ELEIÇÕES 2014
Na abertura do 14.o Encontro Nacional do PT que aconteceu ontem à noite, em São Paulo, a Presidenta Dilma Rousseff foi aclamada como candidata do Partido dos Trabalhadores nas eleições de outubro.
Lula aproveitou para declarar de forma definitiva que não será candidato, mas cabo eleitoral de Dilma. E a Presidenta, mais uma vez, foi pra cima da oposição entreguista, que pretende voltar ao poder para engatar uma marcha-a-ré e jogar o Brasil novamente no caos econômico e social do passado recente.
Leiam abaixo o discurso afiado de Dilma, se preparando para a dura (e suja) campanha que se avizinha.
Dilma é aclamada oficialmente como pré-candidata do PT
A presidenta Dilma Rousseff foi aclamada como pré-candidata do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República, nesta sexta-feira (2), no XIV Encontro Nacional do PT. O encontro reuniu as principais lideranças do PT e de partidos aliados, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a própria presidenta Dilma Rousseff e o presidente do PT, Rui Falcão.
Lula começou seu discurso parabenizando a presidenta pela aprovação do Marco Civil da Internet e pelo pronunciamento de 1.o de maio. O ex-presidente lembrou que os números conseguidos em 12 anos de governos progressistas são impressionantes. “Foram desapropriados 49 milhões de hectares de terra”, exemplificou, “isso é 55% do que foi feito desde o descobrimento do Brasil. Precisa fazer mais, mas não podemos esquecer do que foi feito”.
Lula afirmou ainda que o Brasil tem um atraso histórico na área de educação, só tendo sua primeira universidade em 1930, muito depois que outros países latino-americanos. “Nós estamos recuperando isso. Passamos de 3 milhões para 7 milhões de universitários”.
Os dados comparativos do Brasil com outros países do mundo também foram ressaltados por Lula. “Tenho certeza que muita gente aqui não sabe. São dados que deveriam ser notícia, mas não são”, afirmou ao citar que o Brasil é hoje a 7.a economia mundial – e será a 5.a até 2016 -, o 2.o maior país exportador de alimentos, a 4.a indústria naval e o 5.o destino de investimentos externos. “Precisamos ver o que era o país e o que virou hoje”.
A presidenta Dilma lembrou que o Brasil resistiu à crise econômica mundial: “O Brasil não se rendeu. Soubemos defender o emprego e o salário, os dois maiores bens dos trabalhadores”. Ela ressaltou ainda que nosso país foi um dos que melhor passou pela crise, gerando milhões de postos de trabalho, enquanto em diversos outros países, trabalhadores perderam seus empregos.
“Temos o maior programa habitacional do mundo, fizemos o maior programa de ensino técnico da história desse país e levamos médicos a todos os municípios do Brasil”, afirmou Dilma. “Fizemos muito, mas tenho certeza que podemos fazer ainda mais”.
“Eu não fui eleita para arrochar salário de trabalhador, para mudar nome da Petrobras ou para fazer o Brasil se curvar a organismos internacionais. Fui eleita para governar de cabeça erguida e é isso que continuarei fazendo”, desabafou.
Depois de pedir que todos levantassem seus crachás em aprovação à pré-candidatura de Dilma, Rui Falcão lembrou que as pesquisas mostram que o povo brasileiro quer mudança: “Só continuando com Dilma podemos continuar mudando. Só quem mudou tanto pode mudar mais e melhor”.
Instituto Lula
O discurso de Dilma
(A Lula, as primeiras palavras)
O senhor tem sido o maior líder político que esse país construiu nos últimos anos. Recebo a missão honrosa e desafiadora de ser a pré-candidata do PT à Presidência. Meu respeito e carinho a Lula.
Foi o compromisso com o povo brasileiro que nos uniu e esse compromisso é inquebrantável, não se quebra, não se verga.
Mais uma vez, estou aqui diante de vocês e junto com vocês.
É para você, presidente Lula, a quem primeiro me dirijo, e digo-lhe, com todo carinho e respeito, que este ato tem mais do que uma simples coincidência. Ele é mais uma prova forte e contundente da nossa confiança mútua e dos laços profundos que nos une ao povo brasileiro.
Porque, presidente Lula, foi o compromisso com o povo brasileiro que nos uniu. E esse compromisso é inquebrantável. Quando você assumiu a Presidência, o Brasil era um. Quando a deixou, o Brasil era outro, completamente diferente e muito melhor.
