Depois de tantas imagens alegres do Egito, chegou a hora de uma cara feia. A sul-africana Lara Logan é a principal correspondente internacional da CBS. Ela é sim uma bela mulher, e isso não impediu que fosse cobrir a barra pesada do Iraque e do Afeganistão. Durante a recente crise do Egito foi ameaçada pelos jagunços de Hosni Mubarak, mas nunca deixou de denunciar as violências sofridas por profissionais da imprensa, que sofreram barbaridades durante a queda do “Faraó”. Lara foi presa com sua equipe e voltou para os EUA. Uma semana depois retornou ao Cairo para a festa.

Logan estava na hoje célebre praça Tahrir cobrindo a grande comemoração pela renúncia de Mubarak. Logo depois desta imagem ao lado, foi puxada, separada da sua equipe, cercada por cerca de 200 homens e sofreu “uma brutal surra e ataque sexual”, segundo declaração oficial da emissora. Conseguiu ser salva por soldados e um grupo de bravas mulheres egípcias. Este é um blog de homens. E como homem – e jornalista – eu não admito esse tipo de comportamento com quem quer que seja. Então li uma declaração da professora Judith Matloff (da Columbia School of Journalism) e descobri que mulheres correspondentes de guerra estão sendo atacadas sexualmente por aí. E não dão queixa com medo de perder a oportunidade profissional.

Eu repito: nada justifica que uma mulher (qualquer uma, de qualquer raça, nacionalidade ou opção política) seja atacada sexualmente e espancada por uma turba de homens onde quer que isso aconteça. (E nem que tenha o nariz decepado, por falar nisso). Nada. Nenhuma ideologia, nenhuma religião, nenhum governo, nenhuma cultura, nada. Eu como homem considero que isso é inaceitável.




Lara Logan, repórter da CBS atacada no Cairo, deixa hospital e recebe telefonema de Obama

                           
                          Lara Logan, repórter da rede de TV CBS/Foto: Divulgação
O Globo

RIO - A repórter da CBS Lara Logan, vítima de violência sexual durante a cobertura dos protestos no Cairo, deixou o hospital em Nova York e já está em casa, em Washington. Segundo o jornal "New York Times", a jornalista recebeu uma ligação do presidente Barack Obama, mas o conteúdo da conversa não foi divulgado.

Fontes ouvidas pelo site TMZ afirmam que a repórter estaria comprometida a voltar ao trabalho em breve e teria dito a amigos que o que aconteceu com ela no Egito "não a destruiria".

- Ela é incrivelmente forte, vai ficar bem - disse um amigo de Lara, acrescentando que os detalhes do ataque sofrido pela correspondente da CBS eram "horríveis". - Ela mostrou calma ao relatar os fatos (...) Está determinada a voltar ao trabalho em algumas semanas.


                              Lara Logan na Praça Tahrir pouco antes de ser atacada - Reuters


Nascida na África do Sul, 39 anos, Lara já cobriu as guerras do Iraque e do Afeganistão, e estava no Egito na companhia de seu marido Joseph Burkett, que é também seu produtor. Segundo o "Daily Beast", Lara teria deixado o Egito antes do ataque, mas voltou ao país para entrevistar o executivo do Google Wael Ghonim, que se tornou um dos líderes dos protestos que derrubaram o ex-ditador Hosni Mubarak.

Depois de saber da renúncia do ex-presidente, na última sexta-feira, ela foi sem sua equipe à Praça Tahrir, onde manifestantes se concentravam, e terminou sendo atacada. A ação teria durado cerca de 20 a 30 minutos, segundo o "Wall Street Journal". De acordo com a CBS, a correspondente foi salva por um grupo de mulheres e soldados egípcios. A rede afirma que ela não chegou a ser estuprada, mas foi espancada e vítima de violência sexual.

Na semana antes do ataque, a jornalista sul-africana havia sido detida no Egito. Ela contou à revista americana "Esquire" que foi interrogada, vendada e algemada.

Pelo menos 140 repórteres foram vítima de violência durante a cobertura dos protestos no Egito desde o dia 30 de janeiro, afirma a ONG americana Comitê para Proteger Jornalistas. Dois brasileiros estão entre eles.


Colaborador da Universidade de NY faz comentário irônico sobre o caso

A Universidade de Nova York aceitou a demissão do colaborador Nir Rosen, repórter veterano em cobertura de guerras, que fez comentários considerados impróprios sobre a agressão sexual sofrida por Lara Logan, da CBS, no Egito.

Em seu Twitter, Rosen comentou o caso ironicamente, insinuando que Lara teria sofrido a violência na intenção de superar o repórter concorrente, Anderson Cooper, da CNN, que também foi vítima de violência física durante os protestos. Depois, o jornalista acrescentou, ainda, que estava "entediado" com toda a atenção que ela iria receber por conta do episódio.

Diante dos protestos de seus seguidores pelo teor dos comentários, o veterano amenizou dizendo que compreendia a gravidade do que tinha ocorrido com Lara e reforçando que "não apoiava" tais atitudes, mas que teria sido "engraçado" se a agressão tivesse ocorrido também com o repórter da CNN.
Teria sido engraçado se a agressão tivesse ocorrido também com Anderson Cooper
Após dezenas de mensagens de repreensão, Rosen resolveu apagar os posts, mas queixou-se.

"Esqueci que o Twitter não é exatamente privado", disse acrescentando que "não tinha a intenção de magoar ninguém" e que "causou vergonha a ele e a toda a sua família".

A diretora do Centro de Lei e Segurança da NYU, Karen Greenberg, - ao qual Rosen era vinculado como professor colaborador - disse em carta aberta que conhecia a personalidade "provocativa" de Rosen, mas que ele extrapolou ao comentar sobre Lara Logan.

- Ele foi cruel e insensível, e isso é completamente inaceitável - disse.

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