A ONU, Organização das Nações Unidas, institui o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Mas as preocupações com a natureza, a importância da proteção, defesa, preservação de plantas, animais e paisagens vêm de muito antes deste decreto oficial internacional.
Artistas, filósofos, escritores, ativistas, pessoas sensíveis das mais diversas atividades, gente simples que tem a Graça de conviver em harmonia com a natureza já vinham de uma forma ou de outra se dedicando à sua proteção e alertando para o caos iminente.
Vamos cuidar da nossa Mãe-Terra, dos animais, plantas, campos, florestas, montanhas, rios, mares e oceanos!
Vamos preservar as paisagens naturais!
Salvemos o planeta!
Celebremos a Vida!
Sonhos de Akira Kurosawa
1972. A partir da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Estocolmo, que instituiu o dia 5 de junho como Dia Mundial do Meio Ambiente, a questão foi colocada na ordem do dia. No entanto, para muitos artistas e filósofos, as questões ambientais já há tanto vinham sendo percebidas.
Para tomar a questão somente do final do séc. XIX até essa assembleia, pode-se dizer que a preocupação de Van Gogh (1853-1890) não é meramente de ordem de alteração paisagística, e em muitas páginas de D. H. Lawrence (1885-1930), Aldous Huxley (1894–1963) e George Orwell (1903-1950) a brutalidade do homem diante do outro e da natureza é colocada claramente.
No Brasil, em 1902 Graça Aranha publica Canaã, considerado o primeiro romance filosófico e socialista da literatura brasileira, no qual muitas das (hoje) questões ambientais são surpreendentemente antecipadas, como se vê na pergunta do ambicioso Lentz a Milkau: “Não acreditas que o próprio ar que escapa à nossa posse será vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como é hoje a terra? Não será uma nova forma da expansão da conquista e da propriedade?”
Afinal o papel do artista não é senão ver o invisível e dizer o indizível, assim como o do filósofo é criar conceitos para as questões colocadas. Mas ambos são tachados de loucos por aqueles que estão certos no rompante pelo lucro de seus negócios, que são capazes até de negociar as obras destes artistas e filósofos, mas abstraindo delas seu conteúdo real.
Um desses loucos, o cineasta japonês Akira Kurosawa (1910–1998), artista-filósofo, que é considerado um dos cineastas mais completos, que realizava praticamente todas as etapas dos cinemas que produziu, realizou em 1990 o filme Sonhos, que, infinito e eterno em sua estética, não deixa de tratar questões atuais da vida após a Segunda Guerra, com as questões atômicas, o papel da arte e como seguir a linha de uma vivência ética no mundo.
O filme está dividido em 8 partes. Nas três últimas, ele trata das questões ecológicas, analisando a ambição capitalística e o egoísmo humano, responsáveis pela degradação da Natureza. No momento que chega a Semana do Meio Ambiente, quando as mesmas atividades de culpabilidade da população e soluções insignificantes são apresentadas, vejamos.
Monte Fuji em Vermelho, outro sonho, relata uma erupção do referido monte, fazendo com que cinco reatores de uma usina nuclear vão explodindo um a um, liberando gases tóxicos.
Chernobil. Fukushima. Sabe-se que para os assassinos do capitalismo ecológico é maravilhoso que a população fique acreditando-se culpada e fique transformando o seu resto de óleo em sabão, como é ensinado nas escolas. Enquanto isso, as indústrias bélicas, de energia nuclear, petroquímicas e tantas outras, as verdadeiras responsáveis pela degradação, vão elevando seus lucros a custo da aceleração do processo terminal da humanidade.
O Demônio Chorão, outro sonho, retrata um momento em que a terra já está totalmente degradada, já não existe água potável nem alimento, os seres humanos já se transmudaram numa espécie de ogros, comendo-se uns aos outros e todos acometidos de terríveis dores.
