JORNALISMO CIDADÃO EM AÇÃO
Graduada em Letras, Mestra em Comunicação (Jornalismo e Editoração) e ex-professora de Redação Jornalística, esta Cidadã Blogueira, editora deste ABC!, é adepta do jornalismo praticado pelos cidadãos comuns, aproveitando a democratização dos meios de comunicação proporcionada pelas modernas tecnologias.
A Blogueira, há 2 anos, transformou seu sossegado quarto numa pequena redação jornalística e também numa espécie de bunker, e vem dando muito trabalho e uma baita dor de cabeça a delinquentes que a lesam e perseguem, noticiando no blog as investidas criminosas da quadrilha, aproveitando também para falar de violência contra mulher, violação de direitos humanos, corrupção de agentes públicos, exercício de cidadania e assuntos correlatos.
Acompanhem aqui no ABC! o relato do embate entre a Cidadã Blogueira e este esquema criminoso, tema de absoluto interesse público. Leiam mais na coluna à direita, no post anterior e em outros posts.
JORNALISMO CIDADÃO
O blogueiro desempregado que se tornou fonte crucial para a imprensa
Alguns jornalistas tradicionais não gostam do termo, mas é crescente a influência dos “jornalistas cidadãos” na cobertura de temas sensíveis, o que mostra quão poderoso é o fenômeno. Um programador paquistanês tuitou em tempo real, em 2011, a invasão do esconderijo de Osama bin Laden. O apresentador Andy Carvin, da NPR, tem uma rede de seguidores no Twitter que foi usada como uma espécie de redação em tempo real durante o massacre no Colorado, em 2012. Mais recentemente, Eliot Higgins, blogueiro britânico desempregado sem nenhum histórico militar, tornou-se uma fonte crucial de informações para organizações de defesa dos direitos humanos e jornalistas tradicionais sobre armas ilegais usadas na Síria.
Uma matéria publicada no jornal britânico The Guardian descreveu como o blogueiro – que usa o pseudônimo Brown Moses – consegue identificar rapidamente formas de foguetes e bombas, e como esse conteúdo enciclopédico o tornou fonte fundamental não só para os que estão acompanhando as notícias como também para agências de direitos humanos que estão documentando a questão na Síria e jornalistas como C.J. Chivers, do New York Times, ex-soldado que agora atua como repórter investigativo.
Chivers escreveu um artigo no começo do ano com base em informação originalmente revelada por Moses e lhe deu crédito tanto na matéria quanto no seu blog, onde também agradeceu ao blogueiro. “Por semanas, estamos assistindo à disseminação, por meio da guerra civil na Síria, de armas feitas na ex-Iugoslávia, e admirando o trabalho de Eliot Higgins (conhecido como Brown Moses) quando tentava mapeá-las em vídeos de diversos grupos armados. Obrigado, Eliot, por sua paciência, seu bom olhar e por criar uma oportunidade para unir antigas e novas formas de reportagem”, escreveu ele.
Compromisso com precisão e rede de contatos
Ao contrário de Chivers, o blogueiro britânico, que começou a acompanhar o que estava acontecendo durante a Primavera Árabe, não tem histórico no Exército nem experiência em munições ou armamento militar. Higgins tem 34 anos, um filho, vive em um subúrbio de Leicester e, em outubro, foi demitido de seu emprego em uma empresa financeira. Sua mulher trabalha em uma agência de correio local.
Assim como Carvin, Higgins gastou horas construindo uma rede de blogueiros e usuários de mídias sociais na região e essencialmente age como filtro ou curador do conteúdo que produzem – em sua maior parte, vídeos publicados no YouTube de explosões de munições. Toda noite, ele acompanha mais de 450 canais do site de compartilhamento de vídeos.
O compromisso de Higgins com sua tarefa, mesmo sem ser remunerada, e com a precisão, faz dele um bom exemplo de jornalista cidadão. Sua parceria com Chivers mostra que esse tipo de jornalismo pode ser um bom complemento – e não um substituto – para a reportagem tradicional.
Tradução: Larriza Thurler, edição de Leticia Nunes. Informações de Mathew Ingram [“Citizen journalism at work: Unemployed British man becomes Syrian weapons expert”]
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