Assim, quando o sucedi na Presidência, tinha a tarefa hercúlea de suceder não um presidente – mas uma verdadeira lenda.
A faixa não pesou em meus ombros porque havíamos trabalhado juntos, anos a fio. Todos os dias, todas as horas, inclusive nas horas mais difíceis, estivemos juntos honrando o nosso compromisso com o povo brasileiro.
Foi isto que me deu ânimo – e experiência - para enfrentar e vencer todo tipo de dificuldades.
A faixa não pesou porque sabia que tinha a meu lado o povo do Brasil, como Lula teve. Dezenas de milhões de brasileiros a tornaram leve. Tivemos também o apoio imprescindível dos partidos aliados. Essa coalizão foi fundamental para a governabilidade. E tivemos, sobretudo, essa incrível e corajosa militância do PT, que nunca nos abandonou.
Mas quando assumi o governo, o mundo era um. Pouco tempo depois, o mundo era outro. A crise econômica e financeira internacional ameaçou não apenas a estabilidade das maiores economias, mas boa parte do sistema político e econômico mundiais.
Porém, o Brasil, dessa vez não se rendeu, não se abateu, nem se ajoelhou! O Brasil soube defender, como poucos, o mais importante: o emprego e o salário do trabalhador – e foi o país que melhor venceu esta batalha!
Dessa vez, nós nos recusamos a fazer o que se fazia no passado. Enfrentamos a crise apostando no futuro do Brasil, apostando na força do nosso povo.
Por isso, temos sido o país que mais está vencendo a luta contra a miséria e reduzindo a desigualdade. O que consolidou o maior programa de habitação popular do nosso continente. O que implantou o maior programa de educação profissional de nossa história. O que levou médicos a todos os municípios brasileiros. O que melhorou a qualidade do ensino em todos os níveis. E acelerou os avanços de nossa infraestrutura física e social.
Fizemos muito, mas precisamos fazer muito mais. Avançamos bem, mas certos obstáculos reduziram, algumas vezes, a nossa marcha. Estas dificuldades e obstáculos são inerentes a todo governo de mudanças.
Mas o que nos faz governos de mudança é justamente a capacidade de vencer os obstáculos colocados pela vida e, também, pelas forças do conservadorismo.
Companheiras e companheiros,
Por que o Brasil, desta vez, não se rendeu, nem se ajoelhou?
Porque nos recusamos a fazer o que se fazia no passado.
No passado, que a nossa oposição tanto defende, o Brasil se defendia das crises arrochando os salários dos trabalhadores, aumentando as taxas de juros a níveis estratosféricos, aumentando o desemprego, diminuindo o crescimento, vendendo patrimônio público.
E não se contentavam em vender o patrimônio do Brasil. Alienavam, com essa política desastrosa, o futuro do País. Alienavam o futuro do nosso povo. E, o que é mais doloroso, a nossa esperança como Nação.
Desta vez, ampliando o que já fazíamos desde o governo Lula, enfrentamos a crise apostando no futuro do Brasil. Apostando na força do nosso povo.
Assim, criamos 4,8 milhões de empregos, em meu governo. Junto com os oito anos de Lula temos o recorde de + de 20 milhões com carteira assinada.
Enquanto os outros países desempregavam, nós abríamos vagas de trabalho.
Foi por fazer diferente do passado, que também elevamos o poder de compra do trabalhador e da classe média. Nos últimos 11 anos o salário do trabalhador teve um ganho real acima de 70%. E essa política, que eles tanto combatem, vai continuar. Tenham certeza!
Foi por isso que criamos uma nova e gigantesca classe média no Brasil. 42 milhões de brasileiros entraram, pela porta da frente, no mercado de trabalho e de consumo. Foi por isso que, Lula e eu, fizemos uma verdadeira revolução social no Brasil, retirando 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza.
Ainda ontem reajustei os valores do Bolsa Família em 10%, de modo a assegurar que todos fiquem acima da linha da extrema pobreza, tal como a define a ONU. Nos últimos 3 anos e 4 meses, foram implantadas 6 grandes melhorias no Bolsa Família, que levaram a um aumento real no benefício de 44,3%.
E fizemos muito mais. Implantamos um amplo programa de investimentos públicos.
