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sábado, 20 de novembro de 2010

MÍDIA DÁ INÍCIO A TERCEIRO TURNO

E "trechos selecionados" dos autos do processo que a ditadura militar instaurada pelo Golpe de 64 promoveu contra a jovem ativista Dilma Rousseff começam a aparecer em jornais da velha e carcomida mídia brasileira...

Depois de barbaramente seviciada durante 22 dias por imundos e covardes brutamontes, sofrendo todo tipo de violência física, psicológica e moral, nos anos 70, agora, quarenta anos depois, estes apoiadores e colaboradores do regime de exceção que vivemos pretendem na sua desfaçatez costumeira dar seguimento a tais horrores, maculando a imagem da vítima, agora presidenta eleita, tentando constrangê-la e quem sabe desestabilizar seu governo que nem iniciou.

Não aceitam a vontade soberana do povo brasileiro expressa nas urnas em 31 de outubro último. E buscam dar início a um terceiro turno.

O Abra a Boca, Cidadão!, defensor da ampla, geral e irrestrita liberdade de imprensa, repudia a ação golpista, inescrupulosa e deletéria desta mídia. E indaga: Você, leitor e cidadão, acreditaria na palavra de criminosos?

Leia abaixo artigo do Professor Emir Sader a respeito.


Quanto vale a palavra de torturadores?

17/11/2010

por Emir Sader, no seu blog em Carta Maior

[Reproduzido a partir do blog Vi o Mundo http://www.viomundo.com.br/politica/emir-sader-quanto-vale-a-palavra-de-torturadores.html]

O Superior Tribunal Militar abriu o processo da Presidenta eleita, Dilma Rousseff, que um órgão da imprensa – aquele cuja executiva disse que a mídia é o partido político da oposição – buscava afoitamente na reta final da campanha eleitoral.

O que teremos nesse processo? A versão que os torturadores davam das suas vítimas, dos torturados. Essa mesma imprensa que reclamava, com razão, da censura, vai agora acreditar no que os verdugos diziam do crime monstruoso da tortura, que praticavam? E do comportamento das vítimas indefesas desse crime hediondo?

É como se levassem a sério o que os censores devem ter escrito sobre as publicações que censuravam e os jornalistas. Nós nunca os tomaríamos a sério, utilizamos os documentos da censura para denunciar ainda mais o obscurantismo da ditadura.

O processo tem que ser mais um instrumento de denúncia da tortura – crime imprescritível – e não instrumento de manipulação política justo do jornal que emprestou carros para que órgãos da ditadura, disfarçados de jornalistas, cometessem suas atrocidades. O mesmo órgão que considerou que não tivemos uma ditadura, mas uma “ditabranda”.

O processo é um testemunho dos agentes do terror, daqueles que assaltaram pela força o Estado, destruíram a democracia e se apropriaram dos bens públicos para transformá-los em instrumentos dos crimes hediondos que cometeram – em nome da “democracia”.

Nas mãos de democratas, se transformará em mais uma prova da brutalidade dos crimes cometidos pela ditadura militar contra seus opositores. Nas mãos dos que foram complacentes e se beneficiaram da ditadura, será instrumento político torpe. A mídia que acreditar no que diziam os torturadores, será conivente com eles, ao invés de denunciar os crimes que eles cometeram.

Para os que se sujaram com a ditadura é insuportável que houve gente que se comportou com heroísmo e dignidade. Querem enlamear a todos, porque se houve tanta gente que resistiu à ditadura, mesmo em condições limites, havia alternativa que não a conciliação e a conivência com a ditadura.

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