Aqui no ABC! continuamos comemorando. Pela entrada do Ano Novo, cheio de possibilidades e promessas, e pela chegada de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo.
Com atraso de alguns anos, a maior cidade do País entrou ontem na Nova Era, uma época de trabalho, competência, seriedade, integridade, elegância, educação, refinamento.
São Paulo começou a sair ontem da Idade das Trevas, da Idade da Pedra Lascada, do Tempo das Cavernas. Os brucutus "foram cantar noutra freguesia", como disse o "outro". Já vão tarde!
Como até os postes da rua sabem, onde entra a Luz a escuridão se dissipa.
São Paulo começa a se iluminar. E em breve voltará a ocupar o lugar que lhe está destinado na sociedade planetária do terceiro milênio.
Viva "São Lula"! Viva São Paulo!!!
Prefeito Fernando Haddad discursa na cerimônia de posse na prefeitura.
Prefeito Haddad saúda o povo na porta da Prefeitura, Viaduto do Chá.
Prefeito Haddad, acompanhado da primeira-dama,
Ana Estela, fala ao povo paulistano diante da Prefeitura.
Convidados lotam o hall do prédio da prefeitura para ouvir o Prefeito
de São Paulo. Ex-prefeita Marta Suplicy, à esquerda, na primeira fila.
(Imagens do Portal da Prefeitura. Veja mais clicando aqui.)
Haddad a Alckmin: "Serei seu parceiro, governador"
Marco Damiani _247 – Fernando Haddad (PT) é o novo prefeito de São Paulo. O petista foi empossado pouco antes das 16 h na Câmara Municipal e seguiu para a Prefeitura, onde assinou o livro como prefeito às 16h37. Logo na chegada à Prefeitura, o petista deve ter percebido a responsabilidade de administrar a maior capital do País. "Haddad, por que você veio de carro?", gritavam cicloativistas, provavelmente inspirados pelo novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), que prometeu assumir de bicicleta.
Ao discursar, o petista adotou o estilo paz e amor. "Inicio a gestão muito bem acompanhado", disse um bem humorado Haddad, referindo-se a sua mulher, Ana Estela, à vice, Nádia Campeão, e ao fato de ter cinco secretárias municipais mulheres. Logo na abertura do discurso, ele lembrou que houve uma manifestação na Praça Roosevelt três dias antes do segundo turno cujo "tema me tocou bastante: existe amor em São Paulo". Haddad lembrou que aquele ato não foi partidário, nem queria angariar votos, mas disse muito "sobre o que a cidade espera de nós".
O petista deu ainda sua definição de cidade. "Cada projeto individual nesta cidade pertence ao projeto coletivo. Se pensarmos no significado desse engenho humano, seremos por excelência um local de altruísmo", disse. Haddad citou também a questão da moradia. "Neste momento, cinco edifícios estão ocupados por integrantes do movimento sem-teto, inclusive um deles bem diante da prefeitura", disse.
"Não irei desperdiçar um único centavo destinado ao povo paulistano", prometeu o petista, que, dirigindo-se ao governador Geraldo Alckmin, sentado ao seu lado, fez outra promessa: "Serei seu parceiro, governador. É preciso haver uma mudança de postura dentro da classe política, para haver mais colaboração".
Ao final do discurso, Haddad se dirigiu aos manifestantes concentrados do lado de fora da Prefeitura. "Vocês têm muito a contribuir, inclusive criticando. Não vamos acertar sempre, mas se tivermos tranquilidade, humildade e pudermos manter esse corpo a corpo, esse olho no olho, vamos garantir o nosso povo mais feliz", disse. "Não podemos nos assustar num primeiro momento com os problemas que se apresentam", completou. "Não vamos nos dispersar", pediu aos manifestantes.
Cerimônia
Estavam presentes à cerimônia o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o cardeal Dom Odilo Scherer e os presidentes do PT, Rui Falcão, e do PC do B, Renato Rabelo, mas o primeiro a discursar foi Geraldo Alckmin. "Governar São Paulo é um grande desafio, e muito extenuante", disse o governador de São Paulo. "Os interesses de São Paulo não conhecem interesses partidários", completou.
Em seu discurso, o agora ex-prefeito Gilberto Kassab se emocionou ao fazer um balanço de sua gestão. "Eles passarão, eu passarinho, e vou cantar em outra freguesia", disse o presidente nacional do PSD. Não haverá monotonia. O trabalho é muito estimulante", acrescentou, destacando que deixou um programa de moradia que beneficiou meio milhão de pessoas.
"Estaremos próximos, trabalhando pelo Brasil, no governo ou fora dele", disse, e assim demonstrou não ter definido a posição de seu PSD em relação ao governo Dilma Rousseff. "Avançamos com Fernando Henrique, avançamos decididamente com Lula e Dilma", comparou, em seguida, Kassab.
