8 de dezembro - DIA DA JUSTIÇA
Com a palavra os "Pecadores"
LULA MIRANDA
Fatos e não suposições ou ilações comprovam que o Supremo errou. E agora? Cancelarão as penas?
Julgamento do suposto "mensalão" pode ter incorrido em clamoroso erro e injustiça para alguns dos réus.
Quando apenas aventei essa possibilidade fui contestado e até destratado por inúmeros leitores, pois muitos já se acostumaram a formar fé-cega [faca amolada] a partir do que lhes diz a grande mídia. O que faz pensar numa possível releitura para o clássico conto "O Flautista de Hamelin", dos irmãos Grimm, onde os ratos seriam os desavisados leitores e a grande mídia seria o flautista ou, numa outra metáfora possível, a peste que a muitos dizima: justos e pecadores.
A cada dia que passa novos fatos se apresentam e comprovam a inocência de alguns dos réus condenados, sem provas, no julgamento da AP 470, que teria sido "um marco na história da democracia e do Judiciário no Brasil". Os fatos que ora se apresentam, um a um, aos poucos atestam, comprovam que não houve a corrupção alegada no suposto desvio na Visanet. E agora? O que fazer?
Reportagem de capa da edição de nº 64 da revista Retratos do Brasil, intitulada "A Vertigem do Supremo" [excelente título] comprova, mediante auditoria nas contas do fundo, realizada por cerca de 20 técnicos, que não houve o suposto desvio de R$ 73 milhões na Visanet. Sabe-se que esse alegado desvio serviu como "prova" de que teria havido corrupção e assim bastou para condenar Henrique Pizzolato e, num efeito dominó, outros réus. Condenar sem provas e com base na esdrúxula teoria do "domínio do fato" só poderia mesmo acarretar em consequências danosas, desastrosas.
Fatos e não suposições ou ilações comprovam que o Supremo errou. E agora? Cancelarão as penas? Indenizarão os condenados pecuniariamente. E a honra de cada um deles? Enxovalhada. E suas vidas? Destruídas.
Como reparar a desonra, o opróbrio, a ignomínia?
Por que essa matéria não foi noticiada na grande imprensa?
Quem vai explicar agora para a população a necessidade de se reduzir as exageradas penas e multas aplicadas – como vários eminentes juristas já haviam antecipado? Quem vai assumir o erro perante a sociedade e dizer: nós "carregamos nas tintas", erramos e nos deixamos levar pelo apelo fácil da "espetacularização"? Alguém vai ter coragem de passar o recibo? Dificilmente.
Os inúmeros erros judiciários cometidos na história do país pelo visto não bastaram para ensinar a imprensa brasileira a ter mais prudência e cuidado ao tratar de casos assim. Parece que o que importa mesmo é vender jornais e revistas a rodo, e, para os profissionais do ramo, sem rumo ou mínima normatização, importa escalar os píncaros do panteão do "jornobanditismo" e dos subcomandos das submáfias da mídia organizada.
Com a palavra os "honrados" e os "justos" que desde o início dos tempos atiram pedras nas "Genis" e nas "Madalenas" da nossa história. Com a palavra os hipócritas. Com a palavra os "pecadores".
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