CORRUPÇÃO NA PREFEITURA DE SÃO PAULO
Esperto, ele esperava proteção, blindagem.
Malufista e serrista, o ex-prefeito Gilberto Kassab fundou o PSD no final de seu mandato na prefeitura de São Paulo e correu se atirar nos braços da presidenta Dilma Rousseff, "jurando amor eterno". A troco do quê o aliado de José Serra (PSDB) declarou que apoia Dilma nas eleições de 2014?
Agora, atolado até o pescoço nas denúncias da Máfia do ISS, Kassab sai de metralhadora em punho, disparando contra o prefeito Fernando Haddad, tentando comprometê-lo de alguma forma e manchar sua gestão e imagem.
Estratégia de defesa.
Cuidado, prefeito. Não demora muito e o implicado nas investigações sobre o "Ninho de Corrupção" começa a chamá-lo de "louco" e promove uma ação de calúnia, injúria e difamação para tentar silenciá-lo. Essa gente metida em esquemas não costuma ter um pingo de vergonha na cara.
Que Fernando Haddad e equipe da CGM não se intimidem com as declarações do falastrão, que deve muitas explicações ao povo de São Paulo. Aliás, José Serra, blindado pela "grande" imprensa, também precisa se pronunciar a respeito...
KASSAB: "DEIXO A VIDA PÚBLICA MEDIANTE PROVAS"
Em resposta às declarações de seu sucessor, Fernando Haddad (PT), de que teria deixado a prefeitura em situação de "descalabro", ex-prefeito de São Paulo nega relações com esquema de fraude no ISS: "Eu me retiro da vida pública se em algum momento alguém identificar qualquer vínculo entre essas afirmações e a realidade"; grampos de conversas de fiscais presos citam envolvimento de Kassab na máfia que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos; auditores também torciam por sua volta em 2014 para garantir atuação do grupo; "descalabro é gestão de Haddad", diz Kassab
Chamou de “desonesto intelectualmente” da parte do prefeito querer passar a imagem de que nada nunca foi feito para combater a corrupção.
Segundo Kassab, seu sucessor utiliza a questão como forma de esconder o fracasso do primeiro ano de administração petista. Negou, porém, que o episódio influencie nas alianças nacionais pela reeleição de Dilma Rousseff.
Em entrevista à Folha, ele rejeita ainda qualquer relação com o esquema de fraude no ISS. "Eu me retiro da vida pública se em algum momento alguém identificar qualquer vínculo entre essas afirmações e a realidade", afirmou.
Grampos das investigações que prenderam fiscais da prefeitura pelo desvio de mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos citam Kassab pelo menos duas vezes. Uma delas, Ronilson Bezerra, chefe da máfia e seu ex-subsecretário de Finanças, diz que o então prefeito estava ciente de tudo; em seguida, torcem para a volta de Kassab em 2014 como única forma de manter a atuação do grupo.
Leia alguns trechos da entrevista à Folha:
Haddad
É difícil aceitar essa referência sobre o final da nossa gestão. Se aceitássemos, o final da gestão anterior, que era dele [Haddad participou da administração Marta Suplicy (2001-2004)], estaria duas vezes esse descalabro.
Fizemos uma transição impecável, segundo o próprio prefeito em sua posse. Ele só esqueceu de olhar para o próprio umbigo, para sua administração, quando a cidade está espantada com o descalabro desse primeiro ano.
Há uma verdadeira situação de falta de controle no transporte público. A prefeitura, pela primeira vez, entra o ano com uma perspectiva de dar um subsídio de aproximadamente R$ 2 bilhões.
Se ele tivesse competência, tinha conseguido administrar essa questão com o governo federal para não tirar esses recursos no ano que vem destinados a casas populares, saúde, ensino público.
Vale lembrar que pela primeira vez na cidade corremos o risco de entrar num novo ano sem reajuste de IPTU, um reajuste razoável.
Aliança PT e PSD
Não posso apequenar o PSD e vincular essas manifestações incompreensíveis do prefeito com as decisões do partido.
Máfia do ISS
Questiono essa afirmação do prefeito de que a gestão dele é independente. Foi ele quem nomeou o controlador. Então, tem um vínculo com ele, sim. Ele mesmo disse que acompanhou "pari passu" [simultaneamente], tanto é que contribuiu com recursos de seu bolso para pagar o aluguel de uma sala.
Então ele ignorou a nossa gestão numa ação política, para diminui-la. E omitiu. Ele tinha a obrigação de comunicar ao Ministério Público que nossa gestão tinha feito o início desses trabalhos.
Mandou arquivar?
Isso nunca aconteceu. Eu nunca tive esse diálogo. É uma afirmação mentirosa, talvez de alguém que quisesse despreocupar seus companheiros. Ou alguém que quisesse mostrar prestígio. Ou alguém que soubesse que estava sendo gravado e queria tumultuar as investigações.
Tentativas sórdidas de manchar minha imagem.
Eu me retiro da vida pública se em algum momento alguém identificar qualquer vínculo entre essas afirmações e a realidade.
É desonesto intelectualmente da parte do prefeito querer passar a imagem de que nada nunca foi feito para combater a corrupção.
Principalmente em relação à nossa gestão.
São dezenas de criminosos e esses criminosos também agiam no passado.
O prefeito foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças. Eu não quero acusá-lo de nada. Porque ele pode ter sido, e com certeza foi, vítima do mesmo crime.
A desonestidade do prefeito é passar a impressão de que ele foi o primeiro a combater a corrupção. Se ele é o primeiro, cadê suas manifestações sobre o mensalão?
Ronilson Bezerra, chefe da máfia e seu ex-subsecretário de Finanças
Eu não sabia de nada.
Eu não o conhecia anteriormente e pouco conheço agora. Estive com ele poucas vezes em sete anos, sempre para discutir assuntos técnicos, e geralmente em meu gabinete.
Há nisso uma má-fé muito grande, uma afirmação maldosa, que não é digna do Fernando Haddad. Havia um secretário indicado para formar o grupo, e os dois lados fizeram isso. Ele levou sua equipe.
Ronilson estava na transição porque estavam todos daquele núcleo. Ele era da equipe. Ele e centenas de outros.
Brasil 247
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