Desafios
O Fernando Haddad que assume nesta terça-feira 1 a Prefeitura de São Paulo terá pela frente problemas proporcionais ao tamanho da maior cidade da América Latina para resolver. E um dos primeiros que já bate à sua porta é político. Na ponta contrária do Viaduto do Chá, onde fica o gabinete do prefeito, cerca de 500 integrantes de dois movimentos por moradia – um ligado ao MST e outro à igreja católica – ocuparam nos últimos dias, desde o Natal, pelo menos cinco edifícios vazios, cujos processos de desapropriação ainda não se concluíram. Localizados nas ruas Marconi, Xavier de Toledo e imediações, os prédios são reivindicados há anos pelos militantes sem teto.
Com o objetivo de fazer pressão sobre Haddad, para que dê prioridade a uma de suas bandeiras de campanha e promova a ocupação organizada de edifícios centrais praticamente abandonados, os sem teto não demonstraram ter a menor paciência para esperar a posse do novo prefeito – e o fato consumado das primeiras invasões deverá suscitar uma primeira grande tomada de decisão do novo prefeito. Proprietários antigos de imóveis em prédios invadidos no centro de São Paulo se acostumaram a ganhar ações de reintegração de posse, cumpridas pela Justiça sempre com o apoio da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar. O que os sem teto querem saber é se esses procedimentos irão prosseguir na gestão Haddad ou se haverá abertura de negociações, diálogo e, finalmente, um processo organizado de ocupação.
A relação do novo prefeito com seu partido também já é delicada. Dirigentes e militantes dos diretórios de bairros não se viram contemplados nas nomeações para os comandos das subprefeituras. Anunciados por último, depois da nomeação de todo o secretariado, os subprefeitos escolhidos são essencialmente técnicos, com formação em engenharia. Em reuniões partidárias, o recado da administração, dado por integrantes do primeiro time de Haddad como o presidente municipal do PT Antonio Donato, é o de que o partido poderá, a tempo certo, indicar quadros para ocuparem os terceiro e quarto escalões das subprefeituras. Essa promessa, é claro, não agradou as bases do partido. À medida em que houver mais dificuldades para nomeações, novas pressões em encontros partidários irão ser feitas na direção do prefeito.
As chuvas que costumam afundar boa parte de São Paulo nesta época do ano, especialmente, já são vistas como o maior adversário natural do início da gestão. Sem condições de realizar nada de estrutural imediatamente, o novo prefeito se reuniu com os subprefeitos para fazer soar um alerta máximo a favor de ações emergenciais.
Uma radical transformação no sistema de inspeção veicular, que irá terminar com a obrigatoriedade de vistoria para veículos com até cinco anos de fabricação, além da extinção da taxa de R$ 44, é a maior bondade que o prefeito fará, de imediato, para a classe média.
Bem humorado e solto, novo prefeito de São Paulo disse, dirigindo-se
ao governador Geraldo Alckmin, que "é preciso haver uma mudança
de postura dentro da classe política, para haver mais colaboração".
Logo na abertura do discurso de posse, ele lembrou a manifestação
na Praça Roosevelt três dias antes do segundo turno, cujo
"tema me tocou bastante: existe amor em São Paulo". Haddad
ao governador Geraldo Alckmin, que "é preciso haver uma mudança
de postura dentro da classe política, para haver mais colaboração".
Logo na abertura do discurso de posse, ele lembrou a manifestação
na Praça Roosevelt três dias antes do segundo turno, cujo
"tema me tocou bastante: existe amor em São Paulo". Haddad
lembrou que aquele ato não foi partidário, nem queria angariar votos,
mas disse muito "sobre o que a cidade espera de nós";
Lula, aguardado, não apareceu
Marco Damiani _247 – Fernando Haddad (PT) é o novo prefeito de São Paulo. O petista foi empossado pouco antes das 16 h na Câmara Municipal e seguiu para a Prefeitura, onde assinou o livro como prefeito às 16h37. Logo na chegada à Prefeitura, o petista deve ter percebido a responsabilidade de administrar a maior capital do País. "Haddad, por que você veio de carro?", gritavam cicloativistas, provavelmente inspirados pelo novo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), que prometeu assumir de bicicleta.
Ao discursar, o petista adotou o estilo paz e amor. "Inicio a gestão muito bem acompanhado", disse um bem humorado Haddad, referindo-se a sua mulher, Ana Estela, à vice, Nádia Campeão, e ao fato de ter cinco secretárias municipais mulheres. Logo na abertura do discurso, ele lembrou que houve uma manifestação na Praça Roosevelt três dias antes do segundo turno cujo "tema me tocou bastante: existe amor em São Paulo". Haddad lembrou que aquele ato não foi partidário, nem queria angariar votos, mas disse muito "sobre o que a cidade espera de nós".
