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domingo, 17 de julho de 2011

A sabedoria de não fugir






Viver intensamente não é subir o Kilimanjaro, não é se banhar nas águas que cercam uma ilha paradisíaca no Pacífico. Viver intensamente é não fugir. Não fugir do momento presente, tal como ele se oferece: seja ele difícil, medíocre, maravilhoso, problemático, agradável ou opressivo. Não fugir de seus próprios sentimentos, sejam eles os mais luminosos ou os mais obscuros: não os rejeitar mas, ao contrário, aceitá-los de forma incondicional quando surgirem, sejam de amor, de ódio, de desespero, de felicidade, de alegria ou de profundo tédio. Essa, sim, é a única forma verdadeira de viver plenamente. Não fugir dos abismos do cotidiano, não fugir de seus próprios medos, não fugir da visão de si mesmo desnudo em todas as suas fraquezas, virtudes, fragilidades, forças e limitações, tal como você é, e não tal como uma ilusão lhe faz pensar que seja. Não fugir, mas ir a fundo mesmo das suas piores horas, mergulhar com curiosidade de criança nos abismos mais escuros, e contemplar os estranhos seres que vivem lá com admiração e encantamento, observando atentamente anatomia. Viver é não fugir do aqui-e-agora, seja em um ônibus lotado, seja com os pés nas águas de uma praia.


Victor Lisboa


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