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quarta-feira, 1 de junho de 2011

São Paulo: cidadãos fazem "Desinauguração de Praça"

Depois da "insurreição" de duas semanas atrás, quando a cidadania organizada promoveu no charmosíssimo bairro de Higienópolis o mais que bem-humorado "Churrasco da Gente Diferenciada", com direito a farofa, refrigerante popular e muito pagode, para defender a construção de estação do metrô no coração do bairro, evento que correu solto nas proximidades de um dos ícones da granfinagem paulistana, o Shopping Higienópolis, chegou a vez do tradicional bairro da Lapa, mais precisamente a Vila Anglo, dar continuidade à "revolução paulistana"...

Os ventos libertários que começaram a soprar no norte da África e no Oriente Médio, ao que parece, finalmente chegaram por aqui, trazendo sementes de coragem e insatisfação aos corações e mentes.

Alvíssaras!

O povo brasileiro, que em geral não sabe a força que tem, pode "pegar gosto pela coisa"... Tomara!

Cidadãos de boa vontade, abram a boca, protestem, denunciem, reivindiquem... com bom humor, educação, cordialidade, fraternidade e alegria.

Assumam de uma vez seu papel extraordinário, na cidade e no mundo.

Como gritávamos estudantes da USP nas passeatas pelas ruas de São Paulo nos anos 70, contra os ditadores de plantão:

"O Povo, Unido, Jamais Será Vencido!"...




Praça paulistana é "desinaugurada"




São Paulo – Moradores de vários bairros da zona oeste de São Paulo desautorizaram publicamente a prefeitura de São Paulo a considerar pronta para o uso pela comunidade a praça Paulo Schiesari, na Vila Anglo-Brasileira, zona oeste da capital paulista. O local está em reforma desde 2009 e já consumiu R$ 80 mil (R$ 60 mil para reforma e R$ 20 mil para iluminação).

O ato, chamado de "Desinauguração da Praça", foi promovido no domingo (29) pelo movimento Boa Praça, com moradores de bairros próximos, como a própria vila, a Lapa e Alto de Pinheiros. A administração municipal não havia informado data para a inauguração da obra.

Ricardo Ferraz, um dos idealizadores da ação, contesta o trabalho da prefeitura. “Hoje (domingo) resolvemos 'desinaugurar' a praça, usando bom humor para protestar”, reforça. Cerca de 400 pessoas passaram pelo local.

“Há duas semanas a praça estava cheia de entulho e mato alto; já nem se notava a reforma, mas talvez por causa do evento (inauguração) limparam tudo nesta semana”, diz Cecília Lotufo, outra idealizadora do movimento.

Segundo Ferraz, o projeto previa desde a desapropriação do terreno baldio vizinho à praça até a reforma de escadas, entradas, iluminação e substituição dos brinquedos. “Mas só reformaram os limites do parquinho, readequaram o piso do patamar inferior da praça e, não se sabe por que refizeram todo calçamento ao redor da praça, que não era necessário e nem estava previsto no projeto”, diz.

Há 35 anos morando perto da praça, Maria Aparecida Martins Brandão sustenta que a instalação feita à época no governo de Luiza Erundina (1989-1992) agora está suja e perigosa. “Aqui é ponto de drogas, o terreno baldio sempre tem lixo, por isso não tenho coragem de trazer meus netos para brincarem aqui”,afirma.


Ativismo desde criança

O Movimento Boa Praça começou no aniversário de quatro anos da pequena Alice Lotufo, que pediu que a comemoração tivesse como palco a praça, situada nas proximidades de casa. Cecília Lotufo, a mãe, explicou à filha que isso não seria possível, pois a praça estava abandonada e os brinquedos do parquinho, quebrados.

“Ela me disse então para a gente começar uma reforma na praça”, diz Cecília, que aceitou o desafio da filha. “Mas expliquei que se a reforma fosse feita ela não ganharia presentes.” A pequena Alice aceitou a contraproposta e a reforma começou. “Mas pouco tempo depois tudo voltou a ser como antes, foi então que entendi que não conseguiríamos resolver esse tipo de problema a não ser que a ação fosse contínua e que a comunidade participasse”, conta Cecília.

O movimento apartidário tem reuniões semanais às segundas-feiras para discutir os problemas da região. No
site Boa Praça, eles divulgam mais detalhes dos encontros. “Eventos como o 'churrasco da gente diferenciada', ou esta 'desinauguração' são verdadeiras audiências públicas, formas inovadoras de convocar as pessoas a participar das tomadas de decisão e exigirem atitudes do governo”, diz Paulo Salvador, diretor da Rede Brasil Atual. “Para uma grande cidade como São Paulo, é impraticável essa política do poder e das tomadas de decisões serem feitas apenas pela prefeitura.”


Ecologia e arte

Durante a "Desinauguração da Praça" foram realizadas uma feira de produtos orgânicos e uma oficina de produtos de limpeza ecológicos. O ato acabou com a exibição de uma sessão de cinema, organizada pelo
Cine B, projeto do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região em parceria com a Brazucah Produções. Brasil de FatoCine B, projeto do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região em parceria com a Brazucah Produções. Brasil de Fato

Do blog O Terror do Nordeste


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