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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Rio+20: Dilma reconhece "timidez" do documento final



Está se encerrando agora à noite no Rio de Janeiro a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Muitas críticas e protestos por parte de ongs, ativistas e sociedade civil, insatisfeitos com a falta de comprometimento com mudanças reais por parte dos países ricos.


Segundo a presidenta Dilma, o documento oficial elaborado pelos representantes dos países participantes significa o "consenso possível" dada a diversidade e o multilateralismo do mundo hoje.



Dilma minimiza críticas à Rio+20: documento 
é ponto de partida


Dilma tentou minimizar as críticas de 
entidades da sociedade civil e de alguns 
países sobre o texto final da Rio+20
Foto: AFP

ANGELA CHAGAS



Em uma coletiva à imprensa na tarde desta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff tentou minimizar as críticas de entidades da sociedade civil e até de alguns países sobre o documento final da Rio+20, negociado pelo Brasil. Segundo a presidente, o País construiu o "consenso possível" dada a diversidade de nações que integram a ONU. "O país que recebe missão de liderar esse processo é responsável por construir esse consenso possível, que é apenas o ponto de partida, e não de chegada. Se é possível ter consenso é porque todas as nações evoluíram até aqui", afirmou a jornalistas.

"Esse ponto de partida representa até onde as nações conseguem chegar conjuntas. A partir daí elas devem avançar mais. O que não podemos conceber é que alguém fique aquém disso. Além todos devem ir", disse Dilma antes de discursar na cerimônia de encerramento da Rio+20. Ela ainda exaltou o multilateralismo que domina o mundo hoje, ao citar que até a Guerra Fria eram apenas duas visões que se sobrepunham. "Hoje temos outra visão, a do multilateralismo, onde você constrói consensos históricos, que são aqueles possíveis num determinado momento".

Ela ainda citou a conferência de 2009, em Copenhagen, para destacar que naquela ocasião não houve acordo nenhum, ficando apenas em boas intenções. "Naquela conferência, mesmo sem acordo, algumas questões foram levadas. Um exemplo foi a necessidade de financiamento de diferentes países, notadamente aos países da África e às pequenas ilhas. Isso implicaria criar um fundo dos países desenvolvidos para financiar a recuperação desses territórios. Os emergentes também poderiam contribuir de forma voluntária, mas três anos depois isso não aconteceu. O importante quando temos algo escrito, como na Rio+20, é que ninguém pode negar depois", afirmou.

Dilma ainda afirmou que os países desenvolvidos precisam se comprometer a ajudar as nações mais pobres a atingir o desenvolvimento sustentável. E isso, segundo Dilma, passa pela criação de um fundo. "Achamos que um gesto fundamental é introduzir a questão dos fundos daqui para frente. Temos de caminhar nessa direção", disse. O G77, grupo de países em desenvolvimento como o Brasil, chegou a apresentar a proposta de criação de um grande fundo, mas a sugestão foi vetada pelas nações ricas.

A presidente também reconheceu que, de acordo com o modelo de desenvolvimento do Brasil, a proposta do documento final é tímida. "É óbvio que não atende à nossa prática. Temos uma política mais avançada, mas não podemos medir todos pelo método do Brasil. (...) Aqui a matriz energética é 45% renovável, temos 60% das florestas preservadas, isso não se aplica a outras nações", disse ao destacar que não é possível aplicar o mesmo "metro" quando vai se compor políticas coletivas.

Ela ainda destacou que o Brasil conseguiu mostrar ao mundo que uma nação emergente tem condições de organizar uma reunião de padrão internacional e que tem responsabilidade política para construir um documento de consenso. "Num momento tão difícil de haver consenso, onde até países com zona econômica comum não conseguem, é importante que a Rio+20 tenha chegado a esse objetivo comum", afirmou.

Sobre a Rio+20 

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro voltou a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que termina hoje, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Nesta sexta, o Segmento de Alto Nível faz sua última plenária e encerra a Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas. Em um dos discursos mais esperados, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, defendeu os direitos reprodutivos das mulheres e uma economia de inclusão como garantia de prosperidade.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.



Terra
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