Tradutor

segunda-feira, 18 de março de 2013

Dilma pede denúncia de violência contra mulher


Eu quero pedir às mulheres que não deixem de denunciar qualquer ameaça, qualquer gesto de violência, porque gesto de violência contra a mulher é gesto de violência contra a sociedade. (…) Se você sabe de um caso de violência doméstica no seu bairro, ligue para o 180. Você não precisa se identificar e esse telefonema pode salvar a vida de uma mulher e vai transformar para melhor a nossa sociedade.
                                                                                      Presidenta Dilma Rousseff


A Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República também recebe denúncias de crimes contra mulheres, por meio da Ouvidoria da Mulher. Encaminhe pedido de informações, reclamações e denúncias para o endereço eletrônico: ouvidoria@spmulheres.gov.br



“Gesto de violência contra a mulher é gesto de violência contra a sociedade”, afirma Dilma
Café com a presidentaA presidenta Dilma Rousseff destacou, no programa Café com a Presidenta desta segunda-feira (18), a importância de se denunciar a violência contra a mulher, que ela classificou como um gesto de violência contra a sociedade. Na última semana, Dilma anunciou o programa Mulher, Viver Sem Violência, que vai construir, em cada estado do país, a Casa da Mulher Brasileira, que vai integrar, em um único espaço, todos os serviços de apoio às mulheres.
“Saibam que o meu governo está trabalhando para apoiar e proteger as mulheres da violência. Por isso, eu quero pedir às mulheres que não deixem de denunciar qualquer ameaça, qualquer gesto de violência, porque gesto de violência contra a mulher é gesto de violência contra a sociedade. (…) Se você sabe de um caso de violência doméstica no seu bairro, ligue para o 180. Você não precisa se identificar e esse telefonema pode salvar a vida de uma mulher e vai transformar para melhor a nossa sociedade”, recomendou.

Com a Casa da Mulher Brasileira, que será construída na capital dos 26 estados e no Distrito Federal, serão disponibilizados serviços como delegacia especializada, defensoria pública, juizado especial de violência doméstica, equipes de psicólogos e de assistentes sociais, além de alojamento provisório e brinquedoteca para as crianças ficarem enquanto a mãe está sendo atendida.

Blog do Planalto

*

Marilena Chauí: a mídia é uma "coisa nauseante"


ENTREVISTA


A filósofa e professora Marilena Chauí, em entrevista explosiva, dispara vários petardos. Um deles acerta em cheio a velha e "grande" imprensa.

"Monopólio, mão única, ideologia da competência, interesses obscenos. A manipulação é contínua. É uma coisa nauseante", indigna-se contra a mídia.

Leiam mais abaixo.






Marilena Chauí: “Nova Classe Média é bobagem”



Em entrevista, a filósofa Marilena Chauí ataca o Supremo Tribunal Federal, 
diz que a mídia manipula informação, vê controle da internet e frisa 
que Renan Calheiros é regra e não exceção


Por Renato Dias - A suposta criação de uma nova classe média - anunciada pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e por Dilma Rousseff (PT) - é uma "bobagem sociológica", já que o que houve foi a ampliação da classe trabalhadora. É o que afirma a filósofa Marilena Chauí. Ela participou, na última quarta-feira, em Goiânia, de edição do Café com Ideias. O fórum é uma promoção do Centro Cultural Oscar Niemeyer, do Governo de Goiás. O evento é organizado pelo jornalista e professor da UFG Lisandro Nogueira.

Professora titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Marilena Chauí informa que existem duas classes no capitalismo [burguesia e proletariado/classe trabalhadora]. Para ela, a classe média não teria função econômica, mas ideológica. "Como correia de transmissão das ideologias das classes dominantes. Até 'intelectuais' pertencem, hoje, à classe trabalhadora", dispara. "Técnica e ciência viraram forças produtivas", analisa.



Perplexidade

A antiga classe média está apavorada, porque pela escolaridade ela não se distingue, provoca. "Pela profissão, menos ainda", atira. Ela está perplexa com a entrada da classe trabalhadora na sociedade de consumo, insiste. "Qualquer um pode andar de avião. Não tem mais distinção nenhuma", ironiza. Cáustica, a ex-secretária de Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo (1989-1992), sob a gestão de Luiza Erundina, define a classe média como "conservadora e autoritária".

