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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Fichas-Sujas assumem. E aí, ministra Cármen Lúcia?


O Abra a Boca, Cidadão! publicou dois posts sobre a Lei da Ficha Limpa e as eleições de 2012 no final do ano passado, inclusive reproduzindo declarações da ministra Cármen Lúcia, presidenta do Tribunal Superior Eleitoral, em que ela garantia aos cidadãos brasileiros que políticos "fichas-sujas", se eleitos, não tomariam posse.

Infelizmente, três meses após o pleito, não é isto o que estamos vendo, ministra. Cidadãs e cidadãos brasileiros, de vários municípios Brasil afora, indignados, vêm se manifestando ao blog e à blogueira, informando que muitas dessas excrescências estão sendo bem-sucedidas nos julgamentos do TSE, estão tomando posse e o descalabro administrativo continuará em suas cidades.

Como cidadã e ativista, fico desolada e indignada com o que me chega de pedidos de ajuda escritos por gente simples, ordeira e trabalhadora, sofrendo nas garras de verdadeiros facínoras disfarçados de administradores públicos.

Se o Poder Judiciário não consegue coibir as falcatruas perpetradas e "enjaular" essa bandidagem, vamos recorrer, então, à Polícia Federal e ao Ministério Público. Cidadão pacato, desarmado, sem recursos, muitas vezes com pouca instrução, não pode continuar à mercê desses verdadeiros marginais, que, além de assaltar os cofres públicos e roubar os municípios, controlam judiciário e polícia locais, promovem ameaças contra o povo, se vangloriam da impunidade e desafiam diariamente o Estado de Direito.

Cidadãs e Cidadãos brasileiros: de modo educado, respeitoso e sem caluniar e injuriar ninguém, relatem os fatos ilícitos e informem os nomes dos infratores ao TSE (presidencia@tse.jus.br).

Conheçam também o "Não Aceito Corrupção", Movimento do Ministério Público Democrático, clicando e fazendo sua denúncia aqui.



Assistam ao vídeo:




Fichas-sujas comandam prefeituras nos bastidores

LUIZA BANDEIRA/
Belo Horizonte, DANIEL CARVALHO/São Paulo, NELSON BARROS NETO/Salvador

Políticos fichas-sujas, que na reta final das eleições do ano passado abandonaram a disputa para eleger familiares como prefeitos, estão agora atuando nas administrações dos parentes.

Em alguns municípios, a oposição diz que os atuais prefeitos são laranjas e que quem comanda a prefeitura, de fato, são seus padrinhos, que abriram mão da candidatura para não serem barrados pela Lei da Ficha Limpa.

Em ao menos cinco cidades do país, foram nomeados para chefiar gabinetes ou secretarias. Em outras sete, dão expediente na prefeitura e colaboram informalmente.

Nas eleições, em pelo menos 33 cidades, candidatos que corriam o risco de ser barrados pela Lei da Ficha Limpa desistiram em cima da hora e elegeram filhos, mulheres e outros familiares.

Em alguns casos, seus nomes e suas fotografias continuaram sendo exibidos nas urnas eletrônicas, mas os votos foram computados para as pessoas que os substituíram como candidatos.

Editoria de Arte/Folhapress


Também há cidades em que políticos condenados ou com contas rejeitadas nem se candidataram e lançaram parentes desde o início da campanha. Muitos tinham o direito de recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se quisessem se candidatar, mas descartaram a opção.


PREFEITO DE FATO

Em Caputira (MG), o ex-prefeito Jairinho (PTC) admitiu que ajuda o filho, o prefeito Wanderson do Jairinho (PTB), a administrar a cidade. "Se você tivesse um pai prefeito, não ia perguntar as coisas? Mas ele é o prefeito."

Um vereador que não quis ter seu nome divulgado disse que Jairinho é o prefeito de fato. "O menino foi só para fazer campanha." Segundo ele, Jairinho despacha na prefeitura e atende a população.

Em Cajazeiras (PB), o ex-prefeito Carlos Antonio (DEM), que teve contas rejeitadas quando prefeito, foi nomeado secretário de Planejamento pela mulher e prefeita, Denise Oliveira (PSB).

Ele renunciou três semanas depois por causa de uma lei municipal que proíbe os fichas-sujas de ocupar cargos na administração. "Mas isso não vai impedir que ele me ajude", disse ela.

Em Conde (BA), o ficha-suja Paulo Madeirol (PSD) -- que em 2012 disse à Folha que elegeu a mulher, mas seria o prefeito de fato -- é secretário de Administração e participa de reuniões com a prefeita, Marly Madeirol (PTN).

Em Padre Paraíso (MG), a prefeita Neia de Saulo (PT), que em 2012 disse à Folha que o marido, ex-prefeito ficha-suja, ia "ajudar de longe", nomeou Saulo Aparecido (PTB) secretário de Saúde.

Ele diz que ajuda a mulher também em outras áreas, como educação, esportes e finanças, como "qualquer funcionário público".

Em Nova Independência (SP), o ex-prefeito Valdemir Joanini (PSDB) não tem cargo oficial, mas ajuda a prefeita como uma espécie de "primeiro-cavalheiro". "Se vou receber deputado e vereador, chamo ele", afirmou Neusa Joanini (PSDB).

Em São Paulo, o TRE indeferiu o registro de seis candidatos substitutos de fichas-sujas, entre eles o da prefeita de Nova Independência. Ela continua no cargo porque ainda cabe recurso. Também há processos tramitando nos casos de Cajazeiras e Conde.

Levantamento do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral mostra que 86 cidades já instituíram leis para impedir pessoas condenadas, com contas reprovadas ou outros problemas de assumir cargos na gestão pública.


OUTRO LADO

Políticos fichas-sujas e seus familiares que se elegeram prefeitos dizem que não há constrangimento com sua atuação. Os prefeitos negam que estejam sendo usados como laranjas por seus padrinhos políticos.

Em Caputira (MG), Wanderson do Jairinho (PTB) afirmou que recebe conselhos do pai ex-prefeito e que não vê problemas nisso. Disse ainda não ter decidido se o pai terá cargo na administração.

O ex-prefeito Jairinho (PTC) disse que só foi à prefeitura na primeira semana para ajudar o filho e que agora fica em seu escritório cuidando de negócios como empresário.

Em Cajazeiras (PB), a assessoria de imprensa da prefeita disse que ela é a prefeita de fato e que é normal que o marido ajude na administração, assim como fazem as primeiras-damas.

Denise Oliveira (PSB) disse que o marido saiu do secretariado por precaução, porque ela ainda não sabe se a lei da Ficha Limpa municipal está valendo.

Questionada sobre a atuação do marido, a prefeita de Conde (BA), Marly Madeirol (PTN), disse que "todos os secretários estão contribuindo, no limite de suas funções, para o funcionamento da administração". A prefeita não respondeu sobre ele ter a ficha-suja. Paulo Madeirol (PSD) não quis falar com a Folha.

Em Padre Paraíso (MG), o secretário Saulo (PTB) disse que, "sendo esposo, está trabalhando para o município".

A prefeita de Nova Independência (SP), Neusa Joanini (PSDB), disse não ver impedimento para que o marido atue como "primeiro-cavalheiro" e a ajude em reuniões com parlamentares.


Folha Online

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