OPINIÃO
A BALANÇA DA JUSTIÇA
Laerte Braga
Quem viu o ministro Joaquim Barbosa iracundo, furibundo, deitado em milhares de páginas a condenar com raiva e ódio, protegido por “militares”, segundo alguns veículos de comunicação, com certeza terá tido a impressão que a justiça no Brasil se faz com chicote e chacota.
Sua excelência ora em pé, ora assentado, foi mostrado ao vivo por boa parte da mídia, patrocinadora de todo o espetáculo. A existência ou não do “mensalão” – existiu – torna-se secundária quando permanecem impunes os que iniciaram a prática no golpe de mão que deu mais quatro anos de mandato a FHC. A reeleição foi comprada a peso de ouro. As reformas constitucionais que ensejaram a privatização de setores estratégicos da economia foram pagas a parlamentares em várias moedas. Dinheiro vivo (um deputado foi cassado) e concessões de emissoras de rádio e tevê. Tudo documentado no livro A PRIVATARIA TUCANA, do jornalista Amauri Silva.
Sobre esse assunto neca de pitibiriba. A indignação de Joaquim Barbosa não chega a tanto, no máximo uns tabefes em sua esposa, fato também divulgado pela mídia.
A verdade é que os equívocos de Lula, ao caminhar por alianças recheadas de armadilhas, sugerem que o ex-presidente, neste momento, está tentando se livrar das redes jogadas por seus “aliados” e adversários. Os principais acionistas do conglomerado BRASIL S/A. São banqueiros, grandes empresários, latifundiários e agora os “bispos” da chamada bancada evangélica, uma tentativa de retorno à Idade das Trevas. Está enredado e conta com a eleição de Haddad, São Paulo, para respirar aliviado.
A presidente Dilma Roussef não é diferente em sua falsa ingenuidade. Segundo Marco Aurélio Garcia, sagaz consultor para política externa, a chefe do governo não sabia que um setor do exército dos EUA havia sido contratado para “auxiliar” nas obras de transposição do Rio São Francisco.
Deve ser o efeito Copa do Mundo.
Ou a admoestação de Shimon Peres, presidente de Israel, dada ao vivo em Anthony Patriot, suposto ministro das Relações Exteriores do Brasil. Peres não quer qualquer contato com o presidente do Irã Mahamoud Ahmadinejad. Dilma já vinha seguido à risca esse receituário desde a presença do líder iraniano no Brasil por ocasião da RIO + 20.
Patriot deve regressar, se já não regressou, ao Brasil, com as tarefas a serem cumpridas nos próximos meses e anos, depois do tratado de livre comércio assinado entre Lula e o governo de Tel Aviv.
Breve assembléia geral para redefinir o controle acionário do Estado brasileiro. Grupos sionistas devem assumir boa parte do controle. Mídia e indústria bélica principalmente. São essenciais à indústria do terrorismo de outro grande conglomerado: ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
Para constar, uma fragata da Marinha brasileira já está fazendo parte da “frota de paz” no Oriente Médio. Essa “paz” torna essencial o extermínio de palestinos e o controle sobre governos de países árabes. Controle ou destruição, como na Líbia e agora na Síria.
No varejo a coisa não mudou muito a despeito da Lei da Ficha Limpa. Jorge Donati, prefeito de Conceição da Barra, foi reeleito. É acusado de mandante do assassinato de duas de suas ex-mulheres, esteve preso até poucos dias antes do registro das candidaturas, acusado de várias irregularidades à frente da Prefeitura e de mandante do assassinato de um líder sindical que ousou denunciar seus crimes.
Um juiz da cidade colocou duas testemunhas de molho na cadeia para “que pensem melhor sobre o que vão dizer”. Foram soltas depois que o então ministro da Justiça, Tarso Genro, foi contatado e exigiu o fim do absurdo.
Donati foi reeleito prefeito, nas barbas da justiça (justiça?), numa cidade de 28 mil habitantes e 22 mil eleitores. Quem sabe Joaquim Barbosa não dá um jeito? Agora que foi eleito presidente do STF, faz uma espécie de sessão ambulante e coloca as coisas nos eixos? O perigo é Gilmar Mendes dar um habeas corpus atrás do outro e ficar tudo como dantes.
