Persona non grata a setores obtusos e antidemocratas do Judiciário, devido a denúncias e opiniões expressas neste espaço de cidadania, esta Blogueira considera que vem sendo vítima de graves violações de direito, algumas com a cumplicidade ou com a leniência de tais setores, no mínimo.
A Blogueira fez denúncia gravíssima à Corregedoria Nacional de Justiça, teve a honra de ver sua denúncia acolhida pela Grande Mulher da Justiça, a combativa ministra Eliana Calmon, que assumiu até a Relatoria do processo, mas o novo corregedor do CNJ, ministro Francisco Falcão, encaminhou o processo para a Corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, que o arquivou.
Reitero: há ilícitos gravíssimos cometidos contra esta Cidadã, que corre risco de morte, ilícitos que envolvem familiares da Blogueira e agentes públicos municipais e estaduais, ilícitos que deveriam ser averiguados no plano federal, para que irrestrita lisura e liberdade de investigação fossem promovidas.
A Blogueira continua na mesmíssima situação de vítima de violência moral, psicológica, patrimonial e institucional, sem que o Poder Judiciário, instância criada justamente para a resolução de conflitos e a promoção da Justiça, se digne tomar providências.
A Cidadã Blogueira enviou relato detalhado de sua situação à presidenta Dilma, que encaminhou o caso para acompanhamento da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.
Voltarei a esse assunto.
A patologia dos tribunais
Milton Nogueira
O ex-jogador de futebol americano O J
Simpson em sua midia crucis.
Foto: Galeria de Oldmaison/Flickr
Tribunais, uma invenção humana, também ficam doentes. Nas últimas décadas, vários tribunais se perderam, cometeram barbaridades e passaram a se meter com políticas atrasadas. Uma verdadeira patologia, contrária ao espírito das leis e aos anseios de justiça neutra e cega. Uma vez doente, o tribunal dificilmente consegue cura.
Eis algumas doenças que afetam os tribunais.
Tribunal espetáculo
Stalin mandava prender a pessoa sob acusações falsas, e a enviava a um tribunal de juízes sectários. Achem o acusado, dizia ele, que acharei o parágrafo. Do pódio, três juízes perguntavam coisas triviais - você fala bem o russo? Já conversou com estrangeiro? Está contente com seu chefe? As respostas, quaisquer que fossem, eram apresentadas como prova contra o réu. Se fala bem o russo, porque se meteu com…? Se não fala bem o russo, porque se meteu com…? A cada tentativa de se explicar o apavorado réu se enredava mais. Chamados de show-trial em inglês, os tribunais eram transmitidos por rádio para toda a União Soviética, justamente para amedrontar o povo. Não era tribunal justo, era o terror sob o manto de juízes. Algumas dezenas de milhares morreram.
Os tribunais da Alemanha dos anos 30 [Hitler/nazismo] faziam o mesmo, com um toque de arapongagem, denúncia anônima, delação de vizinho. Juízes lenientes inquiriam, Salomão, você foi à sinagoga? Se sim, você deve ser judeu e não é bom cidadão do III Reich. Se não, você está mentindo e não é bom cidadão do III Reich. O réu era sempre condenado, sob microfones de rádio e câmeras de filme que tudo mostravam em vinhetas antes das sessões de cinema. Hollywood ainda não se cansou de contar essa história.
E no Brasil, como estamos?
O tribunal do faz-de-conta
Mock trial em inglês, acontece quando o juiz entra em sala com a decisão já tomada e deixa de fora provas essenciais ao processo. Caso famoso foi o Monkey trial, um bisonho tribunal que, há um século, condenou um professor que explicava a evolução das espécies em escola primária de uma região atrasada dos Estados Unidos. O juiz, cristão radical, condenou o professor, mas, antes, rejeitou o testemunho de geólogos, arqueólogos, botânicos, médicos, historiadores, porém acatou o de fazendeiros que afirmaram haver sido a Terra criada há quatro mil anos, às nove horas da manhã. Foi também um dos mais divertidos shows de rádio do país. Próxima atração: o filme “O Vento Será Tua Herança”.
No Brasil, os tribunais da época da ditadura condenaram centenas de réus por atos políticos que sequer eram crimes.
E no Brasil, como estamos?
Circo da mídia
O julgamento de O J Simpson durou meses sob holofotes das TVs dos Estados Unidos e por isso foi chamado de media circus; esse tipo de tribunal roda como espetáculo, muda o horário das próprias sessões para atender ao noticiário nacional das TVs, repete a cada meia hora as imagens dos advogados em cena. A injustiça é cometida quando a mídia, sob o imperativo de não parar o espetáculo, acaba influenciando as testemunhas, as provas, os peritos, os jurados e os próprios juízes. No caso Simpson, o juiz fez plástica facial para aparecer bem, perante as câmeras.
No Brasil, como estamos?