A professora denuncia os grandes conglomerados de comunicação. A mídia monopoliza a informação, avalia. "A diferença é vista (pela mídia) como "discordância e atraso, portanto perigosa", explica. Segundo ela, há 10 anos, a mídia era um oligopólio. "Hoje, quase atinge a dimensão de um monopólio", informa. "Monopólio, mão única, ideologia da competência, interesses obscenos. A manipulação é contínua. É uma coisa nauseante", discursa, em um tom de indignação.

Marilena Chauí afirma que a internet pode ser um fator de democratização do acesso à informação, mas também de controle. Ela aponta a suposta vigilância e controle dos equipamentos informáticos, com hegemonia dos Estados Unidos e do Japão.



Neoliberalismo

Ligada ao PT, ela ataca o neoliberalismo. "O encolhimento do espaço público e o alargamento dos espaços privados". Em uma crítica velada aos oito anos de gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso (SP), ela relata que o "remédio neoliberal" seria um engodo. "Como mostram as crises da União Europeia e dos Estados Unidos", explica. Especialista em Espinosa, a professora diagnostica a desmontagem do sistema produtivo da Europa. "A Europa é um parque jurássico e pode não conseguir se recuperar".

A democracia é frágil no capitalismo contemporâneo, aponta. Ela exorciza o que define como ideologia da competência técnico-científica. "Um produto da divisão entre as classes sociais, sedimentada pelos meios de comunicação social e que invade a representação política", teoriza. A filósofa diz que são imensos os obstáculos à democracia no capitalismo. "A democracia não se confina a um setor social apenas", fuzila. O cerne da democracia é a criação de direitos e ser aberta aos conflitos, acredita.

Marilena Chauí condena ainda o mito da não violência brasileira. A imagem de um povo alegre, sensual, cordial seria invertida. "O mito é também uma forma de ação, cuja função é assegurar à sociedade a sua autoconservação. Ele encobre, substitui a realidade", analisa. Para ela, com a hegemonia da cultura do mito, a violência se restringiria à delinquência e à criminalidade, o que legitimaria a ação do Estado, via-repressão, aos pobres, às supostas classes perigosas.

"As desigualdades salariais entre homens e mulheres, brancos e negros, brancos e índios, e a exploração do trabalho infantil e de idosos são considerados normais", discursa. "É no fiozinho da vida cotidiana que você vê o grau de violência da sociedade brasileira: "você sabe com quem está falando?", analisa. A ex-secretária de Cultura do município de São Paulo afirma que a sociedade brasileira é autoritária. "O Supremo [STF] é a expressão máxima do autoritarismo", provoca.

"Nós precisamos de quase 30 anos para criar a Comissão Nacional da Verdade", desabafa. A CV surgiu em 2012. Ela cita como exemplo diferente a instituição da Comissão da Verdade da África do Sul,logo após o fim do Apartheid, regime de segregação social e racial. Ela culpa o sistema político do Brasil, que teria sido criado pelo general Golbery do Couto e Silva, bruxo da ditadura civil e militar (1964-1985). "Ninguém mexeu na estrutura política [deixada pelo regime militar]", pondera.



Renan Calheiros


Crítica, Marilena Chauí avalia que o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), [que abençoou os governos de Fernando Collor de Mello (1990-1992), Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002), Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006 e 2007-2010) e Dilma Rousseff (2011-2013)] faria parte da ordem natural das coisas no Brasil. "A sua figura, não é a exceção, mas a regra", dispara. É uma coisa esquizofrênica, metralha. "Mas uma reforma política ampla poderia nos libertar".


Quem é Marilena Chauí


Personagem do Café com Ideias, Marilena Chauí é professora titular de Filosofia Política e de História da Filosofia Moderna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Nascida no município de Pindorama, Estado de São Paulo, no ano de 1941, ela é filha do jornalista Nicolau Chauí e da professora Laura de Souza Chauí. Marilena Chauí é da esquerda-democrática e membro-fundador do Partido dos Trabalhadores (PT).

