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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Os Maias tinham razão? Começou o Fim do Mundo?


Na cidade de São Paulo, no bairro de Engenheiro Goulart, Penha, cidadã blogueira vem sendo violentada de várias formas, há anos, sem que as instituições lhe amparem, como manda a lei. Esbórnia total.





Na Capital da República, o confronto entre Mensaleiros e Cachoeiristas, escândalos de parte a parte, podridão, imundície. Puro pântano.


Todos estes detritos, lá e cá, vindo à tona, sendo expostos à luz do dia.


Ratos, ratos e mais ratos. E ratazanas também.


Dizem que a Luz do Sol é o melhor detergente...


Será mesmo o começo do Fim do Mundo, como previram os Maias?


Mensalão versus caso Cachoeira: é a guerra 
do fim do mundo

                                                                                   Foto: Edição/247

DOIS ESCÂNDALOS ATÔMICOS CORREM EM PARALELO; DE UM LADO, UMA ALA NEGA O MENSALÃO E VÊ NA CACHOEIRA GOIANA UM MANANCIAL INESGOTÁVEL DE PODRIDÃO; DE OUTRO, APONTA-SE A CORTINA DE FUMAÇA DOS MENSALEIROS; NÃO SERIA O CASO DE SIMPLESMENTE ACABAR COM A HIPOCRISIA NA MÍDIA E NA POLÍTICA?



Leonardo Attuch _247 – Lá se vão 31 anos de que o escritor peruano Mario Vargas Llosa publicou um clássico da literatura latino-americana: “A Guerra do Fim do Mundo”, que mistura personagens reais e fictícios da Guerra de Canudos, liderada no sertão da Bahia por Antonio Conselheiro.


Vargas Llosa usou a imaginação para elaborar sua narrativa, mas, no Brasil, a realidade sempre supera a ficção. Ninguém poderia prever que, em 2012, dois escândalos atômicos correriam em paralelo: o do mensalão, que está prestes a ser julgado, e o do esquema de Carlos Cachoeira, que acaba de ser desbaratado pela Polícia Federal.


De cada lado, haverá uma torcida organizada, com políticos, jornalistas e porta-vozes informais. Uma espécie de Gaviões da Fiel contra Mancha Verde numa competição para apontar qual foi o maior escândalo de corrupção de todos os tempos no Brasil.


Um lado sustenta que o mensalão nunca existiu, ou seja, que jamais houve uma rotina de pagamentos mensais a parlamentares, em troca de apoio político. De fato, nunca existiu. Parlamentares não tinham salarinho mensal, com descontos no dia 20 e no dia 5. Mas a tese de que o mensalão foi apenas um megaesquema de caixa dois eleitoral não elimina uma série de crimes. Quando um determinado grupo político se propõe a pagar dívidas de campanha passadas e a organizar campanhas políticas futuras de sua base aliada, o que se está fazendo é, sim, a compra de apoio parlamentar. Afinal, políticos visam o poder. O poder depende do voto. E o voto depende de dinheiro, no sistema eleitoral brasileiro. Se a palavra mensalão puder ser utilizada como sinônimo de esquema de financiamento político, é algo que existe em todas as câmaras de vereadores e assembleias legislativas do País.


O outro lado, por sua vez, irá apontar que, por trás da CPI do Cachoeira, há o dedo de forças ocultas tentando criar uma cortina de fumaça para evitar o julgamento do “maior escândalo de corrupção de todos os tempos” – essa é a tese da revista Veja, por exemplo. E seus porta-vozes enxergarão em qualquer ato da CPI, como as possíveis convocações do procurador Roberto Gurgel ou de jornalistas ligados a Cachoeira, uma tentativa de melar o mensalão.


Cada um no seu quadrado


Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, já diria o sábio Vicente Matheus. Todos querem que o mensalão seja julgado – e o ideal é que o seja de forma justa, sem pressões exercidas por fatores externos, como a própria imprensa. E a sociedade brasileira também quer que a CPI tenha liberdade plena para investigar todos os aspectos da quadrilha liderada por Carlos Cachoeira. Uma quadrilha, diga-se de passagem, com ramificações em governos estaduais, no Ministério Público, no Judiciário, no PAC e, sim, na imprensa.


Por que será que, num país livre como o Brasil, deve haver temas proibidos ou tabus? Se o procurador Roberto Gurgel vier a ser convocado, porque, aparentemente, prevaricou, nenhuma instituição sairá abalada. Se jornalistas vierem a ser chamados a explicar suas relações com Carlinhos Cachoeira, o Brasil compreenderá melhor como funciona o jogo de achaques e extorsões no submundo da política brasileira. E a liberdade de imprensa sairá fortalecida.


Perde-perde?


Com o olhar arguto de jornalista acostumada a desvendar os meandros do poder, a brilhante Tereza Cruvinel, que presidiu a Empresa Brasileira de Comunicação e comandou a coluna política mais importante do jornal O Globo, definiu a CPI do Cachoeira como um jogo de perde-perde.


Os dois lados, governistas e oposição, mensaleiros e cachoeiristas, sairão derrotados. Mas, se é assim, e se estamos mesmo diante de uma guerra de extermínio entre gangues rivais da política, o Brasil sairá ganhando. A bomba atômica fez nascer o Japão da paz, como diria Gilberto Gil. E o cogumelo nuclear pode também estar gestando um sistema político mais saudável no Brasil.


Transparência, liberdade e o fim da hipocrisia só podem fazer bem a um país. Quem sabe se, depois disso, brotam do pântano as flores do mal.


Brasil 247



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