O que muitos assistem como ficção, é há muito, realmente, uma horrível realidade objetiva. Quantas substâncias existem em nosso corpo que não são naturais? Gases tóxicos que respiramos, germes que bebemos, substâncias que ingerimos… Só um exemplo: um frango criado comendo milho solto num quintal, dormindo em poleiro, demora cerca de seis meses para chegar ao seu máximo crescimento; um frango de granja leva em média um mês e dez dias. Por mais que se negue que são aplicados hormônios, há muita diferença entre esses dois frangos. É a diferença entre o natural e o artificial. Todas essas mutações não criam seres superpoderosos, como na ficção norte-americana, mas mutantes acometidos de câncer, problemas cardíacos, pulmonares, verminosos, depressão, passividade…
Quando os europeus chegaram por cá, que ainda não era a terra das palmeiras e sabiás idealizados, admiraram a saúde do corpo dos índios, que não tinham pudor e nem escondiam suas ‘vergonhas’. Hoje Eduardo Braga e Omar Aziz trazem o Exterminador do Futuro para, ganhando uma fortuna de dinheiro público, falar sobre meio ambiente. Alguém poderia ter pedido para Schwarzenegger tirar a camisa. Ele, diferente dos índios, esconderia sua vergonha. Sabe como fica um corpo velho cheio de resíduos anabolizantes?
O Povoado dos Moinhos, outro sonho, um andarilho vai a um lugarejo onde não há energia elétrica nem a maioria dos objetos que fazem o conforto dos homens citadinos. Mas há ar puro, água limpa, e a manutenção do comer e beber é feita de forma comum.
Ontem a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou uma nota tímida de que o uso de celulares pode causar câncer. Enquanto isso, a maioria das pessoas se desespera apenas por ter esquecido algum de seus aparelhinhos. Quem está interessado em mudar seus hábitos? Quem está interessado em criar novas formas de relações?
Num plano global, fazer simulações na Semana do Meio Ambiente de nada adiantará, enquanto países como os Estados Unidos, irmanado com outros no Conselho da ONU, não assina sequer o protocolo de Kyoto, feito pela própria ONU. É a lei sendo ditada para os outros, enquanto o tirano abusa e massacra.
No Povoado dos Moinhos, quando alguém morre, depois de viver bem durante muitas décadas, há uma festa. Se continuarmos da forma que vamos, daremos apenas nossa singela contribuição com uma florzinha de alguma garrafa plástica para embelezar o funeral da humanidade. Mas não haverá ninguém para chorar ou para festejar. E os artistas-filósofos, naturantes que são, não vão lamentar.
Salvemos o planeta!
Celebremos a Vida!
Sonhos de Akira Kurosawa
1972. A partir da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Estocolmo, que instituiu o dia 5 de junho como Dia Mundial do Meio Ambiente, a questão foi colocada na ordem do dia. No entanto, para muitos artistas e filósofos, as questões ambientais já há tanto vinham sendo percebidas.
Para tomar a questão somente do final do séc. XIX até essa assembleia, pode-se dizer que a preocupação de Van Gogh (1853-1890) não é meramente de ordem de alteração paisagística, e em muitas páginas de D. H. Lawrence (1885-1930), Aldous Huxley (1894–1963) e George Orwell (1903-1950) a brutalidade do homem diante do outro e da natureza é colocada claramente.
No Brasil, em 1902 Graça Aranha publica Canaã, considerado o primeiro romance filosófico e socialista da literatura brasileira, no qual muitas das (hoje) questões ambientais são surpreendentemente antecipadas, como se vê na pergunta do ambicioso Lentz a Milkau: “Não acreditas que o próprio ar que escapa à nossa posse será vendido, mais tarde, nas cidades suspensas, como é hoje a terra? Não será uma nova forma da expansão da conquista e da propriedade?”
Afinal o papel do artista não é senão ver o invisível e dizer o indizível, assim como o do filósofo é criar conceitos para as questões colocadas. Mas ambos são tachados de loucos por aqueles que estão certos no rompante pelo lucro de seus negócios, que são capazes até de negociar as obras destes artistas e filósofos, mas abstraindo delas seu conteúdo real.