Ela possui graduação, mestrado e doutorado em Filosofia. A filósofa é autora de livros como O que é Ideologia, Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense, Convite à Filosofia; A Nervura do Real: Espinosa e a Questão da Liberdade.

Mais: Simulacro e Poder – Uma Análise da Mídia (1996), Editora Fundação Perseu Abramo. Ela faz ainda a apresentação de A Invenção Democrática – Os limites da dominação totalitária (2011), Coleção Invenções Democráticas (Autêntica).



Cultura

A professora de Filosofia da USP Marilena Chauí exerceu ainda o cargo de secretária de Cultura da Prefeitura de São Paulo na administração da prefeita Luiza Erundina, à época no PT. É eleitora de Lula & Dilma e crítica da mídia.

Renato Dias, jornalista e sociólogo, autor de Luta Armada/ALN-Molipo, As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz (2012), RD/Movimento; é colaborador do Diário da Manhã, onde essa reportagem foi originalmente publicada.


Brasil 247

Destaques do ABC!

*

"Nunca um Papa me beijou", diz Cristina Kirchner


A relação cheia de turbulência entre os famosos argentinos começa a ficar mais amena. Cristina e Francisco almoçaram juntos e trocaram presentes.

Presidenta Dilma também já está em Roma e amanhã deve encontrar o Papa.




"Nunca um Papa me beijou", diz Cristina em encontro com Francisco

Apesar da relação tensa, presidente da Argentina e Papa trocaram afagos e presentes em almoço no Vaticano


Presidente Cristina Kirchner e o Papa Francisco se cumprimentam em encontro oficial 
no Vaticano / AFP

ROMA - Em um encontro oficial, mas com tom informal, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, almoçou com o Papa Francisco na Residência Santa Marta, no Vaticano. Entre risos, eles conversaram, trocaram presentes e a mandatária até ganhou um beijo do Pontífice.

- Posso tocá-lo? Nunca um Papa me beijou - disse Cristina.

De acordo com o jornal “La Nación”, Jorge Bergoglio, eleito Papa na última semana, cumprimentou Cristina de forma calorosa, que o presenteou com um mate. Antes do almoço, os argentinos conversaram entre 15 e 20 minutos.

Cristina apresentou ao Pontífice o chanceler Héctor Timerman, o embaixador no Vaticano, Juan Pablo Cafiero, o secretário de Comunicações, Alfredo Soccima, e seu secretário, Martín Aguirre.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que não haveria um comunicado da Santa Sé sobre o almoço porque era uma “visita informal”. Trata-se da primeira reunião de Bergoglio com um chefe de Estado após o conclave. A próxima da fila é a presidente Dilma Rousseff, que deve encontrar com o Papa Francisco nesta terça-feira.

Apesar da troca de afagos, o ex-arcebispo de Buenos Aires e Cristina mantêm uma relação tensa. Por reiteradas vezes, Bergoglio criticou em suas homilias a corrupção e a pobreza na Argentina. Após a escolha de Bergoglio, a Casa Rosada divulgou um comunicado frio para saudar o novo Papa e pediu ao argentino que tivesse um trabalho “significante para a religião”.

O Papa Francisco e o fim da "lavanderia" no Banco do Vaticano


CORRUPÇÃO NA IGREJA


Questões mundanas, nada teológicas, prevaleceram no conclave que elegeu o Papa Francisco: corrupção, lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano, moralização da Cúria e outras.

É o que afirma no artigo abaixo o jurista e ex-desembargador Walter Maierovitch, relatando os bastidores da escolha do novo papa.

                                                                                             Vaticano/Site Oficial

Vaticano
Quem ganha e quem perde


Wálter Maierovitch


A Capela Sistina sempre foi palco de litígios e puxadas de tapete. Nela existe a “Câmara das Lágrimas”, onde o vencedor troca os panos cor púrpura de cardeal pelos brancos de papa, antes de, na solidão, debulhar-se em lágrimas por causa da grande emoção. Na Sistina, o então jovem Rafael, insuflado pelo seu mestre Bramante, tentou tomar o lugar de Michelangelo. Rafael não se contentava em afrescar os quartos dos papas. Aproveitava-se do atraso de Michelangelo para espalhar que o concorrente nunca afrescara paredes e não dominava as técnicas de aplicar tinta em reboco molhado. Michelangelo venceu o embate.

