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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Os "Primeiros 30 Dias" da Presidenta

Encontrei no blog Com Texto Livre, do amigo blogueiro ZCarlos, lá da bela Camboriú, Santa Catarina, um balanço legal dos primeiros 30 dias de governo Dilma, que na minha visão foram muito bons, até surpreendentes. Publico abaixo.

Dilma é muito esperta, inteligente. Enquanto trabalha mais no gabinete, deixa "a ver navios" a mídia superficial e futriqueira, sempre farejando escorregões, gafes, erros... É notório o estado de "barata tonta" dos colunistas da mídia golpista diante do mineiríssimo "estilo Dilma de governar". Embora a presidenta venha fazendo várias referências a Porto Alegre como "sua cidade", o estilo de governo está mais pras Gerais...

Outro blogueiro que leio sempre, Ricardo Kotscho, também faz uma "avaliação positiva" do primeiro mês da presidenta (ver abaixo). Alguns dirão que "não vale", pois ele é amigo de Dilma e Lula. Mas Kotscho chama a atenção para o fato do governo Dilma estar frequentando pouco as manchetes dos jornais. Provavelmente, segundo ele, porque esteja acertando muito nas medidas que implementa, nos primeiros passos que dá...

Acreditamos nessa interpretação. E também na de que a velha e vetusta mídia promove uma espécie de "boicote" à presidenta, reduzindo o noticiário sobre Dilma. Ontem, por exemplo, havia nos portais da mídia antiga mais revolução no "distante" Egito do que o encontro emocionante das duas presidentas Dilma e Cristina na vizinha Buenos Aires... assunto que interessa muito mais ao Brasil do que a deposição de um ditador, sem diminuir a importância dessa queda, se vier a se confirmar...

Fazer o quê?!...

Abaixo, os artigos que curtimos sobre os Primeiros 30 Dias de Dilma na Presidência.




Os primeiros 30 dias

Marcos Coimbra

Dilma está dando à ideia de continuidade um conteúdo inesperado. Tudo que fez até agora mostra que, mantendo seu espírito, ela vai além da continuidade mecânica, em que as coisas ficam congeladas, imutáveis.
Faz sentido avaliar o primeiro mês de um governo? É possível tirar alguma conclusão de apenas 30 dias de trabalho?
Pela nossa experiência, esse começo pode ou não ser relevante. Às vezes, nele já são perceptíveis as principais características que o governo terá. Em outras, as coisas mudam tanto pelo caminho que ninguém nem se lembra do início.
O balanço deste começo de governo Dilma é claramente positivo. Ela confirma o que se esperava que faria de bom e surpreende de maneira sempre favorável. Até seus desafetos ficam com dificuldade de criticá-la.
Todos tinham a expectativa de que seu governo fosse de continuidade, mesmo quem não a desejava. Havia sido esse o compromisso que ela e Lula assumiram antes e durante a campanha, e não honrá-lo depois da eleição seria uma quebra de palavra.
A permanência de vários ministros e a ausência de anúncios bombásticos de novas políticas nunca foram problemas para a presidenta e seu governo. Apesar da incompreensão de parte de nossa "grande imprensa", era isso que a opinião pública esperava que fizesse. Surpresa seria se ela se recusasse a continuar a trabalhar com seus antigos colegas de ministério e se achasse que era preciso começar do zero nas políticas de governo (algo que nem Serra faria se tivesse ganho).
Mas Dilma está dando à ideia de continuidade um conteúdo inesperado. Tudo que fez até agora mostra que, mantendo seu espírito, ela vai além da continuidade mecânica, em que as coisas ficam congeladas, imutáveis. Como se não pudessem ser melhoradas.
Veja-se o caso da educação, que andou na berlinda nas últimas semanas, em função das confusões do SiSU. Aparentemente, nela teríamos uma continuidade ortodoxa, pois permaneceu o ministro e foi mantida a política.
Mas o que vemos é que Dilma está fazendo, na educação, uma continuidade que se poderia chamar crítica. O ministro lá está, a política não mudou, mas, ao mesmo tempo, muita coisa ficou diferente.
Os problemas do SiSU não foram maiores que outros parecidos, na educação ou em outras áreas. Mas é possível que o MEC nunca tenha sido tão cobrado quanto neste mês de janeiro. A razão é que, no Planalto, estava alguém que não se satisfez com a explicação de que o ocorrido era "normal".
Esse tipo de continuidade tem alguns pré-requisitos. Em primeiro lugar, exige uma instância acima dos ministros capaz de acompanhar o que cada um faz, em base cotidiana. Em segundo, que esteja disposta a intervir celeremente, antes que os problemas aumentem. Em terceiro, que tenha autoridade e energia para consertar equívocos e demitir responsáveis.
Tudo isso aconteceu no MEC em apenas 30 dias, prazo no qual, no passado recente, nada teria acontecido, pois todos (presidente, ministro e equipe) estariam ainda "tomando pé das coisas". Ninguém cobraria de ninguém o que Dilma cobrou de Fernando Haddad e do ex-presidente do Inep (defenestrado por causa das antigas trapalhadas no Enem e das novas no SiSU).
No episódio, temos o lado bom da continuidade (pois o fato do ministro ter permanecido tornou mais fácil a solução) e um estilo próprio de levá-la a cabo. Dilma continua com parte da equipe e o estoque de programas que herdou de Lula, aprovados pela quase unanimidade do país. Mas os dirige à sua maneira, corrigindo rumos e trocando pessoas sempre que achar necessário (e vai achar mesmo, pois se mantém informada sobre aquilo que o governo faz).
Há quem se queixe de que Dilma está "confinada" no Planalto, que só se preocupa com reuniões internas, relatórios e em sabatinar auxiliares. Que é "séria demais" e que dá pouca atenção à imprensa e ao lado festivo da Presidência.
Nada disso é problema para a opinião pública. Quem votou nela não a imaginava igual a Lula no comportamento pessoal. Quem não, apenas quer que ela trabalhe.
São apenas 30 dias, mas marcaram um bom começo.




