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terça-feira, 25 de setembro de 2012

"O mundo quer alimentos, não armas", diz Dilma na ONU


O discurso da presidenta Dilma Rousseff na abertura da 67a. Assembleia Geral das Nações Unidas, hoje de manhã, em Nova York, tocou em pontos dramáticos do momento atual do mundo. Do conflito no Oriente Médio e a barbárie na Síria ao aquecimento global, passando pela crise econômica internacional e as medidas de defesa dos países em desenvolvimento, a presidenta fez um pronunciamento afirmativo, algumas vezes pontuado por duros golpes nos países ricos, em especial nos Estados Unidos e no presidente Barack Obama, como quando propôs alimentos em lugar de armas e defendeu a extinção do "anacrônico" embargo econômico norte-americano a Cuba.


                               Presidenta Dilma com Ban Ki-moon, Secretário Geral da 
                               ONU, hoje, em Nova York  Foto: Roberto Stuckert Filho/PR



DILMA: "O MUNDO, EM LUGAR DE ARMAS, QUER ALIMENTOS"



Em discurso que abriu a 67ª Assembleia Geral, na sede das Nações Unidas, em Nova York, a presidente criticou as "políticas fiscais ortodoxas e expansionistas"; "Meu país tem feito a sua parte", sublinhou; Dilma também deixou claro que a posição brasileira é de repúdio ao "crescimento do preconceito islamofóbico", atacou o governo da Síria como "maior responsável" pelo caos no país, mas disse que a solução não será militar

247 - Com voz firme e ênfase nas frases, a presidente Dilma Rousseff abriu a 67ª Assembleia Geral da ONU atacando duramente as "políticas econômicas ortodoxas", de "expansionismo" das moedas estrangeiras, que promovem uma "guerra cambial" e são calcadas apenas em políticas fiscais e recessivas. Ela disse que tais procedimentos não resolverão a crise e prejudicam a situação dos países emergentes. "Meu país tem feito a sua parte", cravou, acentuando que o Brasil, com sua política econômica, retirou 40 milhões de pessoas da linha da miséria nos últimos dez anos, controlou a inflação e mantém bons níveis de emprego.

Dilma arrancou aplausos da assembleia por duas vezes. Ao criticar o que vai chamando de "crescimento do preconceito islamofóbico" no mundo e, em seguida, ao dizer que "só uma Palestina soberana atende aos interesses de Israel", sublinhando que o Brasil defende tanto o Estado israelense como o Estado palestino.

"O multilateralismo está mais forte depois da Rio+ 20", disse Dilma. Pouco antes, ela defendeu uma "reforma urgente" no Conselho de Segurança da ONU, sem, no entanto, reivindicar nominalmente a entrada do Brasil no organismo. Ao tratar de sustentabilidade, a presidente lembrou que o País tem um compromisso firmado contra o desmatamento da Amazônia.

"O Brasil continua empenhado em trabalhar com seus vizinhos por um ambiente de paz e integração social", discorreu a presidente, a respeito da América Latina. "Nossa região é um bom exemplo para o mundo", disse. "Para nós, a democracia não é um patrimônio imune a assaltos", disse ela, referindo-se veladamente ao golpe no Paraguai. "Reafirmamos nosso compromisso de manter a região longe de armas de destruição em massa", disse. Nesse ponto, a presidente não se furtou de citar Cuba como vítima de um "anacronismo", o embargo econômico do qual é alvo há muitos anos.

A presidente elogiou a organização dos Jogos Olímpicos de Londres, disse que a contagem regressiva já começou para o Rio de Janeiro e pediu para que "a chama olímpica ilumine a assembleia geral". Ela sustentou que a ONU deve ser fortalecida. Acrescentou, finalizando, que as soluções negociadas têm de ser antecipar e sobrepor às ações violentas.

Abaixo, texto do 247 sobre o discurso do presidente dos EUA, Barack Obama:

247 - O presidente dos EUA, Barack Obama, ocupou a tribuna da Assembleia Geral da ONU fazendo, na prática, um apelo pelo fim das hostilidades contra instalações do país ao redor do mundo. Ele iniciou com uma breve biografia do embaixador Cris Stevens, morto durante um ataque à embaixada americana em Bengazhi, na Líbia, duas semanas atrás. "O futuro não pode pertencer àqueles que caluniam o profeta do Islã", disse. Ele lembrou que a liberdade religiosa é garantida nos EUA, assim como a liberdade de expressão. Afirmou que o governo do país não se sente responsável pelo vídeo que foi considerado agressivo pelos muçulmanos, e provou a atual onda de ataques contra instalações americanas. "A queima de uma bandeira americana não promove a educação de uma criança. A queima de uma embaixada não cria um emprego", afirmou. Obama anunciou que os EUA manterão sanções contra a Síria, até o fim do regime do presidente Bashar Al Assad.

O presidente dos EUA, após defender o Estado de Israel, afirmou que o governo do Irã "vez após vez" falhou em provar que disse que o regime de Teerã financia grupos terroristas ao longo do mundo. "Uma corrida nuclear no Irã pode provocar a desestabilização de toda a região e tornar nulos os acordos de não proliferação de armas nucleares", pontuou, deixando claro que os Estados Unidos não temerão em agir militarmente. Ressalvou, porém, que "ainda há tempo e espaço" para uma negociação pacífica.

Obama lembrou que "Osama Bin Laden não existe mais", que os EUA e a Rússia reduziram seus arsenais nucleares e que novas parcerias foram formadas para combater a corrupção. "Tudo isso me dá esperança", disse, para ressaltar que é o povo do mundo que está atuando para melhorar a vida, "como os jovens nas favelas do Rio", citou. "Para cada pessoa zangada que aparece na tevê, há bilhões que estão unidas em um só sentimento".

Brasil 247

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