O petista deu ainda sua definição de cidade. "Cada projeto individual nesta cidade pertence ao projeto coletivo. Se pensarmos no significado desse engenho humano, seremos por excelência um local de altruísmo", disse. Haddad citou também a questão da moradia. "Neste momento, cinco edifícios estão ocupados por integrantes do movimento sem-teto, inclusive um deles bem diante da prefeitura", disse.
"Não irei desperdiçar um único centavo destinado ao povo paulistano", prometeu o petista, que, dirigindo-se ao governador Geraldo Alckmin, sentado ao seu lado, fez outra promessa: "Serei seu parceiro, governador. É preciso haver uma mudança de postura dentro da classe política, para haver mais colaboração".
Ao final do discurso, Haddad se dirigiu aos manifestantes concentrados do lado de fora da Prefeitura. "Vocês têm muito a contribuir, inclusive criticando. Não vamos acertar sempre, mas se tivermos tranquilidade, humildade e pudermos manter esse corpo a corpo, esse olho no olho, vamos garantir o nosso povo mais feliz", disse. "Não podemos nos assustar num primeiro momento com os problemas que se apresentam", completou. "Não vamos nos dispersar", pediu aos manifestantes.
Cerimônia
Estavam presentes à cerimônia o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o cardeal Dom Odilo Scherer e os presidentes do PT, Rui Falcão, e do PC do B, Renato Rabelo, mas o primeiro a discursar foi Geraldo Alckmin. "Governar São Paulo é um grande desafio, e muito extenuante", disse o governador de São Paulo. "Os interesses de São Paulo não conhecem interesses partidários", completou.
Em seu discurso, o agora ex-prefeito Gilberto Kassab se emocionou ao fazer um balanço de sua gestão. "Eles passarão, eu passarinho, e vou cantar em outra freguesia", disse o presidente nacional do PSD. Não haverá monotonia. O trabalho é muito estimulante", acrescentou, destacando que deixou um programa de moradia que beneficiou meio milhão de pessoas.
"Estaremos próximos, trabalhando pelo Brasil, no governo ou fora dele", disse, e assim demonstrou não ter definido a posição de seu PSD em relação ao governo Dilma Rousseff. "Avançamos com Fernando Henrique, avançamos decididamente com Lula e Dilma", comparou, em seguida, Kassab.
Desafios
O Fernando Haddad que assume nesta terça-feira 1 a Prefeitura de São Paulo terá pela frente problemas proporcionais ao tamanho da maior cidade da América Latina para resolver. E um dos primeiros que já bate à sua porta é político. Na ponta contrária do Viaduto do Chá, onde fica o gabinete do prefeito, cerca de 500 integrantes de dois movimentos por moradia – um ligado ao MST e outro à igreja católica – ocuparam nos últimos dias, desde o Natal, pelo menos cinco edifícios vazios, cujos processos de desapropriação ainda não se concluíram. Localizados nas ruas Marconi, Xavier de Toledo e imediações, os prédios são reivindicados há anos pelos militantes sem teto.
Com o objetivo de fazer pressão sobre Haddad, para que dê prioridade a uma de suas bandeiras de campanha e promova a ocupação organizada de edifícios centrais praticamente abandonados, os sem teto não demonstraram ter a menor paciência para esperar a posse do novo prefeito – e o fato consumado das primeiras invasões deverá suscitar uma primeira grande tomada de decisão do novo prefeito. Proprietários antigos de imóveis em prédios invadidos no centro de São Paulo se acostumaram a ganhar ações de reintegração de posse, cumpridas pela Justiça sempre com o apoio da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar. O que os sem teto querem saber é se esses procedimentos irão prosseguir na gestão Haddad ou se haverá abertura de negociações, diálogo e, finalmente, um processo organizado de ocupação.
A relação do novo prefeito com seu partido também já é delicada. Dirigentes e militantes dos diretórios de bairros não se viram contemplados nas nomeações para os comandos das subprefeituras. Anunciados por último, depois da nomeação de todo o secretariado, os subprefeitos escolhidos são essencialmente técnicos, com formação em engenharia. Em reuniões partidárias, o recado da administração, dado por integrantes do primeiro time de Haddad como o presidente municipal do PT Antonio Donato, é o de que o partido poderá, a tempo certo, indicar quadros para ocuparem os terceiro e quarto escalões das subprefeituras. Essa promessa, é claro, não agradou as bases do partido. À medida em que houver mais dificuldades para nomeações, novas pressões em encontros partidários irão ser feitas na direção do prefeito.
As chuvas que costumam afundar boa parte de São Paulo nesta época do ano, especialmente, já são vistas como o maior adversário natural do início da gestão. Sem condições de realizar nada de estrutural imediatamente, o novo prefeito se reuniu com os subprefeitos para fazer soar um alerta máximo a favor de ações emergenciais.
Uma radical transformação no sistema de inspeção veicular, que irá terminar com a obrigatoriedade de vistoria para veículos com até cinco anos de fabricação, além da extinção da taxa de R$ 44, é a maior bondade que o prefeito fará, de imediato, para a classe média.
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