marajás", incensado e alçado ao poder por esta mesma mídia elitista e apátrida, que nos últimos anos vem armando todo tipo de golpe para derrubar o governo trabalhista e popular de Lula e Dilma, tentando tachá-lo de "governo de corruptos e ladrões" e ocultando todos os avanços conquistados.
Uma tentativa malograda se deu com o ministro Joaquim Barbosa, o "Nosso Batman", endeusado pela grande mídia e chamado até pela revista Veja, em reportagem de capa, no auge do julgamento do Mensalão, de "O Menino Pobre que Mudou o Brasil".
Agora os cidadãos politizados e as cabeças pensantes estão estarrecidas. Do nada, verdadeiramente do nada de um "blablablá" sem qualquer consistência, aliada ao que há de mais retrógrado e obtuso na sociedade, surge a nova Salvadora da Pátria: Marina Silva, o "Collor de Saias".
Não ficará pedra sobre pedra.
Há um novo Collor na praça
Fernando Brito, Tijolaço
Há menos de um ano, Marina Silva não conseguia reunir meio milhão de assinaturas para formar sua Rede Sustentabilidade.
Hoje, diz o Datafolha, ela teria 100 vezes mais pessoas – 51 milhões de brasileiros – dispostos a entregar-lhe não o comando de um partido, mas o comando de suas vidas e seu destino.
Mesmo que a gente já saiba que pode haver aí alguma “bonificação” das pesquisas, é um fato concreto que ela é a candidata de uma parcela expressiva de brasileiros.
A ilusão de que não há um fato real turbinado no irrealismo estatístico das pesquisas é um erro que só nos leva à confusão e à perda da capacidade de combate.Hoje, diz o Datafolha, ela teria 100 vezes mais pessoas – 51 milhões de brasileiros – dispostos a entregar-lhe não o comando de um partido, mas o comando de suas vidas e seu destino.
Mesmo que a gente já saiba que pode haver aí alguma “bonificação” das pesquisas, é um fato concreto que ela é a candidata de uma parcela expressiva de brasileiros.
Os números podem ser irreais, o que importa? É apenas parte da máquina de propaganda que já se enfrentou e sabia-se que não seria diferente agora.
O projeto de Brasil justo e desenvolvido está, de fato, em perigo.
O que produziu isso?
A resposta é a mais simples possível, evidente a todos: a mídia.
Nada se parece mais com Marina Silva que a eleição de Fernando Collor de Mello.
É um factóide destinado a produzir um único efeito: derrotar Dilma e Lula, como Collor destinava-se apenas a derrotar Brizola e o próprio Lula em 1989.
Só que agora, para derrotar o projeto nacional-desenvolvimentista que ambos representam.
O que era Collor, senão um político local transformado pela mídia em “caçador de marajás”, tanto quanto a “nova política” diz ser a negação dos vícios da democracia brasileira, não importa que reproduzindo e empolgando tudo o que há de mais retrógrado neste país que, sem cerimônia, migra de Aécio Neves para ela?
É um cogumelo – que brotou mais rapidamente, é verdade, porque a mídia, na esteira de uma tragédia, a transformou, em 15 dias, em tudo o que ela não é – mas também algo sem densidade, sem projeto, sem nada que seja a sua imagem de mulher autoritária, sempre capaz de projetar-se como não-política, embora o seja há 20 anos, e uma moralista.
Marina ainda pode ser evitada, mas não com uma campanha insossa e “propositiva”.
Marina não propõe coisa alguma senão o que já propunha Aécio Neves, sem o mínimo sucesso.
Seu trunfo é, além da exposição nauseante na mídia, a despolitização do país.
Despolitização que boa parte do PT ajudou a se construir.
O Datafolha solidifica o que já está claro para todos.
Marina é a candidata da direita e a sua penetração na juventude e na classe média emergente é fruto de uma visão limitada de que o progresso social, sem polêmica, sem debate, é o bastante para fazer vitorioso um projeto político.
Só há um discurso correto para enfrentá-la: é dizer claramente ao povo brasileiro que ela é a negação deste progresso.
Que, por detrás de sua figura frágil, estão as forças que fizeram tudo o que este país procurou vencer nestes 12 anos.
Mas o PT e o Governo comportam-se de forma tímida e covarde diante disso.
Tornaram-se “pragmáticos” e não reagem com a coragem que a hora exige.
Parece que há um temor reverencial que, no máximo, permite-lhes dizer que é inexperiente.
Pode não ser experiente em administração, embora o mais correto seja dizer que nisso é desastrosa.
Mas Marina não é inexperiente, porque há uma década constrói um processo pessoal de poder, pulando de galho em galho e não hesitando em conspirar contra tudo que a tornou uma personagem conhecida.
É preciso dizer claramente ao povo brasileiro o que sua candidatura significa, ainda que isso possa não ser o mais “simpático” eleitoralmente.
Que ela é a candidata das elites que Aécio Neves não conseguiu ser e que suas poucas propostas em nada diferem das do tucanato em ocaso: liberdade total ao capital financeiro, destruição da “era Vargas” que Lula representou, ruína do projeto nacional.
O povo brasileiro não a identifica com isso, até porque ninguém o diz.
Porque a construção da Marina candidata é feita de vazio e não se derrota o vazio sem conteúdo.
Não é desaparecendo ou calando que vamos contribuir para que o povo brasileiro compreenda o que está em jogo.
Nem tratando Marina Silva como uma “pobre coitada” a quem faltaria capacidade.
Ela a tem, sobretudo a de se emprestar às piores causas sob o discurso da moralidade.
Quem não tiver coragem de enfrentar o que ela representa, não merece representar algo diferente.
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