Começou o conclave...
Expectativa geral.
Arcebispo de São Paulo é forte concorrente.
Teremos um Papa brasileiro?
Todos de olho na chaminé...
Basílica de S. Pedro/Vaticano
CONCLAVE COMEÇA: D. ODILO SERÁ O PAPA BRASILEIRO?
Primeira votação ocorre desde as 13 horas de Brasília; atenções voltadas para chaminé da Capela Sistina; 115 cardeais, eleitores do novo papa, já estão fechados; imprensa internacional faz foco em dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, mas delegação brasileira estaria dividida; favoritismo, segundo vaticanistas, é dividido com Ângelo Sodano, de Milão; sonho do maior País católico do mundo pode se dar: fumaça branca para um papa brasileiro!
247, com Reuters - Aguardada com ansiedade, a votação que definirá o sucessor do papa Bento 16 foi iniciada às 13 horas de Brasília desta terça-feira 12, às 17 horas em Roma. Participam da escolha 115 cardeais – apenas os que têm menos de 80 anos –, que juram manter segredo, um a um, com a mão sobre o Evangelho.
Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, fez a parte dele. Nos bastidores antecedentes ao conclave, Scherer se posicionou ao lado da Cúria Romana, alinhada com o papado de Bento 16, potencialmente, assim, cativando os votos influenciados por Joseph Ratzinger. Ao mesmo tempo, ele passou, em missa rezada em Roma no domingo 10, uma posição favorável à renovação da Igreja. O arcebispo de São Paulo tem a seu favor o fato de ser brasileiro, País com o maior número de católicos do mundo. A delegação de cinco cardeais brasileiros, porém, estaria dividida. Críticas teriam sido feitas ao carmelengo Tarcísio Bertoni, responsável pela Cúria Romana, mas dom Odilo se posicionou ao lado dele. Os vaticanistas apontam favoritismo, também, para o cardeal de Milão, Ângelo Sodano.
Horas antes de iniciarem o conclave, eles rezaram pedindo ajuda divina para o novo papa, que terá de enfrentar uma das maiores crises na história da Igreja Católica Apostólica Romana. Todos os cardeais entraram na basílica de São Pedro enquanto um coro cantava, na missa solene que antecede ao conclave.
Eles pediram a Deus que os inspire para escolherem o homem certo para o lugar de Bento 16, que renunciou repentinamente no mês passado, dizendo não ter mais forças para confrontar os problemas da Igreja, cujo 1,2 bilhão de membros segue a liderança de Roma.
A missa foi o último evento coletivo dos cardeais antes de entrarem na tarde desta terça-feira na Capela Sistina, onde farão a eleição sob o famoso afresco do Juízo Final, de Michelangelo.
Na sua homilia, o italiano Angelo Sodano, decano dos cardeais, disse que eles rezariam para que "o Senhor nos conceda um pontífice que abrace esta nobre missão com um coração generoso".
Ele pregou mais unidade dentro da Igreja e pediu a todos que colaborem com o futuro papa.
O conclave é um processo secreto, cheio de rituais e orações, que pode levar vários dias. O eleito será o 266º pontífice.
Não há um favorito claro, mas vaticanistas dizem que o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer estão despontando. O primeiro devolveria o pontificado aos italianos após um hiato de 35 anos, ao passo que o segundo se tornaria o primeiro papa não-europeu em 1.300 anos.
Mas vários outros candidatos também têm sido citados, como os norte-americanos Timothy Dolan e Sean O'Malley, o canadense Marc Ouellet e o argentino Leonardo Sandri.
Os cardeais -- conhecidos como "príncipes da Igreja" -- só deixarão seu recolhimento quando tiverem escolhido o novo líder da Igreja, que enfrenta escândalos sexuais, disputas internas, dificuldades financeiras e o crescimento do secularismo.
Muitos católicos observam o conclave à espera de mudanças positivas.
"Não é um momento ansioso, mas um momento de grande esperança. A primeira coisa que a Igreja deveria fazer é voltar às vidas das pessoas, em vez de se perder na teologia", disse o italiano Andrea Michieli, de 22 anos, que foi à missa.
"O novo papa deve dar uma imagem jovem para a Igreja, para que todos vejam que Cristo não é só a Cúria (a burocracia do Vaticano)."
O cardeal mexicano Norberto Rivera Carrera disse ao jornal italiano La Stampa que há muitas opiniões divergentes sobre o perfil adequado do futuro papa. Segundo ele, alguns querem um acadêmico, outros buscam alguém popular, e há quem prefira um bom gestor.
Questionado sobre a chance de isso resultar em um conclave prolongado, ele negou. "Chegaremos a um acordo muito rapidamente", afirmou.
A duração média dos últimos nove conclaves foi ligeiramente superior a três dias, e nenhum durou mais do que cinco.
Sinalizando a divisão entre os cardeais, jornais italianos noticiaram na terça-feira que houve um confronto aberto entre prelados em uma reunião preliminar da segunda-feira.
Os jornais disseram que o cardeal italiano Tarcisio Bertone, número 2 na hierarquia vaticana durante o pontificado de Bento 16, acusou o brasileiro João Braz de Aviz de vazar comentários críticos à mídia. Aviz teria respondido que os vazamentos estavam partindo da própria Cúria, e foi muito aplaudido.
APOSTAS
Vaticanistas dizem que Scola, que comandou duas grandes dioceses italianas, poderia estar mais bem posicionado para compreender a política bizantina do Vaticano -- da qual ele nunca participou --, podendo assim introduzir reformas rápidas.
Mas os cardeais que trabalham na Cúria estariam, segundo essas fontes, se agrupando em torno de Scherer, que trabalhou durante sete anos na Congregação do Vaticano para os Bispos, antes de assumir a arquidiocese de São Paulo -- a maior do Brasil, país com o maior número de católicos no mundo.
Apenas 24 por cento dos católicos vivem na Europa, e cresce dentro da Igreja a pressão para que o novo papa seja de outra região, trazendo uma diferente perspectiva.
Os cardeais latino-americanos podem se preocupar mais com a pobreza e a ascensão das religiões evangélicas do que com questões como o materialismo e os abusos sexuais, que dominam as preocupações nos países desenvolvidos. Para os prelados da África e Ásia, a expansão do islamismo seria a questão mais relevante.
Os cardeais devem realizar sua primeira votação no fim da tarde de terça-feira, e provavelmente nenhum dos participantes obterá os 77 votos necessários (maioria de dois terços).
Eles então passarão a noite em um hotel do Vaticano, voltando na quarta-feira à Capela Sistina. A partir daí, serão quatro votações por dia. Quando o novo papa for eleito, uma fumaça branca sairá do teto da capela, os sinos do Vaticano vão soar, e um cardeal aparecerá na sacada para anunciar que "habemus papam" (temos papa).
Como na época medieval, os cardeais ficam proibidos de se comunicar com o resto do mundo. O Vaticano recorreu à tecnologia para adaptar esse sigilo ao século 21, o que incluiu a instalação de mecanismos que embaralham sinais eletrônicos.
Na manhã de terça-feira, os cardeais começaram a se deslocar para o hotel Santa Martha, onde se alojarão durante o conclave.
(Reportagem de Naomi O'Leary e Tom Heneghan)
Brasil 247
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