Para reflexão de todos nós que fazemos a blogosfera brasileira, blogueiros, leitores, comentadores, publico abaixo um texto instigante.
Qual é o nosso verdadeiro papel no ciberespaço?
Repercutir notícias veiculadas pela velha, tradicional e elitista mídia? Falar das "figurinhas carimbadas" de sempre? Ser pautados pelos "jabores da vida", dando holofotes, abrindo espaços para personalidades e assuntos, na esteira da mídia do mercado? Fazer gracejos, demonstrar irreverência, lançar um olhar crítico para os fatos, mas sempre partindo dos relatos da mídia do sistema? Continuar não incomodando os donos do mundo?
Não podemos ir além disso? Não temos competência para alçar voos mais pretensiosos?
Galinhas domesticadas num quintal ou águias destemidas riscando os céus?
Qual o papel que a blogosfera brasileira poderá desempenhar na construção da cidadania planetária?
O artigo abaixo levanta muitos questionamentos e nos estimula a fazer diversas reflexões a respeito.
O mercado fashion
Modelo massivo: Do que se fala na Internet?
Manuel Freytas
Fora dos meios e espaços alternativos que tratam de dar outra cara ao sistema, do que se fala na Internet? Qual é o modelo e quais são os conteúdos da "comunicação globalizada" pela Web?
Quantos do espaço comunicacional majoritário (as redes sociais) de Internet falam da depredação irracional do planeta por parte das empresas capitalistas que nos estão levando a um Apocalipse ecológico por falta de planejamento racional da exploração de recursos?
Quantos falam dos conflitos militares intercapitalistas que podem fazer explodir o planeta a qualquer momento?
Quantos falam dos 3 bilhões de pobres e indigentes (quase a metade da população mundial) que vivem sem ou abaixo dos recursos essenciais de existência?
Quantos falam dos bilhões que não consomem (os expulsos do mercado) num mundo balizado pelos valores do consumismo e da concentração de riqueza em poucas mãos?
Quantos falam que o orçamento que a ONU utiliza para "combater a pobreza" no mundo equivale a só 0,8% da fortuna dos três homens "mais ricos do mundo" do ranking da Forbes?
De que tema podemos falar (ao menos com certo sentido lógico) se não o referenciamos dentro do grande agente "socializador" e programador das regras de comportamento massivo que é o sistema capitalista nivelado como "mundo único"?
Quem fala do sistema capitalista como "esquema referencial" e estrutura de valores programados dentro do cérebro humano pela comunicação orientada ao direcionamento da conduta massiva?
Quem se pergunta por que um chinês, um russo, um estadunidense, um europeu ou um habitante do mundo periférico, salvo o idioma e a raça, coincidem (estão nivelados) nos mesmos valores e gostos consumistas?
Quem se pergunta na rede de onde provêm as ondas do pensamento fashion, a tecnologia interativa do entretenimento, a conversão do homem em microchip da sociedade de consumo, enquanto a fome, as doenças, as catástrofes e os massacres militares dizimam populações e aniquilam milhões de seres humanos?
E quantos se perguntam por que, majoritariamente, nas redes sociais e nos espaços de comunicação da internet, ninguém reflete sobre o que tem a ver o sistema capitalista com os prejuízos econômicos, as guerras e as tragédias massivas que açoitam a humanidade?
O ponto: Estamos na comunicação globalizada por Internet. Para quê?
Se se exclui o ator central, o criador do sistema (o capitalismo) totalizado que rege, baliza e codifica nossa existência social, o que se pode debater?
Esse é o ponto de não retorno, quando a comunicação perde seu feedback transformador, quando perde seu sentido totalizador, e se converte num torneio de slogans consumistas e de uma visão existencial individualista da vida programada no cérebro massivo como única alternativa.
Exatamente o que necessita o sistema capitalista para seguir reinando sobre as cinzas do pensamento crítico e a destruição nivelada do cérebro humano. Que vem constitucionalmente preparado para pensar e entender racionalmente o mundo que o rodeia, como ponto de partida essencial até qualquer meta de realização coletiva ou individual.
Há uma palavra que define como nenhuma outra este modelo massivo de comunicação que praticam as maiorias no ciberespaço e no mundo real: Alienação. Que não é ignorância, mas atomização, perda da visão da totalidade em detrimento da compreensão racional.
Algo assim como pensar e estar na vida sem a existência do mundo (o sistema programador) que outorga sentido e explicação lógica a todos os processos que ocorrem e se projetam pela mente e a psicologia do homem interagindo em sociedade.
O que somos, por que somos, para quê estamos e de onde viemos. Disso não se fala no modelo de comunicação "normatizada" em escala global.
O pensamento reflexivo, crítico e totalizador ingressou no terreno da "anormalidade" e se perdeu pelo ciberespaço e telas televisivas do sistema capitalista nivelado como "mundo único" em escala global.
Por que será?
IAR Noticias
Tradução: editoria do ABC!
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