Um desses loucos, o cineasta japonês Akira Kurosawa (1910–1998), artista-filósofo, que é considerado um dos cineastas mais completos, que realizava praticamente todas as etapas dos cinemas que produziu, realizou em 1990 o filme Sonhos, que, infinito e eterno em sua estética, não deixa de tratar questões atuais da vida após a Segunda Guerra, com as questões atômicas, o papel da arte e como seguir a linha de uma vivência ética no mundo.
O filme está dividido em 8 partes. Nas três últimas, ele trata das questões ecológicas, analisando a ambição capitalística e o egoísmo humano, responsáveis pela degradação da Natureza. No momento que chega a Semana do Meio Ambiente, quando as mesmas atividades de culpabilidade da população e soluções insignificantes são apresentadas, vejamos.
Monte Fuji em Vermelho, outro sonho, relata uma erupção do referido monte, fazendo com que cinco reatores de uma usina nuclear vão explodindo um a um, liberando gases tóxicos.
Chernobil. Fukushima. Sabe-se que para os assassinos do capitalismo ecológico é maravilhoso que a população fique acreditando-se culpada e fique transformando o seu resto de óleo em sabão, como é ensinado nas escolas. Enquanto isso, as indústrias bélicas, de energia nuclear, petroquímicas e tantas outras, as verdadeiras responsáveis pela degradação, vão elevando seus lucros a custo da aceleração do processo terminal da humanidade.
O Demônio Chorão, outro sonho, retrata um momento em que a terra já está totalmente degradada, já não existe água potável nem alimento, os seres humanos já se transmudaram numa espécie de ogros, comendo-se uns aos outros e todos acometidos de terríveis dores.
O que muitos assistem como ficção, é há muito, realmente, uma horrível realidade objetiva. Quantas substâncias existem em nosso corpo que não são naturais? Gases tóxicos que respiramos, germes que bebemos, substâncias que ingerimos… Só um exemplo: um frango criado comendo milho solto num quintal, dormindo em poleiro, demora cerca de seis meses para chegar ao seu máximo crescimento; um frango de granja leva em média um mês e dez dias. Por mais que se negue que são aplicados hormônios, há muita diferença entre esses dois frangos. É a diferença entre o natural e o artificial. Todas essas mutações não criam seres superpoderosos, como na ficção norte-americana, mas mutantes acometidos de câncer, problemas cardíacos, pulmonares, verminosos, depressão, passividade…
Quando os europeus chegaram por cá, que ainda não era a terra das palmeiras e sabiás idealizados, admiraram a saúde do corpo dos índios, que não tinham pudor e nem escondiam suas ‘vergonhas’. Hoje Eduardo Braga e Omar Aziz trazem o Exterminador do Futuro para, ganhando uma fortuna de dinheiro público, falar sobre meio ambiente. Alguém poderia ter pedido para Schwarzenegger tirar a camisa. Ele, diferente dos índios, esconderia sua vergonha. Sabe como fica um corpo velho cheio de resíduos anabolizantes?
O Povoado dos Moinhos, outro sonho, um andarilho vai a um lugarejo onde não há energia elétrica nem a maioria dos objetos que fazem o conforto dos homens citadinos. Mas há ar puro, água limpa, e a manutenção do comer e beber é feita de forma comum.
Ontem a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou uma nota tímida de que o uso de celulares pode causar câncer. Enquanto isso, a maioria das pessoas se desespera apenas por ter esquecido algum de seus aparelhinhos. Quem está interessado em mudar seus hábitos? Quem está interessado em criar novas formas de relações?
Num plano global, fazer simulações na Semana do Meio Ambiente de nada adiantará, enquanto países como os Estados Unidos, irmanado com outros no Conselho da ONU, não assina sequer o protocolo de Kyoto, feito pela própria ONU. É a lei sendo ditada para os outros, enquanto o tirano abusa e massacra.
No Povoado dos Moinhos, quando alguém morre, depois de viver bem durante muitas décadas, há uma festa. Se continuarmos da forma que vamos, daremos apenas nossa singela contribuição com uma florzinha de alguma garrafa plástica para embelezar o funeral da humanidade. Mas não haverá ninguém para chorar ou para festejar. E os artistas-filósofos, naturantes que são, não vão lamentar.
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