Tribunal abortado
Um tribunal aborta quando o juiz erra tudo, não define claramente qual é o verdadeiro crime, vacilando entre alegações, especulações, suspeitas e indícios sem prova. Caso famoso, hoje no currículo de alguns cursos de direito, foi o dos Irmãos Naves, acontecido em Minas Gerais dos anos 40. Acusados de haver assassinado um homem, os irmãos Naves foram torturados até confessarem. O juiz sequer perguntou se alguém havia visto o cadáver, mas, mesmo assim, os condenou. Da cadeia os Naves só saíram muitos anos depois, quando o homem reapareceu na cidade. Ele havia fugido sem avisar a ninguém.
Outro exemplo de aborto de justiça foi a condenação de Nelson Mandela à prisão perpétua por tribunal racista do apartheid, em cuja sala negros não entravam.
Os tribunais, constituídos de seres humanos, às vezes ficam doentes.
Tribunais, uma invenção humana, também ficam doentes. Nas últimas décadas, vários tribunais se perderam, cometeram barbaridades e passaram a se meter com políticas atrasadas. Uma verdadeira patologia, contrária ao espírito das leis e aos anseios de justiça neutra e cega. Uma vez doente, o tribunal dificilmente consegue cura.
Eis algumas doenças que afetam os tribunais.
Tribunal espetáculo
Stalin mandava prender a pessoa sob acusações falsas, e a enviava a um tribunal de juízes sectários. Achem o acusado, dizia ele, que acharei o parágrafo. Do pódio, três juízes perguntavam coisas triviais - você fala bem o russo? Já conversou com estrangeiro? Está contente com seu chefe? As respostas, quaisquer que fossem, eram apresentadas como prova contra o réu. Se fala bem o russo, porque se meteu com…? Se não fala bem o russo, porque se meteu com…? A cada tentativa de se explicar o apavorado réu se enredava mais. Chamados de show-trial em inglês, os tribunais eram transmitidos por rádio para toda a União Soviética, justamente para amedrontar o povo. Não era tribunal justo, era o terror sob o manto de juízes. Algumas dezenas de milhares morreram.
Os tribunais da Alemanha dos anos 30 [Hitler/nazismo] faziam o mesmo, com um toque de arapongagem, denúncia anônima, delação de vizinho. Juízes lenientes inquiriam, Salomão, você foi à sinagoga? Se sim, você deve ser judeu e não é bom cidadão do III Reich. Se não, você está mentindo e não é bom cidadão do III Reich. O réu era sempre condenado, sob microfones de rádio e câmeras de filme que tudo mostravam em vinhetas antes das sessões de cinema. Hollywood ainda não se cansou de contar essa história.
E no Brasil, como estamos?
O tribunal do faz-de-conta
Mock trial em inglês, acontece quando o juiz entra em sala com a decisão já tomada e deixa de fora provas essenciais ao processo. Caso famoso foi o Monkey trial, um bisonho tribunal que, há um século, condenou um professor que explicava a evolução das espécies em escola primária de uma região atrasada dos Estados Unidos. O juiz, cristão radical, condenou o professor, mas, antes, rejeitou o testemunho de geólogos, arqueólogos, botânicos, médicos, historiadores, porém acatou o de fazendeiros que afirmaram haver sido a Terra criada há quatro mil anos, às nove horas da manhã. Foi também um dos mais divertidos shows de rádio do país. Próxima atração: o filme “O Vento Será Tua Herança”.
No Brasil, os tribunais da época da ditadura condenaram centenas de réus por atos políticos que sequer eram crimes.
E no Brasil, como estamos?
Circo da mídia
O julgamento de O J Simpson durou meses sob holofotes das TVs dos Estados Unidos e por isso foi chamado de media circus; esse tipo de tribunal roda como espetáculo, muda o horário das próprias sessões para atender ao noticiário nacional das TVs, repete a cada meia hora as imagens dos advogados em cena. A injustiça é cometida quando a mídia, sob o imperativo de não parar o espetáculo, acaba influenciando as testemunhas, as provas, os peritos, os jurados e os próprios juízes. No caso Simpson, o juiz fez plástica facial para aparecer bem, perante as câmeras.
No Brasil, como estamos?
Tribunal abortado
Um tribunal aborta quando o juiz erra tudo, não define claramente qual é o verdadeiro crime, vacilando entre alegações, especulações, suspeitas e indícios sem prova. Caso famoso, hoje no currículo de alguns cursos de direito, foi o dos Irmãos Naves, acontecido em Minas Gerais dos anos 40. Acusados de haver assassinado um homem, os irmãos Naves foram torturados até confessarem. O juiz sequer perguntou se alguém havia visto o cadáver, mas, mesmo assim, os condenou. Da cadeia os Naves só saíram muitos anos depois, quando o homem reapareceu na cidade. Ele havia fugido sem avisar a ninguém.
Outro exemplo de aborto de justiça foi a condenação de Nelson Mandela à prisão perpétua por tribunal racista do apartheid, em cuja sala negros não entravam.
Os tribunais, constituídos de seres humanos, às vezes ficam doentes.
Como estamos no Brasil?
Destaques do ABC!
*
Nenhum comentário:
Postar um comentário