CORRUPÇÃO NA PREFEITURA DE SÃO PAULO
Eles acham que podem tudo, que estão acima da Lei.
Mas nada como um dia depois do outro.
Controladoria Geral do Município, criada pelo prefeito Fernando Haddad, indo pra cima dos "ninhos de corrupção" incrustados na administração municipal.
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Um dia a casa cai...
Banco de Imagens/PMSP
HADDAD AO 247: “ESTOU FAZENDO ACERTO DE CONTAS”
Discreto e sem euforia, prefeito de São Paulo saboreia efeitos da operação que estourou ninho de corrupção entre ex-altos funcionários municipais; quatro prisões em "ninho" na Secretaria de Finanças da gestão Kassab representam ponto de inflexão em acordos tácitos que vigoravam até aqui; outras onze investigações feitas pela Controladoria Geral do Município já estão em poder do Ministério Público; "completamos dez meses de gestão mostrando como gerir a cidade de maneira republicana e participativa", disse o prefeito ao 247
247 – O prefeito Fernando Haddad acaba de soltar uma amarra. Até a quarta-feira 30, quando a Controladoria Geral do Município anunciou a prisão de quatro ex-altos funcionários da Secretaria de Finanças na gestão do antecessor Gilberto Kassab, Haddad se sentia atado a um acordo político tácito. Apoiador da presidente Dilma Rousseff no plano federal, por meio do seu PSD, Kassab acreditava que não teria problemas na São Paulo em que o petista o sucedeu.
Para o prefeito atual, no entanto, a política de não agressão já lhe custava pontos nas pesquisas de opinião. Levantamento sobre a imagem de Fernando Haddad na população definiu-o como competente e capacitado, mas igualmente como um prefeito que os outros políticos não deixariam trabalhar. Os estrategistas da Prefeitura ficaram preocupados.
"Calma que as coisas irão se resolver pelo caminho da naturalidade", acostumou-se a repetir o próprio prefeito aos auxiliares que, um tanto aflitos, o vinham procurando nos últimos meses com ideias para marcar a diferenciação que parecia não existir entre a gestão dele e a do antecessor. "Não trabalhamos por factóides", atalhava Haddad.
SEM PRESSA - Com informações transmitidas direta e regularmente pelo chefe da CGM, o ex-Coaf Marcos Vinícius Spinelli, o prefeito sabia há meses que algo de grande estava acontecendo em sua área de fiscalização. E nunca demonstrou ter pressa quanto ao fim das investigações. Ontem, sem soltar nenhum grito ou exclamar qualquer impropério contra o antecessor, conquistou sua independência. Ele dribla a questão da libertação da sombra de Kassab. "Não há política nisso. É apenas um modo de fazer a gestão da máquina pública", completa.
Sem ter disparado uma só frase de crítica à gestão de Kassab, Haddad acertou em cheio não apenas no antecessor, mas igualmente no prefeito anterior, o tucano José Serra. Afinal, o esquema de fraudes no recolhimento do Imposto Sobre Serviços de grandes construtoras ocorria debaixo do nariz do economista Mauro Ricardo, um quadro diretamente identificado com Serra, de quem também foi secretário de Finanças. "Eu tenho muito orgulho de ter criado a Controladoria", saúda o prefeito.
ALCKMIN GOSTOU - Consta que o governador Geraldo Alckmin comemorou, com seus auxiliares, a descoberta do ninho corrupto feito pela equipe de Haddad. Ele próprio já manifestou ao prefeito seu interesse em instalar no Estado uma tecnologia de cruzamentos de informações semelhante à implantada, em curtíssimo prazo, pelo controlador Spinelli. "O governador já conversou comigo sobre ter mais mecanismos de proteção do Estado", reconhece Haddad.
A sorte soprou para o lado de Haddad quanto ao momento do estouro do caso de corrupção, no qual já se sabe que R$ 200 milhões em impostos foram desviados. Isso porque a notícia surgiu quando chegam ao ápice as críticas frente aos novos valores do IPTU a ser lançado pela Prefeitura para 2014. "Ficarei feliz em pagar meu novo IPTU", repete o prefeito, que considera a arrecadação o ponto crucial para o sucesso de sua gestão.
Com R$ 8 bilhões em convênios assinados com o governo federal – que implicam em aportes de valores semelhantes pela Prefeitura para serem desenvolvidos -, o prefeito já consegue bater uma meta. Até o final do ano terá implantado 300 quilômetros de corredores de ônibus na capital. Além disso, enviou à Câmara Municipal uma proposta de Plano Diretor e o seu Plano de Metas.
PROBLEMAS À VISTA - À medida em que vai cumprindo suas promessas – o bilhete único mensal deve, por exemplo, entrar em circulação até o final do ano -, Haddad já vê novos obstáculos. O Supremo Tribunal Federal está analisando recurso da Prefeitura paulistana quanto a decisão de obrigar que todos os títulos precatórios sejam pagos dentro de cinco anos. São Paulo, a cada ano, tem um histórico de pagar apenas 3% dos precatórios que tem contra si – e eles representam R$ 26 bilhões. Haddad acredita que, se perder essa parada, será muito difícil viabilizar a gestão. Mas, como ele mesmo diz, com calma, e muita batalha por recursos, as contas podem se ajustar.
"Muito do que estamos fazendo agora não será usufruido nessa gestão", calcula ele, referindo-se à quebra dos juros no pagamento da dívida com a União. Uma nova forma de cálculo já passou na Câmara Federal, mas ainda depende do aval do Senado. Mesmo que o futuro próximo reserve mais problemas do que soluções, o prefeito de São Paulo parece ter iniciado, com o estouro do ninho corrupto, uma nova, mais agressiva e independente etapa de sua gestão.
PROBLEMAS À VISTA - À medida em que vai cumprindo suas promessas – o bilhete único mensal deve, por exemplo, entrar em circulação até o final do ano -, Haddad já vê novos obstáculos. O Supremo Tribunal Federal está analisando recurso da Prefeitura paulistana quanto a decisão de obrigar que todos os títulos precatórios sejam pagos dentro de cinco anos. São Paulo, a cada ano, tem um histórico de pagar apenas 3% dos precatórios que tem contra si – e eles representam R$ 26 bilhões. Haddad acredita que, se perder essa parada, será muito difícil viabilizar a gestão. Mas, como ele mesmo diz, com calma, e muita batalha por recursos, as contas podem se ajustar.
"Muito do que estamos fazendo agora não será usufruido nessa gestão", calcula ele, referindo-se à quebra dos juros no pagamento da dívida com a União. Uma nova forma de cálculo já passou na Câmara Federal, mas ainda depende do aval do Senado. Mesmo que o futuro próximo reserve mais problemas do que soluções, o prefeito de São Paulo parece ter iniciado, com o estouro do ninho corrupto, uma nova, mais agressiva e independente etapa de sua gestão.
Brasil 247
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