Tradutor

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Manaus: "Procura-se Carmina"


Não foi a primeira vez e nem será a última. 

As companhias aéreas vêm se comportando com muita displicência no transporte de animais, como noticiamos aqui com o Pinpoo, lembram-se?, um cãozinho de uma senhora gaúcha que escapou do contêiner de transporte e ficou perdido vários dias nas proximidades do aeroporto de Vitória. Felizmente ele foi achado são e salvo, para alegria da dona e de todos nós.

Agora acontece estória parecida com a cadela Carmina, que se encontra perdida em Manaus. Quem ama os animais consegue imaginar o sofrimento que a dona da Carmina está passando.


Vamos torcer e pedir que o pessoal de Manaus use o máximo que puder o Facebook e outras redes sociais para encontrar o indefeso animal.

Toda Vida é Sagrada.


Campanha virtual "Procura-se Carmina" tenta achar cadela perdida em voo da TAM

A cadela fugiu após o avião que fazia o trecho Rio de Janeiro – Manaus aterrissar. A campanha "Procura-se Carmina" mobiliza os familiares da tutora do cão nas redes sociais



                    Família oferece recompensa a quem encontrar a cadela Carmina que 
                                      está desaparecida em Manaus (Reprodução)

O envio de uma cadela do Rio de Janeiro para Manaus, pela empresa TAM Linhas Aéreas, acabou se transformando em dor de cabeça para a família do funcionário público Maurício Lapa, 60, nessa terça-feira (11). A cadela que atende pelo nome de Carmina desapareceu após o avião em que ela era transportada pousar na capital amazonense.

De acordo com Maurício, o voo que trazia o animal estava previsto para aterrissar por volta das 14h, o que ocorreu uma hora depois. Entretanto, segundo ele, somente por volta das 16h é que os funcionários da empresa o chamaram para falar sobre o animal.

“Fui chamado para ajudá-los a procurar a cadela, porque ela simplesmente havia sumido”, relata.

Segundo ele, os funcionários da TAM e da Infraero informaram que durante o voo Carmina teria conseguido arrebentar o contêiner de fibra no qual viajava. No momento em que o bagageiro do avião foi aberto, para a retirada das malas, explica Lapa, a partir das informações recebidas, a cadela teria pulado de uma altura de aproximadamente 2 metros.

Ainda segundo Lapa, a TAM teria se comprometido a produzir cartazes para espalhar nas imediações do aeroporto, com a foto de Carmina. Porém, conforme Maurício Lapa, nesta quarta-feira (12), ao procurar pela empresa, nada havia sido produzido.




Tutora


O animal é criado pela enteada de Maurício, a engenheira florestal Cleo Carvalho Ohana, 26. Como no próximo sábado (15), ela virá para Manaus, onde prestará um concurso público, resolveu enviar o animal antecipadamente.

“Ela criava esta cadela desde pequena, quando encontrou na rua. Há dois anos estava com ela”, desabafa Maurício Lapa, a respeito de Carmina, uma cadela sem raça definida.

Buscas


Nesta quarta-feira, ele e a mulher fariam uma nova procura pelo entorno do aeroporto para encontrar Carmina. Nas redes sociais são divulgadas fotos em uma campanha virtual intitulada de “Procura-se Carmina”.

Informações sobre o animal ou mesmo a devolução da cadela podem ser feitas pelos números (92) 9627-6750 (Cleide) ou (92) 9988-3889 (Maurício).

Lapa não descarta a possibilidade de acionar a TAM judicialmente. “Não é pelo dinheiro, mas pela responsabilidade do transporte com o animal, e também pelo valor sentimental que ela representa para a Cleo”, ressalta.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a TAM Linhas Aéreas informou que "em relação ao vivenciado com o animal doméstico da Sra. Cléo Carvalho Ohana, passageira do voo JJ3766 (Rio de Janeiro-Galeão/Manaus) do dia 11 de setembro de 2012, informamos que já estamos em contato com a nossa cliente para prestarmos o apoio que se fizer necessário para a solução do ocorrido”.


A Crítica/Manaus

*

São Paulo em Chamas: quem se importa?


Os incêndios são provocados pela seca? O trânsito complicado, tema de todas as semanas, impede a mobilização dos bombeiros? Nesse caso, diante de tanta regularidade nas ocorrências, não seria o caso de criar um sistema preventivo, com postos avançados nas áreas mais vulneráveis? Como funciona o sistema de defesa civil nessas regiões? O que acontece depois do incêndio? Os barracos são reconstruídos? O espaço é dominado e revendido por traficantes? Há vereadores envolvidos? O que acontece com os cidadãos que perdem documentos – inclusive o título de eleitor – nesses incêndios?

