Tradutor

sábado, 9 de março de 2013

Quem tem medo de Yoani Sánchez?


Bairro da Penha, cidade de São Paulo. "Operação Abafa" em andamento, para silenciar esta blogueira, que edita este corajoso blog, e vem sendo ROUBADA há anos por "familiares" que se transformaram em quadrilha, agora empenhada em continuar na impunidade. O Brasil precisa conhecer estes delinquentes. Blogueira Paulistana: mais perseguida que a Blogueira Cubana.



LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Por que a ativista-filóloga-escritora-blogueira-jornalista Yoani Sánchez foi tão perseguida no Brasil, desde o momento em que desembarcou no Recife? Por que tentaram calar a corajosa cidadã cubana, crítica do regime de Fidel?


Que democracia é esta em que vivemos, onde uma cidadã estrangeira chega legalmente ao País e é amordaçada por meia-dúzia de brucutus?

Felizmente Yoani foi para a Europa, onde teve dias muito felizes, sã e salva destes trogloditas tapuias. Em Praga, participou de debates, concedeu entrevistas, passeou, descansou. E há dois dias chegou na Espanha, onde participou do III Congresso Ibero Americano de Redes Sociais e finalmente recebeu o prêmio que havia ganho em 2011. Ver posts de ontem, abaixo.

Yoani viajou esta madrugada e já está no México, participando de conferência de imprensa em Puebla.



Quem tem medo de Yoani Sánchez?

Jorge Fernando dos Santos


Aqueles que assistiram ao programa Roda Viva, exibido em rede nacional pela TV Brasil na segunda-feira (25/02), devem ter se perguntado por que os aloprados petistas hostilizam tanto a jornalista, filóloga e blogueira cubana Yoani Sánchez. Extremamente simpática, com uma postura que passa coragem e determinação, a convidada respondeu a todas as perguntas de forma direta e sincera. Ao contrário do “monstro” temido pelos “xiitas”, o que se viu foi uma pessoa gentil, inteligente e extremamente crítica quanto à realidade do seu país.

Pena que aqueles que a receberam de maneira hostil não lhe deram a oportunidade de falar a que veio e por que critica tanto o governo de Cuba. Na verdade, os aloprados só defendem a democracia quando esta lhes interessa. Apoiam a ditadura castrista, ignorando a repressão praticada pela ditadura mais longa da história. Se alguém se rebela, logo é acusado de ser reacionário ou agente da CIA.

Há que se analisar a revolução cubana sob dois prismas. Primeiramente veio o momento heroico, cujo auge se deu em 1959, quando Fidel Castro e seus compañeros da guerrilha de Sierra Maestra derrubaram a sanguinolenta ditadura direitista de Fulgêncio Batista.


Efeitos do isolacionismo

Num segundo momento, ao se verem isolados pelo embargo econômico norte-americano, Fidel e seus aliados estreitaram laços com a antiga União Soviética. Afinal de contas, queriam atingir seus objetivos e se livrar do imperialismo e das pressões de Washington. A frustrada tentativa da CIA em invadir a Baía dos Porcos foi determinante nesse processo. Ora, isso demonstra o grande equívoco da política externa norte-americana. Produtora de açúcar e tabaco, Cuba não oferecia nenhuma ameaça aos interesses da Casa Branca antes de se tornar uma base avançada dos soviéticos nos calcanhares dos Estados Unidos. Havia interesses de grandes empresas e monopólios, mas que certamente poderiam ser revistos mediante uma política de boa vontade recíproca.

De lá para cá, a ditadura castrista foi tomando força, usando o embargo econômico e a ameaça de invasão como principais argumentos para justificar a guinada para o socialismo. Há que se lembrar que Fidel não se dizia comunista ao desembarcar na ilha, a bordo do iate Granma. Há até suspeitas de que tenha recebido apoio indireto dos norte-americanos, incomodados que estavam com o crescente poder da máfia sob a proteção de Batista.

Embora letrado e muito inteligente, sendo capaz de discorrer durante horas sobre os mais variados assuntos, Fidel não teve competência para prever a derrocada da União Soviética, a partir da queda do muro de Berlim, em 1989. Colocou-se frontalmente contra as reformas de Gorbachev e pagou o preço de se ver novamente isolado com sua utopia absolutista.


O sonho virou pesadelo

O que os aloprados não admitem é que o sonho dourado do socialismo foi derrotado pela nova ordem mundial, tornando-se quase um pesadelo. No Oriente, a China vem implantando uma economia capitalista que já assombra o modelo ocidental, enquanto apenas a Coreia do Norte – governada por um débil mental – insiste no velho modelo. Sem recursos, Cuba parou no tempo e vive uma espécie de faz-de-conta. A estrutura financiada pelos soviéticos está emperrada por falta de investimentos e o embargo americano continua. O pior dessa realidade é que o governo ainda impede que o povo se manifeste livremente, como tenta fazer Yoani Sánchez. Como ela mesma denunciou no Roda Viva, se a repressão dos tempos de Fidel era efetiva e direta, no regime de Raúl Castro o processo se faz de maneira sutil, visando amedrontar e desacreditar os críticos do regime por meio de técnicas kafkianas de intimidação. A violência militarizada foi substituída pela ação paramilitar.

Em termos brasileiros, é surpreendente que entre os militantes de um partido cujo governo mantém excelentes relações com os Estados Unidos ainda sobreviva uma visão saudosista e atrasada, dos tempos em que a revolução cubana representava o avanço das utopias socialistas na América Latina. Estas deram lugar a figuras retrógradas, caricatas, populistas e antimarxistas, como Lula e Hugo Chávez.

Para bem ou para mal, o fato é que o mundo mudou e o governo norte-americano tem aprendido a duras penas que sua política externa sempre foi criminosa e equivocada. No entanto, os irmãos Castro continuam parados no tempo, provavelmente com medo de que a verdade possa levá-los ao paredón ou, no mínimo, para a lata de lixo da história.

Jorge Fernando dos Santos é jornalista e escritor



Nenhum comentário:

Postar um comentário