A internet corre riscos. Os alertas vêm das mais diversas direções. Blogueiros, progressistas ou regressistas, sujos, limpos, cheirosos, fedidos, encardidos... Tuiteiros, internautas em geral... É preciso estar atento e forte, dizia o hino da tropicália nos tempos da ditadura...
Tentando impedir o alastramento da revolução, o ditador egípcio tirou do ar internet e telefonia celular. Na China e em outros países mais "fechados" há restrições como sabemos.
Aqui o controle se dá pelo "bolso"... Muito dinheiro: banda larga veloz, trocentos megas. Pouco: conexão lenta, lerda, exclusão de vários recursos. Sem dinheiro: telecentro público, lanhouse de vez em quando, micro do vizinho pruma "navegada" rápida...
A internet corre risco, alerta o artigo abaixo, oferecendo muitas reflexões interessantes. Fiquemos atentos, mobilizemo-nos, então. [Os destaques são do ABC!]
Internet em risco...
Censura à internet no Egito acende luz vermelha. Será a web um castelo de cartas?
É verdade que o exemplo chinês já nos era largamente conhecido, embora em menor proporção. Censura a certos sites, com a conivência dos grandes, como o Google, para evitar acesso por intermédio das pesquisas.
Mas o caso recente do Egito é simplesmente assustador.
Praticamente toda a internet sai do ar (e mais ainda a telefonia celular), com a ânsia do ditador em frear o rastilho da revolução. Era tarde, sabemos agora, os jovens mobilizados já estavam suficientemente decididos e com internet ou sem ela saíram às ruas e tomaram tanques.
O que nos chama a atenção é que o libertário espaço da Internet possa ser, por decisão de uns poucos, ditadores ou empresários, simplesmente desligado. Em que terreno estamos construindo os espaços de nossa liberdade, se o interruptor é assim tão fácil de ser usado?
Terreno pantanoso, certamente, pois a concentração dos grandes sites ou servidores é ainda mais forte do que o que existe na própria imprensa de papel ou mesmo na radiofusão – como o é, aliás, também no sistema de telefonia.
José Alcântara, ativista do software livre, avisa, em entrevista recente à revista Fórum: a Internet está a ponto de ser reduzida a pó.
O controle de sites acessíveis, em certos lugares, e ainda a diferenciação da velocidade de transmissão da informação de acordo com a capacidade financeira – grandes transitando por rodovias, ao passo que pequenos por estradas vicinais, fulmina a ideia central de neutralidade na rede.
Sem contar que todas as facilidades da tecnologia que nos reduzem distâncias aumentam geometricamente, ao mesmo tempo, as possibilidades de controle.
A guarda de informações que permite aos grandes provedores e sites amealharem um gigantesco esquadro de seu mercado potencial. O exemplo do Facebook e da negociação de dados dos usuários demonstra o expressivo valor econômico das redes sociais.
Usamos a internet para ampliar os contatos, reduzir as distâncias e furar bloqueios que a concentração das mídias nos impõe.
Mas enquanto nos preocupamos em disseminar o conteúdo de uma forma que suplante o esquálido pluralismo das mídias tradicionais, é de se pensar se não estaríamos construindo castelos de cartas, sobre bases muito pouco libertárias, sujeitas a um controle ainda maior.
Que futuro nos aguarda?
É hora de refletir sobre as estruturas de suporte dos dados, a igualdade de fluência no trânsito das informações, a apropriação mercadológica das informações de usuários e, sobretudo, a criação de mecanismos que fragmentem a concentração do controle.
Numa época de efervescência sem precedentes do direito internacional, que resulta da globalização dos pactos e tratados, e criação de tribunais e cortes que relativizem a tradicional noção de soberania, expandindo a vigência dos direitos humanos mundo afora, urge a necessidade de inscrever nestes livros os direitos a uma comunicação livre.
Faz parte da liberdade de expressão, inerente ao indivíduo, o direito a se expressar e buscar suas fontes de informação. E à sociedade, o direito de se comunicar em redes, expandindo os diálogos.
O direito à comunicação é, assim, ao mesmo tempo um direito individual e social.
