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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Se o Brasil fosse sério, Kassab saía preso da Prefeitura


Foi mais ou menos isto o que disse certa vez um vereador da base aliada do ex-prefeito Gilberto Kassab (DEM/PSD). Vejam bem: vereador da base aliada, não vereador da oposição...

Citado como conhecedor do esquema por servidores municipais que se encontram presos por envolvimento na "Máfia dos Fiscais", Kassab, claro, nega qualquer participação ou ciência da ladroagem.

Mas não é, pelo menos, sintomático que o ex-prefeito tenha nos últimos meses de seu mandato "caído de amores" pela presidenta Dilma Rousseff, a quem jurou publicamente "apoio eterno", quem sabe, talvez, já vislumbrando que as falcatruas na Prefeitura pudessem ser descobertas, caso Fernando Haddad fosse eleito?

Para infortúnio da bandidagem e felicidade geral de São Paulo, Fernando Haddad se tornou prefeito e logo nos primeiros meses criou a Controladoria Geral do Município, uma espécie de "Central de Caça a Corruptos", que em pouco tempo de atuação já está "mandando bala" e mostrando a que veio...



Mário Vinícius Spinelli, Controlador Geral do Município


"Se esse país fosse sério, Kassab tinha de sair algemado da prefeitura"

Kiko Nogueira*

Ele

Um vereador paulistano gostava de falar o seguinte: “Se esse país fosse sério, o Kassab tinha de sair algemado da prefeitura”. Ele era da base aliada do ex-prefeito.

Gilberto Kassab chamou de calúnia vil a declaração do chefe da quadrilha de fiscais, Ronilson Rodrigues. Rodrigues, que está preso, se queixava com a auditora Paula Sayuri de ter sido chamado para prestar depoimento. No grampo, disse que Kassab “tinha ciência de tudo”.

Numa gravação de Luis Alexandre Cardoso Magalhães, único fiscal a deixar a prisão por colaborar com as investigações, seu interlocutor diz: “A esperança é o Kassab ganhar a eleição no ano que vem”. Magalhães responde: “Pois é. Aí está todo mundo bem”.

Kassab é uma cria de Maluf e, como ele, imprimiu um estilo populista falsamente moralizador na cidade. Proibiu gritos de feirantes e mendigos de deitar em bancos de praça, que passaram a ter barras de ferros. Nomeou coronéis da reserva da PM para 30 das 31 subprefeituras. Saiu com um índice de rejeição alto.

Como Maluf, é um colecionador de escândalos. Houve o “caso Aref”, por exemplo. Ex-diretor do Aprov (Departamento de Aprovação das Edificações), da Secretaria Municipal de Habitação, Hussain Aref Saab teve um crescimento patrimonial vertiginoso em sete anos no cargo. Acumulou R$ 50 milhões e 106 apartamentos. Denúncias revelaram um esquema de propinas para a liberação de obras irregulares.

Antes de ocupar a prefeitura, Kassab foi deputado estadual e secretário de planejamento de Celso Pitta. Seu patrimônio cresceu, entre 1994 e 1998, 316% acima da inflação (de R$ 102 mil para R$ 985 mil). Quando o mundo de Pitta ruiu, Kassab se declarou arrependido de ter participado de seu governo. “É uma atitude deplorável, de quem cuspiu no prato que comeu”, afirmou Pitta.

Gilberto Kassab, assim como o ex-chefe, vem da grande colônia libanesa de São Paulo (Haddad também, aliás). Tem uma resposta padrão para as denúncias. Seu sucesso financeiro é fruto de suas “atividades empresariais”. Que atividades empresariais?

Além de economista e engenheiro, ele cursou Introdução à Ciência Política na UnB e foi corretor de imóveis. Sua família tem — bidu — uma construtora. De acordo com o Estadão, a empresa deixou de pagar o Imposto Sobre Serviços, ISS, sobre uma área que estava irregular.

A ladroeira instalada na prefeitura parece não ter fim. Segundo Fernando Haddad, houve fraudes também na cobrança do IPTU. O promotor Roberto Bodini, que investiga a roubalheira da arrecadação do ISS, declarou que não descarta convocar o ex-prefeito e seu então secretário de Finanças, Mauro Ricardo Machado Costa, para depor.

Kassab se considera um candidato Teflon. Fundou um partido, o PSD, que, em suas palavras imortais, não é de direita, esquerda ou centro. Seu futuro político está ameaçado?

Ainda é cedo. Como diria Maluf, ele tem planos para o futuro. Só não sabe quais são.

* Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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