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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Injustiça no Pará: mandante de assassinato é absolvido


VIOLÊNCIA NO CAMPO / VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS


Na quarta (3), quando noticiamos o início do julgamento dos acusados pelo bárbaro assassinato de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, ativistas e extrativistas paraenses, já deixávamos claro nossa suspeita de que mais uma vez a Justiça deixaria a desejar...

Não deu outra.

Os executantes foram condenados e o mandante, endinheirado, saiu "soltinho da silva", como se dizia em priscas eras.

Estupefatos e indignados, esta cidadã blogueira, vítima de violências de toda ordem, e este brioso ABC!, protestam com veemência.

A promotora do caso já entrou com recurso.

E a Anistia Internacional divulgou nota, lamentando a sentença que absolveu o mandante.


José Cláudio e Maria do Espírito Santo, humildes 
cidadãos brasileiros. Assassinados em emboscada.

Brasília – A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional no Brasil lamentou a decisão do júri que, ontem (4) à noite, inocentou José Rodrigues Moreira da acusação de planejar, financiar e organizar o assassinato do casal de trabalhadores rurais José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo.

Em nota, a organização afirma que o resultado do julgamento dos três acusados de participação no crime é preocupante. “A impunidade dos crimes cometidos contra defensores de direitos humanos fortalece a ação daqueles que agem fora da lei e contra a preservação dos bens naturais do país. E mantém a luta dos defensores e defensoras dos direitos humanos como uma atividade de alto risco, na qual agressões e ameaças buscam sempre silenciar sua voz”, sustenta a Anistia Internacional.

Embora tenha inocentado Moreira, o júri considerou culpados os outros dois réus no processo. Lindonjonson Silva Rocha foi condenado a 42 anos e oito meses de prisão. Alberto Lopes do Nascimento a 45 anos de prisão. A pena de Nascimento foi maior porque os jurados entenderam que ele foi o responsável por cortar a orelha de José Cláudio.

“É importante a condenação dos executores, mas a ausência de condenação de um mandante mantém a impunidade do crime. Mais grave ainda é o fato de a sentença desmoralizar o trabalho e a atuação das vítimas, que acabaram culpabilizadas pelo agravamento do conflito”, acrescenta a Anistia Internacional, na esperança de que as autoridades brasileiras reafirmem seu compromisso com a proteção dos defensores de direitos humanos.

Responsável por implementar as políticas públicas do governo federal voltadas à promoção e proteção dos direitos humanos, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, havia destacado a importância de que, confirmadas as acusações, o mandante do crime também fosse punido. “O Brasil precisa que não exista a impunidade de ninguém nessas cadeias de comando”, disse a ministra horas antes do anúncio da sentença, defendendo que a apuração se estenda para verificar a possibilidade de haver outras pessoas envolvidas com o crime.

“Talvez, outros envolvidos não tenham sido identificados ainda, na cadeia de comando da morte de José Cláudio e Maria. Trata-se de um crime com agravantes os mais variados. Acreditamos que o crime de extermínio deve receber uma penalidade grave e muito firme”, acrescentou a ministra.

Ameaçada por agentes públicos, jornalista mexicana vive na Alemanha


LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Vida de jornalistas, blogueiros, escritores... que fazem um trabalho independente, crítico, cidadão, que promovem denúncias e incomodam os esquemas criminosos, não é fácil não.

Aqui e alhures, os que devem, temem. Não querem ser expostos, não pretendem abrir mão dos altos lucros de seus negócios ilícitos e procuram continuar na impunidade.

Quem acompanha este brioso blog sabe que querem calar esta cidadã blogueira, que vive "perigosamente", sob risco de assassinato, sequestro, atentados, golpes e violências afins.

Leiam abaixo matéria e entrevista com Ana Lilia Pérez, jornalista mexicana, que, perseguida e ameaçada por funcionários públicos, por causa do jornalismo investigativo que produz, precisou buscar o exílio na Europa.




Jornalista mexicana deixa o país após receber ameaças de funcionários públicos: Entrevista com Ana Lilia Pérez


Tania Lara/AP

Desde junho de 2012, a jornalista Ana Lilia Pérez está na lista de profissionais de imprensa mexicanos exilados no exterior, junto com pelo menos 15 colegas que solicitaram asilo após ameaças, informou a Repórteres Sem Fronteiras. Ela hoje vive na Alemanha.


Ana Lilia Pérez

Ana Lilia Pérez afirma ter sido ameaçada por funcionários públicos, após investigar as redes de corrupção na empresa paraestatal Petróleos Mexicanos (Pemex). Pérez é autora dos livros Camisas azuis, mãos negras e O cartel negro e vencedora do Prêmio Leipziger Medienpreis 2012, na Alemanha.

“Meu exílio reflete o enorme grau de corrupção que existe no México”, disse ela em entrevista por telefone, da Alemanha, ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.

A jornalista abandonou o México após receber ameaças de morte e por conta da incapacidade das autoridades de garantir sua segurança. “É hora de parar com esse discurso mentiroso de que as agressões contra os jornalistas são atos do crime organizado. No meu caso, elas são cometidas pelo próprio Estado”, acrescentou.

Recentemente, Pérez recebeu uma notificação de que as autoridades mexicanas dariam continuidade a um processo contra ela, mesmo com o seu exílio. O processo foi iniciado por um parlamentar mexicano citado no livro Camisas azuis, mãos negras.

Pérez estudava psicologia, mas escolheu seguir o jornalismo, como ouvinte nas aulas que uma amiga frequentava na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Aos 19 anos, começou a publicar matérias investigativas em jornais de circulação nacional como o La Jornada, o El Universal e o Excélsior. A seguir, uma entrevista com esta jornalista mexicana.

Que tipo de ameaças recebeu e como as enfrentou?

Recebi ameaças pelo fax do trabalho, pelo celular, por fotografias. Sofri também um atentado em um carro e, durante todo o tempo, meus telefones estavam grampeados. Denunciei tudo isso à Promotoria Especial de Crimes contra Jornalistas, mas me disseram que dificilmente levariam minha denúncia adiante por conta do calibre dos funcionários públicos envolvidos. Diante das primeiras ameaças de morte, além da perseguição física e judicial, me vi obrigada a tomar medidas de segurança estabelecidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Tive que aceitar uma escolta e outras medidas.

Como as ameaças que recebeu se diferenciam das ameaças do crime organizado?

Denunciei e deixei claro que tudo tinha a ver com funcionários públicos, sobre as relações entre funcionários públicos e o setor privado, mas o discurso oficial é de que os cartéis é que atacam, assassinam e agridem jornalistas.


Continua praticando o jornalismo no exílio?

Participo ativamente de conferências sobre jornalismo investigativo, publico textos em veículos alemães e também participo como comentarista de programas de rádio e de análise. Não posso me desvincular do que ocorre em meu país e em um setor que investiguei durante tanto tempo.


Leia a entrevista completa, em espanhol, clicando aqui.


Destaques do ABC!

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