É bom governo ficar fora das manchetes?
 

Quase todos os analistas que fizeram neste final de semana um balanço do primeiro mês do governo de Dilma Rousseff destacaram o estilo discreto da nova presidente, uma gestora mais dedicada à administração, em comparação ao seu antecessor, um líder político de massas, que gostava de discursar e viajar.

Era natural que assim fosse, já que Dilma e Lula têm personalidades e trajetórias de vida muito diversas. Fora isso, é como se o novo governo fosse apenas uma continuidade do anterior, não só pela manutenção de metade do ministério, mas, principalmente, por ter optado pela mesma política econômica e as mesmas prioridades na área social.

Isso é bom ou ruim? Pois eu acho muito bom o governo e a presidente ficarem fora das manchetes, dando espaço para outros setores da sociedade e temas da vida real. Isto é um sinal de normalidade democrática. Sempre falei em palestras que tinha Brasília demais e Brasil de menos na nossa imprensa, quer dizer, muito espaço para o mundo oficial e suas autoridades, mais do que em qualquer outro país por onde eu tenha passado.

Sem entrar no mérito se esta cobertura foi positiva ou negativa no governo passado, já que há avaliações diferentes dos dois lados do balcão, o fato é que ela foi exagerada, onipresente, quase sufocante. Cheguei a comentar isso numa reunião com a direção de jornalismo da Rede Globo no Rio, ainda no começo do primeiro mandato, para espanto dos meus colegas: “A meu ver, tem noticiário do governo demais no Jornal Nacional”. É que pessoas na função que eu estava, de secretário de imprensa, tendem a reivindicar sempre mais espaço na mídia.

Em seu comentário radiofônico desta segunda-feira, Alberto Dines reparou que os jornalistas estavam mal acostumados na cobertura do governo Lula, que dava manchete quase todo dia cada vez que falava, e ainda não descobriram como fazer para contar o que está acontecendo no governo Dilma.

Sem declarações nem medidas de impacto da presidente, o noticiário se limita às futricas do poder, sempre em busca de uma crise entre partidos aliados ou entre ministros. Como Dilma, ao contrário de Lula, foge das bolas divididas e evita polêmicas, não deve estar sendo fácil o papel de pauteiro e de editor de política neste novo governo.

Para o meu gosto e o da maioria das pessoas com quem tenho conversado, o governo Dilma começou muito bem. E o caro leitor, o que pensa?

(Balaio do Kotscho)







 

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