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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

SP: Mais violência contra Blogueira e Blog


LIBERDADE DE EXPRESSÃO




No meio do caminho, tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho.                                               
                                                                                        Carlos Drummond de Andrade
       

A história de vida da cidadã blogueira que edita os blogs "Abra a Boca, Cidadão!" e "Psicopatas" começa num pequeno e humilde bairro da periferia leste da cidade de São Paulo, filha caçula de uma família modesta.

Geralda e José, os pais da hoje escritora e blogueira, não tinham sequer completado o curso primário. Mas a menina, aos oito anos, ao ser indagada por um coleguinha de travessuras sobre o que queria ser quando crescesse, não hesitou: "Escritora!"

De onde a menina tirou esta ideia, nem ela sabe...

A família humilde, com pouca instrução e dinheiro curto, não podia comprar livros. O seu José, nordestino das Alagoas, operário de indústria química e torcedor fanático do tricolor paulista e da seleção brasileira, vez por outra, trazia para casa um exemplar da Gazeta Esportiva e do Diário da Noite. E a menina que queria ser escritora se deslumbrava com as letras impressas no papel-jornal, dias e dias devorando aquelas deliciosas e mágicas guloseimas.

Mas a "fome" das letras só fazia aumentar. E foi sendo atendida nos anos seguintes e pela vida afora. E jamais foi  saciada.

A menina cresceu, foi cursar o ginásio num bairro operário, e lá teve um fascinante e inesquecível contato com a poesia. Enquanto suas amiguinhas batiam bola na quadra, brincavam no pátio ou fumavam no banheiro, a menina que queria ser escritora, na biblioteca da escola pública, descobriu os românticos e parnasianos, as estrofes, as métricas e as rimas... e declarou para si mesma, extasiada, falando baixinho: "Eu também quero!"

A partir daí a adolescente passou a "cometer" seus primeiros poemas. E o que era "degustação de guloseima" virou transe.

E a "fome" de letras, palavras, poesia, literatura, escritos, textos... não dava trégua.

A menina virou moça e foi parar na melhor universidade brasileira. E desembarcou, claro, num curso de Letras, onde pôde ao longo de anos tentar suprir a esquisita "carência alimentar".

Só a poesia e a ficção não saciavam a fome da menina. E ela foi abrindo outros "cardápios", no jornalismo, na história dos meios impressos, nas artes gráficas, na editoração...

A menina virou Mulher das Letras, dos Livros e da Comunicação. E acabou desempenhando papeis em várias "cozinhas editoriais", revisando, redigindo, editando. No mágico ofício de transformar letras e palavras em iguarias literárias e objetos de degustação.

Livros e mais livros. Autores e mais autores. Textos e mais textos.

Mais de trinta anos percorridos no Mundo Editorial, no Mundo da Cultura.

No entanto, graças a um desses percalços que a vida muitas vezes costuma apresentar, sem que tivesse qualquer interesse ou inclinação, sem que tivesse pedido ou sido consultada, a menina escritora, agora Mulher das Letras e da Comunicação, se vê colocada dentro de um confronto, de um embate irracional, injusto e desproporcional.

Com o Mundo do Crime.

                                Berthe Morisot, pintora impressionista francesa (1888)


Hoje, 17.10.2013, 14 hs., audiência no Foro Penha de França, em ação criminal contra blogueira e blog.

Justiça Hoje e Sempre!


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