Depois de 25 horas de votações, venceram os reformistas da Cúria. A disputa estava polarizada entre esses e os antirreformistas liderados pelo camerlengo Tarcisio Bertone, ex-secretário de Estado (chefe da Cúria e uma espécie de primeiro-ministro). O candidato de Bertone era o brasileiro Odilo Pedro Scherer, integrante da comissão de fiscalização do apelidado Banco do Vaticano, eufemisticamente denominado Instituto para as Obras Religiosas (IOR).

Nos últimos conclaves, o grande embate ocorria entre os reformadores da doutrina, incluindo o saudoso Carlo Maria Martini, e os conservadores. Venceram os últimos, cujos principais símbolos foram Karol Wojtyla e o seu delfim Joseph Ratzinger. Por evidente, perdia a Igreja com o conservadorismo, destacando a redução de fiéis na Europa. A propósito, e como demonstrou o vaticanista Marco Politi, Ratzinger foi o grande teólogo do obscurantismo. É contra a camisinha em tempos de Aids, manteve a proibição de Paulo VI ao uso de pílulas anticoncepcionais, opõe-se à ordenação de mulheres para o posto de sacerdotisas, condena o homossexualismo e a lei alemã de “despenalização” do aborto, é contrário ao casamento de padres e à oferta da eucaristia, nas celebrações, aos divorciados, entre outras.

A escolha de Jorge Mario Bergoglio, que na eleição de Ratzinger ficou em segundo lugar ao entrar nos escrutínios depois da baixa votação e da desistência do cardeal Martini, foi costurada pelos norte-americanos, à frente Timothy Dolan, de Nova York. Os primeiros candidatos apresentados eram Angelo Scola e Odilo Scherer. O reformista entrou na Sistina com cerca de 50 votos e o antirreformista Scherer com quase 25. Como não passavam desse número e jamais atingiriam os dois terços previstos na Constituição apostólica, acabaram substituídos. Então, pelo resultado da urna, percebeu-se que não emplacariam os cardeais canadense, húngaro, australiano, mexicano e o outsider e cultíssimo Gianfranco Ravasi. Para os vaticanistas, Scola pediu a transferência dos seus votos para Bergoglio, de 76 anos. O outro argentino, Leonardo Sandri, estava fechado com os antirreformistas.

As articulações de Dolan, o apoio de diversos cardeais sul-americanos engasgados com a Cúria (Scherer nunca foi unanimidade entre os brasileiros votantes) e a migração de votos do italiano Scola deram a vitória a Bergoglio, que entrou sem nenhuma aspiração e zero de apetite. Como as questões terrenas, nada teológicas, prevaleceram no conclave, os reformistas curiais Scola e Dolan devem indicar o novo secretário de Estado. Aquele que cuidará da limpeza e das defenestrações. A respeito fala-se de um cardeal com prestígio entre políticos italianos, capaz de manter a contribuição do governo da Itália ao Vaticano, equivalente a 9 bilhões de euros por ano.

Scherer saiu chamuscado ao defender o escandaloso Banco do Vaticano. Segundo Paolo Rodari, vaticanista do jornal La Repubblica, “o ataque duríssimo na congregação-geral feito por muitos cardeais e contra a ‘corrupção’ romana, numa Cúria que apostava no candidato Odilo Scherer, cardeal brasileiro e integrante da Comissão Cardinalícia do IOR, ecoou de maneira dramática durante o conclave… Um conclave que assistiu, gradualmente, aos sul-americanos e norte-americanos escolherem uma figura independente”.

Com Bergoglio, jesuíta, esperam-se ações de moralização na Cúria, com o vigor de Inácio de Loyola. Perderam os fiéis brasileiros: o maior país católico do mundo não teve um candidato, entre os reformistas da Cúria, capaz de empolgar. E fica a impressão, por exigência dos cardeais norte-americanos, de estar com os dias contados a "lavanderia" do IOR, que não atende a todas as regras internacionais de prevenção à lavagem de dinheiro criminoso ou sem causa.


*