Tradutor

sexta-feira, 18 de abril de 2014

García Márquez, muito além dos Cem Anos


Gabriel García Márquez (1927-2014)

"Tudo é questão de despertar sua alma." 
Gabriel García Márquez, ativista, editor, escritor, jornalista

Um verdadeiro amigo é alguém que pega a sua mão e toca o seu coração.

Pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma.

Te amo não por quem tu és, mas por quem sou quando estou contigo.

Não passes o tempo com alguém que não esteja disposto a passá-lo contigo.

O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança.

O problema do casamento é que acaba todas as noites depois de fazer amor, e tem que ser reconstruído todas as manhãs antes do café.

A sabedoria é algo que quando nos bate à porta já não nos serve para nada.

O segredo de uma boa velhice não é outra coisa além de um pacto honrado com a solidão.

Eu escrevo para que as pessoas queiram mais. Esta é 
uma das aspirações fundamentais do escritor.

Depois que faço em meus romances a última leitura, eles já não me interessam. O livro é como um leão morto.

Quando não escrevo, morro. Quando escrevo, também.

Como escritor me interessa o poder, porque ele resume toda a grandeza e a miséria do ser humano.

Não posso calcular a quantidade de dissidentes que ajudei, em silêncio, a emigrar de Cuba. Basta-me a tranquilidade de minha consciência. 

Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.

A realidade é muito difícil de interpretar e é sempre melhor do que a ficção.

Não chores porque terminou.

García Márquez foi um dos últimos escritores carismáticos

Roberto Amado*


Ele talvez tenha sido o último escritor com o carisma dos grandes literatos. Morreu aos 87 anos, vítima de um câncer, depois de escrever mais de 30 livros. Vendeu mais de 40 milhões de exemplares em 30 idiomas.

Gabriel García Márquez viveu plenamente a literatura, dentro e fora dos livros. Quando tinha 17 anos e ainda lutava com as palavras, leu “A Metamorfose”, de Kafka, a história de um homem que um dia acorda transformado em um inseto. “Pode-se escrever desse jeito? Então eu quero ser escritor”.

Mas só muito mais tarde, com 39 anos, é que seguiu a lição de Kafka, a partir de algo que ouviu de seu avô sobre a guerra dos Mil Dias na Colômbia. “Muitos anos depois, em frente ao pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendia haveria de se recordar daquela tarde remota em que seu pai o levou a conhecer o gelo”.

Essa é a primeira frase do livro “Cem Anos de Solidão”, que leva a Macondo, reprodução literária de Aracataca, uma aldeia perdida no caribe colombiano, onde nasceu e viveu a infância. Representa o auge do realismo fantástico, uma das responsáveis pelo boom internacional da literatura latino-americana.

“A maioria dos críticos não percebe que ‘Cem Anos de Solidão’ é uma espécie de piada, cheia de referências para amigos próximos”, disse ele. Em 1982, premiado com o Nobel, aos 55 anos, era um dos mais jovens escritores a ganhar o prêmio — no qual apareceu vestido com um “liquiliqui”, típica roupa dos homens colombianos, quebrando o protocolo da sisuda academia. Na cerimônia de entrega do prêmio, perguntaram se esse era o dia mais importante da sua vida. “Não”, respondeu ele secamente. “Esse dia foi quando eu nasci”.

Gabo, como foi chamado a vida toda, era um escritor de rituais, capaz de passar 12 horas debruçado sobre uma velha máquina de escrever — desde que tivesse uma rosa amarela sobre a mesa “para espantar os demônios da literatura”. Falava que “a realidade é muito difícil de interpretar e é sempre melhor do que a ficção”, mas qualquer um que conheça sua obra sabe que ele rompeu essa fronteira sem deixar vestígios. Chegava a fumar até seis maços de cigarro por dia enquanto escrevia, tresloucado, suas histórias.

Saiu de Aracataca para estudar direito em Bogotá, mas, durante o curso, começou a praticar jornalismo — profissão que exerceu até o estrondoso sucesso de “Cem Anos de Solidão”. Ao mesmo tempo, iniciou uma das atividades que conduziu por quase toda a vida: a política. Seu ativismo de esquerda e a amizade que tinha com Fidel Castro fizeram com que se exilasse no México e colecionasse inimigos por todas as partes.

Talvez isso explique a célebre briga que teve com o até então dileto amigo e colega de letras Mario Vargas Llosa. Em 1976, diante de um cinema no México, os dois se encontraram e, ao contrário do abraço que García Márquez esperava, recebeu um direto de direita e caiu no chão. Até hoje não há uma versão oficial para a célebre briga — há quem diga que foi por mulher, outros por política.

Em 1999, ele foi diagnosticado com um câncer linfático, mas já sofria de demência senil, anunciada pelo seu irmão em 2012. Foram anos de luta. Gabo queria escrever, mas sofria com as palavras e, principalmente, com a falta de memória. Nos últimos anos, não conseguia dar continuidade às suas histórias porque esquecia-se delas.

Passou a última década recolhido em sua casa na Cidade do México, pouco aparecendo para dar entrevistas ou falar de literatura. Estava fraco, seu olhar não tinha a mesma vivacidade. No ano passado, no dia em que completou 86 anos, 6 de março, fez sua última aparição pública, por alguns minutos. Mas não falou nada, a não ser para rechaçar os jornalistas: “vão caçar notícia em outro lugar”, resmungou.

Apesar de tudo, ele não esteve completamente inativo na última década. Seu último livro, “Memórias de minhas Putas Tristes”, fala de um homem que vive uma velhice safada — como a que ele talvez estivesse vivendo. Mas ainda há uma obra a ser publicada, segundo conta seu editor Cristóbal Pera. “Ele ficou corrigindo obsessivamente o livro e escreveu seis finais”, disse. Tudo indica, no entanto, que terminou o livro, chamado “Em agosto Nos Vemos”, mas com a recomendação de que só fosse publicado depois da sua morte.

“A vida não é o que vivemos, mas o que o lembramos e como contamos o que lembramos”, disse ele em uma de suas últimas entrevistas.


* Jornalista, escritor, cineasta e advogado.



*

O Sermão da Montanha e os Direitos Humanos


UM REVOLUCIONÁRIO CHAMADO JESUS



Os textos sagrados nos mostram que Jesus assumiu atitudes radicalmente subversivas para o seu tempo. 

Jesus protestou e se rebelou contra o Alto Clero (poderosos), expulsou os vendilhões do Templo (corruptos), a que chamou "covil de ladrões", defendeu os pobres, os mais frágeis, e nos legou exemplos de palavras e ações sagradas e revolucionárias.

O Sermão da Montanha é um pequeno grande texto, cujos ensinamentos duradouros e imperecíveis inspiraram muitos revolucionários e ativistas, inclusive Gandhi, a Grande Alma, em sua luta para a libertação da Índia sob jugo feroz do Império Britânico.




Sermão da Montanha (As Bem-Aventuranças)

Vendo ele as multidões, subiu ao monte. Ao sentar-se, aproximaram-se dele os seus discípulos. E pôs-se a falar e os ensinava, dizendo:

Bem-aventurados os pobres em espírito, 
porque deles é o Reino dos Céus.  

Bem-aventurados os mansos
porque herdarão a terra.

Bem-aventurados os aflitos,
porque serão consolados.

Bem-aventurados os que têm fome
e sede de JUSTIÇA,
porque serão saciados.

Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.

Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.

Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que são perseguidos
por causa da JUSTIÇA,
porque deles é o Reino dos Céus.

Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que viveram antes de vós.

*