E ainda no Espírito Santo, Gildevan Fernandes, estuprador e dublê de deputado estadual, perdeu as eleições para a Prefeitura de Pinheiros. Líder evangélico atribui a derrota a artimanhas do demônio. A vítima, Débora Cardoso, que ousou denunciar o criminoso, está isolada, “protegida” por um programa chamado PROVITA. Longe da família e sob constante ameaça da horda de fanáticos religiosos liderados pelo estuprador.
Seus pares na Assembléia Legislativa quando se fala do assunto pedem para ver a previsão do tempo.
A Justiça? Bom, é outra história, ainda mais no Espírito Santo, que, diga-se de passagem, espalhou o know-how da impunidade para todo o Brasil e todas as cortes judiciárias em sua esmagadora maioria.
É só olhar para São Paulo e perceber que José Serra, Geraldo Alckmin, FHC estão em liberdade, e para Minas, onde Aécio Neves pontifica como divindade do momento. Não importa que viva no Rio. Quase sempre trôpego pelas ruas da cidade já não tão maravilhosa (com Sérgio Cabral governador, Eduardo Paes prefeito e Garotinho à espreita, é difícil ser maravilhosa).
A despeito da GLOBO estar anunciando a abertura de inscrições para uma nova edição do Big Brother Brasil, o bordel televisivo que apresenta anualmente, as eleições presidenciais nos EUA têm prioridade na cobertura. O caráter republicano da principal rede de comunicação do Departamento de Estado no Brasil não torna Mitt Romney o preferido. Há o receio que Romney seja um louco destemperado (e o é, embora não rasgue nota de cem), sugere que a reeleição de Obama acabe sendo o menos ruim neste momento. Pelo menos não põe fogo no mundo de uma só vez, vai fazendo aos poucos.
Turistas que aportarem em Salvador, Bahia, para a Copa do Mundo, em 2014, vão ter que andar mais para comprar e comer acarajés. A FIFA exigiu e o governo brasileiro aceitou que as baianas que vendem o acepipe pelas ruas centrais sejam afastadas de seus pontos. O privilégio vai ficar para a rede McDonalds.
Eike Batista pega financiamentos no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico) e tem 75% do seu patrimônio nos Estados Unidos. Os recursos do BNDES são quase todos, a maioria, oriundos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Deve ser o trabalhador norte-americano.
Com a falência de grandes fundos de aposentadorias e pensões nos EUA, o governo Dilma está privatizando os fundos de pensões dos servidores públicos federais. Vamos pagar as aposentadorias e pensões dos do norte.
De quebra, uma estatal para cuidar da terceirização da administração dos hospitais universitários. Isso é privatização, como privatização são as concessões para explorar portos e aeroportos, mas com investimentos do governo federal, logo dinheiro público.
É o tal “capitalismo à brasileira”. O País andando de bengalas.
E já falam em Joaquim Barbosa para presidente da República. Os corruptores estão rindo a bandeiras despregadas. Continuam impunes e Cachoeira já ameaça colocar a boca no trombone, mostrando o verdadeiro caráter de seus parceiros. Banqueiros, grandes empresários, latifundiários e evangélicos.
Ah! A mídia não fala, mas há um massacre de indígenas no canteiro de obras de construção da Usina de Belo Monte, um monstro concebido desde o governo Lula e que vai adiante no governo Dilma, a reboque de interesses privados. A bem da verdade Belo Monte começou a nascer na ditadura militar.
O coronelismo hoje mudou um pouco. Ganhou ares de projetos assistencialistas.
Breve Guimarães Rosa fora das escolas públicas mineiras. É que seu linguajar, sua escrita, traduzida em vários idiomas mundo afora, “deseduca”. Com certeza jamais abriram um livro e nem têm idéia do que seja isso.
Querem que voltemos às cavernas com as bênçãos de Edir Macedo, Malafaia, Valdevino e outros “enviados divinos”.
Aleluia!
“Mãe, quando eu crescer quero ser pastor. Ou Joaquim Barbosa.”
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