E a censura não é mais atributo de província: se a internet do Egito sai do ar, é problema de todos nós.
Os anos que se seguem podem ser decisivos para saber se por intermédio da internet vamos ampliar os espaços de liberdade ou apenas reforçar uma sociedade de controle, à mercê de ditadores públicos ou privados.
Blogueiros, tuiteiros e demais agentes das redes sociais, uni-vos. Nada temos a perder senão nossa própria omissão.
É isso Sonia!
ResponderExcluirÉ inegável que foi com a internet que tivemos acesso a informações que o PiG (nacional e internacional) não publica ou não dá o devido destaque e análise.
Foi com ela também que surgiram os progressistas e sujos como força alternativa.
Os retrógrados e cheirosos sempre estiveram aí e com muitos recursos para doutrinar a alienação.
Talvez seja um exemplo moderno do feitiço que virou contra o feiticeiro, ela fez o serviço inverso da “teletela” substituindo a bitola do usuário pela terceira visão.
Como a grande maioria dos “servidores” estão nas mãos dos que detêm o poder e controlam a distribuição da informação, eu concordo que a internet é um grande castelo de cartas e que devemos nos mobilizar para a CRIAÇÃO DE MECANISMOS QUE FRAGMENTEM A CONCENTRAÇÃO DO CONTROLE.
Buenos dias.
Buenos dias, Gilberto! Excelente comentário. Essa parafernália eletrônica toda, em vez de nos libertar, acabou virando um monte de cabrestos que nos prendem, invadem nossa privacidade e asfixiam. E a internet faz parte disso tudo. Ao mesmo tempo que ela propicia por exemplo a liberdade de expressão ela abre espaço para o patrulhamento. E se vivemos numa democracia ainda jovem, incipiente, em construção, ficamos todos muito vulneráveis. Abraços.
ResponderExcluirSônia, me uno a ti e a todos que combatem o retrocesso!!!
ResponderExcluirBelo blog!
Bjo e sorrisos no teu dia, querida.
Muito obrigada a "ti" também, querida, pelo apoio e carinho. Que teu dia seja luminoso! Abraços.
ResponderExcluirOi Sônia.
ResponderExcluirHá algum tempo atrás postei uma reportagem sobre uma lei que foi aprovada recentemente nos Estados Unidos falando sobre isso e restringindo este tipo de abuso. Por exemplo: Provedores cobrariam mais para oferecer maiores velocidades para os sites.
Como seria isto?
Você tem um blog. As pessoas acessam seu blog com a velocidade de que dispõem.
Esta lei proíbe que o provedor lhe cobre para que as pessoas possam acessar seu blog com velocidades maiores. E se você não pagar, as pessoas não vão conseguir acessar seu blog porque ele se torna muito lento para abrir. Isto dificultaria o acesso ao seu blog. Aí as pessoas, simplesmente, deixariam de acessar.
Para acessar sites de grandes empresas seria rápido e das pequenas seria muito lento.
Eu acho que isto que ocorreu no Egito é um risco, mas tem um preço muito alto a ser pago, como o levante da população.
Para um governo se predispor a cometer este tipo de crime ele teria que estar disposto, também, a sofrer as conseqüências por isto como está acontecendo no Egito.
O medo é que isto seja feito feito na surdina, lentamente, aos poucos, de modo que a população não percebe. Aprovando pedaços de leis que comam pequenos pedaços da internet. Aí quando formos perceber a internet estará toda sitiada e não vamos saber como e nem quando começou.
Sônia.
Eu gostaria de pedir sua permissão para postar este texto no meu blog.
Parabéns pelo seu espaço aqui.
Obrigada, Paulo, pelas informações e considerações todas. É uma das coisas que mais prezo na blogosfera: essa troca boa, essa interação entre a gente. O artigo que reproduzi é do juiz Marcelo Semer, do blog Sem Juízo. Fique à vontade se quiser reproduzir o post no teu blog, que vou passar a seguir. Obrigada. Abraços.
ResponderExcluirValeu Sônia.
ResponderExcluirEu é que agradeço. Inclusive estou seguindo você também.
Abraço