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sábado, 31 de dezembro de 2011

Patrícia e Eliana: Orgulho da Magistratura Brasileira



Não posso encerrar o ano sem homenagear também outra Grande Mulher da Justiça, a juíza Patrícia Acioli, barbaramente assassinada em agosto, pela bandidagem que combateu duramente em vida.


O Estado brasileiro não teve competência para proteger a vida desta exemplar e destemida magistrada. Patrícia foi executada com 21 tiros, quando chegava em sua casa, após um longo dia de trabalho no fórum.


Que o Estado brasileiro tenha mais competência para proteger e defender a ministra-corregedora Eliana Calmon, que cumprindo com suas responsabilidades constitucionais vem descontentando setores retrógrados do Judiciário.


Patrícia e Eliana: duas mulheres extraordinárias e luminosas, duas pedras preciosíssimas, duas joias raras, que o Povo Brasileiro celebra e reverencia.



O Réveillon das togas iluminadas


Alberto Dines*



Indicação de Ivana Lima Regis, amiga blogueira do Xad Camomila. 

"Se 2011 entrou para a história carimbado com o nome de Dilma Rousseff, o ano seguinte, 2012, deverá repetir a dose com outra mulher, Eliana Calmon Alves. De qualquer forma, o cidadão brasileiro já garantiu sua cota na magnífica prenda de Natal oferecida pelo imbróglio entre a destemida Corregedora Nacional de Justiça e as entidades dos magistrados. A bateria de holofotes acesa pela juíza desde setembro, quando assumiu o cargo, é tão luminosa como a galáxia de esperanças acesa pelos fogos de artifício nos festejos de Ano-Novo. Pela primeira vez em seus 511 anos de história e 189 de vida institucional, o Brasil tem a chance de ver a espetacular tomografia do edifício de privilégios e regalias no qual vivemos, construído com a argamassa da injustiça.

O confronto de Eliana Calmon com AMB, Ajufe e Anamatra transcende às questões clássicas identificadas por sociólogos do “sabe com quem está falando?” Sua quixotesca investida é contra o corporativismo e o clientelismo que tanto desfiguram o Estado de Direito. A guerreira baiana não só enfrenta o autoritarismo enrustido em instituições e entidades anquilosadas pelo tempo, está garantindo a produção e a sobrevivência dos indispensáveis contrapoderes (caso do CNJ) sem os quais nossa democracia será formal, retórica e claudicante.

Sua desassombrada cruzada dirige-se, na realidade, contra um sistema de abafamentos e silêncios herdados da colonização ibérica e o surpreendente apoio que vem recebendo de setores expressivos da imprensa coloca-a em posições de vanguarda que há muito não frequenta. Eliana Calmon tirou o trombone da estante, tocou-o e, magicamente, do ruído fez-se a luz. Mesmo solitária, sua indignação espalhou-se porque ao examinar posturas e procedimentos de alguns magistrados, movimentou os desconfortos engolidos e os tormentos camuflados na alma de milhões de brasileiros que o dia inteiro resmungam e remoem queixas contra a impunidade."


*Alberto Dines é jornalista, fundador do Observatório da Imprensa.


Diário de S. Paulo


Foto central: Estátua da Justiça, Brasília/BR, Banco de Imagens/STF.


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