LIBERDADE DE EXPRESSÃO
As acusações são várias: Agente da CIA, blogueira milionária, mercenária, traidora, farsante... Mas não a deixam falar, se defender, explicar, expor suas ideias.
Estes são os grandes "democratas" brasileiros: 20, 40, 80 cidadãs e cidadãos, barulhentos e intolerantes, que não nos deixam ouvir o que a polêmica blogueira cubana tem a dizer.
Além de impedirem a exibição do documentário "Conexão Cuba Honduras", com apupos, vaias, ofensas e agressividade, os manifestantes também tumultuaram e inviabilizaram o debate que se tentou articular, interrompendo a fala da blogueira com gritos, insultos e acusações.
Democracia é uma coisa. Falta de educação e incivilidade é outra.
Facebook de Yoani
Manifestantes impedem exibição de filme com presença de dissidente cubana
Flávia Marreiro
Enviada especial a Feira de Santana
Grupos de manifestantes ligados a movimentos estudantis e sociais, ao PC do B e ao PT impediram nesta segunda-feira (18) a exibição de um filme em Feira de Santana, na Bahia, com a presença da blogueira cubana Yoani Sánchez.
Aos gritos de "traidora", "Cuba sim, ianques não", os militantes tomaram o salão da Casa do Saber, um planetário cedido pela prefeitura para a exibição de "Conexão Cuba Honduras", do cineasta baiano Dado Galvão, que tem como uma das protagonistas a ativista cubana, que chegou ontem ao Brasil.
Quando Sánchez chegou ao local, os ânimos se exaltaram e a blogueira chegou a ser recolhida na sala de diretoria, enquanto o senador Eduardo Suplicy (PT) tentava uma negociação com os manifestantes.
Com chapéu com estrela de Che Guevara, o ex-vereador do PT Angel Almeida negociou a mudança do evento: de exibição de documentário a debate, com participação dos militantes.
Quase uma hora depois, a blogueira, que pode sair de Cuba após 20 tentativas frustradas, finalmente começou a falar, de pé, por 15 minutos: "Vivo numa sociedade onde opinião é traição", começou.
Mário Bittencourt/Folhapress
Grupos de manifestantes ligados a movimentos estudantis e sociais, ao PC do B e ao PT impediram nesta segunda-feira (18) a exibição de um filme em Feira de Santana, na Bahia, com a presença da blogueira cubana Yoani Sánchez.
Aos gritos de "traidora", "Cuba sim, ianques não", os militantes tomaram o salão da Casa do Saber, um planetário cedido pela prefeitura para a exibição de "Conexão Cuba Honduras", do cineasta baiano Dado Galvão, que tem como uma das protagonistas a ativista cubana, que chegou ontem ao Brasil.
Quando Sánchez chegou ao local, os ânimos se exaltaram e a blogueira chegou a ser recolhida na sala de diretoria, enquanto o senador Eduardo Suplicy (PT) tentava uma negociação com os manifestantes.
Com chapéu com estrela de Che Guevara, o ex-vereador do PT Angel Almeida negociou a mudança do evento: de exibição de documentário a debate, com participação dos militantes.
Quase uma hora depois, a blogueira, que pode sair de Cuba após 20 tentativas frustradas, finalmente começou a falar, de pé, por 15 minutos: "Vivo numa sociedade onde opinião é traição", começou.
Mário Bittencourt/Folhapress
Grupo de manifestantes mostra cartaz com frases contra a blogueira
cubana Yoani Sánchez, durante encontro em Feira de Santana, na Bahia
A exibição frustrada foi o auge de uma jornada já tumultuada por protestos, que começaram na primeira escala de Sánchez, em Recife -- ela teve até o cabelo puxado --, e seguiram em seu desembarque em Salvador.
"Protesto faz parte da democracia, agressividade não", disse Dado Galvão. "É uma cidade pacata", queixou-se. "É o que a 'Veja' disse que ia acontecer".
"Acabou tensionando tudo", admite Jader Dourado, do movimento de bairros de Feira de Santana e que foi candidato a vereador pelo PT na cidade.
Ele negou qualquer orientação nacional para a mobilização. "Soubemos da visita e fizemos uma reunião com as organizações na sexta-feira. Era um convite aberto e irrestrito."
Na platéia, líderes do protesto no aeroporto de Salvador ajudavam a mobilização local. Entre eles, Caio Botelho, da UJS (União da Juventude Socialista), ligada ao PC do B. Panfletos contra a blogueira.
Ambos prometem repetir os protestos na agenda de hoje de Sánchez, que inclui um debate em uma universidade de Feira de Santana. Em São Paulo, para onde Sánchez segue amanhã, os protestos também devem ser organizados, informaram os militantes.
"Todo mundo está se organizando em todo o território", diz Dourado.
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