O Minha Casa Minha Vida já construiu cerca de 1 milhão e 650 mil lares para brasileiros pobres, realizando o sonho da casa própria para muita gente.
Com o pacto pela mobilidade urbana, já estamos investindo 143 bilhões que estão melhorando o transporte e o trânsito nas grandes cidades.
Com o pacto pela Saúde e o Mais Médicos, estamos levando assistência básica de saúde a todos os municípios do Brasil. Em pouco mais de 8 meses, colocamos 14 mil médicos em 3866 municípios, garantindo cobertura de assistência médica para 49 milhões de brasileiros.
E isto, na periferia dos grandes centros, onde moram os trabalhadores e a nova classe média. No Nordeste, no Norte, nos distritos indígenas e nas áreas quilombolas e no interior de nosso País.
Os médicos formados no exterior, que vieram com o Mais Médicos, falam a linguagem universal da solidariedade. O mais importante é que eles melhoram as vidas dos brasileiros.
Com o pacto pela Educação, o mais estratégico para o país, estamos fazendo um esforço monumental, que garantirá o futuro de cada brasileiro (a) e o futuro do País.
Com o Pronatec, o Prouni, o Fies e o Enem construímos, como nunca, um caminho de oportunidades e abrimos as portas da educação para jovens e adultos.
Com o Ciência Sem Fronteiras abrimos o mundo para nossos estudantes se aperfeiçoarem.
Quero reafirmar que, com a nossa decisão histórica de canalizar 75% dos royalties do pré-sal para a Educação, vamos dar um salto de qualidade decisivo para a Educação pública do Brasil.
Nós também estamos empenhados na construção de um Estado realmente republicano, que seja eficiente e representativo de todos os interesses da população brasileira. Isso é algo também inédito na história do Brasil.
Nesse ponto, é preciso dizer uma coisa com absoluta clareza e convicção: os governos do PT foram os que mais combateram e combatem a corrupção no Brasil. Antes de nós, a corrupção era muitas vezes varrida para baixo do tapete. Engavetava-se muito. Investigava-se muito pouco. Agora que as gavetas foram abertas, tudo aparece e tudo é investigado.
Os que me conhecem sabem perfeitamente que nunca admitirei nenhum malfeito ou ilícito, venha de onde vier.
Eu sei que o que envergonha um país não é apurar, investigar, mostrar. O que pode envergonhar um país é não combater a corrupção, é varrer tudo pra baixo do tapete.
Companheiras e companheiros,
Não comprometemos o futuro do Brasil e do seu povo, como eles fizeram. Ao contrário, apostamos que o futuro do País está justamente na força do povo brasileiro.
Mas tem gente achando que é melhor voltar ao passado, em que os pobres e a classe média nunca tinham vez. São poucos os que querem isto. Mas têm amigos, que falam muito.
Nós somos muitos e por isso temos de falar muito mais.
Tem gente que acha, por exemplo, que o salário mínimo está muito alto. Que é preciso reduzi-lo.
Tem gente que acha que o desemprego está muito baixo e que é hora de aumentá-lo. Que o trabalhador brasileiro está ganhando demais, que é hora de voltar a arrochar os salários.
Tem gente que acha que está na hora do Brasil voltar a ter as taxas de juros estratosféricas do passado, para atrair investimentos especulativos, facilitar a vida dos rentistas e dificultar o crescimento e a produção do Brasil.
Tem gente que acha que é preciso acabar com o programa de cotas para afrodescendentes nas universidades, como já tentaram acabar com o Prouni.
Com a desculpa de defender a meritocracia, eles defendem, na realidade, uma universidade para ricos e brancos.
Há forças políticas que detestam ainda mais os programas que tiram as pessoas da miséria. Afinal, eles nunca se preocuparam com os pobres deste país, com a distribuição de renda, com a superação da miséria.
Mas essa é a nossa marca; é a nossa história.
Enfim, minha gente, tem gente que acha que o futuro do Brasil está no passado.
No passado injusto e atrasado (medíocre), o passado do arrocho, do desemprego, do Apagão, do FMI, da universidade para poucos, do rentismo, da venda do patrimônio público.
Não se enganem, essa é a agenda deles. É a agenda do retrocesso. É a volta do Brasil para poucos.