A questão é grave e se for investigada devidamente... Há muitos interesses inconfessáveis por trás. Por isso a chamada grande imprensa apenas tangencia o assunto.





FOGO NA FAVELA
O jornalismo dos pobres

Luciano Martins Costa

Na Folha de S. Paulo saiu apenas uma fotografia, com uma legenda de duas linhas, e no Estado de S. Paulo uma notícia curta num rodapé de página, nas edições de terça-feira (11/9). O fato é o 33º incêndio ocorrido em favelas da cidade de São Paulo apenas neste ano. Desta vez, a ocorrência foi em Paraisópolis, na Zona Sul, e novamente a imprensa faz apenas um registro burocrático do incidente.

Aliás, “incidente” é a palavra escolhida pelos jornalistas quando se referem a um acontecimento negativo de uma maneira distanciada.

Mas, como tratar dessa forma indiferente um fato tão crucial para tantas pessoas? Afinal, as vítimas são aquela parte da população que está excluída dos direitos mais básicos entre todos os cidadãos.

Para ficar apenas nas estatísticas, que compõem a abordagem predileta da imprensa quando se trata de “incidentes” que afetam a população mais pobre, convém registrar que, neste ano, São Paulo teve exatamente um incêndio por semana em favelas.

Será que a insensibilidade dos jornais em relação aos paulistanos que vivem em circunstâncias precárias chega a embotar até mesmo a natural curiosidade dos profissionais da imprensa? Se houvesse um incêndio por semana em praças ou parques nas zonas mais bem aquinhoadas com equipamentos urbanos, como estariam reagindo os jornais?



Alguma coincidência

No Estadão de terça-feira, as estatísticas registram que, em pouco mais de um ano, os incêndios em favelas já deixaram 1.386 pessoas desabrigadas. Esses são os números oficiais, baseados nos pedidos de bolsa-aluguel feitos pelos que perdem suas moradias, pagos até que as famílias sejam realocadas.

Diz o jornal que, em 2006, eram 5 mil os desalojados por incêndios, enchentes e outras ocorrências. Neste ano, a prefeitura está pagando 27.422 auxílios-moradia, ou seja, esse é o número mínimo de pessoas que perderam suas casas e ainda não foram reinstaladas em outras moradias.

Não é preciso muita imaginação para se chegar ao grau de transtornos e sofrimento que atingem esses brasileiros: além de serem obrigados a viver em alojamentos precários, sem perspectiva de um teto decente, muitos acabam deslocados para longe de seus trabalhos, para longe das escolas e creches de seus filhos – quando havia tais benefícios.

O registro burocrático dos incêndios em favelas é a manifestação mais escrachada da visão de mundo que predomina nas redações: os jornais são capazes de dedicar página inteira, em edição dominical, para falar de hospitais para cães, mas não demonstram nenhum interesse em saber por que há tantos incêndios em favelas.

Em alguns casos, um mínimo de curiosidade mandaria averiguar alguma coincidência entre certos eventos e projetos de avenidas que estão travados pela existência de barracos no trajeto. Em outros, seria o caso de investigar se os incêndios guardam alguma coincidência com processos judiciais por reintegração de posse de imóveis valorizados pela falta de espaços na cidade.


Sem perguntas

Desde o polêmico episódio da expulsão dos ocupantes do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), quando compraram a versão oficial, os jornais parecem ter abandonado o assunto das moradias precárias.

Mas a fumaça de barracos queimados não pode ser ignorada, mesmo porque os programas populares da televisão vasculham a cidade com seus helicópteros e têm registrado todos esses acontecimentos.

O que chama atenção é a insensibilidade dos jornais diante de tantas perguntas sem respostas – ou tantas respostas sem perguntas.

Mesmo que se admita que a vida dos favelados não tem o charme de uma nova butique para animais de estimação, é de se esperar que haja pelo menos alguma curiosidade nas redações quanto à frequência e regularidade dos acontecimentos.

Os incêndios são provocados pela seca? O trânsito complicado, tema de todas as semanas, impede a mobilização dos bombeiros? Nesse caso, diante de tanta regularidade nas ocorrências, não seria o caso de criar um sistema preventivo, com postos avançados nas áreas mais vulneráveis? Como funciona o sistema de defesa civil nessas regiões? O que acontece depois do incêndio? Os barracos são reconstruídos? O espaço é dominado e revendido por traficantes? Há vereadores envolvidos? O que acontece com os cidadãos que perdem documentos – inclusive o título de eleitor – nesses incêndios?

São muitas as perguntas que caberiam nessa pauta. Mas o silêncio da imprensa diz o suficiente.


Observatório da Imprensa

*