Companheiras e Companheiros,
Eu quero falar para vocês algo que está engasgado na minha garganta. Algo que está guardado no meu peito de cidadã brasileira.
Eu não fui eleita para arrochar salário de trabalhador!
Eu não fui eleita para virar as costas para os pequenos empreendedores do nosso País!
Eu não fui eleita para desempregar trabalhadores e trabalhadoras do Brasil !
Eu não fui eleita para vender ou mudar o nome da Petrobras e entregar o Pré-sal !
Eu não fui eleita para mendigar dinheiro no FMI !
Eu não fui eleita para tornar a saúde do Brasil um privilégio de alguns !
Eu não fui eleita para fazer da Educação um caminho estreito !
Eu não fui eleita para varrer a corrupção para debaixo do tapete, como faziam !
Eu não fui eleita para colocar, de novo, o país de joelhos, como eles fizeram !
Eu não fui eleita para trair a confiança do meu povo !
Eu fui eleita para governar de pé e com a cabeça erguida. E é isso que eu vou continuar a fazer, ao lado do povo brasileiro e com a ajuda dessa militância incrível que sempre nos dá forças e inspiração!
Companheiras e Companheiros,
Minha agenda é outra. É a agenda de quem está, de fato, ao lado do povo do Brasil.
Minha agenda é a agenda do futuro. A agenda de quem já fez muito e, por isso, pode fazer muito mais.
Nós podemos fazer isso porque nós, do PT, somos a grande força política inovadora do Brasil.
É hora de avançarmos com as reformas profundas que tanto o Brasil precisa. Isso começa com a reforma política, porque sem ela não construiremos a sociedade do futuro que o Brasil quer ver nascer.
Os nossos governos estão promovendo uma verdadeira transformação social no país e isso criou as bases cidadãs para a promoção de uma transformação democrática e política no Brasil.
Encaminhei ao Congresso Nacional uma proposta de consulta popular para que o povo brasileiro possa debater e participar ativamente da reforma política. Sempre estive convencida que sem a participação popular não teremos a reforma política que o Brasil exige. Nossa missão, agora, é realizá-la. Nessa nova campanha presidencial, colocaremos a reforma política como algo estratégico e decisivo para o futuro da democracia brasileira.
Companheiros e Companheiras,
O rancor que os saudosistas do passado têm de nós provém do nosso êxito, não do fracasso pelo qual eles tanto torceram e tanto torcem.
Nós mostramos que outro mundo é possível, que outro Brasil é possível.
Esse novo Brasil não aceitará retrocessos, mesmo que eles sejam travestidos de aparente novidade. Da estranha novidade de medidas que eles denominam de “impopulares” quando deveriam chamá-las “anti-populares”.
O Brasil não voltará no tempo. Não será conduzido pelo rancor, pelo ódio e o ressentimento.
Sabemos de onde viemos e sabemos para onde vamos. Temos a régua e o compasso das grandes lutas populares. Temos a bússola das eternas utopias libertárias e igualitárias. E, em nosso sangue, o sangue que muitos de nós derramamos, corre a democracia.
O único rumo possível para o Brasil é avançar ainda mais em direção a um futuro de maior igualdade, de mais oportunidades para todos, de maior distribuição da renda, de maiores salários para os trabalhadores, de mais direitos, de mais democracia, de mais educação e inovação. Para nós que sempre queremos e lutamos por mudança, toda conquista é apenas um começo.
Quero dar uma palavra sobre a Copa. Ela vai ser um sucesso. Quero transmitir a vocês um comentário feito para mim: “É engraçado, a gente adora futebol! Somos o país do futebol, a gente acompanha todas as Copas, torcendo, e se diverte. Agora que é aqui no Brasil não podemos aproveitar… Por quê? Porque a política não deixa… fica todo mundo criticando, falando mal da Copa…”.
O rumo do Brasil é o futuro desejado pela generosidade, a solidariedade e o amor do nosso povo, não o passado acalentado pelo rancor ou pelo ressentimento destes que já derrotamos em 3 eleições presidenciais e que derrotaremos, de novo, nesse próximo pleito.
Tenham certeza disso!
Porque desse novo Brasil que estamos construindo não há volta possível!
Vamos avançar no rumo certo!
Avançar sempre ao lado do povo!
VIVA O PT !
VIVA O BRASIL !
VIVA O POVO BRASILEIRO !
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